O Alfabeto do Velho Oeste – Letra Z

Wilson Vieira:

Desenhador e Argumentista Brasileiro de Banda Desenhada, com mais de 36 anos de experiência, dos quais 7 deles (1973/80), participando como colaborador do estúdio Staff di IF em Génova/Itália, ilustrando também alguns episódios de Il Piccolo Ranger para a Sergio Bonelli Editore, Diabolik, Tarzan e o Homem-Aranha (Octopus desafia o Homem-Aranha). É também o autor da saga Nordestina: Cangaceiros – Homens de Couro e da série western – Gringo, assim como autor de vários outros roteiros. E escreve, escreve…

É também autor do seguinte blogue na Internet:
http://brawvhqs.blogspot.com/

Caros Leitores – Geograficamente falando, como sabem o território dos Estados Unidos da América pode ser dividido em três zonas:
1- O Leste, ou seja, a faixa costeira Atlântica delimitada a ocidente pelas cadeias montanhosas de Allegheny e Apalaches.
2- O Oeste, ou seja, o planalto central ocupado inteiramente pela bacia hidrográfica do Mississipi-Missouri e caracterizado, principalmente em sua parte ocidental, pela imensa vastidão de planícies.
3- E o Far West, ou seja, a região que compreende as Montanhas Rochosas e suas vertentes ocidentais que deslizam para o Oceano Pacífico. Tais configurações geográficas são importantes, para compreendermos bem o desenvolvimento histórico da colonização da América do Norte; a faixa costeira Atlântica foi logicamente a primeira a ser dominada pelos Europeus e por ela surgiram os primeiros vilarejos e as primeiras cidades (1600 e 1700), depois, (início de 1800), o grande planalto central foi, não só atravessado, como colonizado, enquanto que os pioneiros erroneamente o consideraram inapto para a cultivação e preferiram seguir para o Far West, ou seja, o Oregon e a Califórnia. Na segunda metade do século, finalmente também foi retomado o imenso planalto, deixado por tanto tempo antes aos índios e bisontes, transformando-se em objectivo de emigrantes, que lá se estabeleceram e colonizaram. Isso deverá ser recordado, para estabelecer dois conceitos, geralmente confusos. 1- Aquele de “fronteira”. 2- Aquele de “conquista” do West. De facto, desde que núcleos de colonizadores ingleses estabeleceram-se na Virgínia em 1620, a vida dura de fronteira, foi para os predecessores brancos uma realidade quotidiana, com todos os percalços e perigos que ela representava; principalmente a hostilidade natural dos índios nativos diante dos cruéis invasores. Ao contrário, com a expressão “conquista” do West, entende-se somente aquele movimento de massa humana, que teve início nos primeiros anos de 1800 e avançou além das fronteiras, pelas cadeias de montanhas, até o vale do Mississipi e depois, foi até à costa do Pacífico; nesse sentido a “conquista” do West não é mais que, o último período da história da fronteira americana. Sendo assim, para esmiuçar o passado americano, que tanto nos fascina, apresento com imensa satisfação O ALFABETO DO VELHO OESTE – propondo esse database western básico, narrado a verbetes, em ordem alfabética, os pormenores sobre tal época. Projecto online penso, pioneiro tanto em Portugal, quanto no Brasil, estimulado a publicá-lo, através do amigo entusiasta José Carlos Francisco (Zeca), o qual me ofereceu generosamente o espaço, neste já renomado Blogue e aceitei. Será um trabalho longo e árduo admito, porém prazeroso, onde a cada letra específica, o amigo leitor encontrará uma variedade de descrições relativas a ela, num período onde homens, mulheres, animais, geografia e clima, entrelaçavam-se na batalha árdua do quotidiano em busca da sonhada sobrevivência o Velho Oeste. Espero que aprovem o conteúdo sugerido e me acompanhem, nessa aventura extraordinária, agora com a letra…

Z

Zapata – Emiliano Salazar. (1879/1919). Era um camponês mestiço e tornou-se uma figura importante da Revolução Mexicana em 1910, contra Porfirio Diaz e era também conhecido como o “Caudilho do Sul”. Lutou ao lado de Pancho Villa e após sua morte, tornou-se uma lenda eterna, para os Mexicanos. É sua, a frase famosa, altamente emblemática, impactante e actualíssima: “É melhor morrer dignamente e rapidamente em pé, do que viver covardemente e eternamente, de joelhos”.

Zerelda – Esposa de Jesse James. Nas biografias do bandido ela é invariavelmente descrita como uma mulher de temperamento doce e apreensivo, ocupada eternamente em tentativas vãs de endireitar a vida do marido. Na noite de 5 de Janeiro de 1875, policiais e Agentes da Pinkerton circundaram o Rancho do doutor Samuel, terceiro marido da mãe de James, esses dificultaram a permanência dos homens da Lei por lá, enquanto mulher e marido escapavam. Um dos disparos pela janela atingiu um meio-irmão de Jesse James e arranca o braço direito de sua mãe. O bandido foi para Chicago na tentativa de matar Pinkerton, convencido que ele era o único responsável pelo trágico acontecimento; mas essa tentativa falhou.

Zuni – Os oleiros mais hábeis foram os “Pueblos”, que haviam aprendido com os Índios Mexicanos. Junto aos “Zunis”, essa Arte tornou-se tradicional. Eles começaram a usar cesto trançados e recobertos com argila, os quais faziam cozer o milho e o trigo. Notaram rapidamente que a argila endurecia e resistia ao fogo. Entenderam então que a estrutura dada ao objecto era inútil e começaram a modelar em argila. Em seguida ornamentaram esses recipientes, que davam formas diferentes, com motivos em relevo e desenhos coloridos, conseguindo assim criar verdadeiras e excepcionais Obras de Arte.

FIM
©WV/2012

Caros amigos – Tudo teve início, em 18 de Janeiro de 2010, com a publicação de verbetes com a letra A.

Cedeu-me este espaço temático valiosíssimo, a dupla de amigos: José Carlos Pereira Francisco, nosso querido Zeca e Mário João Marques, ambos, os administradores desse fabuloso e reconhecido TWB (Tex Willer Blog).

Eu possuía uma ideia e eles prontamente acreditaram nela, como sempre acreditei.

Daí então surgiu o projecto: O ALFABETO DO VELHO OESTE.

E após mais de dois anos de publicação mensal on line, terminamos o que prometemos aos nossos assíduos leitores; um “Database” básico, resumido e de simples consulta, sobre o Velho Oeste, e as suas personagens mais importantes: o homem; usos e costumes, o envolvimento humano, nos principais acontecimentos de sua época e suas consequências boas ou ruins.

Feito esse, inédito e pioneiro tanto no Brasil, quanto em Portugal, o que muito nos orgulha.

Tema, aliás, que nutro uma verdadeira paixão, desde criança, pois de 7 a 14 anos (1955/61), morei com os meus pais em Alfredo de Castilho (interior do Estado de São Paulo – actualmente possui 18.000 habitantes e chama-se Castilho) e nos anos 50/60 era realmente uma cidadela semelhante ao Velho Oeste, eu ficava observando os vaqueiros encourados, cansados e barbudos que levavam imensas boiadas (por fora da cidade), cavalgando depois pela rua principal de terra, levantando poeira, (ou barro dependendo da época), desmontando e amarrando seus cavalos suados em hastes rústicas de madeira e entrando em armazéns, para tomarem ou comerem algo depois saiam, montavam novamente e partiam; tais imagens, expressões e gestuais ficaram impressas em minha memória para sempre, (tanto que muitos anos após, foram e são utilizadas até hoje, em meus roteiros westerns) depois já na capital, lia então revistas de heróis, como: Cavaleiro Negro ou Cavaleiro Fantasma, porém essa paixão foi despertada totalmente, realisticamente e profissionalmente, somente nos anos 70, na Itália, quando “devorei dia e noite” avidamente incontáveis filmes do género spaghetti-western em minhas horas vagas e foi quando acabei desenhando por coincidência, alguns episódios para o personagem: Piccolo Ranger, enquanto autor formado profissionalmente pelo Studio Staff di IF (Imagens e Quadrinhos) em Génova. Lá já idealizava uma série, com certa personagem mestiça, cavalgando pelo Velho Oeste; Gringo, que somente muitos anos após foi “materializado” resumidamente e publicado no Brasil já como roteirista em 2006, seria o álbum: Gringo – O Escolhido, com desenhos sensacionais de Aloísio de Castro e capa excelente de Renato Guedes.

E agora em 2012 está sendo desenhado magnificamente por Ronald Guimarães, nosso novo álbum: Chasco – Na trilha dos abutres. E definitivamente, esse será o nosso melhor trabalho, sobre o tema, com absoluta certeza. Uma perfeita simbiose, entre Texto e Arte.

Retornando ao nosso Alfabeto, toda a pesquisa, eu fiz consultando a minha bibliografia pessoal, da qual muito me orgulho formada livro após livro, ao longo dos anos, como desenhador e roteirista e onde, “bebo” sempre de sua fonte, para todas as minhas criações, sobre os mais variados temas nacionais e estrangeiros.

Portanto, nada foi conseguido da Web a não serem as imagens, que deram aquele “toque” colorido especial, aos nossos verbetes.

Devo confessar que foi bem fatigante; com centenas e centenas de cruzamentos de dados com nomes, relatos, factos, datas e localizações geográficas, mas também, altamente prazeroso o desenvolvimento, deste trabalho. Exigindo, portanto, atenção especial, para produzir um conteúdo, com alto nível explicativo e em ordem alfabética, aos nossos assíduos e merecedores leitores.

Mas, fiquei plenamente satisfeito com o resultado final e espero que todos vocês, também.

Agradeço a todos os novos amigos Brasileiros e Portugueses que nos apoiaram, lendo-o e mandando seus comentários, e agradeço sinceramente aos caros amigos: José por sua edição, revisão e adaptação Portuguesa e ao Mário, ambos “capitães” únicos, do nosso surpreendente Tex Willer Blog (TWB). E ao amigo Fred, por suas fantásticas caricaturas.

E continuemos todos, a prestigiar esse já importante e Internacional Blogue, sempre, com suas matérias e desenhos sobre o mundo maravilhoso do Velho Oeste de Tex Willer e seus “pards” e não só, permanecendo em seu índice geral, a nossa honesta colaboração, para consultas rápidas sobre uma realidade, personagens e geografia, tão distantes da nossa.

Não que seja este e agora um adeus definitivo, mas sim um até breve, pois se tudo seguir a sua rota normal, logo todos vocês terão novas surpresas (e claro, serão prontamente avisados, tanto no Brasil, quanto em Portugal), sempre sobre o tema WESTERN, em livros e quadradinhos.

Grande abraço e o meu muito obrigado sincero, a todos vocês e até mais ver, em novas trilhas empoeiradas do Velho Oeste, com novas personagens e aventuras, pois os sonhos caros amigos, nunca acabam; portanto busque-os e realize-os, sempre

Do sempre amigo, Wilson Vieira

8 Comentários

  1. Como se diz lá nos pagos… mas bah!!!
    Eu ficava sempre esperando pela próxima “letra”, certo de que haveriam coisas das quais eu já sabia algo, mas que viria com mais informações, e muito mais que eu nunca tinha ouvido falar. Trabalho impressionante e muito enriquecedor.
    Merece mesmo muitos parabéns!

    Quanto aos boiadeiros de tua infância, eu morava onde não existia isso. Então essa referência de homens a cavalo me vem apenas dos quadrinhos e televisão (cinema era luxo ao qual eu não tinha acesso). Como já diziam Sá e Guarabira, “Nova Iorque é mais perto que o sertão” por isso, é uma pena que nossa história (de índios e cavaleiros, sejam do nordeste, do centro ou do sul do país), nunca tiveram essa visibilidade.

    P.S.: Quando falo de índios e cavaleiros não falo de enfrentamentos, mas de histórias muito separadas, porém todas tão ricas quanto qualquer uma que nos foram mostradas pelo grande Wilson.

  2. Grande Mestre Wilson Vieira,
    Foi um enorme privilégio para o blogue português do Tex ter publicado durante cerca de 2 anos e meio o maravilhoso e importante Alfabeto do Velho Oeste, um verdadeiro marco na Internet mundial, pois trata-se de algo grandioso e histórico e como você bem diz “Feito esse, inédito e pioneiro tanto no Brasil, quanto em Portugal” e isso também nos orgulha e só podemos agradecer-lhe a si pela oportunidade de termos sido nós do blogue português do Tex a publicar tão rico material.
    E cá estaremos sempre para lhe conceder o espaço necessário para publicar material seu do mesmo quilate, desde que nos conceda novamente tal privilégio 😉

  3. Caros amigos: Valdair, Oliveira e José Francisco… obrigado por suas palavras gentis e altamente incentivadoras ao nosso trabalho, em relação ao Alfabeto do Velho Oeste. Valdair e Oliveira, são leitores como vocês que nos dão forças para continuarmos em nossos sonhos e você caro amigo Zeca, fica aqui publicamente o meu muito obrigado, por acreditar num projeto arrojado (juntamente com o caro Mário) porém naquela época (2010), ainda totalmente desconhecido. Vocês acreditaram e penso que o resultado foi altamente positivo. Obrigado.
    E continuemos todos prestigiando o Tex Willer Blog, onde o Velho Oeste é quem dita as regras, sempre!

    Gde. abção.

    Wilson

  4. Obrigado caro Fabio e quem sabe um dia veremos o nosso Alfabeto do Velho Oeste editado; o tempo dirá!
    Agradeço em meu nome e dos responsáveis pelo TWB o José e o Mário.

    Grande abraço.

    Wilson

  5. Obrigado cara Acácia, foi realmente trabalhoso, porém, conseguimos! Realmente, o Tex Willer Blog está de parabéns, por seu conteúdo!

    Grande. abraço.

    Wilson

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