Tex 554 – “La banda dei tre” de Dezembro de 2006 e Tex 555 – “Il killer misterioso” de Janeiro de 2007.
Argumento de Claudio Nizzi, desenhos de Fabio Civitelli e capas de Claudio Villa. História inédita no Brasil e Portugal.
Elmer Daves foi xerife toda uma vida. Agora, chegado à idade da reforma, Daves pretende dedicar os anos que lhe restam a descobrir quem foram os responsáveis pela morte da sua mulher, ocorrida 15 anos antes durante um assalto ao banco de Silver Bell. Por isso, pede a Tex que o ajude nesta tarefa, a que, apesar de renitente, o ranger vai aceder, porque compreende perfeitamente o sentimento de Daves. Afinal de contas, Tex passou pelo mesmo e nessa altura apenas foi guiado pelo sentimento de vingança.
Uma boa sustentação para uma história frágil e pouco credível. A ideia de colocar lado a lado dois homens que sofreram a mesma experiência dramática é boa. Só mesmo Tex poderia compreender os sentimentos que movem Daves, porque ele próprio perdeu Lilyth em semelhantes condições. Mas se este é o ponto forte da aventura, também aqui reside a sua fragilidade, porque o argumento de Nizzi torna-se de difícil aceitação pelo simples facto de que, decorrido tanto tempo após os acontecimentos, as pistas dos assassinos ainda permaneçam vivas e ao dispor dos dois homens, pelo menos de modo tão explícito.
Por outro lado, como explicar que Tex e Daves sigam uma pista fornecida por alguém que vive numa cidade fantasma, onde se manteve calado durante 15 anos? Como explicar também que os assassinos, após o roubo e o assassinato, tenham-se exilado nas redondezas e nunca tenham mudado, por exemplo, o seu nome? São pontos pouco credíveis, a juntar ainda ao facto que um homem da lei se resigne a esperar 15 anos para ir no encalço dos assassinos da sua mulher.
O desenho de Civitelli já foi amplamente elogiado e esta aventura não vem contrariar o que tem sido dito do autor. Traço limpo, seguro, firme, elegante que ajuda a criar uma atmosfera muito própria, caracterizada por um western perfeito no modo como é realizado. A sua aptidão é tanta que por vezes tudo parece demasiado certinho, podendo incorrer-se no erro de, em determinadas passagens, estarmos em presença de mais um ilustrador que um desenhador. O que seria algo injusto para com Civitelli, que reúne perfeitas condições para ser, como já o é, um dos grandes desenhadores de Tex.
Texto de Mário João Marques
Sendo esta uma história inédita em Portugal, poderemos ver algumas pranchas, com excelente qualidade no desenho de Civitelli, durante o próximo salão Moura BD (com início a 26 de Maio e conclusão a 3 de Junho), onde o próprio Civitelli estará presente, nos dias 1 e 2 de Junho.
Aqui fica o convite a todos os que gostam do traço deste genial desenhador italiano.