Tex Série Normal: A Volta do Mestre

Tex 348 - A Volta do MestreArgumento de Mauro Boselli, desenhos de Guglielmo Letteri e capas de Claudio Villa.
Com o título original Il ritorno del Maestro, a história foi publicada em Itália nos nº 435 a 437 e no Brasil, pela Editora Globo nos nº 348 a 350.

O Mestre, Morsa e Fininho evadem-se da penitenciária de Atlanta, ajudados por um guarda do estabelecimento. O Mestre mais não é do que Andrew Liddel, um génio da química que, anos antes, chantageara  a cidade de S. Francisco e fora detido por Tex. Agora está de volta e prepara a sua vingança.

Boselli alia uma real capacidade em contar histórias ao modo como as desenvolve, adensando comportamentos e criando tensões, sempre tendo como pano de fundo sentimentos profundos. Em “A Volta do Mestre”, é a vingança que perpassa ao longo de todo o argumento, inspirando-se numa das  principais personagens da aventura “A Tragédia do Shanghai Lady”, onde Bonelli logrou construir um malfeitor que tinha tanto de génio como de malévolo. Uma personagem forte para sentimentos fortes, eis o terreno de eleição de Boselli.

Tex 349 - Quando o Terror AtacaO Mestre, após ter sido derrotado por Tex acaba por planear ao longo dos anos a sua vingança pessoal, sempre em teatro citadino (agora em Nova Orleães), porque é este meio que permite uma maior dose de terror e carga de  suspense. Repare-se que a ameaça ainda é maior porque o Mestre joga no seu terreno de eleição, enquanto que Tex e Carson, mais uma vez, terão que fazer uso das suas capacidades e da sua experiência num terreno menos natural à sua condição de homens habituados a meios mais abertos e amplos. Deste modo, o Mestre anda sempre um passo à frente dos rangers, criando dificuldades acrescidas.

A aventura assume-se em dois quadrantes, distintos certamente, mas interligados naturalmente: Tex e o Mestre num duelo mais psicológico do que físico e Carson, a quem é permitido um certo mas real devaneio romântico.

Tex 350 - A Bomba HumanaMas é eventualmente nas comparações forçosamente feitas entre esta aventura de Boselli e a inicial de Bonelli que a actual fica em desvantagem. Onde Bonelli soube construir uma aventura permanentemente equilibrada e em suspense crescente, Boselli optou por uma simples história de vingança, recheada com o romantismo do velho Carson é certo, mas pouco mais. Onde Bonelli soube manter a atenção permanente do leitor, Boselli optou por identificar logo quem e o quê. Por isso, Bonelli soube jogar com expectativas, preferindo Boselli uma estratégia directa.

O desenho de Letteri sofre de alguns contrastes, tendo tanto de correcto como de repetitivo. Em grandes planos, as expressões são bem conseguidas, mas em planos mais abrangentes há uma notável ausência de densidade. O movimento é pouco fluido e as perspectivas alternam pouco. Começa a notar-se um relativo cansaço a que o peso da idade não é concerteza alheio. O que seria esta aventura nas mãos de um Civitelli, desenhador citadino por excelência?!

Texto de Mário João Marques

3 Comentários

  1. Mais três exemplos de capas belíssimas de Claudio Villa que, infelizmente, são muito prejudicadas pela inclusão do código de barras (obviamente obrigatório mas que, com um pouco mais de sensibilidade de quem “dita as leis”, julgo que poderia perfeitamente passar para a contracapa) e do logotipo dos 50 anos de Tex (exageradamente grande, quanto a mim, e que, com uma pequena redução poderia melhorar muito o aspecto final da capa).
    Mas, apesar de tudo, os desenhos de Villa conseguem que nos detenhamos por longos minutos a apreciar cada traço, cada detalhe, cada sombra… Maravilha!!!

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