Tex, o Pistoleiro, no periódico online “Imaginário”

IMAGINÁRiO193
José de Matos-Cruz · 01 SET 2008 · Edição Kafre · imaginario@imaginarios.org
Ano V · Semanal · Fundado em 2004

José de Matos-CruzPor José de Matos-Cruz [1]
INVENTÁRiO

TEX, O PISTOLEIRO

TEX, O PISTOLEIRODivulgada regularmente entre nós, através dos álbuns brasileiros da Editorial Vecchi, a saga de Tex Willer celebra seis decénios, empolgando milhões de admiradores, sobretudo através de sucessivas gerações de italianos. De facto, o seu lançamento ocorreu em Setembro de 1948, por iniciativa da empresa Audace, sendo autor Gian Luigi Bonelli, e primeiro ilustrador Aurelio Galleppini. Vários artistas lhe deram fiel continuidade, como Fabio Civitelli, Vincenzo Monti e Claudio Villa, além de outros notáveis, entre os quais Guido Buzzelli, Alberto Giolitti, Jesus Blasco ou Fernando Fusco, sendo ainda Claudio Nizzi um destacado argumentista.

TexFilho de um rancheiro assassinado por bandidos, e iniciado por Bill Gunny, um pistoleiro que se regenerou como cowboy, Tex começa perseguido pelas autoridades, pelo modo como dá caça aos fora-da-lei e, com romântico valor, se converte em Robin Hood das pradarias. Conhecido entre os índios por Águia-da-Noite, e aceite como um deles, Tex é um ranger responsável pela reserva dos Navajos, no Arizona, viúvo de uma nativa, Lilyth, tendo por mais constantes companheiros Kit Carson, o nativo Tigla e o próprio filho, Kit Willer.

TEX, O PISTOLEIROExposto em mil façanhas, envolvido pela paixão de outras mulheres, enfrentando inimigos crónicos mas ardilosos, Tex identificar-se-ia, carismática e primordialmente, com o criador Bonelli – segundo o especialista Decio Canzio, que lhe aponta «alguns dos mais intensos sentimentos da alma humana»: dignidade da vida, conceito de justiça, defesa dos fracos e oprimidos, tenacidade, celebração da amizade e do companheirismo…

Em 1985, e tendo por protagonista Giuliano Gemma, vedeta carismática de outro típico mas bastardo fenómeno transalpino, o western-spaghetti, Ducio Tessari realizou Tex, o Pistoleiro (Tex and the Lord of the Deep) – em que o próprio G.L. Bonelli, também guionista e aparecendo como um velho sábio índio, evoca as origens lendárias do seu paladino. Produzido pela RAI-Channel 3, com a Cinecittà, este filme trepidante mas nostálgico, com implicações mágicas ou místicas, tem ainda como intérpretes William Berger, Carlo Mucari, Isabella Russinova e Flavio Bucci. Reinvestindo pelas virtualidades tradicionais do imaginário, o sortilégio tradicional da aventura transfigura-se, pois, envolvendo um letal tráfico de armas pela fronteira do México, e arrostando, ainda, os desígnios de uma seita maligna, sobre tribos sublevadas.

Imaginário

[1] Nasceu em Mortágua, em 1947. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra (1973). Escreve em jornais e revistas desde os anos ’60. Em ficção e poesia, publicou entre outros livros Tempo Possível (1967), Cafre (1970), Alma de Cadáver (1985), A Erosão dos Lábios (1992), Hexálogo (2000), Os EntreTantos (2003) e O Infante Portugal (2007). Em banda desenhada, fundou e dirigiu várias revistas, coordenando Quadradinhos (1983-2004) n’A Capital. Em 2004, iniciou o Imaginário – periódico com versão newsletter e no formato webzine em www.imaginarios.org. Em cinema, destacam-se as suas monografias sobre Charles Chaplin (1981), Manoel de Oliveira (1996), António de Macedo (2000), Artur Ramos (2003) e as obras-mestras O Cais do Olhar (1980 e 1999), Prontuário do Cinema Português 1896-1989 (1989), O Cinema Português – 1896-1998 (1998)  e 30 Anos Com o Cinema Português (2002). A partir de 1986, colabora no Diário de Notícias. Consultor da série História do Cinema Português (após 1995) para Acetato/RTP. Consultor em dicionários e enciclopédias. Assessor da RTP em programação (1989-94) e produção (1998-99). Desde 2000, professor convidado da Escola Superior de Teatro e Cinema. Autor da base Cinema Português (2002) do Centro Virtual/Instituto Camões. Desde 2003, é docente da Licenciatura em Cinema da Universidade Moderna. Na Cinemateca Portuguesa desde 1980, é responsável pela Filmografia Portuguesa. Em 2005, lançou Joaquim de Almeida – 1838-1921 – Um Actor de Montijo. Actualmente, desenvolve o levantamento informático Anuário Teatral – Portugal – Século XIX. Em 2005, Delfim Ramos realizou em DVD, José de Matos-Cruz – Memórias Afectivas e Outras Histórias para Dolphin Produções.

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