Tex desembarca na Argentina: Entrevista com Pasquale Frisenda

O blogue do Tex apresenta na nossa língua, uma interessante entrevista feita recentemente pela Sergio Bonelli Editore no seu site, ao desenhador Pasquale Frisenda que irá se estrear oficialmente como desenhador de Tex este mês através da edição 23 (Junho 2009) dos Texoni, numa história intitulada “Patagonia”, escrita pelo argumentista Mauro Boselli.

O Verão aproxima-se e é de novo tempo do Texone (Tex Gigante). Um duo inédito apresenta a aventura deste ano, a vigésima terceira, à venda nos quiosques italianos, a partir de 20 de Junho: se Mauro Boselli não  é por certo a primeira vez que pisa os empoeirados territórios do Oeste texiano, para Pasquale Frisenda trata-se de uma estreia absoluta. Para a ocasião, Boselli confeccionou uma história verdadeiramente especial, com o Ranger empenhado numa missão que o porta muito longe da sua amada reserva navajo… na  Patagónia! Fala-nos o desenhador que, nos últimos três anos, suou nas mais de duzentas páginas de que é composta a aventura…

Um desafio à frente do qual se encontram os desenhadores que contactam com Tex pela primeira vez diz respeito à definição gráfica de Águia da Noite e dos seus pards. Como foi a tua pesquisa? De que modelo partiste?
Procurei ter presente vários modelos e referências que os diversos desenhadores que têm alternado na série podiam oferecer, mas a ideia da personagem que desejava corresponder (aquela de um homem conhecedor e sábio, mas também decidido e com garra, e com quem é melhor não brincar demais) tomei em especial a partir do trabalho de Giovanni Ticci e Claudio Villa. Mas sem omitir alguns elementos do modelo de Galep, que para mim são importantíssimos para definir graficamente Tex.

De Ken Parker a Tex, passando por Mágico Vento: como foi a tua aproximação a estes westerns tão diversos entre eles?
A abordagem foi sempre a disponibilidade em direcção às personagens e suas características específicas. Pertencem todos os três, é verdade, ao género western, mas são universos autónomos e com diferenças substanciais, que temos de aprender a compreender e gerir bem para trabalhar de forma eficaz,  colocando sempre que possível algo de pessoal.

A história escrita por Mauro Boselli leva o Ranger à longíqua Patagónia. Imaginamos que esta escolha insólita te tenha obrigado a trabalhar com una ampla documentação referente à terra dos gaúchos…
Sim, e mesmo muito! E nem sempre foi fácil encontrar material. Em parte foi-me fornecido por Mauro Boselli (que, por seu turno, tinha sido ajudado pela paixão que Mario Fagella nutria pela Argentina), e também por Sergio Bonelli em pessoa, mas estou habituado a fazer esse árduo trabalho que a mim me diz respeito: a ambientação em que coloco personagens e situações, para mim, é muito importante a definir graficamente, “como se fosse una personagem também”, citando um famoso director… A pesquisa dura até ao fim do projecto, pois há sempre modo de corrigir ou melhorar o próprio trabalho.

Conta-nos o teu método de trabalho. De quais elementos partes no definir de uma página? E quantas vezes retornas atrás para adicionar detalhes ou para ajustar o tiro?
Procedo sempre em ordem cronológica, e após ter lido as páginas de uma sequência que constem do guião, por exemplo, começo com a pesquisa da documentação apropriada (vestuário, objectos de género variado, ambientação, armas, etc.) e depois então começo a desenhar. Acontece por vezes de retornar ao que já está desenhado, sempre que na minha opinião, o trabalho possa ser aperfeiçoado ou para remover qualquer erro… O trabalho jamais chegará aos quiosques como temos em mente no início… um desenhador com um mínimo de sentido crítico verá sempre defeitos, mas pode todavia empenhar-se para aproximar-se daquele objectivo e, mal que vá, é um exercício que leva quase sempre a um resultado melhor no trabalho seguinte…

E após o Texone, um esforço que te empenhou por diversos anos, no que estás a trabalhar agora?
No presente estou a realizar uma história breve de Dylan Dog. Variar de personagens e géneros tem sido desde sempre um dos meus interesses específicos. Alternar entre as diferentes interpretações do Oeste, da sua visão mais crepuscular a uma ideia de aventura mais clássica (se bem que a história do Texone tenha sido bastante incomum) é um belo desafio, agora com  Dylan haverá uma pequena incursão no seu mundo, mas gostaria de confrontar-me, mais cedo ou mais tarde, também com o noir e com a ficção-científica, esta última a minha verdadeira paixão.

Material apresentado no sítio da Sergio Bonelli Editore.
Copyright: © 2009, Sergio Bonelli Editore S.p.A.
Tradução e adaptação de José Carlos Francisco.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

2 Comentários

  1. Zeca, parabéns!!!
    Sensacional esta nova entrevista com um dos melhores desenhadores da atualidade, que certamente irá engrandecer ainda mais o universo dos artistas de Tex.

    Agora é aguardar com ansiedade pela publicação no Brasil.

    Abraços

    Alvarez

  2. Parabéns Zeca.
    Essas entrevistas com os desenhistas, na época que suas publicações estão sendo lançadas, criam uma expectativa, uma ansiedade, de ver a publicação nas bancas de revistas.
    AMoreira.

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