Tex Anual 07: O Trem Blindado

Tex Anual 7Argumento de Antonio Segura e Desenhos de José Ortiz.

Resumo: Com o objectivo de reconquistar as terras que o México perdeu para os Estados Unidos durante a guerra de 1846, o general Contreras recrutou um exército de guerrilheiros que espalha a violência e o terror na zona da fronteira. As incursões por terras americanas serão ainda mais decisivas logo que Contreras receba ouro, armas e munições que se destinam à sua causa. Tudo isto viajará num comboio blindado e bem escoltado, mas Tex e Carson, a pedido do exército americano,  vão  ultrapassar  a fronteira e tentar arruinar os intentos do militar.

Comentário: O trem, esse elemento aglutinador de distâncias, representativo da  evolução do oeste americano, agregador e, ao mesmo tempo, separador entre estados e povos, sempre tão presente em múltiplas aventuras e no imaginário colectivo. Segura escolheu o trem para, não diremos protagonizar uma grande aventura de Tex, mas como seu elemento mais importante,  onde tudo  gira  e sobre o qual recaiem todas as expectativas. Seguramente  que  uma  certa ideia de nação e patriotismo está na base das ambições do General Conteras, alguém que planeia vingar-se da derrota mexicana com os Estados Unidos e que almeja reconquistar os territórios então perdidos.

Existirão aqui duas vertentes históricas no argumento, porque Segura congrega em redor do trem e do seu papel relevante, um elemento verídico que está na origem das motivações de Contreras. Mas se existe no argumento uma visível dependência do trem, essa dependência também se fará sentir no papel que um grupo de homens desempenhará no rumo dos acontecimentos.

Inicialmente com  Tex,  Carson e Butt, mais tarde também com Raul, Tony, Sam e Jerry, o sucesso ou o insucesso da missão dependerá da habilidade de um grupo que Segura vai descrever com mestria. O grupo conseguirá levar a cabo  um  ambicioso  plano tendente a desviar um trem blindado, porque existe qualquer coisa entre todos os seus elementos que os une a esse objectivo. São motivos diversos, mas que Segura vai expôr convincentemente, caracterizando fraquezas e expectativas. A habilidade do autor espanhol  também  se  irá reflectir em campo oposto, porque em redor de Contreras, Segura contrapõe o mercenário Von Arnin a Dom Ramon e este a Alvarado. Há um desfilar de uma rica galeria de personagens e psicologias, de carácteres e motivações, cada um movido pelas suas paixões, pelas ambições ou meramente pelos seus intentos. É eventualmente nesta composição mesclada que Segura se afasta dos cânones bonellianos e de Nizzi, aproximando-se mais de Boselli. Segura conjuga bem as características das personagens, através de uma história realista, credível e apaixonante. É interessante seguir Tex no processo de conhecimento do terreno, da sua preparação e no engendrar de algo que possa acabar com os intentos de Contreras.

É interessante a caracterização que Segura expõe muito bem entre o estudo e planeamento e a passagem a uma acção plena e decisiva. Segura respeita a personagem, porque o seu Tex é decisivo e heróico, mas o seu Tex não é o de Bonelli. Porque o Tex bonelliano recorreria a Carson, Kit e Tigre e não a um grupo de personagens movidas por diferentes objectivos e onde se inclui, por exemplo, um antigo fora-da-lei.  Terá  sido  opção pessoal ou meramente não ter um conhecimento profundo da personagem?A aventura é enérgica e nervosa, sentindo-se sempre algo nebuloso no ar. Algo  que  permanece  sempre por explicar, qualquer coisa que nos foge e que o autor pretende guardar sempre para o momento seguinte. E o momento seguinte acaba por ser o momento final, quando Segura constrói um epílogo pouco aguardado, mas eventualmente também pouco credível e ingénuo, pelo menos no modo como Tex acaba quase por ser surpreendido.

Ortiz compõe um Tex  marcadamente  ticciano,  vigoroso e seguro de si. Mesmo a composição das personagens denota essa tendência para acompanhar os cânones ticcianos, com  personagens  maniqueístas  carregadas de expressões reveladoras das suas condutas. O autor usa e abusa dos efeitos de luz e sombra, sublinhado nos cenários e nos ambientes, de uma forma ímpar nos desenhadores texianos. Apesar de perpassar uma leve sensação de falta de definição nos  traços  de algumas personagens, a verdade é que o autor espanhol consegue, mesmo assim, uma grande realeza e transmitir bem ao leitor as incidências da aventura. Mas o formato mais reduzido (da edição brasileira da Mythos) tende a deixar no leitor uma certa sensação de asfixia decorrente desta tendência em abusar do negro.

Texto de Mário João Marques

14 Comentários

  1. Caros Texianos,
    Eu sou um Texiano que posso dizer fanático, mais me reservo o direito de manter a estabilidade, separo bem essas duas vertentes do gostar, do admirar.
    Eu leio Tex desde de 1975, atualmente tudo que sai sobre esse personagem fantástico eu adquiro, tenho o Tex-Coleção, os Almanaques, Edições de Ouro, os Albuns Gigantes e assim por diante…
    Eu acompanho religosamente tudo que sai da Casa Bonelli.
    Um abraço a todos Texianos, brasileiros, portugueses, italianos, espanhois e vida longa a Águia da Noite.

  2. Antonio Aldi Brilhante, Aldi,
    Foi um enorme prazer receber as suas palavras e que nós por aqui subscrevemos por inteiro e sublinhadas a bold.
    Nós aqui no blogue somos uns fanáticos no bom sentido, amamos o ranger mais temido do oeste e esperamos que este blogue seja mais um local de encontro para troca de ideias e de amizade.
    Um abraço

  3. É assim que nasce um grande site para uma grande Nação.
    É sempre bom ver que alguém se preocupa com a saúde do nosso maior heroi dos Western, a ponto de ficar horas em frente ao micro para propiciar ao Texianos mais um meio de encontrar amigos e aprender mais sobre este maravilhoso mundo. Destaco tambem o grande crescimento de Tex ai em Portugal,isso é muito bom, o que nos dá a certeza de que ainda há pessoas a descobrir o que há de melhor nos quadrinhos.
    Não quero aqui citar nomes, mas quero deixar para aqueles que tiveram esta “brilhante” idéia de fazerem um site dedicado a Tex e Cia ai em Portugal, meu total apoio e meus sinceros parabêns, pois quem ganha é o nosso Tex.
    Siga em frente que este brasileiro está com vocês.
    “As diversidades do caminho,não são impencilhos na vida, mas apenas uma barreira a ser quebrada para seguirmos em frente”
    autor: eu mesmo, acabei de inventar.

    • WELLINGTON VERDAN, Olá grande pard Welly!!!!
      Muito obrigado pela visita ao blogue português e pelas suas palavras que nos dão muito incentivo a que continuemos a prestigiar e divulgar cada vez mais o nosso Tex.
      O Tex está de facto cada vez mais consolidado em Portugal (a prova maior foi a edição portuguesa), mas devemos muito aos Texianos brasileiros, que compram o gibi, para que ele continue sendo editado no Brasil, para que desse modo depois chegue a Portugal, por isso um bem haja a todos nós!

  4. Que bom,mais um local onde se pode divulgar o nosso TEX e trocar ideias,e assim poder dar a conhecer ainda mais o
    personagem e tentar trazer mais leitores.
    Um grande bem hajam aos criadores deste site,

    Um abraço,

    Carlos Moreira

  5. Amigos texianos:
    É com enorme prazer que vejo um site onde podemos trocar ideias e opniões sobre este fenomenal Tex, eu lia Tex há vinte e cinco anos atrás e agora recentemente voltei a comprar as revista e como já adivinharam estou novamente viciado, um grande abraço aos criadores do site.
    Compro revistas Tex em óptimas condiçcões, quem tiver pode enviar lista e preços.

  6. Amigos Carlos Moreira e Jorge Gomes, é com muito agrado que recebemos as vossas manifestações. Contamos convosco para esta empreitada que começamos agora, para conseguirmos captar cada vez mais leitores para o nosso ranger e para fazer alguns retornarem ao seu convívio, como aconteceu com o Jorge!

  7. Caríssimo Pard Zeca!!
    Que legal! Um blog luso para o Tex!
    Apesar de eu ser mais fã do cabeludo Ned Ellis, como você já sabe, eu não me furtaria de vir até aqui, deixar um recadinho!
    Besitos e viva o nosso ranger mais querido!!

    • Maria Eddy, querida Amiga, que bom vê-la por aqui também… de facto sei que a sua grande paixão é Mágico Vento, mas sei que aprecia imenso o nosso Tex, aliás foi de certa forma por causa do Tex que nos conhecemos pessoalmente nessa bela cidade chamada São Paulo e por isso espero que nos visite com a assiduidade possível e comente sempre algo que acha que o mereça ser.
      Um beijinho ternurento!

  8. Filipe,
    Um belo comentário de um belo texiano com belíssimos conhecimentos.
    Obrigado

  9. Bom dia a todos,
    o meu comentário é mais um pedido de ajuda…nos últimos anos tenho tido dificuldade em encontar locais onde possa adquirir de forma regular e actualizada as revistas “TEX”…morando eu na Linha de Cascais agradecia que me indicassem locais onde as possa adquirir…
    Votos de boas leituras a todos
    Fernando Carvalho

    • Prezado Fernando Carvalho, seja bem vindo ao “nosso” blogue do Tex. Sobre o assunto que pede ajuda, peço que me envie um e-mail ou então que faculte o seu, pois tentarei ajudá-lo.
      O meu e-mail é: josebenfica@hotmail.com

  10. Acabei de ler a história, boa. Os desenhos de Ortiz, nos quais predomina o preto são ótimos, argumento firme de segura, reviravolta no final com o senador, bacana!

Responder a Antonio Aldi Brilhante Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *