Resgatando o passado: Visita ao Depósito de Turate (2002)

Na entrada do paraíso: Davide Bonelli, Dorival Vitor Lopes e Giulio Terzaghi (em pé), José Carlos Francisco e Júlio Schneider

Por José Carlos Francisco

Em Turate, província de Como, na Via G. Puecher, 30, próximo de Milão, encontra-se um dos maiores locais de culto de qualquer coleccionador Bonelliano que se preze, ou seja, o depósito das revistas da Sergio Bonelli Editore. É um local de sonho… quase não existem palavras para descrevê-lo…

Trata-se de um depósito de dez mil metros quadrados, que visitei em Setembro de 2002, na companhia de Dorival Vítor Lopes, o editor de Tex no Brasil e Portugal, e Júlio Schneider, tradutor e consultor Bonelliano no Brasil. Nossos cicerones foram Davide Bonelli (filho de Sergio Bonelli e neto do famoso G. L. Bonelli, o “Pai de Tex”) e Giulio Terzaghi (director administrativo da editora), os responsáveis pelo depósito de Turate.

A circundar os armazéns, existem jardins muito bem cuidados e belíssimas árvores, que são motivo de satisfação e orgulho do Sr. Sergio Bonelli, um verdadeiro amante da natureza, como suas inúmeras viagens pela Amazónia e por outros locais naturalísticos no mundo inteiro o demonstram.

Adentrando o depósito, logo à direita vê-se a secção de embalagem e expedição das revistas para a Itália e para todos os quatro cantos do mundo onde exista um fã dos personagens editados pela Sergio Bonelli Editore.

E, a julgar pelo número de pessoas que trabalham na expedição e nos escritórios, é um negócio que vai de vento em popa, pois todos os dias chegam encomendas de números atrasados, da Itália e do exterior.

O escritório que controla electronicamente todo o sector de Vendas de Números Atrasados situa-se no andar superior, num local espaçoso, sossegado e bem decorado, com excelentes condições de trabalho.

Entrando agora propriamente no depósito das revistas, não podemos deixar de nos surpreender com a enorme quantidade de revistas que ali se encontram, centenas de milhares de exemplares que fazem a delícia de quem tenha a felicidade de ali entrar, todos muito bem acondicionados em estantes e prateleiras de metal, assim como em inúmeros paletes de madeira que guardam exemplares de todas as revistas publicadas pela Sergio Bonelli Editore desde 1948.

Apesar de seu tamanho, o depósito também impressiona pela organização e limpeza. Dez mil metros quadrados e milhões de revistas, sem o mínimo exagero: um coleccionador ali fica perdido, mas perdido mesmo. Estivemos lá por duas horas, mas a nossa vontade era ficar no mínimo dois dias, e mesmo assim não veríamos tudo, com toda a certeza.

Ali estão separados 300 exemplares de cada número, de todas as edições produzidas pela Editora até hoje. Exemplares esses que, guardados em estantes totalmente vedadas, para ninguém poder retirar um único exemplar, representam uma verdadeira “reserva histórica” e não estão à venda, em hipótese alguma.

No depósito estão inclusive todas as edições estrangeiras dos personagens Bonellianos que foram editadas nos respectivos países com autorização da Sergio Bonelli Editore.

Logicamente vimos lá a colecção completa do Tex brasileiro, completamente nova, a qual fotografamos nas estantes onde também estavam todas as colecções dos demais personagens Bonellianos editados no Brasil.

Mas também pudemos constatar que praticamente tudo que a editora publicou nas últimas duas décadas está disponível para venda. Pelo que sabemos, é um caso único entre as inúmeras editoras de Banda Desenhada que existem no mundo!

Também visitamos a secção do depósito onde se encontram as personagens Bonelli em tamanho real, pintados em madeira, sempre prontos para se deslocarem para as várias mostras que se realizam por toda a Itália periodicamente.

É claro que tiramos fotos junto dos personagens Bonellianos, como se pode ver nas imagens que ilustram esta matéria (por exemplo, Júlio Schneider em meio aos dois maiores sucessos de vendas da editora, Tex e Dylan Dog; e José Carlos Francisco com Tex e o seu maior inimigo: Mefisto).

Após a visita ao depósito das revistas, fomos conhecer a Sala do Tesouro: um local especial, totalmente vedado e trancado a sete chaves, com temperatura e humidade do ar controlados, que guarda milhares de páginas de artes originais de quase todos os artistas que trabalham ou trabalharam para a Sergio Bonelli Editore ao longo das décadas.

Ali também se encontram todas as artes das capas originais da revista Tex. Esta Sala do Tesouro encontra-se no térreo, bem perto da entrada do depósito.

Subimos novamente a escada, e fomos conhecer a sala onde estão os fotolitos originais que foram para a gráfica, hoje utilizados para fazer as “ristampe” (reedições), igualmente numa sala de acesso restrito.

Nessa sala também estão vários “recuerdos”, como pins, pósteres e quebra-cabeças de Tex e de outros personagens Bonellianos. No encerramento da visita, tivemos a felicidade de ser agraciados com alguns desses itens que, como o nome diz, nos acompanharão como eternas “lembranças” desse dia inesquecível.

Em tempo: José Carlos Pereira Francisco em companhia de Júlio Schneider (articulista e tradutor bonelliano para a Mythos) e Dorival Vitor Lopes (editor de Tex no Brasil pela Mythos Editora) conheceram o Depósito de Turate em Setembro de 2002.

(Para aproveitar a extensão completa  das fotografias acima, clique nas mesmas)

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