Meu pai é Tex

Texto originalmente publicado a 11 de Setembro de 2008, em www.mentelocale.it
Por Francesco Cascione

Meu pai é Tex

* A constituição discute-se, ele não. Está há sessenta anos na crista da onda, sempre igual, mas novo. A personagem que faz enlouquecer os pais.

Lilyth e Tex por Claudio VillaDesde que fui informado que o cowboy que faz enlouquecer os leitores mais maduros tem os mesmos anos da república italiana, o paralelo passa-me pela mente. Mas não é a única analogia que aflora, quando vejo a silhueta de Águia da Noite e percebo que as edições são 575. Tex Willer, nasceu no mesmo ano do meu pai.

Meu pai – como muitos outros sessentões – não ama a literatura da banda desenhada. Mas tendo em casa um filho, que desde que começou a ler, está sempre fascinado pelas “nuvens falantes”, nada pôde fazer a não ser notar que parte do pagamento de um tempo, hoje salário, fosse gasto em despesas com revistas de – como chama ele – banda desenhada para adolescentes.

Meu pai prefere ler livros – dos quais eu e minha irmã somos os seus “presenteadores” oficiais – e embora um pouco por curiosidade e um pouco para me dar satisfação um ou outro álbum  – eu os chamo assim – do Ranger por vezes ele lê e é com Tex que o vejo com o olhar que conheço bem: aquele de quem sabe fazer-se conquistar pelas aventuras do álbum . Porque Tex não é uma banda desenhada, muito menos uma banda desenhada para adolescentes, é Tex. Ponto final parágrafo.

Lilyth e Tex por Fabio CivitelliTex é provavelmente, a ponte com os sonhos que a sua geração – a primeira nascida depois da 2ª Guerra Mundial – fazia face às pradarias dos filmes de western. É a banda desenhada que explica aos leitores de hoje, qual e quanta seja a paixão de um leitor que – como se fosse um estimado amigo – ocasionalmente perde de vista o seu herói de papel, mas somente por um momento.

Para o aniversário número sessenta do próprio herói – um dos mais antigos da literatura de banda desenhada do mundo. Bonelli decidiu dedicar aos seus leitores, um número que celebra e recorda. A celebração está toda na capa de Claudio Villa – na qual aparece Lilyth, o grande amor de Tex, nas cores – desde sempre sinónimo de evento para a casa das ideias – e no título – Na trilha das recordações – edição com argumento de Claudio Nizzi e desenhada por Fabio Civitelli.

Mas não é tudo, porque os sessenta anos de Tex – a idade do meu pai – são também, os cem anos do nascimento do seu pai, Gianluigi Bonelli. No editorial de Sergio, filho de Gianluigi (e actual director geral da SBE) e para todos os efeitos, “irmão” de Tex – há também a recordação de que sobre aquelas pradarias, construiu um mundo que hoje, através de outras personagens, outras bandas desenhadas, outros desenhos, continua a fazer sonhar milhares de leitores.

“O Massacre de Goldena”, um romance de G. L. BonelliJunto à revista nº 575 de Tex – posto à venda em Setembro – é oferecido o livro “O Massacre de Goldena”,  um romance do criador de banda desenhada mais famoso de Itália, publicado em 1951.

Cores, celebrações e recordações para renovar uma paixão que não diminui nunca. Para compreendê-la, basta ver como os leitores de Tex – meu pai e os seus colegas – se afeiçoaram à colecção – colorida – que o La Repubblica e o L’Espresso enviam para os quiosques todas as quintas-feiras.

Sergio BonelliInicialmente – conta Sergio Bonelli – estavam programados cinquenta volumes, hoje já a consideramos a enésima publicação da Casa Bonelli”.
Em casa já me pediram para levar os meus quadradinhos. Aquele espaço, depois de anos, o está reconquistando o Cowboy mais amado do mundo.

Boa leitura!
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Copyright: © 2008; Francesco Cascione
Tradução e adaptação a cargo de Joe Fábio Mariano de Oliveira e de Janete Rita Mariano de Oliveira.
(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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