ESTATÍSTICAS BONELLIANAS – 2017: O INÍCIO DO FUTURO

O final de cada ano é desde sempre o momento para fazer balanços. E, claro, Saverio Ceri não poderia deixar de nos dar os números totais relativos à produção Bonelliana ocorrida em 2017. Convidamos-vos a encontrar as edições anteriores da sua rubrica se acabou por as perder, pois estamos seguros que após estas novas estatísticas, ficarão tal como nós, à espera da próxima.

ESTATÍSTICAS BONELLIANAS – 2017

Por Saverio Ceri

BONELLI 2017: O INÍCIO DO FUTURO

Eis o momento de fazer o habitual relatório anual contendo os números bonellianos. E aqui estamos novamente, como sempre no final do ano, para analisar a produção dos últimos doze meses através dos números. É difícil encontrar uma definição para 2017, ano, anuncio-vos já, no qual foram estabelecidos novos recordes absolutos de produção para a editora milanesa. Por outro lado foi um ano em que um leitor bonelliano de longa data, como eu, não pode deixar de ficar desorientado pela miríade de iniciativas “anómalas” comparativamente com o passado realizado pela editora, desde a co-produção de filmes até aos jogos de tabuleiro. Esperando que aqueles que detêm as rédeas da editora tenham tomado as decisões certas, este 2017 poderá ser recordado como o princípio de um novo curso: o início do futuro.

Um dos primeiros estudos para Monolith, obra de Massimo Carnevale, remonta a 2011

Reiteramos de seguida a premissa para os recém-chegados.

Aquelas que se seguem são classificações de quantidade, não de qualidade; são elaboradas considerando as páginas inéditas produzidas pela Sergio Bonelli Editore e publicadas exclusivamente pela própria editora Bonelli no decurso do ano. Não encontrarão assim todos os autores bonellianos, que dia após dia trabalham para a editora, mas apenas aqueles que nos últimos doze meses foram publicados; aparecerão assim autores que talvez já não trabalhem mais, mas cujas histórias ainda não tinham sido publicadas; não encontrarão também alguns autores que actualmente produzem material para a Sergio Bonelli Editore, mas cujas histórias não foram ainda programadas nas várias séries da editora italiana. Não encontrarão igualmente as páginas produzidas pela Bonelli, mas publicadas por outras entidades (como o livreto dos Bonelli Kids ou o Martin Mystère publicados pelo Cartoon Club para o evento de Rimini), tal como não serão contabilizadas as páginas não inéditas, quer tenham sido publicadas em álbuns bonellianos ou não. Ou seja, de modo a uma melhor compreensão, não encontrarão os dados das histórias de Nathan Never & Cª. reeditadas na revista Magazine da personagem (mesmo que neste caso, as cores sejam contabilizadas, porque foram encomendadas para a ocasião), ou episódios como “L’intervista” publicado em 1983 em Orient Express, como “epílogo” para a “Storia del West” e recentemente reeditado no volume celebrativo da série de Gino D’Antonio.

Em comparação com os anos anteriores devo fazer uma premissa adicional: os números que se seguirão correm o risco de não serem completamente exactos. Foi reforçada neste último ano a tendência de não “dar a César o que é de César”. Explico melhor: por causa dos tempos reduzidos de gestações das séries, tornou-se necessário, para respeitar as datas de lançamento dos álbuns com continuidade entre eles, fazer histórias desenhadas por mais de um desenhador: em particular nas séries de Orfani e em Martin Mystère a cores. Esta abundância de assinaturas, provavelmente impede a redacção de indicar quantas páginas em cada álbum sejam desenhadas por cada um dos ilustradores. Por isso temos edições onde temos de dois a oito desenhadores, muitos dos quais estreantes (e consequentemente com um traço menos reconhecível), “amalgamados” em alguns casos por coloristas, que se por um lado com o seu trabalho facilitam a fusão entre os estilos evitando cortes brutais nas diferentes artes, por outro complicam a atribuição dos autores dessas mesmas artes. Assim sendo ao tentar creditar o melhor possível as várias páginas de cada edição, não é de todo garantido que o consigamos; assim exorto os desenhadores e os coloristas destas edições multi-assinadas a reportarem-me imprecisões, se as detectarem, ajudando-me assim a corrigir as cronologias das séries envolvidas, atribuindo a cada um os próprios méritos.

Os números

As páginas inéditas publicadas este ano foram 23.766, ou seja 2,91% a mais do no ano transacto e como já antecipamos é o novo recorde histórico para a editora. Na realidade quem segue a Bonelli apenas nos quiosques, se tiver o cuidado de contar as páginas inéditas, notaria um pequeno declínio em relação ao ano passado. De facto, das 23776 páginas totais, 1222 foram produzidas para o circuito de livros (ou ainda para venda directa no shop online e para os eventos relacionados com a banda desenhada), e 48 “tiras”, quantificáveis em 32 páginas clássicas de seis vinhetas, nem sequer foram impressas, mas apareceram apenas, por agora, no sítio Internet da editora. Os volumes, os álbuns ou os livretos contendo material predominantemente inédito foram 214 (novo recorde), um valor 7% superior ao de 2016. A média de páginas inéditas por edição, baixou no entanto para 111,06, equivalente a menos 3,80% relativamente ao ano passado. Foram 41 as publicações feitas este ano para o mercado de livrarias (+36,67% comparativamente aos doze meses precedentes), entre volumes de reedições, de material inédito, de edições temáticas, de art books e de “caixas”; a tudo isto deve ainda juntar-se os quatro portfólios com tiragem limitada realizados para o evento de Lucca e os três álbuns anexados ao Monopólio de Tex, al Trivial Pursuit da banda desenhada a ao DVD ”Noi Zagor”, só para falar no material impresso em papel. As páginas de banda desenhada contidas nos 41 volumes são 10350 com um incremento de apenas 3,28% em relação a 2016. Os volumes, além de não serem apenas quadradinhos, também foram neste caso um pouco mais magros do que no ano passado.

Uma das ilustrações contidas no portfólio, com tiragem limitada, de Corrado Roi, à venda no sítio internet da Bonelli

As séries e as personagens

Neste ano de mudanças a Bonelli propôs histórias inéditas de 32 séries ou personagens, um número que pode parecer um recorde mas que não o é, e que nos traz à memória um outro período de experiências, o biénio 1982/83 em que graças a revistas como Orient Express e Full, a editora milanesa ofereceu uma gama ainda maior de propostas. As novidades deste ano são representadas sobretudo pela linha jovem , com 4 títulos (verão listadas apenas três, porque um está incluído na contabilidade de Dragonero), entre os quais os Bonelli Kids, a primeira banda desenhada da SBE nascida directamente para a web, mas que ao que parece terá também edições impressas a partir de 2018. De assinalar também o regresso de dois clássicos do humor: Chico e Groucho.


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No ranking que se segue poderão encontrar todas as séries classificadas pelo número de páginas inéditas publicadas durante este ano e na última coluna encontrar as variações com relação às posições ocupadas em 2016 (a sigla NE significa que não existia o ano passado) e ao lado, quando necessário, um quadrado amarelo que indica que o resultado obtido em 2017, no que diz respeito a páginas publicadas, é o melhor de sempre para a personagem; o Recorde Histórico (RS) se escrito a verde foi batido, se em cor de laranja simplesmente igualado.

Dylan Dog pelo décimo primeiro ano consecutivo è a personagem bonelliana mais publicada; para Dylan é também a sua décima segunda vitória geral. Atrás dele, com um belo salto Nahan Never, que pela segunda vez na sua carreira, a primeira ocorreu em 2006, conquista o segundo posto. Zagor com um ano recorde consegue manter o terceiro posto. Após o pódio e depois de 49 anos de ininterrupta presença, Tex. Número de páginas publicadas também com recorde absoluto para Martin Mystère e Dragonero, graças às séries dedicadas às suas versões juvenis; mas se para o primeiro se trata provavelmente do seu último recorde, para o segundo trata-se do início de um ciclo que deverá levá-lo a bater diversos recordes no próximo ano.

Dylan Dog (aqui numa ilustração de Bruno Brindisi) é novamente a personagem mais publicada do ano

Os argumentistas

Quarto ano consecutivo de aumento do número de argumentistas envolvidos nas edições bonellianas: desta vez chega-se aos 92, dos quais 21 são estreantes na SBE, embora em muitos casos sejam já valores consagrados longe da editora da Via Buonarroti. Na tabela abaixo estão classificados pelo número de páginas publicadas e pode-se encontrar também as personagens em que cada argumentista colaborou e se o resultados dos últimos anos é o seu Personal Best (PB), ou se trata-se da sua Estreia (E), na editora Bonelli. Os muitos números repartidos que encontrarão são filhos sobretudo de As novas aventuras de Martin Mystère, a saga a cores do Detective do impossível, realizada quase inteiramente a doze mãos e aos Bonelli Kids, as personagens internettianas da casa Bonelli, que para além de terem três pais, são também publicados num formato não facilmente exequível para a página bonelliana clássica.

Pela vigésima vez no pódio e uma vez mais no degrau mais alto, Mauro Boselli: no seu sétimo sucesso anual consecutivo, o nono nos últimos 10 anos, o décimo quarto no total. O último a destacar-se por sete vitórias consecutivas foi Guido Nolitta entre 1975 e 1981. Com o seu terceiro pódio na sua carreira temos Claudio Chiaverotti que repete o segundo lugar do ano passado. Giovanni Eccher, no seu sétimo ano, não só entra pela primeira vez no Top Ten, como vai directamente para a medalha de bronze, graças ao empenho em várias frentes; são quatro as personagens para quem ele publicou em 2017. A algumas poucas páginas de distância encontramos a dupla de criadores de Dragonero e o editor de Zagor. No Top Ten de 2017 encontramos sete rostos familiares já presentes há doze meses atrás e três novos ingressos: Eccher, Enoch e Bilotta; este último faz inclusive a sua estreia nesta classificação. Saem dos dez primeiros, Barbato, Manfredi e Vigna.

Mauro Boselli, pelo sétimo ano consecutivo o escritor bonelliano mais publicado

Entre os escritores publicados este ano o veterano é mais uma vez Alfredo Castelli, que atinge o seu 46°ano bonelliano, seguem-no Giancarlo Berardi quepublica edições da SBE há quarenta anos, Maurizio Mantero que se estreou em 1979, Tiziano Sclavi que teve a sua primeira história publicada em 1980, e a dupla Claudio Nizzi e Marcello Toninelli, que assinaram a sua primeira edição Bonelli em 1981. Depois do já citado Castelli, que vai no seu 41° ano consecutivo de publicação, assinalamos que Mignacco vem sendo publicado ininterruptamente há 31 anos, seguido de Vigna (30 anos), Chiaverotti (29), Boselli (28), Burattini (27), Manfredi e Berardi (24), Ruju (23), Vietti (22), Enoch (21), Barbato e Mantero (20). Destacamos dois regressos de excepção: Leo Ortolani que reentra na editora Bonelli depois de 17 anos e Marcello Toninelli que o supera, reaparecendo em Zagor depois de 24 anos de ausência.

Os desenhadores

Novo recorde de desenhadores publicados nos álbuns Bonelli num só ano: 218; entre estes 41 estreantes (outro recorde). Tal como com os argumentistas, segue-se a classificação consoante o número de páginas publicadas:


Germano Bonazzi, graças a um ano recorde, torna-se pela primeira vez o desenhador bonelliano mais produtivo do ano. O seu melhor resultado até agora era o terceiro lugar de 2011. Atrás de si, também ele com um recorde pessoal encontramos pela primeira vez no pódio, Alessandro Bignamini. Na terceira posição ex-aequo encontramos dois zagorianos, Marcello Mangiantini e Walter Venturi; para ambos a última vez que tinham comparecido num pódio tinha sido no lugar mais alto, em 2013 Venturi e dois anos mais tarde Mangiantini. Nenhum desenhador do top ten de 2017 estava presente entre os primeiros dez de 2016, ma nove deles já tinham conquistado esse feito pelo menos por uma vez, o veterano neste sentido é Luigi Siniscalchi com a sua quinta presença no Top Ten. O décimo da classificação, Riccardo Crosa desde a sua estreia na editora Bonelli mantém sempre um lugar entre os dez primeiros.

Germano Bonazzi, o desenhador mais publicado da editora Bonelli em 2017

Freghieri in extremis consegue vencer também em 20147 o prémio de antiguidade, já que está presente nesta classificação pelo 33° ano consecutivo; depois dele encontramos a dupla Montanari & Grassani, publicados regularmente sem interrupções desde há 32 anos,  Brindisi há 28, Rodolfo Torti há 25, Michelazzo há 23, Enoch há 22, Piccoli há 20. Neste ano que está prestes a concluir-se faltaram à chamada no que a páginas publicadas diz respeito, depois de mais de 20 anos de presença ininterrupta nos quiosques italianos, Giardo e Dotti.

Destaque também a publicação das últimas páginas desenhadas por Gallieno Ferri, 56 anos após a sua estreia bonelliana. Após o falecido criador gráfico de Zagor, o ilustrador com a mais longa militância bonelliana publicado este ano é Giancarlo Alessandrini, que festejou os 40 anos de colaboração com a editora milanesa, seguido por Montanari & Grassani que se estrearam em 1979, um ano antes de Civitelli e Ambrosini.

Para a série “às vezes regressamos” informamos que Cavazzano e Poli estavam ausentes de histórias bonellianas há 7 anos, Fara há 8, Voltolini e Di Giandomenico há 9 e Ponchione há 13. Até reapareceram desenhadores que não se viam na Bonelli desde o milénio passado como o já citado Leo Ortolani, que tinha ilustrado duas páginas de Legs em Junho de 2000; Roberto Piere, que nos tinha deixado em Zona X no ano de 1997,Gabriele Pennacchioli, cuja história anterior foi publicada em 1992 e Cesare Valeri visto apenas em 1988. Para encerrar o capítulo dos desenhadores registamos a estreia bonelliana nesta categoria de um par de autores promissores, Guido Silvestri que assina Silver e Alfredo Castelli aliás Il Pitore di Santini: estejam atentos a ambos, vão trilhar o caminho do sucesso!

Leo Ortolani reaparece depois de 17 anos, numa edição bonelliana, com esta vinheta

Os capistas

Os ilustradores chamados em 2017 a realizar pelo menos uma capa bonelliana foram precisamente os mesmos do ano passado, 54. Bem, 53 se quisermos ser precisos, porque o cinquagésimo quarto, Roberto Recchioni não chegou a desenhar uma capa na sua totalidade; no máximo, como poderemos ver na classificação que se segue, podemos atribuir-lhe meia capa, aquela que co-assinou com Spadoni para o número zero de 4 Hoods. As capas realizadas propositadamente para álbuns bonellianos foram este ano 246, três a mais do que as do ano transacto. Não comparecem nesta lista praticamente todas as capas das edições dedicadas a Groucho (à excepção da realizada por Maicol & Mirco), porque se tratavam da utilização de uma vinheta da história contida no volume.

Após 12 anos consecutivos no comando, Claudio Villa cede o primeiro posto ao prolífico Gigi Cavenago, que realizando as capas duas séries mensais de Dylan Dog provavelmente manterá por vários anos esta posição. O capista de Tex todavia ocupa o segundo lugar do pódio em co-habitação com o seu aluno Alessandro Piccinelli que herda de Gallieno Ferri, além das capas do Espírito da Machadinha, também o seu lugar no pódio dos capistas, graças às numerosas iniciativas zagorianas extra colecção. Cinco são os ilustradores que por mérito da ou das capas publicadas este ano fazem a sua estreia na editora Bonelli. O número de novos desenhadores bonellianos em 2017, aumenta então para 46.

Gigi Cavenago, o capista bonelliano mais produtivo em 2017

Os coloristas

A Sergio Bonelli Editore, como facilmente se tem intuído, nos últimos anos está a virar-se decisivamente para as cores; multiplicam-se realmente as ocasiões para festejar nas séries regulares, nascem novas colecções a cores, e quando se apresenta a ocasião, também histórias do valioso arquivo Bonelli (quase setecentas mil páginas), são coloridas para reimprimi-las em novas vestes inéditas. Os números dos coloristas estão assim em constante ascensão: este ano estiveram envolvidos 54 profissionais (ou estúdios) para colorir um total de 7730 páginas das quais 6057 inéditas. Tudo recordes absolutos para a editora, obviamente. E um novo recorde também para a percentagem das páginas inéditas a cores sobre o total de pranchas publicadas pela editora Bonelli: mais de 25%. Não obstante tudo isto, o trabalho dos coloristas nem sempre vem atribuído correctamente, com precisão e pontualidade nos créditos das várias publicações; em algumas ocasiões nem sequer vêm os devidos créditos para as cores; por isso encontrarão no final da classificação um número de páginas coloridas… não se sabe por quem. Em todo o caso, como para os desenhadores eu tentei identificar quem coloriu o quê, mas não é garantido que eu tenha conseguido na perfeição os meus intentos, por isso a classificação pode conter imprecisões. Um esclarecimento: não foram atribuídas páginas coloridas no passado e simplesmente republicadas agora; faltam na contabilidade, por exemplo, as páginas de Tex Classic (as cores foram as usadas na Collezione Storica do La Repubblica), enquanto no caso da colecção Dylan Dog de Tiziano Sclavi, a Bertelè foram atribuídas somente metade das páginas, porque mais do que coloridas, foram enriquecidas com efeitos vintage, as páginas publicadas a cores no passado. Eis a classificação completa:


Segunda vitória consecutiva para o Arancia Studio que se ocupa praticamente em exclusivo de Morgan Lost. Também nos outros dois degraus do pódio estão coloristas que praticamente gerenciaram ou gerenciam as cores uma colecção como é o caso de Daniele Rudoni que se dedica Às novas aventuras de Martin Mystère; e Luca Bertelè, que se dedica ao envelhecimento das páginas da reedição dedicada ao Dylan Dog de Sclavi.

Arancia Studio: coloristas com super-poderes

Série por série

Dampyr
Pequeno evento no mundo de Harlan Draka: pela primeira vez o argumentista mais publicado do ano não é Boselli. A surpresa foi conseguida por Claudio Falco que com as 348 páginas publicadas este ano supera o criador da personagem que publicou “apenas” 282. Fabrizio Russo com 254 páginas consegue, pela quarta vez na sua carreira ser o desenhador mais publicado do ano dampyriano.

Dragonero
Obviamente ano recorde para Dragonero visto a estreia das aventuras do herói em fases jovem e adolescente, em duas séries paralelas, muito diferentes entre elas, tanto pelo formato como pelo conteúdo, mas ambas dedicadas ao matador de Dragões. Luca Enoch com 849 páginas foi o escritor mais publicado nas várias séries ao redor de Ian Aranill em 2017, enquanto Riccardo Crosa com 271 páginas foi por sua vez o ilustrador mais presente no mesmo período: quarta vitória anual para o escritor, primeira para o desenhador.

Dragonero, uma das personagens bonellianas em ascenção, numa recente interpretaçlão de Alfio Buscaglia

Dylan Dog
Ano rico de curiosos recordes para Dylan Dog e Groucho. O escritor mais publicado no ano solar foi o veterano Luigi Mignacco graças a… um único álbum, o Maxi de Julho. Com apenas 282 páginas de facto o escritor genovês vence, após ter-se estreado há 30 anos na série, o seu primeiro “scudetto” do pesadelo; e fá-lo com o número de páginas mais exíguo de sempre; nem sequer o próprio Sclavi em 1986, com apenas três álbuns, tinha vencido publicando tão poucas páginas. O motivo pode ser explicado pelo segundo recorde do ano: 36 escritores diferentes (dos quais 15 estreantes), foram publicados nos últimos doze meses em séries sob a alçada da redacção de Dylan Dog; O total de páginas publicadas entre Dylan e Groucho remonta a 2977 (outro recorde para as colecções dedicadas ao Investigador do Pesadelo & C.), espalhadas por 33 álbuns ou livretos contendo material inédito (outro valor nunca alcançado anteriormente).

Pelo mesmo motiva da proliferação de autores, o desenhador mais publicado do ano é, com apenas 173 páginas e, Giuseppe Montanari com a sua primeira vitória a solo, depois de ter partilhado várias com o seu parceiro Ernesto Grassani. Também aqui um número monstruoso de ilustradores, ao serviço do Old Boy: precisos 45 num único ano, entre os quais 17 estreantes. Considerando que sobretudo graças aos “grouchini” vimos este ano muitos autores completos, no total entre argumentistas e desenhadores empenhados este ano nas páginas de Dylan Dog temos 70, se a eles juntarmos os capistas, coloristas e legendadores chega-se a 93 nomes diferentes que comparecem nos créditos nas edições de Dylan Dog.

Dylan Dog imortalizado por Marco Nizzoli

Julia
No vigésimo aniversário de presença nos quiosques italianos Julia ultrapassa a barreira das trinta mil páginas publicadas; Giancarlo Berardi, o seu criador, conquista o vigésimo título com 819 páginas, a metade do total, visto que sempre assina a quatro mãos todas as histórias. Entre os desenhadores com 252 páginas vencem empatados Piccoli, Marinetti e Bonanno, respectivamente nas suas quinta, terceira e primeira afirmações. 

Martin Mystère
No trigésimo quinto aniversário de vida editorial para Martin Mystère assinalamos que em Janeiro foram superadas as cinquenta mil páginas publicadas desde 1982 até hoje;que pela primeira vez vence Enrico Lotti a classificação do escritor mais publicado, com 433,33 páginas; Que os irmãos Esposito Bros são por sua vez os ilustradores mais vistos este ano com  214 páginas, para eles é o sexto sucesso, o segundo consecutivo; que com 2082 páginas no total a redacção do Detective do Impossível supera o próprio recorde  de páginas publicadas, que vinha de 2004.
 
Mercurio Loi
Primeiro ano para a original personagem de Alessandro Bilotta e obviamente primeiro sucesso para o criador de Mercurio Loi que escreveu todas as 658 páginas publicadas em 2017. Entre os desenhadores temos um empate entre os sete ilustradores dos primeiros sete álbuns.

E se… Mercurio Loi tivesse sido publicado nos anos ’60 do século passado?

Morgan Lost
Terceira vitória para Claudio Chiaverotti como escritor mais produtivo de Morgan Lost, visto que é o único autor desde a sua estreia, entre os desenhadores vence pela primeira vez Pastrovicchio com 188 páginas.

Nathan Never
A redacção de Nathan Never, apesar de uma redução em relação a 2016, permanece também este ano como sendo a mais prolífica da editora, visto que deu à luz 3193 páginas inéditas de banda desenhada entre série regular, especiais e spin-off vários. Pela sexta vez na sua carreira (a terceira consecutiva) Bepi Vigna é o argumentista mais presente nas páginas de Nathan & C. com 596 páginas. Quinto título neveriano entre os desenhadores para Germano Bonazzi graças às 564 páginas da mini-série “Rinascita”.

Orfani
Roberto Recchioni pela quinta vez é o escritor mais publicado nas colecções de Orfani, mas desta vez divide o lugar mais alto do pódio com Michele Monteleone, ambos este ano com 282 páginas. Luca Casalanguida com somente 120 páginas, é o mais publicado pelo segundo ano consecutivo, batendo a concorrência dos outros 18 ilustradores chamados este ano a ilustrar os nove álbuns que compõem a quinta e metade da sexta temporada da série.

Ringo, um dos Órfãos “originais”, interpretado pelo seu criador gráfico: Emiliano Mammucari

Le Storie
Com o especial de Verão com 126 páginas, também impresso este ano numa elegante versão para livraria, Giacomo Bevilacqua conquista o “scudetto” de autor mais publicado em Le Storie, seja como argumentista seja como desenhador.
Tex
Mauro Boselli, depois de um ano de pausa volta a ser o escritor mais publicado de Águia da Noite: em 2017 com 1108 páginas vence o seu décimo “troféu” texiano. Primeira vitória, por sua vez para Stefano Andreucci, que com as 270 páginas publicadas supera os outros dezasseis colegas empenhados com Tex neste ano que está prestes a chegar ao fim.

Esta ilustração, contida no portfólio de Claudio Villa, foi utilizada como capa de Dime Press no ano 2000

Zagor
Resultado recorde também para a redacção zagoriana que graças à mini-série do Chico desenfornou este ano 2764 páginas de banda desenhada, superando a barreira das oitenta mil páginas na história de Zagor. Vigésima quinta vitória para Moreno Burattini com 984 páginas entre os escritores, e terceira vitória para Marcello Mangiantini entre os desenhadores com 326 páginas publicadas nos últimos doze meses.

Giuseppe Franzella homenageia Zagor

Os Especiais

Ano recorde também para as edições fora-de-série, desde o número de publicações: ben 64 álbuns, superaram o recorde anterior estabelecido há apenas um ano. Com os volumes deste ano, incluindo os especiais bonellianos de Chico Story, foi superada a quota 800. Recorde também no que respeita ao número de páginas inéditas publicadas nas edições especiais: 8335. Tudo somado poucas páginas a mais, se compararmos com a quantidade de edições; a tendência é fazer álbuns cada vez mais “finos” como a mini-série de Chico , o Tex de autor ou a redução de páginas do Dylan Dog Color Fest, mas também usar os fora-de-série como receptáculo para repropor histórias raras, algumas delas publicadas externamente à Sergio Bonelli Editore no passado: não por acaso a média de páginas por edição ficou este ano ligeiramente acima das 130, valor em queda acentuada se compararmos com doze meses atrás; é a média mais baixa desde 1987. O recorde estabelecido em 2009 com quase 195 páginas por cada álbum especial, está a anos luz. O escritor mais “especial” do ano foi Giovanni Eccher com 631 páginas publicadas em edições fora-de-série, praticamente mais de 60% da sua produção do ano. Com as mesmas 564 páginas que lhe permitiram vencer a classificação anual, Germano Bonazzi foi o desenhador mais empenhado nos álbuns especais deste ano. Para ele é a segunda vez: já tinha vencido esta classificação transversal em 1998. Com 11 capas realizadas Lucio Filippucci interrompe o domínio (de uma década) de Roberto De Angelis como capista mais utilizado nos álbuns fora-de-série; por fim, Dylan Dog com 1476  páginas é novamente, pelo 11° ano consecutivo, a personagem bonelliana com mais páginas extras.

Duplo empenho para Filippucci com o BVZM e o jovem e colorido Martin

Classificações históricas

Pequenas mexidas em 2017 nas classificações all-time, entre os primeiros 20 escritores de todos os tempos assinala-se a ultrapassagem de Ruju a Piani no décimo segundo lugar e  de Vigna a D’Antonio no décimo sexto.

Entre os desenhadores Freghieri ultrapassa os irmãos Di Vitto (por apenas 10 páginas), tornando-se o 9° desenhador mais produtivo da história bonelliana, enquanto Roi supera Polese ascendendo ao 11° posto.

Anos dez

Continuando nas classificações históricas, demos uma olhada à última década em curso, actualizando a situação no final de 2017, com ’80% do caminho já percorrido: abaixo pode-se então ver os 10 argumentistas e os dez desenhadores mais produtivos da Bonelli nestes últimos oito anos.


É evidente desde há algum tempo que os anos ’10 do século XXI terão Mauro Boselli como escritor mais produtivo do período, resta apenas saber quem o acompanhará no pódio. Por enquanto Burattini e Vietti parecem prevalecer sobre os colegas, mas há ainda um par de anos que nos poderá reservar surpresas. No que diz respeito a desenhadores Roi parece ter escolhido o momento para se pôr em fuga e conseguir o título de ilustrador mais publicado pela Bonelli nesta década, tornando-se o sucessor de Freghieri que foi o vencedor no período 2000-2009 e que esta década o persegue. Atrás de ambos vem Mangiantini que com o encerramento de Lilith já não deverá ter a concorrência de Enoch para o terceiro lugar; é muito mais provável que dedicando-se à escritura de Dragonero Enoch conquiste um lugar no Top Ten dos escritores (onde por agora é décimo primeiro), tornando-se o único autor a comparecer em ambas as classificações. Todavia com diferenças tão pequenas as surpresas poderão não faltar; Bonazzi por exemplo com a “explosão” deste ano subiu 29 posições.

Corrado Roi apresta-se para se tornar o mais produtivo desenhador bonelliano da década

Os recordes de 2017 foram tantos que identificar o mais importante não é fácil; direi que as 23766 páginas inéditas publicadas num ano fazem da Bonelli uma das editoras que produz mais banda desenhada no mundo; gostaria também de salientar que publicaram nas edições Bonelli em 2017, 315 autores, entre argumentistas e desenhadores, dos quais muitos foram estreantes, e dos quais quatro comparecem em todas as três categorias principais (argumentistas, desenhadores e capistas), deixo a vós descobrir quem são.

E com esta “caça ao tesouro” desejo a todos os leitores um bom 2018.

Saverio Ceri
Material apresentado no blogue Dime Web em 21/12/2017; Tradução e adaptação (com a devida autorização): José Carlos Francisco.
Copyright: © 2017, Saverio Ceri

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

sceneggiatore
tavole
serie
Boselli
1390
Tex, Dampyr
Chiaverotti
1194
Morgan Lost, Dylan Dog, Brendon
Eccher
1023
Zagor, Nathan Never, Dampyr, Le Storie
PB
Enoch
1006
Dragonero, Lilith, Groucho, Senzanima
Vietti
998
Dragonero, I pionieri dell’ignoto
Burattini
984
Zagor
Berardi
819
Julia
Bilotta
818
Mercurio Loi, Dylan Dog
PB
Faraci
754
Tex, Cico, Dylan Dog, Groucho
10°
Ruju
632
Tex
11°
Mignacco
604
Martin Mystère, Dylan Dog, Zagor
12°
Vigna
596
Asteroide Argo, Nathan Never
13°
Medda
564
Nathan Never
14°
Falco
506
Dampyr, Comm.Ricciardi
PB
15°
Rauch
502
Zagor
PB
16°
Barbato
464
Dylan Dog, Mani Nude, Groucho, Ut
17°
Calza
441
Julia
18°
Lotti
433,333
Martin Mystère
PB
19°
Recchioni
413
Dylan Dog, Sam, Monolith, 4 Hoods
20°
Ostini
382
Dylan Dog, Nathan Never, Universo Alfa
21°
Mantero
378
Julia
22°
Zamberletti
364
Tex, Zagor
23°
Gualdoni
351,333
Martin Mystère, Dylan Dog, Nathan Never, Universo Alfa
24°
Castelli
339,667
Martin Mystère, Zio Boris, Bonelli Kids, Groucho
25°
Giusfredi
322
Dampyr, Susy &Merz, Tex
PB
26°
Marzano
298
Dylan Dog, Le storie
27°
Enna
287
La Bestia, Creepy Past
28°
Masiero
282
Cheyenne
28°
Monteleone
282
Sam
PB
28°
Secchi
282
Nathan Never, Dylan Dog
31°
Rigamonti
273
Nathan Never, Universo Alfa
32°
Mainardi
248
Martin Mystère
E
33°
Voglino
235,333
Martin Mystère, Le Storie
PB
34°
Baraldi
220
Dylan Dog
PB
35°
Cajelli
219,333
Martin Mystère
36°
Recagno
218
Martin Mystère, Storie da Altrove
37°
Di Gregorio
209
Le Storie, Dylan Dog, Creepy Past
38°
Simeoni
204
Le Storie, Dylan Dog
39°
Perniola
189
Nathan Never
40°
Venanzetti
188
Dampyr
PB
41°
Uzzeo
167,333
Terra, Monolith, Dylan Dog
42°
Bevilacqua
159
Le Storie, Cico, Groucho
E
43°
Beretta
154
Martin Mystère
44°
Sammartino
150
Agenzia Alfa
45°
Contu
134
Dylan Dog, Zagor
E
46°
Masi
127,333
Terra, Dylan Dog
PB
47°
Cavaletto
126
Dylan Dog, Tex
47°
Marolla
126
Zagor
49°
Artusi
125,333
Martin Mystère
49°
Lombardo
125,333
Martin Mystère
PB
51°
Barzi
110
Le Storie
51°
Catacchio
110
Le Storie
E
51°
Contro
110
Le Storie
PB
51°
Manfredi
110
Le Storie
51°
Morales
110
Le Storie
51°
Serra
110
Le Storie
51°
Vitaliano
110
Le Storie
PB
58°
Mammucari M.
109,667
Terra
E
58°
Mammumari E.
109,667
Terra
E
60°
Barbieri G.
96
Dylan Dog
E
61°
Ambrosini
94
Dylan Dog
61°
Gualtieri
94
Dampyr, Dylan Dog
PB
61°
Matteuzzi
94
Dampyr
E
61°
Pagani
94
Dylan Dog
E
61°
Ratigher
94
Dylan Dog
PB
61°
Russo A.
94
Nathan Never
61°
Sclavi
94
Dylan Dog
68°
Piani
93
Agenzia Alfa
69°
Marsiglia
47
Dampyr
69°
Ramella G.
47
Nathan Never
71°
Toninelli
40
Zagor
72°
Fissore
38
Agenzia Alfa
73°
Sio
33
Cico, Groucho
E
74°
Artibani
32
Groucho
74°
Bucci
32
Groucho
E
74°
Celoni
32
Dylan Dog
74°
Crippa
32
Dylan Dog
74°
Daw
32
Groucho
E
74°
Di Orazio
32
Zagor
E
74°
Dixon
32
Tex
E
74°
Nizzi
32
Tex
74°
Rincione M.
32
Groucho
E
74°
Torti Ric.
32
Groucho
E
74°
Zerocalcare
32
Groucho
E
85°
Maicol & Mirco
29
Groucho
E
86°
Adamo
11,667
Bonelli Kids, Zio Boris
E
87°
Masperi
10,667
Bonelli Kids
88°
Rossi Edrighi
10
4 Hoods
89°
Bertelè
1
Cico
89°
Ortolani
1
Cico
89°
Silver
1
Cico
E
89°
Ziche
1
Cico
E

4 Comentários

  1. Realmente foi um ano de maravilhosas publicações. Mercurio Loi me surpreendeu, é realmente muito bom, pegada investigativa na Roma do início do século XIX. A minissérie de Martin Mystère em cores, na qual o protagonista está rejuvenescido e mora na Itália, teve ótimo texto e desenhos (principalmente as perfeitas representações de Florença e Turim). Martin Mystère clássico bimestral com os roteiros geniais de Castelli. Nathan Never está em boa fase e as minisséries que contam a origem do personagem (Ano Zero no ano passado e Renascimento neste ano) deram uma boa agitada na publicação. O reboot de Morgan Lost fechou o ano com chave de ouro. Orfani e Dragonero continuam empolgantes. Julia, sempre nas mãos de Berardi, espetacular. Le Storie servindo de piloto para grandes tramas (Mugiko escrita por Mandredi e desenhada pelo brasileiro Pedro Mauro foi fantástica). O sensacional crossover de Dampyr com Dylan Dog. Tex arrebentando com o Sinal de Yama, O Magnífico Fora da Lei e Nueces Valley. Zagor e Dylan Dog com edições nota dez o ano todo. A divertida minissérie do Chico escrita pelo grande Tito Faraci. Boselli, Burattini, Mignacco… grandes feras do roteiro, os caras são muito bons mesmo. Enfim, é pouco espaço para escrever sobre essas quase 24 mil páginas produzidas pela Bonelli. E já entrando em 2018 com as expectativas em cima dos 70 anos de Tex e a volta de Mister No. Não me canso de ler todos esses títulos, só tem coisa boa. Parabéns ao Zeca pela tradução do excelente levantamento feito pelo Saverio Ceri.

  2. Ei Zeca, boa noite. Quando tiver o número de tiragem e vendas das revistas Bonelli nos informe por favor.

    • Banzé infelizmente a Sergio Bonelli Editore não divulga oficialmente esses dados. Há é rumores por vezes e um ou outro comentário de alguém da editora baseado na facturação que tem aumentado gradualmente nos últimos anos.

  3. Entendi Zeca, obrigado pela informação. Gostaria que em 2018 tivesse uma matéria sobre a nova linha de quadradinhos versão adulta da Bonelli, que se chamará “Audace“. Bom ano novo.

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