Fieis ao empenho de dar a conhecer neste blogue, os novos desenhadores destinados a ladear nos próximos meses, os tradicionais desenhadores de Tex, estamos orgulhosos de vos apresentar desta vez, um nome que deixou um rasto importante na história da banda desenhada: Ernesto Rudesindo Garcia Seijas, natural de Ramos Mejía, província de Buenos Aires (Argentina), em Junho de 1941.
Sergio Bonelli tinha-o debaixo de olho desde tempos imemoráveis, quando ainda era um jovem que não tinha entrado sequer na casa dos vinte anos e eram publicadas as suas primeiras obras em revistas argentinas como “Frontera”, “Hora Cero” e “Misterix”, e depois, em anos mais recentes, quando colaborava com os semanários italianos “Lanciostory” e “Skorpio”, desenhando entre os quais “L’uomo di Richmond” (argumento de Andrea Mantelli), “Bruno Bianco” (de Carlos Trillo), e Helena (série escrita por Robin Wood), ao lado de outros artistas sul-americanos não menos prestigiosos, como Domingo Mandrafina, Alberto Salinas, Juan Zanotto, Arturo Del Castillo.
A ele, aliás a todos eles, Sergio Bonelli tinha vontade de oferecer as páginas dos álbuns da sua editora e, sobretudo dos “Texoni”, chamados entre nós de “Tex Gigante”. Mas em nome das regras do recíproco respeito que existe no mundo da banda desenhada, renunciou a fazer propostas profissionais também nas ocasiões em que, passando por Buenos Aires, onde vive Ernesto Seijas, concederam-se a um bom “churrasco”, num restaurante sobre as margens do Rio Tigre.
Há três ou quatro anos, porém as imprevisíveis vicissitudes da vida (e do mundo editorial) empurraram para a via Buonarroti, Ernesto Garcia Seijas, que, depois de um período de ambientação em Júlia (onde ilustrou a edição número 80, editada em Maio de 2005), não hesitou em aceitar o desafio de Tex. As cento e dez páginas de uma história roteirizada por Mauro Boselli estão já seguras num armário no gabinete de Sergio Bonelli e serão apresentadas a todos os Texianos, daqui a pouco mais de um mês, no Almanacco del West 2007.
Algumas prateleiras mais abaixo (creiam ou não) já está pronto o seu Texone (Tex Gigante) que o Sergio Bonelli sonhou em ter por muitos anos… Feliz por este “encontro” longamente esperado, Sergio Bonelli trocou quatro dedos de conversa com o Mestre argentino, que o nosso blogue também teve acesso.
A primeira pergunta não podia deixar de ser sobre alguma eventual dificuldade encontrada por Seijas na interpretação com o seu inconfundível estilo gráfico, do nosso Ranger: uma “missão”que o novo colaborador, levou a cabo, segundo nós, brilhantemente, como podem ver vós mesmos, observando aqui nestas duas vinhetas (onde Tex Willer comparece na versão “à civil” e com as vestes de Águia da Noite).
“A primeira dificuldade”, respondeu Garcia Seijas, “foi a própria fisionomia da personagem. Para encontrar a “verdadeira”, mesclei a versão original, criada por Galep, com aquela – mais dura – de Giovanni Ticci. Mas, na realidade, estou ainda à procura do “meu” Tex, para poder trabalhar com mais fluidez. Também as ambientações são um belo desafio, porque tenho pouca documentação: por agora baseio-me em filmes e tele-filmes que seguia e amava desde jovem (séries como “Bonanza”, “Bat Masterson”, “Gunsmoke” ou “Uma casa na pradaria”) mas que eu fui abandonando com o decurso do tempo… Enfim, também não tem sido fácil adaptar-me à intensidade dramática das histórias. Desde há muito tempo, que ilustro histórias dos nossos dias, mais simples e com menos sombras, e, ainda por cima, sempre enriquecidas por uma pitada de comicidade; tudo com uma total liberdade de abordagem, pensando na cor… Em suma, Tex é diferente de tudo que fiz por tantos anos”.
No álbum de recordações, uma última frase é dedicada à banda desenhada italiana: “ A primeira coisa que li, ainda em criança, por acaso foi “Colt Miller” (versão argentina de Tex). Saía semanalmente, aqui em Buenos Aires, e era uma “revista” pequeníssima, do tamanho de uma “striscia”. Depois, agradava-me imenso Paul Campani (que desenhava “Bull Rocket” e “Misterix”, escritos respectivamente por Héctor Oesterheld e Alberto Ongaro), o grande Hugo Pratt, Ivo Pavone, Guglielmo Letteri e outros…”.
Texto de José Carlos Francisco, baseado na rubrica “Caro Tex…“, de Sergio Bonelli, inserida em Tex Nuova Ristampa nº 172 de 30 de Novembro de 2006.
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Muito interessante… E seu traço parece muito bem feito!