Entrevista exclusiva: ROBERTO DE ANGELIS

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco, com a colaboração de Giampiero Belardinelli e Roberto Pagani na formulação das perguntas, de Júlio Schneider (tradutor de Tex para o Brasil) e de Gianni Petino na tradução e revisão e de Bira Dantas na caricatura.

Roberto De Angelis por Bira DantasCaro Roberto De Angelis, bem-vindo ao blogue português de Tex. Comecemos com a sua apresentação.
Roberto De Angelis: Eu nasci em Nápoles, Itália, em 16/12/1959, mas passei a maior parte da minha vida em Salerno, que eu considero a minha verdadeira “pátria”. Meu percurso profissional foi bastante normal, ao menos se considerarmos o período do início dos anos 80, com fanzines, estúdios de produção de quadradinhos, onde se fazia um pouco de tudo, de revistas para meninas adolescentes a BD erótica. Mas o verdadeiro salto de qualidade chegou com Splatter e Mostri, duas revistas de clara inspiração de terror. Sob muitos aspectos – técnica, roteiro e divisão das páginas – eram revistas bastante semelhantes às publicadas pela Bonelli, onde aportei em 1989, depois de quase uma década de experiência.

Ultima SentenzaQuais quadradinhos você lia na infância e adolescência?
Roberto De Angelis: Fazer uma lista é difícil. Eu comecei a desenhar entre o final dos anos Setenta e o início dos Oitenta, época dos trabalhos “de autor”, e eu formei-me principalmente com base no formato dos desenhadores daquele período. Personagens como Gimenez, para citar um deles. Eu gostava dos argentinos e ainda gosto, mas actualmente vejo pouca coisa deles por aí, infelizmente. E não posso esquecer alguns autores franceses.

Antes da sua virada profissional, no final dos anos Oitenta (cfr. volume “Perfis. Roberto De Angelis, neoclássico“, de Gianni Brunoro e Antonio Vianovi, com textos de Mauro Bruni, Ed. Glamour International Production, Florença, Outubro 1999, pág. 33) com a editora Acme de Francesco Coniglio, você teve diversas experiências com a BD. Fale um pouco sobre isso.
Roberto De AngelisRoberto De Angelis: Creio que foi um período muito valioso, tanto porque experiências desse tipo ensinam a não ter medo de nada, quanto porque se é obrigado a produzir páginas e mais páginas sem solução de continuidade e a encarar géneros muitos diferentes entre si (com Francesco Coniglio eu desenhei um pouco de tudo, do policial ao erótico, passando pelo terror, etc.). É claro que, quando se trabalha em velocidade, a qualidade do desenho pode sair prejudicada, e há o risco efectivo de se ignorar muitos erros, mas começa-se a ter uma abordagem mais relaxada do desenho, justamente porque acostuma-se a desenfornar páginas e mais páginas, às dezenas. Mas não me entendam mal, eu não sou um fanático pela superprodução, Só digo que o único meio para aprender este ofício e desenhar bastante, todos os dias.

Senza titoloGraças ao editor Coniglio você pôde trabalhar com os chamados porno-pocket, revistas em tamanho reduzido de conteúdo fortemente erótico: uma série idealizada pelo editor romano com a intenção de relançar os quadradinhos para adultos. Naquelas edições a forte sensualidade das suas mulheres combinava com uma rara elegância. O que se recorda daquele período?
Roberto De Angelis: Desenhar quadradinhos eróticos – aliás, digamos pornográficos – foi uma experiência importante, mas sejamos sinceros: poderia até se tornar uma condição deprimente se durasse demais. Por sorte trabalhar em companhia dos meus amigos-colegas de sempre (Bruno, Luigi Siniscalchi e Coppola) aliviou bastante a frustração latente que nascia ao se trabalhar com aquelas revistas. Enquanto nós desenhávamos as cópulas mais fantasiosas e improváveis, um certo senhor Moebius apresentava “Garagem Hermética“, muitos outros autores italianos se afirmavam no exterior, a equipa dos Humanóides dava à luz desenhos poderosos e inspirados, e levavam os quadradinhos a uma nova maturidade. Nós nos sentíamos um pouco rejeitados. Mas havia as risadas, muitas! Eu nunca ri tanto como naquele período.

Retines tav. 2Em 1987, na redacção de “Intrépido”, você se encontrou com Ade Capone. Com o roteirista, saiu o projecto Kor One (publicado na Itália na revista “O Eternauta” da editora Comic Art), com o qual você pôde dar vazão a outra paixão, a ficção científica. Quais foram as linhas mestras do projecto e, sobretudo, as suas referências gráficas?
Roberto De Angelis: Kor One foi um projecto da metade dos anos Oitenta. Foi naquele período que eu conheci Capone e que decidimos fazer essa história. Mas era um momento ruim para os quadradinhos, por isso o roteiro e as páginas de prova ficaram na gaveta até os anos Noventa, quando a Comic Art decidiu publicar. O contrato previa a cessão dos direitos ao editor por cinco anos e, passado o prazo, pareceu-nos lógico reapresentar a história, revista e corrigida, com a etiqueta Liberty (n.t.: editora criada por Capone com a intenção de publicar material “independente”).

Comicon 2008A sua consagração definitiva veio com Nathan Never (1991), personagem idealizado pelos roteiristas Antonio Serra, Bepi Vigna e Michele Medda para a Sergio Bonelli Editore. Como nasceu a sua colaboração com a SBE? Você fez testes para outras séries ou foi logo engajado para iniciar a grande aventura do Agente Alfa?
Roberto De Angelis: Testes, testes e mais testes. E para quase todas as personagens que a Bonelli publicava na época. Eu estava fortemente motivado e, sempre que podia, enviada desenhos livres para a redacção. Assim, em 1989, quando se iniciou a fase de Nathan Never, Antonio Serra pediu-me para fazer as famigeradas seis páginas de teste “oficiais”. Afastado o marcado “estilo argentino”, meus desenhos foram considerados satisfatórios, e pouco depois comecei a trabalhar com “Infantaria no Espaço(n° 11), meu primeiro Nathan Never regular.

Illustrazione NathanComo foi a abordagem ao mundo tecnológico em que vive o Agente Alfa?
Roberto De Angelis: Eu aproximei-me de Nathan Never com grande paixão, aquela que nascia do amor que eu tinha (e, por sorte, ainda tenho) pela ficção científica, mas também com uma pitada de presunção: eu achava que sabia desenhar um género tão delicado. Diacho, meus desenhadores preferidos eram quase todos mestres do género. Mas na hora, a minha formação “argentina” revelou-se muito distante do que desejava o trio Medda, Serra e Vigna. Assim, a minha iniciação com Nathan foi caracterizada pelo estudo de estilos mais frios e limpos (tipo japonês, obviamente). Não foi ruim, ao contrário: eu descobri desenhadores extraordinariamente capazes e um módulo narrativo completamente diferente do nosso, com forte conotação cinematográfica (claro que também é mérito da quantidade de páginas típica dos quadradinhos made in Japan).

Comicon 04Depois de alguns anos de colaboração com a série, você fez o primeiro Nathan Never Gigante, “Duplo Futuro” (Fevereiro de 1995), com texto de Serra. O grande formato da edição permitiu-lhe experimentar soluções gráficas inéditas. Entre outras coisas, imaginamos o enorme trabalho de preparação. Fale um pouco desse importante trabalho.
Roberto De Angelis: A grande dificuldade do primeiro Gigante nasceu da necessidade de trabalhar em três planos narrativos distintos: o universo dos tecnodróides e do clone de Nathan, a realidade do Nathan Never original e a época da astronave Dakkar. O problema era como diferenciar os três planos entre si. Para os tecnodróides eu escolhi usar o reticulado (o adesivo, de ser aplicado à mão. Que tempos! Hoje, com um clique, faz-se tudo muito melhor e num décimo do tempo), apesar de, até aquele momento, ser uma técnica que eu praticamente não havia usado. Mas eu sabia que o prólogo com os seres biomecânicos devia ser de dez páginas e não mais, e lancei-me na tarefa com uma certa inconsciência: “coloco um pouco de reticulado e resolvo”, eu pensei. Depois esse prólogo passou para quarenta páginas, cresceu até quarenta e cinco e foi retomado também no final da história. Em resumo, levei sete ou oito meses só para fazer aquelas cinquenta páginas e o restante do tempo para as outras cento e oitenta!

Comicon 2009Na sua vintenária militância na SBE você colaborou bastante com todos os três criadores de Nathan Never (Medda, Serra e Vigna). Com qual deles desenvolveu maior sintonia? Quais são as diferenças e semelhanças no modo de trabalhar dos três? Quem é o mais exigente e quem deixa maior liberdade na construção da página?
Roberto De Angelis: Melhor do que eu, eles é que poderiam dizer. Mas na ausência deles, tentarei descrever em que modo as diferenças individuais reflectem-se no que escrevem. Dos três, Antonio Serra é o que conheço melhor, seja porque é o roteirista com quem trabalhei mais assiduamente, seja porque sempre falamos ao telefone. Ele é um condutor extraordinário. É capaz de prever todo e qualquer desenvolvimento da trama de uma história mesmo em arcos de tempo muito longos (falamos de anos!). Seus roteiros são perfeitos mecanismos de relógio, onde tudo acontece do jeito certo e no momento certo. Além disso, seus roteiros têm uma parte descritiva – destinada ao desenhador – imediata e eficaz. É pena que, já há algum tempo, seus compromissos na redacção o impedem de se dedicar ao roteiro como fazia antes. Michele Medda tem uma escrita inquietante. Intimismo, leve melancolia e paisagens sombrias são o seu terreno ideal. Mas também é um excelente escritor de diálogos, característica que lhe permite construir personagens de grande consistência. Bepi Vigna é o mais cyberpunk do grupo. De consequência, seu modo de escrever é refinado e frio, mas também flexível a ponto de lhe permitir passar com naturalidade dos cenários decadentes e psicóticos da cidade a cenas de acção pura.

Legs 09Na metade dos anos Noventa você desenhou um único episódio de Legs Weaver, “O Paraíso Perdido” (n° 9, Maio/Junho 1996), que ficou na memória de muita gente pela cena do chuveiro de May, quase uma reapresentação de tantas cenas vistas nas comédias italianas dos anos Setenta, com Edwige Fenech, Gloria Guida, etc. Mas é uma cena em que a sua habilidade nos enquadramentos não deixa espaço a qualquer vulgaridade. Você tem algum causo particular ligado a este episódio “à la” Boccaccio? Houve alguma forma de censura por parte da redacção?
Legs 09Roberto De Angelis: Desenhar essa história de Legs foi divertido, como tirar umas férias. A abordagem de Legs é muito mais desenvolta, as histórias são brilhantes e o tom geral da série era o de comédia. Com Legs não é necessário ir tão fundo. As personagens actuam de maneira mais física, o esforço do desenhador pode ser concentrado nas expressões e na mímica. Cenários e arquitectura, não tendo função narrativa, são usados numa certa medida. A nudez em Legs era uma constante simpática, mas a cena mencionada é lembrada como um dos momentos mais eróticos da série. Não sei dizer porque; tudo somado, as curvas esculpidas de Legs e May já haviam sido generosamente mostradas por outros colegas homens e mulheres. Aqueles quadros podem ter sido notados porque eu tenho um traço que pode ser definido como realístico. Se eu desenho um corpo feminino nu, busco deixá-lo como ele realmente é.

Roberto De Angelis 3Em Maio de 1996 você substituiu Claudio Castellini nas capas de Nathan Never (a partir do n° 60). Como escreve Mauro Bruni no mencionado livro da Glamour, nas suas capas você privilegia a busca da ambientação. Como você se preparou para a tarefa?
Roberto De Angelis: Uma capa tem a difícil missão de encerrar numa só imagem a essência da história, por isso exige uma certa capacidade de síntese e habilidade no interpretar de forma eficaz uma certa ambientação. Normalmente parte-se de um esboço improvisado que nasce das sugestões de Antonio. Esse primeiro esboço é afinado e revisto até que todos fiquemos convencidos do resultado, aí se passa para a execução propriamente dita. Meu método de trabalho mudou muito nesses anos; no passado as capas eram pintadas em computador por colaboradores externos, depois eu passei a colorir directamente os originais com aguarela, mas ainda eram desenhos com uma importante base de tinta artefinalizados com as cores. Ultimamente a coisa é mais pictórica. As delicadas transparências da aguarela pouco se adaptam a descrever certos ambientes sombrios, por isso decidi passar a técnicas de cobertura como tintas acrílicas e tintas guache que garantem um vigor cromático diferente.

Tarocchi studio 1Depois de ter desenhado duas edições “centenárias” (a cores, como manda a tradição bonelliana) e alguns dos episódios mais importantes da saga neveriana, você sente a necessidade de novos desafios gráficos ou o mundo futuro de Nathan satisfaz a sua busca estilística?
Roberto De Angelis: Trabalhar ininterruptamente numa única série por mais de vinte anos pode parecer uma punição divina para algum horrível e não-confessado crime cometido no passado, mas a minha ligação com Nathan Never é tão enraizada que me mantém distante de eventuais “escapadelas”. O nosso é praticamente um casamento de facto.

Tarocchi 1Depois de tantos anos a sua forma de encarar o trabalho mudou? Você ainda tem aquele entusiasmo juvenil ou já virou uma rotina, talvez inevitável no caso de publicação seriada?
Roberto De Angelis: A trabalhar com Nathan Never acontece de desenhar de tudo, realmente. Cada história é uma espécie de capítulo fechado. Por isso, neste momento não sinto qualquer cansaço. Essa série oferece uma variedade tão grande de cenários, ambientes e situações que anula qualquer inquietação artística. A ficção científica é uma espécie de enorme liquidificador no qual se pode misturar qualquer género nas proporções que se desejar. As combinações são tantas que afastam por um bom tempo o risco de se repetir.

Passemos agora ao Ranger que dá nome a este blogue: como você chegou a Tex?
Tex prova 1Roberto De Angelis: A Bonelli, apesar de suas dimensões de colosso editorial, ainda funciona como uma família muito numerosa ou uma cidade pequena: os rumores voam. Eu sabia que me seria encomendado um Tex Gigante antes mesmo que acontecesse. Já há alguns anos o Editor havia parcialmente desistido de engajar artistas de fama internacional, sempre cheios de compromissos e pouco inclinados a vincular-se por períodos muito longos, e assim a busca de possíveis candidatos voltou-se cada vez mais para dentro do círculo de colaboradores fixos.

Você sentiu dificuldades particulares ao passar da ambientação “fria”, precisa e bem definida do futuro de Nathan Never para o poeirento e desértico Arizona do Século XIX?
Roberto De Angelis: Obviamente que sim. São dois mundos tão diferentes que exigem metodologias e técnicas específicas. O meu estilo, nos últimos 15-20 anos, modelou-se de forma a poder descrever com eficácia o mundo de Nathan Never e, mais em geral, as rigorosas geometrias próprias da ficção científica. Por isso, reeducar-me para o traço impressionista que Tex exige foi uma experiência não exactamente relaxante.

Tex prova 2Você divertiu-se ao desenhar Tex ou, quem sabe em razão da sua pouca familiaridade com as temáticas de faroeste, não via a hora de voltar a se envolver com Nathan?
Roberto De Angelis: Eu considero a minha interpretação de Tex imatura e talvez também distante daquelas que são as características peculiares desta personagem, mas em minha parcial defesa posso dizer que o aprofundamento psicológico veio depois de resolver todas as demais complicações técnicas, e em Tex eu ainda estava muito ocupado a buscar um método que me permitisse ilustrar de forma convincente um mundo tão diferente daquele ao qual eu estava acostumado.

O seu Tex Gigante aborda um dos filões recorrentes da saga, ou seja, a inserção de temáticas de terror numa história tipicamente de faroeste. Como você administrou essa abordagem particular da personagem? Você preferiria desenhar um episódio “comum” de faroeste ou tudo foi combinado com o roteirista da edição, Claudio Nizzi?
Roberto De Angelis: Devo dizer que o constante diálogo com Nizzi me simplificou muito as coisas. A base de terror não me incomodou, também porque ocupava só uma parte da história; para o resto, os cenários clássicos de Tex não faltaram.

Sombras na NoiteSombras na Noite” também teve uma transposição radiofónica, na Itália. Você teve oportunidade de ouvir? O que pensa da interacção dos quadradinhos com as outras mídias?
Roberto De Angelis: Eu soube dessa versão radiofónica, mas ainda não a ouvi. BD e mídia? Tenho um posicionamento desconfiado, por algumas experiências não exactamente brilhantes.

Tex WillerOs macacos da história, cuja representação gráfica por vezes – opinião nossa – beira o grotesco, foram uma criação sua ou fazem parte de uma exigência precisa do roteirista?
Roberto De Angelis: Os macacos deviam transmitir medo, eles representavam a parte mais selvagem e violenta da alma humana, uma espécie de Mr. Hyde ainda mais animalesco. Mas quando se desenha algo monstruoso, o risco de descambar para a caricatura ou até para o ridículo é muito alto. Deve-se manter o monstro constantemente na sombra, ocultar em vez de mostrar. Mas nem sempre isso é possível.

Para concluir o tema, como você define graficamente o “seu” Tex?
Roberto De Angelis: Um ponto de partida.

Dylan DogEm 2008 você desenhou uma história curta de Dylan Dog. Foi uma colaboração única ou você não exclui que no futuro possa realizar outras páginas para a personagem de Sclavi?
Roberto De Angelis: Talvez eu venha a desenhar uma história da série regular. Também seria a chance para trabalhar com um velho amigo e componente histórico da “escola salernitana”, Giuseppe De Nardo.

Você desenhou o primeiro número de Caravan, a minissérie de Michele Medda que chegou às bancas italianas em Junho de 2009. O que nos pode dizer sobre esse interessante projecto?
Roberto De Angelis: Caravan é uma interessantíssima tentativa de redefinir o esquema clássico das publicações Bonelli que desde sempre propõe, como “titular” da série, uma única personagem. Na minissérie de Michele temos um grupo de pessoas no centro de acontecimentos obscuros que transformarão para sempre as suas vidas.

DudkaComo aconteceu o ingresso na equipa de Caravan? Medda pediu para você trabalhar de modo particular na “psicologia” das personagens, um elemento que deveria se revestir de grande importância na história?
Roberto De Angelis: Tudo começou com um telefonema de Michele, que me perguntou se eu estava interessado em participar de um novo projecto. O entendimento profissional com Michele sempre foi óptimo, por isso aceitei com entusiasmo antes mesmo que ele me dissesse do que se tratava.

Os quadradinhos da SBE sempre foram o seu objectivo ou você chegou a preferir fazer a chamada “BD de autor” como Pratt, Battaglia, Toppi, Manara?
Roberto De Angelis: Os dois caminhos são tão diferentes e tão distantes… mas eu estou feliz assim. A BD em série pode até padronizar os valores em campo, mas não há nada que nos proíba de enfrentá-la com rigor e com a busca de novas soluções típicas da BD de autor.

NavigliE os seus projectos para o futuro? Pode nos antecipar alguma coisa?
Roberto De Angelis: Descansar os olhos depois desta longa entrevista.

O que mais lhe agrada – nos quadradinhos, cinema e literatura – na ficção científica?
Roberto De Angelis: A possibilidade de enfrentar temas de actualidade disfarçando-os de problemas futuros, que ainda não nos tocam. A lúcida capacidade que a ficção científica mostra ter quando descreve a progressiva deriva da nossa sociedade e dos nossos costumes. A sua extraordinária capacidade de ser sedutora mas nada tranquilizadora, e a sua perversa dificuldade que transforma cada pequeno obstáculo numa luta épica com os próprios limites.

Roberto De Angelis 5Bem, acabamos. Há mais alguma coisa que gostaria de dizer? Algo que não lhe foi perguntado e que gostaria que nossos leitores soubessem?
Roberto De Angelis: Estão a brincar? Excepto o número do meu bilhete de identidade, vocês perguntaram tudo.

Caro Roberto De Angelis, em nome do blogue português de Tex, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
Roberto De Angelis: Obrigado a vocês e a todos os que lerão estas linhas. Até breve.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

2 Comentários

  1. Tudo que eu já esperava, “respostas inteligentes e brilhantes”… esse artista eu sou fã de carteirinha… o primeiro exemplar italiano que comprei de Nathan Never, vinha justamente com uma capa de Roberto De Angelis… fiquei impressionado!!!
    Na minha opinião De Angelis é um dos grandes da HQ mundial.

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