Entrevista exclusiva: BRUNO RAMELLA (desenhador convidado para a Exposição 70 anos de Tex, na Amadora, nos dias 29 e 30 de Setembro)

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco, com a colaboração de Júlio Schneider (tradutor de Tex para o Brasil) na tradução e revisão.

O Clube Português de Banda Desenhada e o Clube Tex Portugal realizam, na Amadora, nos dias 29 e 30 de Setembro próximo, uma Exposição dedicada aos 70 anos de Tex e trazem o desenhador Bruno Ramella ao nosso país, motivo mais que suficiente para esta entrevista do blogue português do Tex com o autor italiano.

Caro Bruno, mais uma vez seja bem-vindo ao blogue português de Tex! Em Portugal você será protagonista de uma exposição relativa aos 70 anos de Tex, na cidade de Amadora. O que representa para si este evento, fora da Itália, que contará com a sua presença?
Bruno Ramella:
Representa a evidência de que a personagem Tex tem vida própria, que as suas aventuras são acompanhadas em nível internacional, em países de cultura diversa uns dos outros. Mas eu creio que o povo português e o italiano são muito parecidos. E o facto de que exista uma paixão tão viva por Tex representa para mim, e creio que também para outros autores, uma grande responsabilidade.

O que convenceu Bruno Ramella, autor de ressonância mundial, a aceitar um convite tão incomum mas ao mesmo tempo importante?
Bruno Ramella:
A amizade, a simpatia e a paixão de quem convidou-me!

Quais são as suas expectativas em relação aos 70 anos de Tex aqui em Portugal?
Bruno Ramella:
Certamente é uma ocasião para conhecer aficionados por BD de um país diferente do meu, fascinante e denso de tradição. Sempre é uma coisa extraordinária ver como uma ideia, neste caso as aventuras de uma personagem imaginária, nascida da mente e da mão de dois homens muito diferentes um do outro como G. L. Bonelli e Galep, ultrapasse as fronteiras do próprio país e torna-se popular mundo afora, até dar ao protagonista quase uma dimensão real. Quem lê Tex identifica-se com ele tanto na Sicília quanto no Algarve, e é uma coisa que se torna comum.

Alarguemos um pouco o horizonte da entrevista: o que o convenceu a entrar para a indústria da BD?
Bruno Ramella:
Bem, é fácil… a paixão, porque, como a maioria dos profissionais deste campo, antes de tudo eu fui um leitor. A certa altura, também depois de algumas circunstâncias particulares, nasceu-me o desejo de contar eu mesmo as histórias que lia, ao menos no que diz respeito à parte gráfica. Desde o início eu tive claramente a vontade de fazer isso por trabalho e não como passatempo.

Como analisa a evolução da sua carreira?
Bruno Ramella:
Eu nunca dediquei-me de forma diferente de acordo com a importância da personagem com a qual eu trabalhava, por isso eu desenho Tex com a mesma dedicação que eu tinha para com Nick Raider e Mágico Vento, as séries de maior duração com que eu trabalhei. Eu sei que Tex é o ápice de uma carreira, isso é um facto objectivo, pela sua popularidade e a sua difusão fora da Itália. Mas esse é um detalhe que não me condiciona.

Como avalia o seu trabalho de hoje em comparação ao passado?
Bruno Ramella:
Sempre de modo crítico, hoje eu sou mais consciente das minhas qualidades e dos meus defeitos do que era tempos atrás. Do ponto de vista técnico e da qualidade houve evoluções, como também altos e baixos, eu não creio ter feito um percurso linear. Em certos períodos eu fui atraído pela síntese, em outros pela riqueza gráfica, às vezes busquei mais precisão e às vezes mais naturalidade. Isso sempre dependeu um pouco de mim e um pouco da série na qual eu trabalhava. De um modo geral eu sempre busquei manter como ponto fixo ser comunicativo. No caso de Tex, o fundamental é que o protagonista seja convincente, isso o leitor não negoceia.

Come se forma um desenhador do seu nível?
Bruno Ramella:
No meu caso a aproveitar a alta capacidade e a disponibilidade de um génio como Ivo Milazzo, a quem eu me dirigi no início. Depois com a vontade e a inteligência para superar os meus limites, e, por fim, com um pouco de agilidade, o que me permitiu dar um salto de qualidade depois dos primeiros tempos.


O que Tex representa para si e qual é a importância do Ranger na sua vida?
Bruno Ramella:
Como eu disse antes, Tex é o ápice para quem tem esta profissão, ao menos do ponto de vista da importância e da popularidade. Não é fácil para quem o desenha e, creio, também para quem o escreve, conseguir captar com precisão a personagem. Eu fui facilitado pelo facto de sempre ter lido Tex desde pequeno, e de ter passado anos a procurar as revistas nos alfarrabistas para completar a colecção. O meu pai era um leitor aficionado e, como tantos, ciclicamente relia as histórias. Então, para mim Tex sempre foi alguém da família!


Para concluir, gostaria de deixar uma mensagem aos seus admiradores que estarão em Amadora?
Bruno Ramella:
Para mim é uma honra em Portugal estar a representar Tex e, de forma idealizada, toda a Bonelli. Eu estou no início da minha aventura com Tex, apesar de ter uma longa carreira anterior, e espero conseguir levar a Portugal o espírito da personagem. Vamos nos ver na Amadora!

Caro Bruno, em nome do blogue português de Tex, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu. Se quiser aproveitar este espaço para deixar uma mensagem aos nossos leitores, à vontade.
Bruno Ramella:
A todos os leitores e aficionados do Clube Tex Portugal, um abraço caloroso e obrigado!


(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

2 Comentários

  1. Nossa fico sempre impressionado com o trabalho dos desenhistas de quadrinhos e de termos a sorte e o privilégio de nos deliciarmos com essa arte! É muito profissionalismo se comprometer e participar trabalhando tanto em uma obra. Uma coisa é desenhar esporadicamente mas encarar uma publicação inteira com seus muito mais de dois mil quadros desenhados é que nos damos conta do imenso trabalho desses artistas! Incrível!

  2. Belíssima entrevista e esta resposta toca a cada ilustrador profissional diante de uma oportunidade com o Águia da Noite:
    Come dicevo prima, Tex è un punto di arrivo per chi fa questa professione, almeno dal punto di vista dell’importanza e della popolarità.

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