Entrevista com o fã e coleccionador: Rui Cunha

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Rui Cunha: Chamo-me Rui, sou casado e tenho dois filhos, tenho 46 anos, nasci a 27 de Janeiro de 1966 em Lisboa. Trabalho na Tap Portugal, desde 1991, onde, actualmente,  exerço  funções de Oficial de Operações de Vôo.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Rui Cunha: Foi mais ou menos na altura em que descobri o meu interesse pela leitura… deveria ter aí uns sete ou oito anos… ofereceram-me o livro “A Espada do Paladino” de Bob Morane… lembro-me que nessa altura a Bertrand editava regularmente livros de Michel Vaillant, Ric Hochet, Luc Orient, Dan Cooper, além dos livros de Tintin, Astérix, Lucky Luke, entre outros…

Quando descobriu Tex?
Rui Cunha: Descobri o Tex em 1978, quando estava de férias no Brasil e adquiri por acaso “A Flecha Negra”, nº10 da edição Brasileira normal.

Porquê esta paixão por Tex?
Rui Cunha: Quando era pequeno, uma das coisas que me lembro era  de querer ser cowboy… queria ser cowboy!… além de que sempre gostei de ver westerns… apesar de não terem sido os primeiros filmes que vi (estreei-me no cinema a ver “A Bela Adormecida”, o filme de animação da Disney), lembro-me de filmes que vi nessa altura (tinha para aí uns sete anos!) e alguns eram westerns

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Rui Cunha: A sua longevidade e espírito aventureiro… afinal, qual é o herói que, com a provecta idade que Tex tem (63 anos, se não me engano!), ainda se mete em aventuras como aquelas em que ele se mete?!

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Rui Cunha: Nunca as contei… mas, seguramente, devo ter mais de 200… a mais importante para mim… talvez seja a nº 10 da edição Brasileira, por ter sido a primeira que comprei…

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Rui Cunha: Apenas as revistas…

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Rui Cunha: Já possuo: as revistas e um desenho autografado por Fabio Civitelli quando da sua passagem por Beja em 2010… mas qualquer coisa que apareça ou eu  possa adquirir, fá-lo-ei com agrado… mas aqui em Portugal é muito difícil surgirem outras coisas relacionadas com a personagem…. já as revistas, para se adquirirem, é preciso fazer uma ginástica enorme…

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Rui Cunha: Não tenho uma só história preferida… tenho várias!… mas aquela que mais me entusiasmou na altura e ainda hoje gosto de a reler, é a que foi publicada nos nº 83 e 84 da edição Brasileira “Terror na Selva” e “Black Baron”, talvez por lidarem com as questões de Magia Negra e Voodoo , além de serem com Mefisto, o arqui-inimigo de Tex… a nível quer de desenhador, quer de argumentista, como não sou entendido na matéria, não tenho nenhum em particular… acho-os todos bons!

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Rui Cunha: O que mais me agrada em Tex é o facto das histórias ainda serem publicadas a preto-e-branco, dá-lhes alguma aura de realismo e algum mistério necessário para algumas das histórias, nomeadamente aquelas que lidam com Mefisto e o seu filho Yama, além de que o preto-e-branco fica melhor neste tipo de revistas… aquilo que menos me agrada, é o facto das histórias se estenderem por duas ou mais revistas, o que, tendo em conta o diminuto mercado que existe em Portugal para este tipo de publicações, se torna aborrecido porque a maior parte das histórias, se a revista seguinte não vier por qualquer motivo até ao quiosque onde as costumamos comprar, ficam incompletas o que é sempre chato porque depois não se consegue encontrar a revista porque simplesmente não temos mercado para isso…

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Rui Cunha: Acho que o que torna Tex um ícone é precisamente o ser uma publicação única no género, orientada, não  para um único público, mas sim para todo o público,  cuja acção se centra no velho Oeste, o que nos traz sempre alguma nostalgia dos filmes que todos aprendemos a gostar…

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Rui Cunha: Não, nem por isso… conheço o José Carlos Francisco (embora ainda não tenhamos falado pessoalmente… mas espero que isso venha a acontecer futuramente!), conheço também o seu colega Mário Marques com quem há algum tempo atrás, também a propósito de Tex, troquei alguns mails… conheço-o através da sua esposa, a Maria Aragão, que é minha colega na Tap Portugal… e conheço o ilustrador e autor de banda desenhada João Amaral, de quem sou amigo há muitos anos e com quem, inclusive, já colaborei na adaptação para BD do livro de João Aguiar “A Voz dos Deuses”…

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Rui Cunha: Espero que o futuro de Tex seja radioso, que continue a ser lido e apreciado como tem sido até aqui… gostaria que as novas gerações, em vez de perderem tempo a vegetar em frente aos televisores, em frente aos computadores ou nas consolas de jogos, dedicassem algum tempo a cultivar hábitos de leitura, como eu e muita gente fez… e  o Tex é, sem dúvida, uma boa ajuda nesse sentido, já que não obriga a grandes esforços para se compreender as suas histórias… por último gostaria que houvesse alguma editora que se interessasse pela edição nacional das revistas deste herói que tantas alegrias deu  e continua a dar a tantos fãs por esse mundo fora…

Prezado pard Rui Cunha, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

7 Comentários

  1. O Rui Cunha pertence a uma geração que ainda teve a sorte de se interessar pela BD, e simultaneamente pela leitura, através dos álbuns e das revistas que era fácil encontrar nos quiosques e nas livrarias e a cujo apelo poucos jovens podiam resistir. Um tempo com cinema e televisão, mas com tempo para dedicar a outras actividades lúdicas e mais “saudáveis” intelectualmente do que a obsessão de certa juventude moderna pelos jogos e outros passatempos electrónicos.
    Se Tex e tantos outros heróis de BD ainda sobrevivem, devem-no em grande parte a essa geração, hoje com maior poder de compra e com acentuado espírito de coleccionismo, que não se cansa de enaltecer os seus autores e personagens favoritos, divulgando-os de todas as formas ao seu alcance, em revistas, jornais, exposições, fóruns ou blogues especializados.
    Uma geração que, felizmente, ainda está na flor da vida e que continuará, durante muitos anos, a apoiar o esforço de artistas e editores para que não se extinga a centelha sagrada do espírito aventureiro e idealista que Tex, Zagor, Mágico Vento e outros carismáticos heróis tão bem simbolizam.

  2. Prezado Amigo José Carlos Francisco: Já respondi a entrevista, agora falta fazer as fotos. Gostaria de teu endereço para enviar nossa revista, mas agora me dou conta de que resides em Portugal e o transporte é caro, mesmo assim solicito uma foto sua para uma reportagem em nossa publicação que se chama REGIÃO

  3. Foi com muito agrado que vi aqui publicada esta entrevista do Rui, um “pard“, companheiro e amigo de longa data. Agradeço-lhe a referência à minha pessoa e quero sublinhar aqui que, se conheço o Tex, a ele o devo. O Rui, foi de facto a pessoa que me introduziu nesse mundo com os exemplares da velhinha editora Vecchi que já possuía na altura e que tanto me maravilharam. Um abraço.

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