Entrevista com o fã e coleccionador: Marcus Vinícius Reis

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Marcus Vinícius Reis: Nasci no interior do Estado do Paraná, na cidade de Ubiratã, em 17/03/1991. Porém, resido com os meus pais e duas irmãs na pequena cidade de Anahy, também no Paraná, desde o meu nascimento. Actualmente estou cursando o 2º ano do curso de Direito e estagiando em um escritório de advocacia.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Marcus Vinícius Reis: Não sei a época específica, mas creio que por volta dos 5 anos de idade. A partir dessa idade o meu pai passou a assinar as revistas da Turma da Mônica para eu dar os primeiros passos no processo de aprendizagem da leitura, tendo desse modo tomado gosto pelo mundo das BDs. Esporadicamente lia as revistas do Mickey, Pato Donald, Zé Carioca, X-Men, além dos mangás Dragon Ball Z e Cavaleiros do Zodíaco, e posteriormente o grande Tex.

Quando descobriu Tex?
Marcus Vinícius Reis: Aos meus 13 anos de idade. Certa vez, em minha casa apareceu uma revista de Tex, mais precisamente o Tex Coleção número 169, “Armadilha Flutuante”. Foi a primeira edição de Tex com que tive contacto e li. Descobri depois que o meu pai, antigo leitor de Tex, havia adquirido essa edição depois de muito tempo sem acompanhar a personagem. Alguns meses depois o meu tio, também antigo leitor de Tex, presenteou-me com 5 Tex Edição Histórica. Foi aí que tomei gosto pelo Ranger e desde então sou um fã fanático. Passei a comprar todo mês, religiosamente as edições, e a minha paixão pela personagem só foi aumentando a medida que conhecia novas aventuras.

Porquê esta paixão por Tex?
Marcus Vinícius Reis: Pelo modo como se desenvolvem as histórias. Todos os elementos são perfeitamente alinhados, personagens, espaço, tempo, enredo. Os lugares onde se desenvolvem as histórias, as surpresas, reviravoltas, o elemento sobrenatural, o humor, as personagens exóticas e clássicas. Tudo isso em conjunto faz de Tex um vício, onde se espera a cada mês com ansiedade a nova trama.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Marcus Vinícius Reis: O modo como faz justiça. É o herói que luta por seus ideais e compromissos sem qualquer tipo de ambição ou aspiração própria, sempre visa o melhor para a colectividade, seja defendendo uma tribo de índios, seja limpando toda uma cidade de um bando. A sua explosão e ímpeto de ajustar as coisas são fora de comparação com qualquer outro herói dos quadradinhos. Tex é a personagem que não mede esforços para conseguir os seus objectivos, mesmo que para isso tenha que tomar atitudes consideradas por muitos como loucura, mas que na verdade vão beneficiar uma grande causa ou um selecto grupo de pessoas. Destaco também o humor com que ele leva as situações, mesmo em situações desesperadoras trata tudo com naturalidade e uma dose de humor, claro, combinado com o pessimismo do velho Carson.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Marcus Vinícius Reis: Possuo por volta de 250 revistas. Como passei a coleccionar as revistas há pouco tempo, tenho um número pequeno se comparado aos coleccionadores veteranos. Considero todas as edições muito importantes, o seu conjunto, mas uma em especial destaca-se. É a edição número 429, “Os Lobos Vermelhos”, já que foi nessa edição que tive publicado um e-mail que mandei à editora Mythos.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Marcus Vinícius Reis: Colecciono somente livros, tendo em vista a escassez e dificuldade de se adquirir outros itens relacionados à personagem.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Marcus Vinícius Reis: Gostaria muito de possuir a colecção de mini-pósteres de Claudio Villa publicada na Itália, ou ao menos um deles. Os desenhos são de uma perfeição sem tamanho, passam ao espectador da arte toda a tensão ou emoção da situação ilustrada da maneira mais marcante que se poderia fazer. São itens grandiosos que todo o coleccionador deveria possuir para abrilhantar a sua colecção.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Marcus Vinícius Reis: São várias, mas a que considero a mais explosiva e fantástica é a número 50, “Flechas Pretas Assassinas”. Destaco que a li no Tex Edição Histórica 65, sob o título “A Cruz Trágica”. Tex e seus pards literalmente colocam o Canadá de pernas para o ar, um enredo cheio de reviravoltas, pancadarias, explosões, longas viagens, traições, humor, dramaticidade, enfim, tudo o que Tex tem de bom além dos elementos clássicos do velho oeste. O meu desenhador favorito é com certeza o brilhante Claudio Villa, ele supera-se a cada novo trabalho, consegue surpreender-nos a cada novo traço. Lembro também do grande Fusco, que tem traços que me agradam muito. Quanto ao argumentista, considero Claudio Nizzi como o melhor, os estilos de suas histórias agradam-me mais do que o criador, Bonelli.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Marcus Vinícius Reis: Além das histórias é claro, agradam-me muito as capas. Espero todo mês com muita apreensão para ver o que será mostrado, e sempre acabo surpreendendo-me com a beleza delas. As capas antigas também são fantásticas, todas elas em conjunto fascinam-me. Quanto ao aspecto do que me agrada menos, creio que ao longo da história da personagem o tratamento que algumas editoras tiveram foi desprezível. Claro, é louvável lembrar que elas mantiveram Tex nas bancas, mas quanto ao trabalho que desempenharam deixaram muito a desejar comparado à grandeza e importância do Ranger.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Marcus Vinícius Reis: A sua história. Com mais de 60 anos nos brindando com grandes aventuras, sempre com uma qualidade maravilhosa e na iminência de chegar ao espantoso número 600. Isso e vários outros factores fazem de Tex um ícone dos quadradinhos mundiais, um fenómeno que dificilmente se verá novamente.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Marcus Vinícius Reis: Infelizmente não. Fiz diversos amigos no Fórum TexBR, pessoas que partilham do mesmo gosto e paixão do que eu. Todavia, nunca tive oportunidade de encontrar-me com nenhum deles, mas espero mesmo que um dia, seja realizado um grande encontro nacional de coleccionadores de Tex para todos poderem confraternizar e dividir as suas alegrias em homenagem ao grande Tex.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Marcus Vinícius Reis: No que depender dos fãs estou absolutamente tranquilo com relação ao futuro da personagem. Sei que os actuais leitores transmitirão aos seus descendentes a paixão pelo Ranger e espero que isso se propague infinitamente. Só tenho receio no que tange ao tratamento que as editoras darão a ele. Outros interesses podem surgir, ainda mais com a nossa sociedade altamente tecnológica, e Tex poderá ser esquecido. Mas tenho fé na força que os fãs têm em continuar coleccionando por todo o sempre a personagem, já que essa paixão por Tex não pode acabar.

Prezada pard Marcus Vinícius Reis, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
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