Entrevista com o fã e coleccionador: Giordano Trabach Xavier

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Giordano Trabach: Bem, meu nome é Giordano Trabach Xavier, tenho 18 anos (faço 19 este ano). Nasci no Espírito Santo – Brasil, onde vivo até hoje.
Trabalho de Auxiliar Administrativo numa empresa daqui da cidade, também participo da equipe do site brasileiro sobre jogos e tecnologia de nome “GameVicio”.
Normalmente, quando não leio Tex, fico pela internet conversando com meus amigos, muitas vezes se divertindo jogando jogos electrónicos; enfim, típica vida de adolescente.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Giordano Trabach: Sempre gostei de histórias em quadradinhos. Acho que como a maioria dos leitores de BD do Brasil, o meu primeiro contacto foi com a famosa “Turma da Mônica” e quadradinhos desse estilo, posteriormente, logo que descobri Tex, comecei a ler outras personagens da Bonelli mesmo (como Zagor, Mister No e Mágico Vento) e Speed Racer, da Wildstorm.
A minha irmã também sempre foi uma excelente desenhadora, e por isso comecei a gostar disso logo quando pequeno, apesar de não ter o talento dela em desenhos.
De tanto vício e paixão por Tex, inclusive criei por hobby as minhas próprias personagens de quadradinhos: Willy e Jones. Dois Rangers do Texas também, com uma leve inspiração em Tex. Willy é um branco do tipo resmungão igual a Kit Carson, é um agente novo, valente e justiceiro, possui um passado que não conta para muitos e anos atrás foi um fora-da-lei; já Jones é um indígena, foi salvo por Willy à beira da morte num massacre na sua aldeia e perdeu parte da memória, seu nome indígena é “Iwikava”, entrou nos Rangers graças a Willy e hoje trilham o caminho da justiça, e tentando sempre resolver os seus problemas do passado. Quando criança, eu desenhava e fazia umas historinhas em Papel Chaméx, hoje quando tenho tempo, sempre faço o esboço de alguma história, gosto de exercitar isso, apesar de mesmo ninguém estar lendo.

Quando descobriu Tex?
Giordano Trabach: Descobri através de meu pai que também foi um leitor no passado. Certo dia, em meados de 2002 (não lembro exactamente), estava procurando algo para ler pois estava sem nada para fazer, encontrei a edição número 389 da série normal de Tex, com o título de “O Xerife Doutor” . Li e gostei da história, perguntei ao meu pai se tinha mais edições dessa e ele disse que não, porém compraria, já que eu havia gostado. Logo depois ele comprou mais umas três edições para mim, lembro exactamente quais eram: Tex 352 “O Ouro do Imperador”, Tex 355 “Um Ranger em Perigo”, Tex Coleção 147 “O Enigma das Pedras Verdes”. Sempre lendo e gostando cada vez mais, então eu e meu pai começamos a comprar algumas usadas mesmo em bancas, depois de um tempo compramos as novas (isso já era 2005, acho) e comecei a montar a minha colecção, que hoje possui algumas centenas de exemplares, indo da série normal, até especiais e edições coloridas. Contei com a ajuda de um amigo muito especial nisso tudo e gostaria de informar o nome dele: Anísio de Araújo, ele é de São Paulo, Brasil; nunca nos conhecemos, mas ele me doou parte as edições que tenho, e sou eternamente grato por isso.

Porquê esta paixão por Tex?
Giordano Trabach: É algo que eu não consigo explicar, que é a forma que a personagem me cativou. O modo da personagem ser principalmente é algo que gosto muito, trata todos iguais, independentemente da cor de pele; combate a injustiça e é duro com os malfeitores, porém, brincalhão e dócil com seus amigos. As histórias sempre surpreendentes, emocionantes e divertidas de se ler. Os desenhos que transmitem perfeitamente o ambiente da região, dos quentes desertos do México, até os cenários brancos de neve do Canadá.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Giordano Trabach: Não estou criticando e me “desfazendo” de outras personagens em quadradinhos, mas para mim, Tex é a personagem mais humana e leal na qual eu conheci.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Giordano Trabach: São algumas centenas, não sei o número ao certo, mais acho que em média entre uns 400-600 exemplares. É complicado dar o título de edição mais importante para apenas uma, pois para mim todas são fantásticas e especiais, porém, as edições Tex 343-346 “Caçadores de Lobos” são as mais importantes para mim. Demorei cerca de 5 anos para conseguir comprar o final dessa edição, só pude comprar quando foi reeditada no Tex Ouro no ano passado.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana? E que mais colecciona?
Giordano Trabach: Os quadradinhos e também o livro “Tex Willer – A história da Minha Vida”.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Giordano Trabach: Eu tenho um chaveiro de Tex, no qual a Mythos deu junto com uma edição no Natal de 2004, se não me engano. Carreguei esse chaveiro por muito tempo, ele sempre foi uma de minhas companhias enquanto estava na escola. Hoje está guardado junto às minhas coisas.

Qual a sua história favorita? Qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Giordano Trabach: Minha história favorita com certeza é “O Trem Blindado”, de Segura e Ortiz. Uma das histórias que marcaram a minha carreira Texiana e que tem um único ponto negativo: Chega ao fim.
Desenhador: Claudio Villa, mas também gosto bastante dos traços de Civitelli, Ticci e do Marcello.
Argumentista: Antonio Segura, que infelizmente nos deixou órfãos de sua genialidade no inicio de Fevereiro. Mas Boselli é outro no qual admiro seus roteiros.

Quais histórias recomendaria para um leitor novo que deseja conhecer Tex?
Giordano Trabach: Para quem quer apenas pouco texto, mas acção, recomendo: “Herói por Acaso” (ATX 19) e “O Fugitivo” (ATX 27).
Para quem deseja um pouco mais de aventura, e consequentemente, texto, recomendo: “O Preço da Honra” (ATX 30) e “O Soldado Comanche” (TXG 2)
E para quem quer cair de cabeça, eu fortemente recomendo: “O Trem Blindado” (TXA 7) e “Nas Trilhas do Oeste” (TXA 11), para mim são duas obras-primas de Segura e Ortiz.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Giordano Trabach: Para mim Tex não possui muitos pontos negativos, é uma personagem perfeita. A única coisa que me deixa chateado são algumas histórias actuais, que não possuem as clássicas “alfinetadas” entre Tex e Carson, e outras que muitas vezes deixam um ar de “final apressado”.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Giordano Trabach: No quesito personagem, principalmente seu modo de agir: leal, valente, duro, justiceiro; mas ao mesmo tempo brincalhão, fiel e parceiro.  Creio que é isso o que mais cativa todos os leitores.
E no quesito geral, acredito que apesar da violência, Tex pode ser um tipo de leitura para toda a família, pois não existe conteúdo vulgar ou muito grosseiro (existem seus palavrões, claro, mas não é coisa forte) e isso acaba agradando tantos novos quanto antigos leitores.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Giordano Trabach: Infelizmente, não. Cara a cara, os únicos coleccionadores que conheci foram alguns donos de bancas. Mantinha contacto através de carta com alguns outros um tempo atrás.

Para você que é jovem, o que acha de uma certa falta de interesse de algumas pessoas da sua idade?
Giordano Trabach: Acho que ultimamente alguns jovens acabam se acostumando demais com o mundo virtual (internet, jogos, séries e coisas do tipo) e acabam não adquirindo o hábito de ler. Quando vêem uma história em quadradinhos, acabam por achar que é um monstro de sete cabeças; que seria uma leitura chata, entediante entre outros. Ou até mesmo que seria uma história ruim e que nunca chegaria aos pés da história de um filme de grande sucesso actual; e olha já ouvi isso de algumas pessoas. Em minha opinião, considero certas histórias de Tex e de outras personagens Bonelli melhores que alguns filmes que já foram sucesso em bilheteiras.
Pessoalmente, creio que a chave disso tudo é não ter o costume de ler. A leitura abre portas para um novo horizonte de conhecimento, aventura e emoção.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Giordano Trabach: Para ser sincero, não sou extremamente optimista sobre o futuro de nosso Ranger no Brasil, em um mundo que cada vez mais a tecnologia vai avançando, muitas vezes as pessoas deixam de valorizar certas coisas, como por exemplo, os quadradinhos ou qualquer outro tipo de livro. Tex ultimamente não vende tão bem quanto vendia um tempo atrás (ainda mais no Brasil) e tenho medo que aconteça com Tex de novo o que já aconteceu duas vezes.
Porém, acho que enquanto houver coleccionadores e leitores fiéis, o sonho não acabará. Mas acho que seria uma boa ideia a Bonelli investir novamente em um filme do Tex, pegando a história recente ou até mesmo escrever um roteiro original para o filme.

Prezado pard Giordano Trabach Xavier, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

6 Comentários

  1. Caramba!
    Gostei da entrevista, muito bacana.
    Parabens pela coleção.
    E concordo contigo quanto ao filme, usar a tecnologia a nosso favor e não contra, afastando leitores.
    Seria muito bacana.

  2. Mais um jovem leitor e colecionador que dá lições a muitos jovens da sua idade, sobretudo aos que não sentem o gosto e o estímulo da leitura ou que desprezam os quadradinhos, por serem um tipo de histórias demasiado “fáceis”, que nada trazem de novo. Também já ouvi essa opinião algumas vezes…
    Estou inteiramente de acordo com o Giordano de que o futuro de Tex é um sonho que depende de todos os leitores fiéis, mas que esbarra cada vez mais na indiferença das novas gerações, rendidas ao mundo da tecnologia, da Internet e dos jogos electrónicos (o que não tem nada de mal, bem entendido).
    Mas se surgisse um novo filme, com um roteiro e uma concepção modernos e originais, o cenário poderia mudar, despertando uma onda de interesse em torno das figuras e dos temas que fizeram a longevidade e a glória do nosso amado personagem.
    Quero também dar os parabéns ao Giordano por ter criado os seus próprios heróis de BD, inspirando-se em Tex e nos seus pards. Por que não divulgar alguns desses trabalhos no blogue do Tex, se o Zé Carlos me permite a sugestão?

    • Boa ideia, prezado Amigo Jorge Magalhães 🙂
      Quando o pard Giordano tiver algum material ilustrado dos seus personagens poderemos publicar na rubrica dedicada à arte dos leitores de Tex 😉

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