Entrevista com o fã e coleccionador: Alci Morais Silveira

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Alci Silveira: O meu nome completo é Alci Morais Silveira, nasci em Alegrete, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 15 de Maio de 1967, sou professor de História e actualmente trabalho com venda de revistas, já possuo uma distribuidora e atendo 180 pontos de venda na região Oeste do Rio Grande do Sul, abrangendo as cidades de Alegrete, Rosário do Sul, São Francisco, Manoel Viana, Quarai, Santiago e Uruguaiana.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Alci Silveira: Desde pequeno que me interessei por quadradinhos, pois os meus tios sempre leram muito, todos os tipos de revistas, e isso ajudou-me a desenvolver o interesse desde muito cedo.

Quando descobriu Tex?
Alci Silveira: Como falei anteriormente, o meu tio comprava vários tipos de revistas e felizmente Tex estava entre elas. Era uma época que as crianças gostavam muito do género pois este estava em evidência nos cinemas com os filmes de cowboys e um dos sonhos de consumo da criançada eram os fortes apaches de brinquedo, no natal de 1973 eu ganhei um e isso despertou ainda mais o meu interesse por tudo que se relacionasse a isso. Foi aí que Tex entrou definitivamente na minha vida, no começo eu não sabia ler e era uma minha tia que lia para mim, eu ficava fascinado. Demorei mais de um ano para aprender a ler e até hoje lembro perfeitamente o primeiro Tex que li sozinho, o numero 39 “A Batalha dos Vingadores” de Abril de 1974, e foi nesse momento que resolvi começar a minha colecção e desde então são quase 37 anos de muita emoção junto ao maravilhoso mundo de Tex.

Porquê esta paixão por Tex?
Alci Silveira: Não tem explicação quando se fala de coisas do coração, mas dá para afirmar que essa paixão infantil, transformou-se num amor maduro e que será eterno enquanto eu viver.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Alci Silveira: É difícil dizer, pois todos os heróis têm uma mesma postura, um senso de justiça e lealdade, o que o torna diferente dos outros é que ele é apenas um homem, não possuindo nenhum super poder, apenas coragem e determinação.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Alci Silveira: Eu tenho tudo o que saiu no Brasil de 1971 até os dias actuais, mais o filme em VHS e DVD, álbum de figurinhas completo, livros e algumas edições italianas. A quantia certa não sei, nunca parei para contar, e a mais importante para mim foi a primeira da minha colecção, o número 39 “A Batalha dos Vingadores”; uma curiosidade, essa é a única capa em que Tex não aparece.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Alci Silveira: Tudo o que diz respeito a Tex eu colecciono, e o que ainda não tenho espero conseguir no futuro.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Alci Silveira: Eu gostaria de ter a colecção italiana completa, mas tenho a certeza que um dia eu a  terei.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Alci Silveira: Difícil escolher uma história, prefiro apontar três: “Desfiladeiro da Morte” e “A Ponte Trágica” (edições nº 48 e 49),”A Noite dos Assassinos” (58) e “Flechas Pretas Assassinas”, “Tambores de Guerra” e “Na Polícia Montada” (edições nº 50 a 52). Já o meu desenhador favorito é Giovanni Ticci e o argumentista é G. L. Bonelli sem dúvida, até porque foi o criador.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Alci Silveira: O que mais me agrada em Tex é o seu senso de justiça. Já o que menos me agrada não diz respeito à personagem em si, mas sim à história pois muitas vezes temos uma boa história e um mau desenho e isso deixa-me muito chateado.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Alci Silveira: Uma série de factores, desde o trabalho da sua editora, a atenção que ela reserva à personagem, tudo o que se refere a Tex é bem feito, com um padrão de qualidade e principalmente a personagem Tex, com as suas características ímpares, exemplo de carácter, liderança, bravura, amizade e respeito.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Alci Silveira: Sim, com frequência, e tenho muitas amizades que surgiram desse gosto em comum. Lamentei muito não ter ido a São Paulo para conhecer Fabio Civitelli, mas com certeza vai surgir outra oportunidade e estarei lá.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Alci Silveira: O nosso Ranger é imortal, isso podemos afirmar com certeza: nós passaremos, ele ficará para sempre. Quanto ao seu futuro editorial a nível de Brasil, eu vejo com preocupação pois as novas gerações não se interessam mais por histórias em quadradinhos de todos os géneros. E nós, velhos coleccionadores, ainda poderemos manter a personagem italiana por quantos anos?

Prezado pard Alci Morais Silveira, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

23 Comentários

  1. Buenas!
    Mazá índio véio! Gostei muito da tua entrevista.
    Tenho 14 anos e ainda quero um forte Apache. Tentei até construir um e não deu muito certo. he he.
    Muy bella tua coleção señor Alci, muy bella mesmo.
    Parabéns pela entrevista e coleção.
    Um quebra-costela cinxado e
    Hasta pronto, paysano!

  2. Legal saber que uma jovem de 14 anos se interesse por duas coisas tão singulares: Tex e Forte Apache. Realmente é difícil de conseguir adquirir um forte nos moldes antigos, todo em madeira,a Gulliver que é a empresa que sempre os produziu, atualmente ainda vende, mas só em plástico e infelizmente tanto o forte quanto os homenzinhos não têm mais aquele padrão de antigamente. Gostei também do seu linguajar, bem gaúcho e pelo jeito fronteiriço. Abraço e faço votos que continue sempre galopando com o nosso Tex e obrigado pelos elogios.

  3. Valeu Marcelo, numa das minhas idas a Uruguaiana vou te procurar, pra te conhecer e falarmos um pouco sobre Tex e outros afins. Abraço

  4. Grande Amigo Alci,
    Merecida esta entrevista feita pelo blog do Tex a você, um grande colecionador de Tex. Nos conhecemos a muito tempo, desde creio, o fim dos anos 80 e você sempre foi um leitor fiel ao ranger. Parabéns, meu amigo, por manter sempre viva a chama do colecionismo acesa mesmo contra todas as adversidades.
    Um forte abraço do teu amigo,
    Jesus Ferreira

  5. Buenas Alci… Belíssima entrevista e mais bela ainda é sua coleção, parabéns!!! Fiquei surpreendido e gostei de saber que você é distribuidor de revistas aqui na cidade mais próxima (Rosário do Sul), portanto você é um dos responsáveis diretos pela continuidade de minha coleção (para desespero de minha esposa, hehehe, pois está faltando espaço na casa)…
    Grande abraço!!!

  6. Valeu Jesus, obrigado pelas suas palavras, que nossa amizade continue firme com nosso ranger.
    Obrigado também amigo Neimar, infelizmente não tenho a distribuição de Tex para a região, trabalho com pontos e revistas alternativos, mas procuro fazer um trabalho de divulgação da revista, afinal como colecionador quero que ela tenha vida longa.
    Abraços

  7. Muito legal a entrevista, o nosso amigo Alci mostrou a verdadeira paixão pelo Tex, isso desde sua infância até hoje, tenho 20 anos e posso dizer que se depender de mim a nova geração jamais vai morrer, porque pelo menos eu vou ler até morrer

  8. Ola, tchê.
    Parabéns pela entrevista.
    Fico muito feliz por você poder falar um pouquinho dessa tua paixão, e o quanto o Tex fez parte de tua vida, e continua fazendo. Acho que você conseguiu incorporar um pouco desse ranger em você. principalmente em se tratando de caráter, amizade, e integridade.
    um forte abraço.
    Paulo Reis
    Chapeco-SC

  9. Alci é um grande colecionador de Tex. O conheci em Uruguaiana, há muitos anos, quando estive em sua casa, ocasião em que fiquei admirado com o local no qual ele guardava sua coleção de Tex: num antigo baú de madeira, um legítimo e autêntico baú do tesouro; já fomos juntos à Argentina onde saboreamos uma sensacional “parrillada“; também ele já veio a Sapucaia do Sul; já nos encontramos em Santa Maria… enfim, é presença constante nos eventos de colecionadores do Sul do Brasil. Espero revê-lo de novo em breve, grande amigo!
    Att.
    ————————
    Gervásio Santana de Freitas

  10. Parabéns pela entrevista Alci e claro pela sua belíssima coleção. Já tive um Forte Apache desse, mas com o tempo se acabou. Temos a mesma idade, também sou de 67, mas nasci em 03 de junho, portanto uma época onde tínhamos que brincar realmente de Forte Apache e Ler muitos gibis.

  11. Parabéns pela sua coleção Alci. Tenho 38 anos e como você “A Batalha dos Vingadores” foi o primeiro Tex que li. Ainda tenho a revista que é da segunda edição. Gostaria de fazer uma pergunta: As tendas indígenas que aparecem nas fotos não parecem muito antigas. São novas? S são, onde você comprou? Moro em Rio Grande, bem no sul do Estado e além de Tex também coleciono Forte Apache.
    Um grande abraço.

  12. Valeu Gervásio,
    com certeza ainda vamos nos visitar muito, como já te falei não precisa perguntar onde fica o Alegrete, apareça pra saborear um churrasco e um mate e falarmos de Tex e outros afins.
    Agora respondendo a pergunta do Mário, as tendas que aparecem nas fotos são da mesma época do forte, anos setenta, existia além do Forte Apache um acampamento apache que também era vendido, felizmente elas estão bem conservadas. Aproveito também pra agradecer as palavras do meu amigo Paulo Reis e do colecionador Marcílio, realmente somos privilegiados por nascer em uma época tão especial onde tínhamos tantas opções de lazer.
    Abraço a todos.

  13. Muito legal tua entrevista, pard Alci!
    E parabéns pelo Forte Apache, creio que pouca gente ainda conserve esse tipo de coisa hoje em dia.

  14. Como dizia ali no final, é difícil de sabermos como será o futuro de Tex no Brasil, pois quem mais lê Tex são as pessoas mais velhas, é difícil encontrar alguém novo que goste (eu gosto, tenho 16 anos e sou fascinado por Tex), e pelo que vejo, nem os mais antigos colecionadores daqui uns tempos conseguirão comprar, pois o preço está ficando cada vez mais caro, mas estou torcendo por Tex, tomara que dure muitos anos. (Gostei muito da entrevista).

  15. Ola conterrâneo Alci!! Parabéns pela sua coleção, quem sabe um dia podemos fazer uma exposição por estas bandas do Alegrete!! Nada mal hein!!

  16. Parabéns Alci. Excelente tua entrevista. Também sou um colecionador de Tex, como tu. Nasci em São Borja/RS, em 1969. Resido em Gravataí/RS desde 1990. Tenho mais de 700 revistas dele. Tex normal, eu tenho todos, desde os velhos tempos da saudosa Editora Vecchi, que muito valorizou o Tex nos anos 70 e 80, pena que teve problemas financeiros. Li o meu primeiro Tex no distante ano de 1978, nº 35, Alarme no Forte Summer, e nunca mais parei. Mudei de cidade e a única coisa que trouxe comigo foi a coleção de Tex. Mais uma vez, parabéns pela tua entrevista. Um abraço de um fronteiriço de rédea e caniço.
    Jorge Robson Dias.

  17. Grande Alci!!

    Parabéns pela entrevista.
    São pessoas como vc q ainda mantêm Tex nas bancas e que, depois de 20 anos, me resgataram novamente para esse mundo fabuloso texiano!… Desde 2003 que voltei a ler e colecionar esse que, sem sombra de dúvida nenhuma, é o MAIOR FAROESTE DE TODOS OS TEMPOS!!!

    Abraços… e VIDA LONGA A TEX!!!

  18. Primeiro vou responder ao conterrâneo Miguel Zineli, sem dúvida poderíamos pensar em um encontro de colecionadores aqui em Alegrete, vamos manter contato. O meu e-mail é alci.silveira@bol.com.br
    Para concluir, agradeço a todos que leram a entrevista e deixaram alguma manifestação aqui. Obrigado mais uma vez ao pard Zeca por essa oportunidade que me ofereceu.
    Abraços e vida longa a Tex.

  19. Que legal, meio sem querer encontrei uma entrevista com um conterrâneo meu e que também partilha o mesmo gosto pelo maior herói dos quadrinhos de todos os tempos, realmente “A noite dos assassinos” é magistral mas a minha aventura preferida é “A cela da morte“.

  20. Olá Alci, li sua entrevista e amei ver o quanto você é apaionado por Tex, e mais ainda, amei ver sua coleção, que inveja! rsrrsrs

    Gostei muito de sua entrevista, principalmente quando você menciona o fato dos leitores jovens não se interessarem por todos os gêneros de quadrinhos, fica a dica para os argumentistas, fazer uma edição com novos elementos na trama e se possivel colorir a história, uma edição que pudesse ser publicada pelo menos trimestralmente.

    Abraços!!!!

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