Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.
Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Adauto Silva: Sou carioca, nasci em Marechal Hermes (Rio de Janeiro), em 19 de Dezembro de 1956. Moro actualmente em Jacarépagua, num bairro vizinho (tenham inveja) do grande mestre e amigão, Julio Shimamoto. Já trabalhei na Rio Gráfica Editora (hoje Editora Globo) e actualmente trabalho com publicidade.
Para aqueles que ainda não estão bem identificados com a sua carreira profissional, gostaríamos que fizesse uma pequena apresentação própria e do caminho entretanto percorrido na sua carreira?
Adauto Silva: Desde pequeno me punha a desenhar copiando os desenhos das histórias em quadradinhos que me chegavam às mãos. Aos dezoito, juntei alguns desenhos e fui procurar emprego em alguma editora.
Ao chegar à Rio Gráfica Editora (hoje Editora Globo) na época uma das maiores editoras do país e ao verem os meus desenhos, fui contratado imediatamente (não que os meus desenhos fossem maravilhosos, mas estavam contratando gente com jeito para desenho. Conheci óptimos desenhadores e aprendi com eles o ofício. Tempo depois, desenhava capas e ilustrava algumas histórias para a editora (Riquinho, Bolota, Recruta Zero, Sítio do Pica-Pau Amarelo, etc, etc). Comecei também a fazer histórias de terror para outras editoras, sempre melhorando o meu traço, foi quando surgiu a oportunidade de desenhar o Fantasma dentro da própria editora.
Nessa época eu conheci o grande mestre Júlio Shimamoto, que fez algumas histórias do Fantasma e que descobri ser meu vizinho de bairro e lá vão quase trinta anos de grande amizade. Alguns anos depois saí da editora e fui trabalhar em uma grande agência de publicidade a convite do próprio Shima, e do falecido e grande ilustrador Nogushi que lá trabalhavam. Ainda, nesse período fiz algumas capas para a Rio Gráfica como free lancer. Hoje trabalho em casa para diversas agências e editoras.
Faço muitos trabalhos em conjunto com meu amigão Shima, seja na prancheta ou no computador (é só uma ferramenta) o que importa é sair um desenho que ao menos me deixe satisfeito. Sinto que ainda tenho muito que aprender e isso renova-me a vontade de me sentar frente à prancheta para fazer mais um desenho a cada manhã. Tenho colaborado com o amigo Arthur Filho (Billy the Kid e outras histórias) e fiz um número especial para o meu também grande amigo José Salles (o bom e velho faroeste).
Quando é que teve início esta paixão pela Banda Desenhada, em especial pelo Tex?
Adauto Silva: Desde criança. Via o meu pai lendo ‘Gibis’ (história em quadradinhos) e achei aqueles desenhos geniais. Existiam naquela época, muitas revistas de cowboys, Tex era um das que eu gostava por causa dos belos desenhos e pelo facto das histórias serem óptimas e bem longas.
Tex teve alguma influência no facto de você se ter tornado um desenhador?
Adauto Silva: Creio que sim. Tudo que vi de arte, e que gostei, até hoje, influenciou-me no meu desenho. Tex sempre teve desenhadores excepcionais.
Porquê o Tex e não outra personagem?
Adauto Silva: O que me atrai primeiro numa revista é o desenho, depois o texto. Em Tex, os dois são muito bem feitos, com harmonia.
Esse é o motivo de Tex ter um lugar na minha estante. Virei fã.
O que Tex representa para si?
Adauto Silva: Belos desenhos, histórias atraentes e bem construídas. Heroísmo, hombridade, honestidade. Tex é um cavaleiro andante moderno, sempre salvando uma donzela ou qualquer um que estiver precisando de ajuda, sem esperar recompensa pelos seus actos.
Um herói no melhor sentido da palavra.
Qual o total de revistas de Tex que tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Adauto Silva: Não sou necessariamente um coleccionador, mas como já disse antes, gosto de belos trabalhos. Já tive muitas revistas do Tex, mas emprestei e dei. O importante é que muitas pessoas se deliciaram com as aventuras do herói. Claro, ainda tenho muitas comigo, como a colecção completa de Tex Gigante, alguns Almanaques e edições regulares de Tex e ainda outros personagens Bonellianos.
Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem?
Adauto Silva: Só as revistas.
Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia?
Adauto Silva: Gosto de todas as histórias. Nenhuma em particular. São divertidas e bem construídas. Quanto aos desenhadores, meu Deus, é um desfile de Mestres (Galep, Giolitti, Capitanio, Ortiz, Milazzo, Font, Ticci, Brindisi, Bernet, etc., etc..). Dizer que só um deles é o meu favorito é mentir, pois todos são meus ídolos.
O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Adauto Silva: Tex para mim é uma das melhores revistas em quadradinhos do mundo. Tex agrada a todos. Por isso está completando 60 anos. Nada me desagrada em Tex.
Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que ele é?
Adauto Silva: Como disse anteriormente, belos desenhos, história atraentes e bem construídas. Heroísmo, hombridade, honestidade. Tex é um cavaleiro andante moderno, sempre salvando uma donzela ou qualquer um que estiver precisando de ajuda, sem esperar recompensa pelos seus actos. Um herói no melhor sentido da palavra.
Como nasceu a ideia de homenagear o Tex, através do seu desenho comemorativa dos 60 anos de aventuras do Ranger?
Adauto Silva: O facto dos sessenta anos de sucesso do nosso amigo Ranger e de ser fã do grande Giovanni Ticci, esse grande desenhador de Tex. Achei que se pudesse, Tex ofertaria um pedaço do bolo àqueles que o acompanham em suas aventuras ao longo de todos esses anos.
Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Adauto Silva: Completando 70 anos, 80 anos, 90 anos, etc., etc…
Prezado pard Adauto Silva, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
(Para aproveitar a extensão completa das fotografias acima, clique nas mesmas)
Um grande artista, aqui pertinho de mim, e eu só conhecia de nome, nem sabia que era do Rio.
Eu acho que ele se esconde para evitar o assédio.
AMoreira.
Parabéns, Adauto!
Pela sua arte maravilhosa e sua simplicidade. Você já aprendeu tudo o que tinha que aprender, infelizmente o mercado para os nossos quadrinistas, aqui no Brasil, está mais fechado do que nunca.
Abraço,
João Guilherme.
Palavras para quê? É “simplesmente” um ARTISTA FABULOSO(os desenhos de Tex e seus pards e o desenho de Ken Parker, no Ken Parker Blog estão ao nível dos desenhos de Ticci ou Milazzo) e em boa hora os blogues de Tex e de Ken Parker deram a conhecer um pouco mais deste maravilhoso desenhador e pessoa fantástica!
Parabéns pard/trapper Adauto Silva!
Muito bom conhecer os caras que embalaram a minha juventude com grandes aventuras. Eu sempre gostei do Espírito-que-Anda.
E esse desenho do Tex está F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O.
Parabéns pela entrevista, pela sua arte e por sua família, que continue firme nos trazendo alegrias e participando cada vez mais desse nosso mundo, que agora permite essa proximidade.
E gracias ao Blog por nos trazer personagens antes desconhecidos, anônimos e não menos famosos, através dessa rubrica.
E viva Tex e sua grande família.
abraço,
G.G.Carsan