Entrevista com a fã e coleccionadora: Rosiane Rode

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Rosiane Rode: Chamo-me Rosiane Rode, nasci no dia 20 de Agosto de 1980, em Sobradinho/RS – Brasil. Actualmente sou funcionária pública na Prefeitura Municipal de Sobradinho, na área da Assistência Social.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Rosiane Rode: O interesse pelas histórias aos quadradinhos nasceu muito cedo, antes mesmo de aprender a ler. Com meus 4 ou 5 anos, já folheava as revistas que meu irmão tinha, imaginando e inventando as histórias.

Quando descobriu Tex?
Rosiane Rode: Meu irmão tinha colecções de Tex, Zagor e outras, que ele comprava ou trocava com amigos. Tinha também bolsilivros de faroeste. Lembro que foram as revistas de Tex as primeiras que eu li quando aprendi a ler, e pude conhecer o texto que antes imaginava. Um dia, minha mãe queimou as revistas que ele tinha. Daquelas, consegui salvar duas de Zagor, que tenho até hoje: a número 14 O Inferno dos Vivos e a 16, Guerra, ambas da Vecchi. Tenho um cuidado especial por elas, pois de Zagor foram elas as primeiras que lembro ter lido. Infelizmente, minha mãe queimou algumas raridades, como a número 1 de Tex. Lia também Epopéia Tri, Akim, Fantasma, Judas, Conan, bolsilivros, dentre outras. Posso dizer que o gosto pela leitura e a fascinação sobre história americana do século XIX, desenvolvi lendo histórias aos quadradinhos, em especial as do Tex.

Porquê esta paixão por Tex?
Rosiane Rode: Tex proporcionou-me uma infância feliz em meio a índios, cowboys, mocinhos, bandidos, diligências, caravanas… Eu não somente lia as histórias, eu as vivia em minhas saudosas brincadeiras.  Passei cerca de 12 anos longe do universo dos quadradinhos, quando em uma viagem de trabalho em 2005, em uma banca de revistas de Porto Alegre/RS, reencontrei as revistas de Tex e decidi começar a minha própria colecção. Hoje é uma válvula de escape da correria do dia a dia, um hobby. O que mais gosto é ficar manuseando as revistas, trocando de lugar na estante, folheando, relendo.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Rosiane Rode: Tex é humano. Retrata um ponto de vista sobre  igualdade entre etnias, senso de justiça, e também lealdade para com o povo que o acolheu, bem como aos amigos e isso ao meu ver, é o que o diferencia dos demais, pois podemos facilmente nos identificar com ele. Afora isso, penso que cada personagem do mundo de Tex tem a sua importância. O quarteto de pards sem dúvida nenhuma fazem a diferença, pois cada um deles possui características de protagonismo e ao mesmo tempo de complemento, ao meu ver. Gosto muito das histórias em que os quatro actuam juntos e adoro as tiradas de humor, especialmente com o pessimismo do velho Carson, que já me renderam boas risadas.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Rosiane Rode: Tenho ao todo 242 revistas de Tex, 20 de Zagor, 1 Epopéia Tri, 5 Judas e 53 bolsilivros de faroeste. Todas elas são importantes para mim, mas de Tex, são 3 as que eu mais gosto: a de número 163 O Solitário do Oeste, 164 Selva Cruel da Vecchi e 165 O Rosto do Traidor, da Rio Gráfica, que adquiri ano passado e que me permitiram concluir a história que havia começado a ler quando criança. Recentemente essas histórias saíram em Tex Coleção.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Rosiane Rode: Colecciono apenas revistas, o que via de regra não é fácil, pois aqui não temos bancas de revistas. Tenho que comprar pela Internet ou quando vou à Capital, salvo raras vezes em que encontro em mercados na cidade.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Rosiane Rode: Poderia responder que gostaria de ter em minha colecção a número 1 de Tex, mas creio que vou ficar com a número 2, Vingança de Índia.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia?
Rosiane Rode: Histórias favoritas das 3 que citei acima, Selva Cruel é a minha preferida. Gosto muito dos desenhos de Claudio Villa.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Rosiane Rode: Gosto das histórias de Tex que envolvam conflitos indígenas, afora que nas revistas actuais as tramas estão mais bem elaboradas, as histórias mais “recheadas” de elementos, que para mim são bastante atractivas, pois creio que há um amadurecimento da personagem. O que menos gostava era o tempo que tínhamos que esperar entre um exemplar e outro, especificamente no caso de Tex Coleção, que agora é quinzenal.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Rosiane Rode: Creio que a longevidade da personagem e a variedade de histórias que não se tornam cansativas. Toda revista de Tex é única, além do charme dos desenhos em preto e branco, dos traços bem elaborados, que nos levam para dentro das histórias.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Rosiane Rode: Infelizmente não costumo encontrar-me com outros coleccionadores. Aqui em minha cidade sei de algumas pessoas conhecidas que coleccionam, mas não mantenho contacto. Por este blogue vi que tem mulheres fãs de Tex assim como eu. Achei isso muito bom, afinal tenho certeza que nosso herói não faz distinção de género!

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Rosiane Rode: Espero que tenha muitos e felizes anos pela frente. Meus sobrinhos mais novos (dois meninos e uma menina) já são fãs de Tex e repasso a eles revistas que compro repetidas para que comecem suas colecções. Outro dia, um deles que tem 8 anos, achou revistas do Tex em um mercadinho próximo de casa, deixou de comprar doces para comprar um exemplar e tratou logo de me avisar que lá havia algumas revistas à venda. Por tudo isso, creio que o futuro do Ranger estará seguro, desde que nós, que já coleccionamos e conhecemos Tex há mais tempo, possamos mostrar às novas gerações que existe o mundo de Tex e que ele é fascinante. Também não posso deixar de fazer uma referência e dar os parabéns à Mythos Editora pela qualidade das revistas e também pelas várias edições de Tex, que trazem as primeiras histórias para que a nova geração possa conhecê-lo. Agradeço também a oportunidade de estar aqui neste espaço, contando um pouco da importância que Tex teve e tem para mim.

Prezada pard Rosiane Rode, nós é que agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

15 Comentários

  1. Olá Sra. Rode,
    É sempre um prazer conhecer os texianos e também as texianas, que felizmente vão surgindo aqui nas páginas desse blog de alcance intercontinental.
    Que saga bacana a sua. Que legal que encontrou nas páginas de Tex uma afinidade que lhe fez colecionar e não só, mas absorver direitinho as qualidades e os ensinamentos do nosso grande Ranger.
    Tenho certeza que as mulheres, se tivessem a oportunidade, gostariam ainda mais de Tex, do que nós, homens. A sensibilidade feminina permitiria captar melhor tudo o que representa o nosso herói.
    Espero que apareça de vez em quando nos pontos de encontro para trocar ideias e informações. Estamos por aqui, no Facebook, no Orkut, no site TexBr. Seja bem-vinda.
    G. G. Carsan

  2. Parabéns a essa intrépida gaúcha pelo bom gosto… Temos vários pontos em comum, (gaúchos, texianos, zagorianos, Assistência Social etc…) só falta ser gremista, hehehe!!!
    Grande abraço e apareça lá pelo TEXBR para confraternizar conosco. E parabéns ao pard Zeca que nos proporciona conhecer colegas colecionadores, não sei como ele descobre tantos fãs… (O homem parece ter faro especial por texiano)!!!

    • Amigo Neimar, mais do que mérito meu, é mérito do blogue do Tex, pois é o próprio blogue que faz todos estes texianos e texianas se apresentarem contando-me as histórias de cada um e o seu amor por Tex, depois eu só tenho que pedir autorização para os entrevistar e norma geral quase todos aceitam… e por falar em entrevistas e fãs, ainda temos muitas entrevistas a pards decorrendo pelo que nos próximos tempos vamos ainda dar a conhecer ao mundo, muitos e grandes texianos e um dos próximos é tão gremista que fez questão de tirar fotos da sua colecção vestindo várias camisetas diferentes do seu Grémio…

      Quanto à nossa querida pard Rosiane aproveito para agradecer pela grande disponibilidade, já que ela nos proporcionou uma das mais belas e especiais entrevistas do blogue e assim tivemos o prazer de apresentar ao mundo, mais uma grande e especial fã de Tex!

  3. Pard G.G. Carsan
    Obrigada pelo post!
    Já faz um tempinho que acompanho o site TexBr e também este blog e com certeza aparecerei nos fóruns para trocarmos figurinhas sobre nosso “vício” saudável, que é o Tex, além de Zagor também.
    Grande abraço!!
    Rosiane.

  4. Amigo Neimar
    Legal saber que temos vários pontos em comum, menos um: sou Colorada de carteirinha!! hehehehehe.
    Pode ter certeza que apareço sim, pois falar sobre Tex e ainda mais com outras pessoas que tem a mesma paixão por nosso heróis, é sempre um prazer.
    Realmente, Pard Neimar, este Blogue é um ponto de encontro de Texianos e Texianas, assim como também o é o site TexBr.
    Abraços!!
    Rosiane.

  5. Parabéns pela coleção e por tamanho empenho em transmitir aos mais novos como seus sobrinhos, o fascínio das histórias de Tex e outros personagens da banda desenhada. O futuro do Ranger e seus pards também depende de nós. Abraços.

  6. Mazá Rose!!
    Muito legal a tua entrevista!
    Ficando famosa, hem?! Valeu a vez que eu caminhei quilometros de salto alto, em Porto Alegre, junto contigo, pra procurar as tuas revistas, hehehehe.
    Abraços!!

  7. Que entrevista!
    É bom vermos que a leitura destes fumetti não são restritos ao mundo de nós homens, mas que a mulherada também segue junto com tantas ideias para além do gênero, coisa fenomenal estes grandes Heróis: TEX e Zagor!
    Parabéns Rosiane, e que bom saber que @s sobrinh@s seguem firmes na leitura, nada como exemplos em pró da leitura!

  8. Valeu Rosiane,

    Como disse o Carsan, é sempre bom conhecer as texianas, notei o seu zelo em conservar as revistas eu também sou assim. Só a título de curiosidade, nessas histórias que você citou: O Solitário do Oeste, Selva Cruel e O rosto do traidor, notei que a fisionomia da personagem Phil Turner é semelhante a do ator Kirk Douglas.

    Abraços;

    Edison

  9. Pra falar do TEX tem que ter responsabilidade e gostar de colecionar, isso a Rose tem de sobra… Ai dos sobrinhos dela se mexerem em suas revistas e disso posso falar! Que tua coleção aumente cada dia ! (yy’

  10. Cada vez que dou uma olhadinha na net em busca de assuntos sobre Tex acho coisas interessantes e essa entrevista é uma maravilha que me faz lembrar a minha história com Tex aqui em Anápolis (GO) lá por 2001 quando vi por acaso uma revista (Almanaque do Faroeste, hist. “O matador de índios“) usada na banca, achei estranho, já que as bancas não vendem usados. Falei com o dono que era colecionador e já tinha lido aquela que estava agora pra vender, comprei e nunca me esquecerei, pois nunca tinha experimentado uma sensação tão boa na vida com a leitura, e olha que leio muito. Hoje possuo mais de quinhentas revistas de Tex de todas as edições além de diversas de Zagor, Júlia, Mágico vento, Leo Pulp etc. A única coisa que lamento com pena é o deboche de quem não conhece os quadrinhos italianos e nos vê como se fôssemos sem o que fazer e subestimam nossa inteligência. Pobres coitados, se soubessem o que perdem arrancariam os cabelos. Mas não desanimo e continuo a fazer sem medo uma propaganda apaixonada do nosso ranger, tendo contaminado minha irmã, namorada e alguns amigos. Essa é a vida.

  11. Show de bola a tua entrevista. Sei da tua paixão por quadrinhos, em especial os do Tex. Quando te perguntei o que querias de presente no teu aniversário, tu me disse que preferia revistas do Tex. Isso demonstra o quanto o Tex é especial pra ti.
    Como disse a Lu, que tua coleção continue aumentando sempre!
    Elaine.

  12. Legal a tua entrevista conterrânea. Quando vieres a Porto Alegre, passa na Tex BR Revistaria em Sapucaia, tu vai adorar. É bem fácil, fica perto da parada do trensurb.

  13. Muito boa a entrevista de minha irmã Rosi, só não gostei dela não ter falado o meu nome, pois foi das minhas revistas que surgiu essa fascinação. Leio Tex, Zagor e outras, há mais de 35 anos, e as revistas que nossa mãe, Eva Moura Rode, queimou, me custaram bastante caro, pois eram emprestadas e tive que dar cabo de pagar.
    Um abraço a todos, e continuo lendo, hahahahahaha

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