Coleccionando Tex – Um prazer e uma agonia

Por Filipe Augusto Chamy Amorim Ferreira

Coleccionar revistas de banda desenhada é, assim como lê-los, uma aventura. Não há coleccionador que não tenha feito o possível e o impossível para colocar as mãos naquela revista que procurava há tempos; normalmente, a alegria de conferir uma história inédita de seu herói favorito é praticamente a mesma que se tem ao finalmente completar a sua colecção. Mas também há o aspecto melancólico da coisa: aquela busca incessante por edições específicas acabou, agora você só terá o trabalho de comprar todo mês nas bancas o último número daquela personagem que tanto fascínio causa — isso considerando que o seu título ainda é publicado.

Com Tex, o grande herói do faroeste, não foi diferente. Eu conheci o icónico ranger no final de 2002, e a chama da paixão já me compeliu a perseguir todas as suas cavalgadas no começo do ano seguinte, quando comecei a procura por este ou aquele exemplar, percorrendo os mais diversos locais: além da Internet, onde consegui algumas boas coisas, perdi a conta de quantos alfarrabistas (sebos, no Brasil), bancas, festivais de quadradinhos e vendedores autónomos eu frequentei — além da ajuda inestimável de amigos que me ajudaram a concretizar esse sonho e me auxiliavam, por meio de toscas listas que a eles eu enviava, a conseguir as raridades que aos poucos fechavam as lacunas das minhas prateleiras.

Quem colecciona banda desenhada, colecciona amigos. Não mencionarei nomes aqui para não correr o risco de ser injusto e esquecer de algum. E também porque, apesar deste texto ser bastante pessoal, a experiência do “coleccionismo” pode muito bem ser a descrição de tantos casos pelo mundo afora: não sou apenas eu quem faz questão de saber todas as peripécias por que seus heróis de papel passaram, despendendo boa parte de seu tempo e energia (e até algum dinheiro) caçando esses pequenos livrinhos periódicos, com tanta vida dentro, tantas maravilhas a nos entusiasmar, a passar valores que carregaremos para sempre, a empolgar com suas vibrantes páginas.

Só em 2009 consegui realmente completar a minha colecção de Tex. Foi um feito e tanto. Cheguei a pensar em desistir em várias ocasiões. Pensei muitas vezes que era um objectivo tolo, fútil, ou mesmo impraticável. Mas, como Tex Willer não desanima diante de um inimigo que aparentemente é mais forte (ou pelo menos mais poderoso no momento!), segui em frente, sempre tendo a companhia de Tex e seus parceiros Bonelli para me acudir no desânimo, chocalhar a tristeza pelos eventuais fracassos quotidianos, espantar o tédio e consolar no metropolitano, nas sempre pouco acolhedoras salas de espera de médicos e afins, nas tardes vazias e paradas. Tex estava sempre lá, pronto a defender quem precisava, nunca se queixando; então por que eu deveria lamentar-me? Era preciso não se dar por vencido.

Começava então a fase lenta das minhas pesquisas. Já não encontrava o que precisava nas lojas físicas, dependia quase sempre da busca dos já citados amigos, muitas vezes em outros Estados deste imenso Brasil, em regiões por que eu nunca passaria. Mas aos poucos o assombroso canyon ia se abrindo para um vale ensolarado e fértil: passo a passo eu estava completando a minha colecção. Até que finalmente pude falar: tenho todas as histórias de Tex. Depois de alguns meses, disse outra coisa: li todas as aventuras de Tex.
Minha mãe, fiel leitora texiana desde o começo, sentiu o mesmo que eu: alegria e tristeza. Alegria porque conhecíamos enfim toda a carreira publicada de Águia da Noite e seus pards. Tristeza porque essa conclusão significava o fim daquela gostosa agonia de mobilizar esforços para localizar as revistas que nos faltavam. Mas a ironia é que eu também colecciono todas as outras personagens bonellianas; e se fui vitorioso com Tex e também na incansável persistência de procurar todos os números de Zagor já publicados no Brasil, a verdade é que a Bonelli Comics é um mundo inteiro e eu apenas comecei a explorá-lo…

(Para aproveitar a extensão completa das fotografias acima, clique nas mesmas)

6 Comentários

  1. Parabéns Felipe, pelo texto e pelo feito de completar a coleção do ranger. Eu também compro todas as coleções que sairam da Bonelli aqui no Brasil, e com relação a Tex e Zagor, ainda me faltam alguns números, poucos é verdade, mas estou com quase tudo completo. Números da Vecchi (03 de Tex e 10 de Zagor), mas com certeza eu chego lá.

    Abraços Texianos

  2. Pard Chamy belo texto e me lembra muito a minha procura para completar minha coleção de Tex. Zagor estou quase chegando lá. Parabéns.

  3. Claro que um dos amigos que citei é você, Iranildo! Sem você eu nunca teria conseguido inúmeras e raríssimas edições de Tex e Zagor da Vecchi, além de outros personagens!

    Marcílio, é assim que se faz. Não desanime e logo você completará suas coleções!

    Obrigados a todos pelos parabéns!

  4. Ola pards… com certeza completar a coleção todos querem, desejo felicidades a todos, enquanto isso, vou atrás dos numero que me faltam… que por sinal tenho alguns TEX e ZAGOR da Vecchi para troca!!!! Quem sabe.

  5. Olá sou colecionador do Tex e para mim completar falta só os números 1, 34 e 58, se quiserem trocar é só me avisar.

  6. Bem, hoje para mim só faltam 02 números de Zagor que são o 50 e 55 da Vecchi e de Tex, os números 159, 161 e 163, e o 135 da 2ª edição, que eu não tinha contabilizado antes. Abraços.

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