As Leituras do Pedro*
Tex Especial Colorido #2: Os Bandidos da Neblina
Pasquale Ruju (argumento)
Ugolino Cossu (desenho)
Mythos Editora
Brasil, Abril de 2013
160 x 210 mm, 162 p., cor, brochado
R$ 19,90 / 10,00 €
Edição colorida que, diga-se desde já, tem uma enorme vantagem sobre (quase) todas as outras histórias do ranger que já vimos a cores: foi pensada para a cor, por isso esta não vai abafar os pretos ou desvirtuar espaços e cenas em que o branco imperava.
Tal como Sergio Bonelli expressa na introdução, penso que Tex é para ser lido a preto e branco – de preferência bem contrastado – pois são esses os tons que melhor combinam com a violência inata e o tom duro e selvagem deste western dos quadradinhos.
E, desculpem a comparação, volto a concordar com o grande editor italiano, quando diz que – por vezes – é preciso compactuar com o gosto – e os hábitos – dos leitores novos e/ou mais jovens, daí a opção por esta (nova) colecção colorida de Tex.
Agora que este segundo tomo está em distribuição em Portugal, deixo algumas impressões.
A escolha de Ugolino Cossu para o desenho revela-se um trunfo, já que o seu traço fino, pormenorizado mas limpo e com muitos espaços livres para o desenho respirar, revelou-se ideal para sustentar o trabalho de cor, que surge ao leitor mais distante das habituais cores mecanizadas Bonelli e mais próximo de um verdadeiro trabalho de colorista.
Tendo esta edição que está em análise, a brasileira, a vantagem (em relação a tantas outras revistas de Tex) de respeitar o formato original italiano, falta referir o argumento de Pasquale Ruju – a que voltarei em breve devido à maxi-série Cassidy & Demian, igualmente lançada pela Mythos – um nome a ter em atenção dentro do(s) universo(s) Bonelli.
Sem quebrar os laços com o historial e o tom tradicional do ranger – a presença de Kit Carson e, principalmente de Gros Jean tornam-nos mais efectivos – consegue contar uma história original, com algumas ramificações interessantes, vários momentos de suspense e tensão, equilibrada nos vários momentos da sua construção, desenvolvimento e conclusão, e que ganha espessura e consistência através da introdução da personagem Chance, que se revela bem humana e se destaca numa narrativa onde – é reconhecido – abundam os estereótipos.
*Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro.
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É incrível como as cores da Bonelli são horríveis, o progresso foi mínimo, tirando o tamanho da edição (Formato Italiano) nada acrescentar.
Tex é bom de qualquer jeito, mas particularmente, prefiro P&B na série mensal e cor só nessas edições especiais.
Teria sido a fisionomia do bandido Samuel Chance inspirada em Robert Redford, protagonista do personagem “The Sundance Kid” no filme “Butch Cassidy” de 1969?