Amadora – 60 Anos de Tex

Existem acontecimentos que, por este ou aquele motivo, acabam por ficar marcados na nossa memória.

Tex Willer tem proporcionado a todos quantos apreciam e idolatram a personagem, que festeja actualmente 60 anos de pujante existência, momentos de agradável e sã convivência, com sobejas provas de paixão, fraternidade e amizade entre a extensa legião de admiradores.

Estou certo que todos os que puderam estar presentes este último fim de semana no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, puderam viver mais um desses marcantes episódios que vão ficar para sempre retidos na memória de todos os texianos.

Tex Willer.
Na verdade, ainda os abraços de despedida não tinham terminado e já um misto de saudade e prazer pelos momentos indeléveis vividos tomava conta dos nossos corações, salientando mais uma vez o facto de que o verdadeiro texiano é diferente. É diferente porque no fundo consegue trazer para o seu dia a dia e para a sua relação com os outros o espírito da personagem, defendendo a honra como valor fulcral, a ética como norma de conduta, a justiça como ideal a preservar, a amizade sem compromisso como algo a cultivar.

Bianchini e Civitelli desembarcando no aeroporto de LisboaEste fim de semana permitiu essa exaltação, através do convívio e da camaradagem vividos, tendo permitido de igual forma momentos únicos com texianos que ainda não conhecíamos pessoalmente, com outros que vemos de tempos a tempos, assim como rever aqueles com quem temos vindo a privar mais assiduamente. Mas foi também uma oportunidade para todos poderem ter estado com dois desenhadores de altíssima qualidade (não, não estou a exagerar!), autênticos criadores de sonhos, prova provada que a banda desenhada é mesmo uma arte.

Bianchini e Civitelli a desenhar, uma constante no FIBDAMas se isso tudo não bastasse, o que não é pouco, Fabio Civitelli e Marco Bianchini mostraram com toda a simplicidade a sua enormíssima simpatia, a sua empatia, não só com os texianos, mas com todos os presentes no festival, a sua expansividade, o seu interesse por Portugal, a sua disponibilidade para falar, para ouvir, para trocar ideias sobre os mais variados assuntos, para enfim presentear os amantes da 9ª Arte com uma galeria de desenhos capaz de nos deixar sem fôlego.

Civitelli desenhando Tex WillerPorque o seguinte era sempre melhor que o anterior, numa notável capacidade de provar a todos que nem mesmo o cansaço consegue demover homens deste calibre de fazer a felicidade de nós comuns leitores mortais, presenteando-nos com verdadeiras obras de arte, feitas de detalhe, de requinte, de paixão, de carinho, numa exaltação perfeita do que é arte pura, à vista de todos e para que todos a apreciem. Momentos capazes de contagiar, como foi o caso, todos aqueles que estavam no festival, incluindo os que não apreciam Tex e que não acompanham a realidade do ranger, mas suficientemente capazes de apreciar arte e por isso mesmo cativados pela beleza do traço limpo e puro de um Civitelli que destilava simpatia por todos os poros ou de um Bianchini que atraiu pelo requinte e alma empregues em cada desenho.

Fabio CivitelliAmigo texiano, ainda hoje estou sem fôlego ao escrever estas linhas, frustrado por não conseguir exprimir a contento todas as emoções vividas e toda a amizade partilhada. Por muito que me esforce não consigo deixar no papel a verdadeira realidade vivida e sentida. Porque tudo foi espontâneo de parte a parte, porque tudo foi intenso, num aproveitar de cada instante e de cada momento.

Tudo começou na tarde de Sexta-feira, com a chegada de Fabio Civitelli e Marco Bianchini ao aeroporto da Portela, onde, apesar de se tratar de um dia de trabalho, os aguardavam já alguns texianos, onde se incluía a nossa Nanda, expressamente vinda da Holanda e que já encontrava no aeroporto desde as 12 horas.

Fernanda Martins, Mário Marques, Fabio Civitelli, Orlando Silva, Carlos Moreira e Marco Bianchini, no aeroporto de LisboaA empatia começou logo ali, continuada no próprio hotel onde os dois autores italianos ficaram alojados e onde puderam logo mostrar algo dos seus últimos trabalhos e presentear-nos com alguns desenhos belíssimos. Não foi mesmo o jantar de boas vindas oferecido pela organização do festival que cortou a vontade dos texianos em poder estar com Civitelli e Bianchini, ainda naquele dia, porque à saída do repasto, lá estávamos todos a aguardá-los para uma visita de automóvel por algumas zonas mais emblemáticas de Lisboa.

Todos queriam um desenho de Bianchini e CivitelliNo dia seguinte, veio a primeira sessão de autógrafos e desenhos no festival, facto que gerou filas extensas de admiradores e de visitantes, estes atraídos pela multidão que ali se acantonava e que puderam comprovar ser devido à elevada qualidade dos trabalhos que estavam a ser realizados por Civitelli e Bianchini. A verdade é que a organização do festival teve que fechar as filas antes da hora prevista para o efeito, receando que a grande afluência de público atrasasse o programa.

José Carlos Francisco, Mário Marques, Fabio Civitelli, Camilo Prieto e Marco BianchiniNo Domingo, logo pela manhã e, apesar do natural cansaço e das emoções vividas na véspera, novo encontro dos texianos resistentes (todos) com Civitelli e Bianchini, desta vez para uma visita ao Mosteiro dos Jerónimos e a sempre obrigatória prova dos saborosos Pastéis de Belém.

A tarde foi preenchida com mais desenhos, mais dedicatórias, mais contacto, mais afluência, mais emoções, seguida de uma entrevista à TV Amadora, com a simpatiquíssima e sempre bem disposta Tizziana Giorgini (que já foi tradutora de Tex no Brasil) a servir de intérprete entre jornalista e entrevistados, assim como o inexcedível José Carlos Francisco teve ocasião para responder a algumas perguntas da reportagem, salientando mais uma vez o seu profundo amor por Tex Willer.

Bianchini e Civitelli entrevistados pela TV AmadoraDurante os eventos, tivemos oportunidade de estar entre texianos, no que constituiu mais uma prova da enorme amizade que nos une. Obrigado a todos pelos bons momentos, ao Carlos, à Teresa, à Fátima, ao Zeca, ao Orlando, à Nanda que em boa hora veio da Holanda, ao Álvaro, ao Sérgio, ao Carlos Rico, ao Pedro Bouça, ao Jorge Almeida, ao José Eduardo, e se eu tiver esquecido alguém, perdoem-me mas isso deve-se às emoções ainda vividas e ainda bem quentes no meu álbum de recordações.

Mário Marques, José Carlos, Carlos Moreira e Álvaro MachadoConhecemos o Camilo Prieto, responsável do blogue francês do Tex e cuja simpatia e simplicidade nos atraiu sobremaneira, mas também a Tizziana que chegou da Galiza para não perder o evento. Conhecemos Geraldes Lino, com quem tivemos oportunidade de trocar algumas palavras, assim como a grata ocasião de também conhecer e falar pessoalmente com Jorge Magalhães e sua esposa Catherine Labey.

Jorge Magalhães é uma autêntica lenda viva da banda desenhada em Portugal, uma personalidade ímpar no trato e que domina os acontecimentos da 9ª Arte, qual verdadeira enciclopédia. Conversar com ele é um prazer enorme, saber que está ali diante de nós, a olhar-nos olhos nos olhos alguém que eu sempre apreciei e que referenciei quando coleccionava e apreciava o saudoso Mundo de Aventuras.

Marco Bianchini, Camilo Prieto e Fabio CivitelliJosé Carlos Francisco e Jorge Magalhães
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Autores, fãs e ... Tex.
Enfim, de volta à realidade do dia a dia, e decorrido este curto espaço de tempo, mais grato fico a todos, sem excepção e sem preferência. Longe estaria eu de pensar que quando comecei a ler Tex, isso ainda viesse a proporcionar tantos e tão bons momentos.

Texto de Mário João Marques
Fotos de José Carlos Francisco

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(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

9 Comentários

  1. Olá Mário! Magnífico relato de todos estes momentos… texianos… e que legal ver Nanda uma texiana de fibra junto de vocês.
    Um abraço fraterno brasileiro em todos vocês.

    Edna Maria

  2. Àqueles que fazem o Blog do Tex, parabenizo pela cobertura que deram desse grandioso evento e agradeço pela oportunidade de “conhecer mais de perto” personalidades que concorrem para manutenção desta fabulosa fábrica de fantasias, a Casa Bonelli, como os desenhistas Bianchini e o sempre simpático Civitelli.

    Essa semana que vocês visitaram o evento e nos informaram do dia-a-dia dos acontecimentos, também acabou por ser uma visita pessoal de cada freqüentador do blog, através de textos minuciosos e das fotos que belamente os ilustraram.

    Se não pude estar aí pessoalmente, estive em sentimento e cumplicidade, por certo.

    Parabéns mais uma vez!!!

    Fred Macedo

  3. Edna e Fred,
    Foi também a pensar em todos vocês que não puderam estar connosco que escrevi este relato dos acontecimentos. Um relato que de modo algum espelha o que se viveu, o que se sentiu ou o que aconteceu. As palavras dizem muita coisa, mas este fim de semana acabou por nos dizer o quanto importante é ser texiano e ter tantos e tantos amigos.
    Obrigado a todos e um abraço
    Mário

  4. Olá
    Estou a ler o blog e só me apetece chorar… de inveja!

    Lá diz o ditado: O homem põe… e Deus dispõe!

    Tinha tudo programado para estar na Amadora no dia grande (Sábado) e até a apanha da azeitona já estava finalizada quando, à última da hora, ocorreu um percalço familiar (já resolvido) que alterou tudo! Foi uma desilusão enorme para mim não poder rever a famílía texiana e fazer novas amizades e tentar namorar um desenho ao Civitelli e ao Bianchini!

    Estão todos de parabéns, incluindo pela fantástica reportagem!

    Longa vida a TEX e a todos os seus fiéis seguidores!

    Com amizade

    Pedro Pereira

  5. Olá, querido pard:
    Realmente é de agradecer a dedicação e a constância de vocês – verdadeiros cronistas – em transmitir com entusiasmo todos os acontecimentos texianos – e outros – no FIBDA. Quem não pôde assistir pode estar certo de que a crônica é impecável, porque todos vocês jogam de peito aberto, ninguém esconde o jogo, quer sejam sportinguistas, benfiquistas ou – com perdão! – portistas!, tudo é compartilhado sem protagonismos – o protagonista SEMPRE é TEX e os seus criadores – como quando os pards se reúnem à noitinha, à volta da fogueira, para acampar e fazer o balanço da situação e bolar novas estratégias.
    Quem não pôde estar presente fisicamente só não pode sentir do mesmo jeito essa dorzinha de saudade que com o passar das horas vai se enraizando nas entranhas e deixando pouco a pouco um rasto de nostalgia que só a leitura deste fantástico blog texiano é capaz de apaziguar.
    Aquele abraço!
    Texxiana

  6. Parabéns Mário Marques, parabéns Zeca, Tizziana e todos os que puderam estar no grande evento Texiano que foi este encontro em Amadora. Um momento de sonho para todo fã do grande aniversariante.
    Um grande abraço a todos.
    Jesus Ferreira

  7. Amigos,
    Decorrido todo este tempo eu ainda estou sem palavras para descrever o que todos passámos, o que todos vivemos. Eu só queria dizer: obrigado a todos!
    Mário Marques

  8. Excelente texto Mário. Expressaste todo o sentimento que me vai na alma, um grande abraço para ti e todos os AMIGOS Texianos

    Carlos Moreira

  9. Mário,
    Como é que eu ainda não tinha escrito meu comentário aqui? Esse final de semana foi um dos mais intensos e maravilhosos que passei. Realmente palavras são limitadas e não nos permitem expressar – por mais que queiramos e tenhamos habilidade com elas – a natureza mais profunda dos sentimentos que vivemos.

    Tive o imenso prazer também, além de tudo o mais, de conhecer pessoalmente o Jorge Magalhães, escritor de um conto do Tex aqui publicado.

    Edna, YES, eu estava representando a nossa dupla criminosa neste evento fantástico… e até “roubei” alguns desenhos particulares…

    Nanda (Kid)

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