Entrevista com o fã e coleccionador: Jean Andre de Oliveira

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Jean Andre de Oliveira: Eu me chamo Jean André de Oliveira e nasci em Erechim – Rio Grande do Sul no ano de 1985. Sou administrador e sou sócio-proprietário de uma pequena empresa no setor gráfico.

Quando nasceu o seu interesse pela banda desenhada?
Jean Andre de Oliveira: Ainda na infância. Meu pai trabalhava com comércio de revistas e às vezes trazia algumas delas e alguns gibis para casa. Como não tínhamos dinheiro para comprar as revistas, nós abríamos a embalagem com cuidado, líamos as revistas à noite e depois fechávamos para vender no outro dia.

Quando descobriu Tex?
Jean Andre de Oliveira: Em uma noite que meu pai trouxe as revistas acabou vindo um gibi do Tex junto, logo minha mãe reconheceu e disse que fazia tempo que não lia. Ela me contou que na sua adolescência trabalhava com faxina e geralmente os patrões tinham coleções desses gibis que ela lia nos intervalos, assim acabou gostando e se tornando uma leitora assídua de Tex. Eu resolvi experimentar e adorei também, infelizmente como tinha algo em torno de 10 anos não lembro qual foi a história, só lembro que no outro dia meu pai teve que levar o gibi pra poder vender.

Porquê esta paixão por Tex?
Jean Andre de Oliveira: Quando conheci Tex, lembro que os filmes de bang-bang (westerns) ainda eram uma referência de filme bom. Lembro que sempre que podíamos ir à locadora alugar um filme, meu pai estava sempre de olho nos filmes do género. Assistindo a esses filmes com ele passei a gostar do western e quando encontrei nas páginas de Tex a mesma visão romântica daquela época, ascendeu em mim a paixão por este quadrinho que perdura até hoje.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Jean Andre de Oliveira: Na minha opinião, a principal característica de Tex que lhe diferencia dos demais é o seu implacável senso de justiça. Enquanto os outros heróis se perguntam como agir, ficam perdidos em crises existenciais e devaneios entre a ténue linha que divide o bem do mal, Tex nunca se engana e sempre age da forma correta e justa. Tex não tem dúvidas sobre seu próximo passo e os maldosos que cruzam o seu caminho rumo ao seu objetivo são sempre servidos de uma bofetada que satisfaz a todos os leitores de boa índole que o apreciam. Acho que acaba por satisfazer a vontade que muitos de nós sentimos ao encontrarmos algumas dessas figuras de caráter duvidoso, mas porém, por vivermos em tempos civilizados, não podemos agir com o mesmo ímpeto justiceiro de nosso querido Ranger.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Jean Andre de Oliveira: Tenho uma pequena coleção de 114 exemplares das mais diversas publicações de Tex, e a mais importante para mim é o quadrinho Patagônia. É minha história favorita.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Jean Andre de Oliveira: Coleciono tudo o que posso, revistas, pósteres, canecas, etc.

Qual o objecto Tex que mais gostaria de possuir?
Jean Andre de Oliveira: Uma estatueta de Tex seria ótimo para colocar junto de minha coleção, mas são difíceis de encontrar e geralmente caras.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Jean Andre de Oliveira: A minha história favorita é Patagônia, ela se passa na Argentina bem próximo de onde vivo. Os costumes como o chimarrão, o churrasco e o relevo da minha região estão presentes nesta edição, além de uma história espetacular, escrita por Mauro Boselli, meu argumentista favorito. Quanto à arte gosto muito do trabalho de Roberto De Angelis.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Jean Andre de Oliveira: Gosto muito de sua força de vontade e persistência que são inabaláveis diante de qualquer situação que lhe aconteça. Minha mãe sempre diz que é a principal lição que Tex nos ensina, e mesmo sendo apenas uma história, nos encoraja a viver a vida um pouco mais como ele nas situações difíceis. As histórias são sempre cheias de bons valores e bons exemplos, por isso você pode apresentar Tex a qualquer um com a certeza da pessoa aprender algo de bom. O que menos me agrada são alguns problemas isolados de roteiro que acabam acontecendo em algumas histórias, quando o roteirista recorre à “sorte” ou tiros de raspão, para resolver algum grande problema em que o Ranger se meteu, mas isso não acontece com os roteiristas que mais gosto, é um problema bastante esporádico e tem diminuído muito com o tempo.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Jean Andre de Oliveira: Acredito que a simplicidade existente em Tex que o configura como “Bem” enfrentando o “Mal” é o seu segredo. Em um mundo moderno cheio de relativismos como o que vivemos hoje, este farol de retidão é reconfortante diante das injustiças da vida quotidiana.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Jean Andre de Oliveira: O único colecionador que tive o prazer de me relacionar, e que me inspirou a deixar de ser apenas leitor e virar um colecionador, foi o avô de minha esposa, que ao me conhecer me presenteou com o filme do Tex que tenho guardado até hoje com muito carinho. Infelizmente ele nos deixou no ano de 2018.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Jean Andre de Oliveira: Me sinto bastante otimista com o futuro de Tex, parafraseando Davide Bonelli, em seu editorial para Tex Willer Vol. 1, “Em 2018 Tex foi mais forte e popular do que nunca”. E sabendo disto, lançamentos como Graphic Novels, edições encadernadas de luxo e o próprio Tex Willer, que vem trazer uma luz às origens de Tex, me fazem perceber que nosso Ranger está indo muito bem e se reinventando. Apesar de muitos leitores mais tradicionais não gostarem dessa nova leva de publicações, gosto do que a Bonelli tem feito para atrair o público mais jovem, e sem, em nenhum momento, desrespeitar o grandioso passado de Tex. Tenho a esperança que no futuro, meu filho que hoje tem apenas 8 anos, também possa ter a oportunidade de sentir o entusiasmo de ir à banca, comprar um novo quadrinho e voltar para casa com uma ansiedade infantil e boa de viver uma nova aventura nas páginas de Tex.

Prezado pard Jean Andre de Oliveira, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

2 Comentários

  1. Ser Texiano É:
    Ter dentro-de-si, a ”Força-de-Vontade” e a ”Persistência”.
    Em quaisquer circunstância da vida e em nessas épocas de Pandemia!
    Salve Tex!
    Salute a Vida!

  2. Tex é inspiração para a vida. Por isso aprecio tanto! Fico agradecido pela oportunidade da entrevista, um forte abraço aos pards do outro lado do oceano!

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