Mefisto, Tigre Negro e El Muerto: Arqui-inimigos de Tex na Arte de Marco Bianchini

Mefisto, Tigre Negro e El Muerto são três dos principais arqui-inimigos de Tex que Marco Bianchini, consagrado desenhador do staff de Tex, retratou recentemente e que vamos aqui divulgar para gáudio dos nossos leitores, acompanhado de uma breve apresentação de cada um desses três míticos e diabólicos personagens que estão por mérito próprio na galeria dos maiores inimigos de Tex Willer! Mas antes falemos um pouco do autor.

Marco Bianchini em Portugal, 2008

MARCO BIANCHINI nasceu a 19 de Junho de 1958 e é um dos mais antigos e mais conceituados desenhadores da Sergio Bonelli Editore, para onde entrou em 1985, tendo desenhado histórias de Mister No durante 20 anos até que foi promovido para o staff do Tex, tendo-se estreado na série italiana  em Outubro de 2008, ano em que inclusive foi, a par de Fabio Civitelli, uma das grandes estrelas presentes no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, mais precisamente no mês de Novembro abrilhantando o espaço da exposição dedicada aos “60 anos de Tex”.

BIANCHINI também trabalha, desde o final do século passado, para o mercado francês, onde criou (argumento e desenho) a personagem de Ficção Científica, Termite Bianca, publicada não só em França, mas também em Itália. Para além de tudo isto, MARCO BIANCHINI, dirige a Escola Internacional de Banda Desenhada de Florença!

O diabólico Mefisto na estupenda Arte de Marco Bianchini

Se é verdade que a grandeza de um herói se vê pela grandeza do seu pior inimigo, a longa e interminável luta de Tex Willer contra Mefisto assume necessariamente os contornos de uma luta entre titãs. Uma batalha que foi renovada várias vezes, no decurso dos mais de 70 anos de vida editorial do Ranger bonelliano. Quando o destino os reúne pela primeira vez, Tex é ainda um fora-da-lei, alistado, pelo seu valor, no serviço secreto dos Rangers; “um rapaz inteligente”, forçado a participar contra a sua vontade, na guerra que inflama a fronteira entre o Texas e o México. Uma dupla de espiões, em suma, prontos a matar se necessário fosse para continuar a fazer o seu jogo duplo. Várias histórias entre ambos caracterizam estes confrontos, numa das mais emocionantes séries de desafios já vividas por uma personagem e o seu principal inimigo em toda a história da banda desenhada mundial, numa verdadeira luta entre o Bem e o Mal.

O terrível Tigre Negro na magnífica Arte de Marco Bianchini

O Tigre Negro é um inimigo perfeitamente habilitado a enfrentar Tex, mas perante o qual o Ranger permanece sempre seguro de si, ciente que mais tarde ou mais cedo vai acabar por derrotar este adversário, como afinal sempre derrotou todos os outros. Com o Tigre Negro, Tex mergulha em temáticas pouco clássicas do género, demonstrando ser um herói adaptado a enfrentar qualquer situação, entre o real e o fantástico, entre as dúvidas e as certezas, com maior ou menor fanatismo.
Na sua génese esteve a vontade de Claudio Nizzi em criar um novo grande inimigo para Tex, alguém que os leitores pudessem reter na sua memória, tal como o fizeram com Mefisto e Yama, por exemplo, e dessa forma entrar para o galarim das personagens mais marcantes da série. Se o Tex bonelliano forte e seguro de si encontrou em Mefisto um adversário perfeitamente à sua altura, nada mais natural que o Tex de Nizzi também tivesse um adversário que pudesse enfrentar a contento o Ranger

Segundo o próprio Nizzi, alguém que ao mesmo tempo, tal como Mefisto, fosse capaz de exercer semelhante fascínio, fosse também hábil, astuto, pleno de truques e que pudesse impressionar pela sua força mental e pela sua inteligência. E assim nasceu o Tigre Negro, na verdade o príncipe de Sumarkan, um senhor respeitado na sua ilha, a Malésia, até ser deposto do seu trono pelos brancos, tornando-se então num pirata temido, até acabar como escravo nos Estados Unidos, no meio dos muitos que contribuíram para a construção e expansão do caminho-de-ferro. Personagem misteriosa por excelência, rapidamente coloca a sua inteligência sádica ao serviço do mal. Seja em Leadville, onde começam os confrontos com Tex, em Nova Orleães, onde o Tigre Negro constituiu uma rede de delinquentes, ou em São Francisco, onde o príncipe do mal lidera um lucrativo comércio do ópio, a verdade é que os leitores desde o início adoptaram este inimigo como uma das mais bem conseguidas personagens maléficas da série. Escondendo a sua verdadeira face sob uma máscara ou dissimulado em várias identidades, o Tigre Negro inicia um combate contra o governo norte-americano com o intuito de derrubar o poder do colonizador branco, qual personagem surgida das páginas de grandes clássicos da literatura de aventuras de Júlio Verne ou Emílio Salgari.

O maquiavélico El Muerto na deslumbrante Arte de Marco Bianchini

El Muerto é um personagem bem delineado, um dos mais marcantes vilões que Tex enfrentou, não tanto pelos seus actos, mas pela forma como se impõe ao Ranger quase até final. Um vilão movido por um insano (?) desejo de vingança, que nem as explicações do Ranger, no cemitério, conseguem demover. O que só contribui para acentuar o seu lado trágico e, surpreendentemente, para lhe dar consistência e credibilidade. A tensão acumulada ao longo das pranchas da única aventura que contou com a participação do vilão, aumenta ainda mais quando Tex e El Muerto finalmente se encontram cara a cara no cemitério que este escolheu para se desvendar e ao segredo que há anos carregava. De uma forma (invulgarmente) leal e correcta, posicionando-se no capítulo moral no patamar que (apenas) Tex costuma ocupar, o que reforça ainda mais o seu impacto. Só dessa forma, aliás, seria possível o longo flash-back, em que um e outro vão completando a história – e em que finalmente serão desvendadas as razões que motivavam o bandido.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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