ESTATÍSTICAS BONELLIANAS – 2019: TEXPLOIT!

O final de cada ano é desde sempre o momento para fazer balanços. E, claro, Saverio Ceri não poderia deixar de nos dar os números totais relativos à produção Bonelliana ocorrida em 2019. Convidamos-vos a encontrar as edições anteriores da sua rubrica se acabou por as perder, pois estamos seguros que após estas novas estatísticas, ficarão tal como nós, à espera da próxima.

ESTATÍSTICAS BONELLIANAS – 2019

Por Saverio Ceri

BONELLI 2019: TEXPLOIT!

Bem-vindo ao relatório anual dos números bonellianos.
Este ano, para tornar a quantidade de dados contido neste evento anual menos onerosa de ler, decidimos dividi-lo em vários capítulos. Nesta primeira parte, trataremos de dados gerais e das personagens.
Se no ano passado o tínhamos denominado de “o ano de Tex” por causa do septuagésimo aniversário da mítica personagem italiana, e da consequente quantidade de iniciativas que levaram à publicação de mais de 2900 páginas do Ranger criado por G.L. Bonelli, que dizer da safra deste ano que nos “deu” mais de 3700 páginas inéditas do Águia da Noite? Uma verdadeira façanha texiana: um… TEXploit !!!
.

O desenho de Claudio Villa impresso na capa da edição limitada de Tex, o implacável, o volume que antecipa para o mercado de livrarias o 35° Tex Gigante com lançamento para Fevereiro de 2020

Reiteramos de seguida a premissa para os recém-chegados.

Aquelas que se seguem são classificações de quantidade, não de qualidade; são elaboradas considerando as páginas inéditas produzidas pela Sergio Bonelli Editore e publicadas exclusivamente pela própria editora Bonelli no decurso do ano. Não encontrarão assim todos os autores bonellianos, que dia após dia trabalham para a editora, mas apenas aqueles que nos últimos doze meses foram publicados; aparecerão assim autores que talvez já não trabalhem mais, mas cujas histórias ainda não tinham sido publicadas; não encontrarão também alguns autores que actualmente produzem material para a Sergio Bonelli Editore, mas cujas histórias não foram ainda programadas nas várias séries da editora italiana. Não encontrarão igualmente as páginas produzidas pela Bonelli, mas publicadas por outras entidades (como os livretos publicados por ocasião de eventos de banda desenhada), tal como não serão contabilizadas as páginas não inéditas, quer tenham sido publicadas em álbuns bonellianos ou não. Ou seja, de modo a uma melhor compreensão, não encontrarão os dados das várias histórias reimpressas em edições de livraria, a não ser na questão das cores, como no caso do recente volume de Nathan Never, “Un nuovo futuro”, onde as cores são contabilizadas porque foram realizadas propositadamente para a ocasião, ou as histórias breves de Groucho republicadas num Dylan Dog Color Fest, originariamente publicadas na “caixa” Grouchomicon de 2017.

Os números

Novo recorde histórico de páginas inéditas publicadas pela Bonelli, que nunca, nos seus quase 80 anos de presença no mercado, tinha impresso assim tantas páginas banda desenhada: precisas 24.279, ou seja 3,53% a mais do que no ano passado e mais de quinhentas páginas do que o recorde anterior, ocorrido em 2017.

O último volume bonelliano datado de 2019, é o primeiro de uma máxi-série para Nathan Never. Capa com nova gráfica e cores de Sergio Giardo.

Das mais de vinte e quatro mil páginas inéditas, 2101 apareceram em volumes destinados ao circuito de livrarias (ou à venda directa na loja on-line ou ainda em mostras de banda desenhada).
Em comparação com 2018, trata-se de quase 63% a mais de páginas dedicadas inicialmente a um mercado diferente daquele clássico dos quiosques.
Do número total de páginas inéditas, as publicadas em primeira instância nas revistas destinadas às bancas foram 91,35%; consequentemente, as páginas que estrearam em produtos pensados para as livrarias foram 8,65%, o que representa um avanço significativo em comparação aos 5,50% do ano passado.
A opção daBonelli de lançar títulos que permanecerão, pelo menos por enquanto, exclusivos das livrarias (Attica, Senzanima, Il Confine, as striscias de Zagor, só para dar alguns exemplos), levará cada vez mais no futuro ao aumento desse percentual.

Capa de LRNZ para o primeiro volume de Il Confine, série bimestral cartonada, concebida para o circuito de livrarias.

Em geral, assinalamos que as publicações destinadas às livrarias foram este ano 62 (+ 26,53% em relação a 2018), divididos entre reimpressões, inéditas e temáticas. Um número recorde para a recente divisão (bancas/livrarias) da editora, assim como são um recorde anual para a Bonelli as mais de 13.200 páginas que as compõem, das quais mais de 11.000 páginas de banda desenhada nelas contidas.
Certamente produzir volumes de capa dura ou brochura para serem vendidos no circuito de livrarias permite, por um lado, graças aos preços mais altos, baixar as cópias a serem vendidas para atingir o ponto de equilíbrio e, por outro lado, explorar comercialmente, repetidamente, o incrível stock de páginas de banda desenhada produzidas em oitenta anos pela editora.
Nos quiosques, no entanto, para equilibrar a hemorragia dos leitores, uma das estratégias implementadas pela Bonelli é aquela de distribuir as páginas produzidas em álbuns cada vez mais esbeltos e com preços mais elevados: este ano, de facto, houve um aumento no custo de venda ao público superior a 10% e, ao mesmo tempo, um incremento das revistas de 64 páginas, em vez das clássicas 96 páginas.
Em termos absolutos, entre livraria e quiosques, descobrimos que as mais de vinte e quatro mil páginas inéditas foram distribuídas em 237 volumes, número que representa um novo recorde para a editora, mas que reduz a média de páginas por volume para 102,44, 4,3% a menos que em 2018 e, sobretudo, 20,9% a menos do que há 8 anos, ano do recorde histórico bonelliano neste capítulo.

Susy & Merz, uma das 36 séries publicadas pela Bonelli em 2019 – Estudo dos personagens por Paolo Bacilieri

As séries e as personagens

Este 2019 recorda muito outro período bonelliano na qual a editora tentava mil outros caminhos, editorialmente falando: da revista de autor às revistas semanais de enigmas, das publicações de personagens estrangeiros às tiras humorísticas. Foi na primeira metade da década de oitenta e antes que na banda desenhada bonelliana, mas também na italiana, se abatesse o ciclone Dylan Dog, a editora da via Buonarroti tinha publicado nas suas séries, em 1983, 37 personagens diferentes. Este ano chegamos perto: 36 personagens apareceram nos volumes com a marca SBE na capa; a apenas um único personagem daquele recorde que durante três décadas parecia inatingível.
A recente linha Audace contribuiu com uma dúzia de títulos, enquanto a linha infantil, enquanto aguardava o cartoon de Dragonero, deu-nos apenas algumas vinhetas dos Bonelli Kids, que apareceram na revista dedicada aos jovens fãs Bonelli. Tratou-se de poucas vinhetas redesenhadas por ocasião, para modificar e expandir, uma história concebida na época para a RiminiComix kermesse, num total estimado em apenas 5 páginas “inéditas”. Também fizeram parte deste quase recorde de personagens os retornos às bancas de Mister No, Mágico Vento e Napoleone.
No ranking abaixo, encontrarão todas as séries classificadas pelo número de páginas inéditas publicadas neste ano; Na última coluna, encontra-se a variação em relação à posição ocupada em 2018 e ao lado, quando necessário, um quadrado com “RH” escrito, que indica que o resultado obtido em 2019, a nível de páginas publicadas, é o melhor de todos os tempos para o personagem: o Recorde Histórico. O rectângulo verde indica que o recorde foi batido, e o amarelo, que o recorde foi simplesmente igualado.
.

Não foi por acaso que falamos de Exploit para Tex: 3730 páginas inéditas; Em apenas um ano, conseguimos ler mais 28% de páginas de Águia da Noite e 65% a mais do que há apenas dois anos atrás. Esse resultado incrível, que dificilmente poderá ser batido no futuro, também se deve ao facto deste ano entrar em pleno funcionamento, a nova série Tex Willer, também acompanhada de um primeiro especial no último mês do ano, mas também porque a Bonelli decidiu antecipar o “Texone” de Claudio Villa para as livrarias, dobrando assim o número de lançamentos desta série, embora nos quiosques tal história só seja publicada em 2020. Também é interessante o número de volumes que contiveram aventuras Tex inéditas: 33, quase três por mês. Para Tex, é o 49º “scudetto”, o segundo consecutivo.

Edição limitada para o mercado americano de uma das mais belas histórias zagorianas da última década. Ilustração de Rubini.

Com este incrível resultado do Ranger Bonelliano, passam despercebidos os registos históricos alcançados por Zagor, que com 10% de páginas a mais do que no ano passado, destrona Dylan Dog, conquistando pela décima sexta vez nos seus quase sessenta anos de história editorial o segundo degrau do pódio (não acontecia desde 2010).
Por seu turno, Dylan Dog, mesmo descendo um degrau do mesmo pódio escalado pelo Espírito com a machadinha, regista um novo recorde de páginas publicadas em apenas um ano, à distância de exactas mil páginas do incrível resultado de Tex. Embora sempre aumentando o número de páginas publicadas, o personagem de Scalvi passou do primeiro para o terceiro lugar em apenas um par de anos. Dylan Dog não se “contentava” com o degrau mais baixo do pódio desde 2006; Nos últimos doze anos, ele sempre fora o primeiro ou o segundo. Mesmo neste caso, no entanto, é um resultado “alterado” pela antecipação para as livrarias da história que será publicada no número 400, que apenas chegará oficialmente aos quiosques em Janeiro de 2020.
Além de algumas trocas de posição nos dez primeiros de 2019 em comparação com os doze meses anteriores, temos o prazer de assinalar o agradável regresso, no décimo lugar, de Mister No.

Dylan Dog em 2019 pediu ajuda ao Cavaleiro das Trevas, mas tal não chegou para derrotar o Tex. Capa de Cavenago para a edição de bancas do número zero do crossover Batmn-Dylan Dog que será desenvoilvido em 2020. Destaque também para o novo logótipo do personagem.

Deve-se precisar que as páginas do crossover Morgan Lost/Dylan Dog foram todas atribuídas ao personagem de Chiaverotti que sediou o encontro na sua série, enquanto as páginas do primeiro cruzamento DC/Bonelli entre Dylan Dog e Batman foram atribuídas ao Investigador do Pesadelo, também porque, a julgar pelos números zero (primeiro em Lucca e depois nas bancas), parece um produto completamente bonelliano, tanto no formato quanto na equipa criativa. Outro esclarecimento diz respeito ao volume Leonardo – A sombra da conspiração: embora tenha sido lançada em capa dura para livrarias, a história era destinada ao especial de Verão de Le Storie; por esse motivo, os números relativos a essa aventura foram atribuídos à série antológica.
Assinalamos que no decurso deste 2019 Tex superou a barreira das 100.000 páginas, Zagor a das 80.000 e Nathan Never a das 50.000, enquanto Dragonero daqui a poucos dias, com o álbum de Janeiro atingirá as 10.000.

Anos dez

Fechando não apenas 2019, mas também os anos 10 do século XXI, não podemos perder a oportunidade de mencionar, pelo menos, os números da década.
Foram publicadas 213.098 páginas Bonellianas inéditas nos últimos dez anos (12,26% a mais que nos primeiros dez anos do milênio), de 61 séries diferentes. Na tabela abaixo, limitamos-nos a listar apenas os dez principais personagens mais publicados entre 2010 e 2019.
.
Não obstante as duas últimas safras excelentes, Tex não consegue ultrapassar Dylan Dog. E, portanto, o Investigador do Pesadelo foi o personagem Bonelliano mais publicado nos anos 10. Para informação geral, na década anterior o Águia da Noite tinha sido o vencedor, mas com “apenas” 19775 páginas; resultado que nesta década não o faria subir ao pódio.
Zagor e Nathan Never mantêm as suas posições, enquanto Martin Mystère foi ultrapassado tanto por Júlia como por Dampyr. Os primeiros sete personagens, embora em posições diferentes, mantêm-se nos lugares mais altos da classificação, enquanto Dragonero, Le Storie e Agenzia Alfa, substituem respectivamente so derrotados Mister No, Mágico Vento e Legs Weaver nas três últimas posições do top ten da década.

Depois de ter sido o personagem mais publicado nos anos 10, Dylan Dog enfrenta a nova década em versão hipster e com um novo ajudante. Ilustração de Gigi Cavenago.

Encerra-se aqui esta primeira parte dos números bonellianos do ano que está a terminar. Amanhã, na segunda parte iremos ocupar-nos dos argumentistas bonellianos mais publicados pela editora milanesa neste 2019.

Até amanhã.

Saverio Ceri
Material apresentado no blogue Dime Web em 23/12/2019; Tradução e adaptação (com a devida autorização): José Carlos Francisco.
Copyright: © 2019, Saverio Ceri

Um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *