As Leituras do Pedro: Tex Especial Colorido #11

As Leituras do Pedro*

Tex Edição Especial Colorida #11
Terra de Valentes
Pasquale Ruju (argumento)
Giacomo Danubio (desenho)
Mythos Editora
Brasil, Agosto de 2018
160 x 210 mm, 162 p., cor, capa dura
R$ 26,90

Abordagem realista

Numa leitura – qualquer leitura – procuramos sempre algo diferente. A exigência de um leitor – de banda desenhada, no caso – nunca é igual quando escolhe Paco Roca, Marjane Satrapi ou Joe Sacco – para citar autores da colecção Novela Gráfica 2019, em curso – um clássico de aventuras franco-belga ou um comic de super-heróis, uma história de Dylan Dog ou de Tex.

Embora – de formas diferentes – possa fruir e tirar prazer de todas elas.

Em Tex – naturalmente – será normal procurar o western puro e duro a que sete décadas de história(s) nos habituaram, com um protagonista acima dos comuns mortais, (quase?) infalível e inflexível na aplicação da justiça – muitas vezes pelas próprias mãos.

Se este era o espírito original das suas aventuras que, com algumas atenuantes se tem prolongado no tempo, temos regularmente, aqui e ali, abordagens com algumas diferenças.

No caso presente, de Terra de Valentes, a banda desenhada que preenche na totalidade a 11.ª edição de Tex Edição Especial Colorida, a surpresa vem do tom inusitadamente realista que marca grande parte da narrativa.

Abrindo com um encontro fortuito de Tex e Kit Carson com um antigo amigo, ex-xerife, agora transformado em criador de gado, que com alguns homens conduz uma manada, através das grandes planícies americanas, até ao local onde a deseja vender, o relato apresenta um retrato interessante e bastante credível dos perigos naturais e humanos que podiam afectar este tipo de transporte. Tempestades, rios, fogo, assaltos de brancos e índios, cansaço, os choques naturais entre os homens que conduziam a manada, preenchem maioritariamente a primeira parte desta aventura.

Aventura que, por esse motivo, assume o tal tom mais realista, não me atrevo a dizer ‘quase documental’, embora acredite que boa parte do que é mostrado corresponda ao que realmente acontecia. O que acaba por transformar também em heróis – embora outro tipo de heróis – todos os vaqueiros que acompanham a manada, num trabalho que exigia muito e os levava a superarem-se e a descobrirem capacidades que desconheciam possuir.

É verdade que, (não) acessoriamente, a narrativa não esquece os aspectos que distinguem – e aproximam! – Tex de outros westerns, pois também inclui os habituais confrontos e tiroteios, perseguições, entre-mediação entre o ranger e tribos índias, um – pouco vulgar neste western – romance, tudo (inevitavelmente) sob a égide do ‘grande’ Tex, mas a verdade é que, para mim, foi o tom realista inicial que predominou nesta leitura.

*Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro

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