As Leituras do Pedro: Dragonero – Amenaza al Imperio

As Leituras do Pedro*

Dragonero: Amenaza al Imperio
Luca Enoch (argumento)
Giancarlo Olivares (desenho)
Panini
Espanha, 27 de Junho de 2019
195 x 259 mm, 208 p., cor, capa dura
ISBN: 9788491679844
19,00 €

Segredos à vista de todos

Uma das imagens de marca das edições Bonelli é a forma consistente como abordam os mais diferentes géneros – sejam eles o tradicional western, com Tex à cabeça, ou, no caso presente, a espada e feitiçaria.
Consistência que assenta em relatos credíveis e bons desenhadores que garantem uma qualidade média invejável, mesmo em séries de longo curso que passam – mensalmente! – por diferentes mãos.
 
A aposta – em anos recentes – em edições de maior qualidade – melhor papel, maior formato, a cores e capa dura – têm permitido a sua descoberta por leitores – supostamente… – mais exigentes, a quem as edições populares tradicionais da Bonelli não enchiam as medidas.

Como é o caso desta terceira incursão da Panini espanhola no universo de Dragonero, mais uma bela edição, em que a narrativa que lhe dá título é complementada com uma outra mais curta passada na adolescência do protagonista e por um dossier que documenta o leitor sobre o universo da série.
 
Em Dragonero, há sinais claros do que (pode) conquista(r) a atenção de boa parte dos seus leitores: o género espada e feitiçaria, sempre popular, bem explorado num universo ficcional novo e ainda em expansão; a introdução de personagens – amigos e vilões, e entre eles belas mulheres! – que permitem incursões no passado dos protagonistas; uma dupla de heróis, estereotipada, é verdade, mas apropriada ao género – Ian, o humano, másculo e inteligente, e Gmor, o ogre, forte, desastrado e colérico – que ajudam a dosear a acção e o suspense com interlúdios mais ligeiros; outras personagens interessantes como o sábio/mago Alben ou Myra, irmã cientista de Ian…
Que desta vez se encontram fora da sua zona de conforto, longe dos grandes espaços abertos, uma vez que toda a acção decorre num espaço (quase) fechado, um castelo em Vàhlendart, a capital do império, onde selvagens e animais, com tanto de espantoso quanto de perigoso, são substituídos pelas não menos mortais intrigas da corte e as lutas internas – ou não… – pelo poder.
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A escolha de aliados e inimigos, a descoberta dos segredos que o próprio edifício encerra, alguns imprevistos, doses equilibradas de suspense, drama, acção, mistério e magia, são o mote de uma aventura que arranca com um atentado contra o príncipe herdeiro, cuja origem Ian terá de enfrentar e impedir, desta vez sem Gmor, marginalizado pelos preconceitos que – então como agora, no nosso mundo real como no mundo ficcional de Erondar – têm lugar e fazem mossa.
O que não a torna menos estimulante ou capaz de prender o leitor, mesmo quando, como é o meu caso, a espada e feitiçaria está longe de ser o meu género de eleição.
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.*Pedro Cleto, Porto, Portugal, 1964; engenheiro químico de formação, leitor, crítico, divulgador (também no Jornal de Notícias), coleccionador (de figuras) de BD por vocação e também autor do blogue As Leituras do Pedro
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