Entrevista com o fã e coleccionador: Júlio Pereira

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Júlio Pereira: Sou de Ribeirão Preto – São Paulo, tenho 52 anos e trabalho numa empresa gráfica.

Quando nasceu o seu interesse pela banda desenhada?
Júlio Pereira: Gosto de ler bandas desenhadas desde a infância, com meus 7, 8 anos. A leitura sempre me fascinou e comecei a ler histórias, como Disney, heróis Marvel e DC e em seguida TEX.

Quando descobriu Tex?
Júlio Pereira: Descobri TEX quando tinha pouco mais de 10 anos através de um amigo da escola. Paixão imediata. Foi o TEX número 72 com a história TEXAS BILL. A segunda história que li foi logo em seguida a de número 71 com a história ASSALTO AO TREM.

Porquê esta paixão por Tex?
Júlio Pereira: Como sempre gostei de ler, e em TEX temos essa questão de aventuras, de histórias com bom roteiro, bem montadas e estruturadas e a sua busca por justiça.
Creio que outro detalhe é por ter 10 anos na época em que o conheci, e já ter gosto por leitura e livros de aventuras (como Jules Verne, Robert Louis Stevenson por exemplo), as revistas de TEX me pareciam mais adultas (do que Disney por exemplo, que sempre gostei, mas de forma diferente) e isso me fascinava.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Júlio Pereira: Creio que se analisarmos unicamente a sua personalidade ou actos de coragem e altruísmo, vários personagens e heróis em quadrinhos têm isso. Claro que isso me impactou, mas creio que além disto temos mais dois factores:
Primeiro, algo que me chamou a atenção desde o início foi o estilo da revista, com histórias longas e roteiros bem elaborados e pelos desenhos em preto e branco. Além disso, conheci a revista numa época clássica com nomes incríveis como o próprio criador G.L. Bonelli e os artistas Aurelio Galleppini, Giovanni Ticci, Erio Nicolò, Guglielmo Letteri, dentre outros.
Os de hoje são excelentes, mas os desenhadores dessa época de ouro eram incríveis e em conjunto com Bonelli criaram verdadeiros clássicos.
E o segundo factor, especificamente para mim, as revistas TEX significam muitas recordações de minha infância, dos sonhos e planos de futuro, das descobertas.
Creio que parte desta admiração e paixão tenha um pouco de nostalgia.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Júlio Pereira: Infelizmente, quando jovem nunca tive condições financeiras de coleccionar a revista, sempre acompanhei, lia através de amigos que me emprestavam ou comprava uma ou outra quando do lançamento, mas nunca pude coleccionar.
De alguns anos para cá resolvi iniciar uma colecção, com isso tenho poucas revistas, e hoje tenho em torno 240 revistas.
A maior dificuldade é que não gostaria de comprar revistas em sebos/antiquários, pois muitas vezes estão desgastadas pelo tempo.
As que mais gosto e são importantes para mim, são da colecção EDIÇÃO HISTÓRICA números 90 (ASSALTO AO TREM) e a 91 (O XERIFE TEX) por serem as primeiras que li na infância.

Colecciona apenas livros do Tex ou também de outras personagens?
Júlio Pereira: Como comecei a coleção há pouco tempo, tenho apenas as revistas.

Qual o objecto Tex que mais gostaria de possuir?
Júlio Pereira: Estou planeando iniciar uma colecção italiana de TEX (Nuova Ristampa, Tutto Tex e Tex), e espero conseguir.
Será a realização de um sonho inimaginável para aquele garoto que há muitos anos não tinha nem a edição brasileira.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Júlio Pereira: Minhas histórias favoritas são TEX número 72 com a história TEXAS BILL e a de número 71 com a história ASSALTO AO TREM, pois foram as primeiras que li.
Mas tem histórias incríveis que gosto muito como TAMBORES DE GUERRA (número 51), A NOITE DOS ASSASSINOS (número 58), A MARCA DO DRAGÃO (número 88), O GRANDE GOLPE (números 107 a 110) dentre inúmeras outras.
Quanto a desenhadores, gosto de todos desta época clássica, mas em especial Galep e Ticci, que para mim é o melhor. Seu traço forte e realista me impressiona até hoje.
Dos actuais gosto muito de Fabio Civitelli, um traço incrível e maravilhoso e também de Alessandro Piccinelli e Claudio Villa que são excelentes.
Com argumentistas, o maior de todos G.L. Bonelli, clássico e atemporal e também Guido Nolitta (saudoso Sergio). Os argumentos de Claudio Nizzi também são incríveis.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Júlio Pereira: O que mais me agrada, é a estrutura das histórias, argumentos bem elaborados e desenhadores fantásticos.
O que menos me agrada? Difícil dizer, não tem nada que não goste, a não ser o facto de não ter mais itens em minha colecção.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Júlio Pereira: Creio que sua luta por justiça e defesa dos mais fracos seja algo marcante em TEX, porém isso é comum a todos os heróis das bandas desenhadas, creio que aliado a isso os grandes desenhadores e argumentistas que trabalharam muito para criar este ícone.
Apesar da passagem do tempo (lá se vão 70 anos), TEX manteve a aura de Bonelli e Galep na estrutura das revistas e suas histórias. Isso é muito marcante.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Júlio Pereira: Devido a questões de trabalho e por ter iniciado a colecção há pouco tempo ainda não, mas pretendo participar de encontros e festivais de banda desenhada com certeza.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Júlio Pereira: Espero que o nosso ranger continue a conquistar fãs pelo mundo, apesar de toda a tecnologia e inovações, os nossos jovens precisam de incentivo à leitura e conservação de valores, muitos deles defendidos por TEX.
Vida longa ao nosso ranger.

Prezado pard Júlio Pereira, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

Um comentário

  1. Eu queria muito ter a coleção do Tex mensal mas tenbo 21 anos e é impossível conseguir. Não seria hora da Mythos relançar Tex mas dessa vez em formato italiano para os jovens leitores conseguirem ler na integra a aventura do ranger? Uma estória longa e que não terá fim igual Tex necessita de relançamento a cada dez ou quinze anos para os novos leitores terem vontade e incentivo a começar a coleção.

    Se alguém da Mythos lesse isso eu gostaria de pedir para ao menos avaliarem essa possibilidade.

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