Dossier de QUATRO PÁGINAS sobre a COLECÇÃO BONELLI no Jornal “Público” de 10 de Abril de 2018

Texto da secção INICIATIVAS de 10/04/2018
Banda desenhada
João Miguel Lameiras


Colecção Bonelli

Aproveitando a comemoração em 2018 dos setenta anos da criação de Tex, a sua personagem mais emblemática, o Público e a Levoir dão a descobrir aos leitores portugueses o melhor da Bonelli, a mais popular editora italiana de BD. Exemplo máximo da riqueza e da diversidade dos fumetti (a BD italiana) a Bonelli não se resume a Tex e a Dylan Dog, os seus heróis mais famosos, já editados em Portugal. São esses e outros personagens, como Dampyr, Martin Mystère, Julia, Mister No, ou Dragonero, ou projectos como a série Le Storie, que chegam finalmente a Portugal numa colecção de 10 volumes, totalmente inéditos. A partir de 12 de Abril, às quintas-feiras são o dia dos fumetti da Bonelli.

Os fumetti da editora Bonelli

Depois da presença de Mater Morbi, uma história de Dylan Dog na série de 2017 das Novelas Gráficas, que provou (se preciso fosse) que uma produção dirigida ao grande público também pode ter qualidade literária, chegou a vez  do Público dar a descobrir aos leitores portugueses o melhor da editora Bonelli, através de algumas das suas personagens emblemáticas, em histórias assinadas por alguns dos maiores nomes da BD italiana e mundial.

Mas para que o leitor perceba do que falamos quando falamos dos fumetti (nome dado à BD em Itália) convém traçar de forma breve a história da editora. Embora só tenha adoptado o nome de Sergio Bonelli em 1988, a história da Editora Bonelli começa bastante antes. Mais precisamente em 1940, quando Giovanni Luigi Bonelli, pai de Sergio Bonelli, cria com a mulher,Tea Bertasi, uma pequena editora de BD chamada Redazione Audace. No final da guerra, quando o casal se decide separar, Bonelli passa à mulher a sua parte da editora, que mudou de nome para Editrice Audace, mantendo-se como colaborador free-lancer. Embora, como revela o seu filho Sergio, Tea nunca tenha lido uma BD antes de tomar conta da editora, revelou-se uma sagaz mulher de negócios e a editora foi prosperando. Entre as novas publicações que foram surgindo,estava uma revistinha de formato horizontal (não por acaso, também conhecido por formato italiano), inspirado no formato das tiras de jornal americanas, protagonizada por um ranger do Texas chamado Tex Willer, cujo imediato sucesso surpreendeu até os próprios autores.

Mantendo-se durante décadas nas mãos dos seus criadores originais (Giovanni Luigi Bonelli só deixou de escrever os argumentos de Tex na década de 80 enquanto Galleppini – ou Galep, como costumava assinar – continuou como desenhador do Tex até à sua morte, em 1994). Tex soube cativar ao longo dos anos um número cada vez maior de leitores, traduzindo-se num caso de sucesso crescente, que atravessou gerações e países.

Mas a editora, que em 1957 Tea passou para o seu filho Sergio (e que mudou de nome para Edizioni Araldo) não se limitava a publicar Tex, tal como Sergio Bonelli não se limitava ao seu trabalho de editor, escrevendo também argumentos sob o pseudónimo de Guido Nolitta. Uma carreira que Sergio sempre manteve a par com a de editor e que tendo começado com a série Un ragazzo nel Far West, ficaria marcada pela criação de personagens ainda hoje em publicação, como Zagor (criado em 1961) e Mister No (criado em 1975 e publicado de forma ininterrupta até 2006).

Uma das razões do sucesso das edições da Bonelli (que se chamariam ainda Araldo e Cepim, antes de adoptar o nome de Sergio Bonelli Editore), para além da qualidade das histórias e dos desenhos, passa pelo abandono do formato de tiras e a criação de um formato próprio de 15 x 21 cm (o chamado formato Bonelli), que vinha de encontro às necessidades do mercado, permitindo fornecer aos leitores edições baratas com muitas páginas, lançadas a um ritmo mensal. Essa receita, que consegue aliar uma produção quase industrial, com capacidade de lançar mais de mil páginas por mês, a uma qualidade muito razoável, nasceu como reacção ao boom da TV privada nos anos 70, que veio provocar uma crise no mercado da BD italiano. Face a uma televisão que oferecia programas gratuitos para todos os gostos, Sergio Bonelli optou por propor aos seus leitores verdadeiras novelas gráficas de quase cem páginas, que abarcam os mais variados cambiantes da aventura, capazes de prender a atenção do leitor durante uma hora, ou mais, que vivem muito da notável capacidade produtiva de uma série de argumentistas de talento, aliado a um leque mais alargado de desenhadores.

A reacção dos leitores italianos a esta nova forma de “literatura de gare desenhada” foi entusiástica. Potenciada pelo grande desenvolvimento dos caminhos-de-ferro em Itália, que criou um público heterogéneo que queria ter algo para ler durante as viagens, algumas revistas de Bonelli chegaram a atingir tiragens próximas do meio milhão de exemplares, para além das constantes reedições de títulos antigos, o que levou à impressionante média de 25 milhões de exemplares vendidos por ano, algo que só é possível graças a um público heterogéneo, que não se restringe aos adolescentes habituais e que engloba também quadros médios e universitários, e até intelectuais como Umberto Eco.

Para além das personagens clássicas, como Tex, Zagor e Mister No, a que se juntaram outras como Martin Mystère, Dylan Dog, Dampyr, Júlia e Mágico Vento, a editora tem sabido renovar-se apostando em novos tipos de séries, de que Dragonero e Le Storie são exemplos.

Mesmo a morte de Sergio Bonelli em 2011 foi superada, graças à dinâmica introduzida pelo filho Davide e a sua equipa, que soube apostar em novos formatos, como os álbuns a cores em formato franco-belga do Tex e incrementou de forma decisiva a presença doas edições da Bonelli nas livrarias.

Por isso, mesmo no século XXI, em que a concorrência dos smartphones leva a que se veja cada vez menos gente a ler nos transportes públicos, é facílimo encontrar os títulos da Bonelli em qualquer quiosque de estação, o que justifica que, apesar da queda geral das vendas nos quiosques, as revistas da Bonelli ainda vendiam em 2014 mais de 500.000 exemplares dos títulos mensais regulares mensais, com Tex e Dylan Dog bem destacados, ao mesmo tempo que as edições para livraria permitiam valorizar o vastíssimo catálogo da editora junto de um público mais sofisticado.

Embora seja um fenómeno marcadamente italiano, as séries de Bonelli também têm procurado o sucesso internacional, estando presentes de forma mais ou menos regular nas livrarias e quiosques do Brasil, Sérvia, Croácia, Turquia, Espanha, França, Estados Unidos e agora Portugal.

AS PERSONAGENS

TEX
Criado em 1948 por Gianluigi Bonelli e Aurelio galleppini, Tex Willer é, depois do Lucky Luke de Morris, o mais antigo cowboy da BD europeia ainda em publicação. Ranger do Texas, Tex tem também uma profunda ligação aos índios americanos, tendo tido um filho, Kit com Lilyth, a filha de um chefe Navajo e sendo ele um próprio chefe de uma tribo de Navajos, que lhe deram o nome índio de Águia da Noite. Só, ou acompanhado pelos seus amigos Kit Carson e Jack Tigre e pelo seu filho Kit, Tex impõe a lei no velho Oste de forma implacável.

DAMPYR
Criado em 2000 por Mauro Boselli e Maurizio Colombo, Harlan Draka é um Dampyr, o fruto da união de um vampiro com uma mulher mortal, alguém que está entre dois mundos e cujo sangue pode destruir os vampiros. Acompanhado por Kurjak, um militar sérvio, e por Tesla, uma vampira que se quer libertar da influência do seu mestre, o vampiro Gorka, Harlan Draka e os seus companheiros percorrem o globo à caça de vampiros e outras criaturas sobrenaturais. Uma missão que os leva a sítios tão diferentes como a antiga Jugoslávia, África, o Japão e, no caso desta colecção, a Portugal.

DYLAN DOG
Criado por Tiziano Sclavi em 1986, Dylan Dog é um detective particular, sediado em Londres e especializado em casos paranormais e fantásticos, visualmente inspirado no actor Rupert Everett, que rapidamente se tornou um verdadeiro fenómeno de culto, cuja popularidade extravasou rapidamente o público tradicional da BD. Ex-alcoólico e vegetariano, com uma irremediável tendência para se apaixonar pelas suas clientes, Dylan Dog é um detective pouco convencional, com um ajudante ainda menos convencional, que é um sósia, a todos os níveis de Grouxo Marx, com um sentido de humor delirante, que serve de alívio cómico ao dramatismo das histórias.

JÚLIA
Criada em 1998 por Giancarlo Berardi, com a colaboração de Luca Vannini na parte gráfica, Júlia Kendall é uma criminóloga e professora universitária, cuja imagem é inspirada na acrtiz Audrey Hepburn, e que tem uma empregada doméstica com as feições de outra actriz famosa, Whoopi Goldberg. Colaborando com a polícia de Garden City – a cidade fictícia onde vive, cujas ruas têm nomes de flores – Júlia Kendall utiliza os seus vastos conhecimentos teóricos para investigar os mais diversos casos de homicídio.

LE STORIE
Inspirada pela mítica colecção Un Uomo, un’Avventura, uma das experiências editorais mais prestigiadas da Bonelli, não tem um personagem fixo. Esta série criada em 2012, acolhe verdadeiras histórias sem heróis, tendo geralmente como pano de fundo um acontecimento histórico concreto. No caso de Sangue e Gelo, esse acontecimento é a retirada das tropas de Napoleão da Rússia, em 1812, em que o “General Inverno” acaba por não ser o único inimigo que as desgastadas tropas do Capitão Lozère têm de enfrentar.

MARTIN MYSTÈRE
Criado em 1982 por Alfredo Castelli, Martin Mystère, o “detective do impossível”, é um verdadeiro “Homem do Renascimento”. Antropólogo, arqueólogo, especialista em História da Arte, Línguas e Cibernética, investigador, apresentador de programas de TV, escritor, aventureiro e iniciado nos cultos isotéricos, Martin Mystére utiliza a sua vastíssima cultura para desvendar os mais variados enigmas. Sediado em Nova Iorque, Mystère enfrenta o perigo com o apoio do seu fiel Java, um corpulento Homem de Neanderthal.

DRAGONERO
Criada em 2007 por Luca Enoch e Stefano Vietti, como uma história única para a série Romanzi a Fumetti Bonelli, Dragonero acabaria por se converter numa revista mensal em 2013. O protagonista desta série que introduz a Heroic Fantasy no catálogo da Editora Bonelli, é Ian Arànil, explorador do Império Erondariano e herdeiro da nobre e antiga casa dos Varliedàrto, os caçadores de dragões. Acompanhado por Gmor Burpen, um ogre com um invulgar gosto pela leitura e pela ninfa Sera, Ian vive as mais incríveis aventuras num mundo de fantasia, cuja complexidade e coerência estão à altura da herança de autores como Robert E. Howard, Tolkien e George R. Martin.

MISTER NO
Criado por Guido Nolitta (pseudónimo que Sergio Bonelli usava par4a assinar os argumentos que escrevia) em 1975, Mister No é um aventureiro radicado na selva amazónica. Nascido Jerry Drake, Mister No é um antigo piloto de guerra americano que depois da Guerra da Coreia, incapaz de se readaptar à vida civil, decide deixar os Estados Unidos e ir viver para Manaus, no Brasil, onde ganha a vida como guia na selva amazónica, o que, por vezes, o leva a envolver em situações que o obrigam a fazer apelo à sua experiência militar.

João Miguel lameiras *
* com agradecimentos a Mário João Marques pelas informações sobre a série Dragonero

AUTORES EM DESTAQUE

TIZIANO SCLAVI

Nascido em 1953, na zona de Pavia, Sclavi desde cedo se mostrou um leitor ávido e um escritor precoce. Tendo ganho um prémio literário aos dezanove anos, o reconhecimento oficial do seu talento não lhe serviu de muito em termos de carreira pois, como refere “o público recebeu os seus livros com uma indiferença entusiástica”, o que o obrigou a trabalhar como jornalista, revisor e argumentista de BD para poder sobreviver, enquanto os seus romances aguardavam por um editor disposto a publicá-los, o que, em alguns casos, como Dellamorte, Dellamore, que funcionou como um ensaio para a série Dylan Dog, só aconteceria depois da BD o tornar famoso.
É precisamente enquanto argumentista de fumetti que Sclavi vai iniciar uma colaboração com a editora Bonelli. Assim, além de criar Gli Aristocratici, com Alfredo Castelli (o criador de Martin Mystère) Sclavi vai assinar argumentos para outras séries da editora, como Zagor, ou Mister No, antes de criar finalmente Dylan Dog, abrindo assim as portas do sucesso com o carismático detective do paranormal, cujas virtudes são gabadas até por Umberto Eco.

ALFREDO CASTELLI
Nascido em Milão em 1947, Castelli é um prolífico escritor, investigador, argumentista e especialista em Banda Desenhada. A sua estreia no género dá-se aos 19 anos com a criação de Scheletrino, uma tira humorística publicada como suplemento da revista Diabolik. No ano seguinte escreve e edita aquele que foi o primeiro fanzine italiano sobre BD, Comics Club 104. À sua actividade como argumentista para diversas editoras e publicações, junta também a escrita de guiões para séries televisivas da RAI e para desenhos animados.
Para a revista  Il Corriere dei Ragazzi cria inúmeras histórias e personagens, como Gli Aristocratici (onde colabora pela primeira vez com Tiziano Sclavi) e Allan Quatermain, que irá servir de modelo para a criação de Martin Mystère, e em que já é bem evidente o gosto de Castelli por histórias muito bem documentadas que misturam o género fantástico e as teorias da conspiração, com a aventura e a História.
Para a editora Bonelli, Castelli escreve argumentos para Zagor, Ken Parker e Mister No, mas é a criação em 1982 de Martin Mystère, o detective do impossível, que o tornou num dos mais importantes argumentistas italianos em actividade.

SÉRGIO TOPPI
Nascido em Milão em 1932, Toppi estreou-se profissionalmente em 1953, realizando uma série de ilustrações históricas para a reedição da L’Enciclopedia dei Ragazzi, da editora Mondadori. A estreia na BD dá-se em 1960, ilustrando uma biografia em BD de Pietro Micca, uma personagem histórica italiana do século XVII, escrita por Milo Milani para o jornal Corriere dei Piccoli.
O seu estilo próprio, em que a rígida divisão da página em tiras e quadrados dá lugar a uma planificação mais dinâmica e artística, que considera a página como um todo, tal como o aspecto pétreo do seu desenho, em que as personagens parecem cristalizadas numa natureza ameaçadora, também ela fossilizada, e o ambiente fantástico que emerge das suas histórias, faz da obra de Toppi, algo único e inesquecível, como os leitores portugueses puderam descobrir com Sharaz-De, a sua pessoalíssima adaptação das Mil e Uma Noites, publicada pelo Público e pela Levoir na colecção Novela Gráfica.
A sua vasta colaboração com a Bonelli, que tem o seu ponto mais alto na mítica colecção Un Uomo, un’Avventura, está representada nesta colecção com as únicas histórias de Júlia e de Martin Mystère que ilustrou.

ENRIQUE BRECCIA
Nascido em Buenos Aires, Argentina, em 1945 e filho de outra lenda da BD, Alberto Breccia, Enrique Breccia é conhecido dos leitores portugueses graças a séries como Alvar Mayor, escrita por Carlos Trillo, mas sobretudo pela Vida de Che, a famosa biografia de Ernesto Che Guevara, que a Levoir editou em 2017, escrita por Oesterheld e que Enrique ilustrou juntamente com o seu pai.
Com uma vasta carreira, dividida entre os mercados argentino, americano e europeu, Enrique Breccia acabaria certamente por trabalhar com a editora Bonelli. Foi o que aconteceu em 2012 com O Grande Nevão, aventura de Dylan Dog publicada no volume 10 desta colecção e em 2016 com Capitão Jack, um Tex gigante escrito por Tito Faraci, com edição portuguesa também prevista.

A COLECÇÃO

Volume 1
Tex– A Lenda de Tex

12 de Abril
Argumento: Manfredi, Burattini, Rauch e Ruju
Desenhos: Biglia, Rubini, Bocci e Tisselli

A honra de abrir esta colecção cabe naturalmente a Tex, que completa 70 anos de existência em 2018. Este volume recolhe quatro histórias a cores publicadas originalmente na revista Color Tex: O Último da Lista, escrita por Gianfranco Manfredi e desenhada por Stefano Biglia; O Mescalero sem Rosto, com argumento de Jacopo Rauch e arte de Alessandro Bocci; Chupa-Cabras!, com texto de Moreno Burattini e grafismo de Michele Rubini; e Desafio na Velha Missão, em que Sergio Tisselli ilustra magnificamente a aguarela uma trama concebida por Pasquale Ruju.

Volume 2
Dampyr – Aventuras em Portugal

19 de Abril
Argumento: Mauro Boselli e Giovanni Eccher
Desenhos: Alessandro Bocci e Maurizio Dotti

Este volume recolhe duas aventuras de Dampyr que têm como cenário o nosso país. Em O Esposo da Vampira, Mauro Boselli e Alessandro Bocci levam o caçador de vampiros Harlan Draka e o seu amigo Kurjak, até Trás-os-Montes, para investigar a lenda do Castelo de Monforte da Estrela, que dizem estar assombrado por uma vampira. Já em Tributo de Sangue história de Giovanni Eccher e Maurizio Dotti, publicada em Itália em 2012 no Dampyr 147, é o Porto, Vila Nova de Gaia e a zona do Douro que servem de cenário a uma história que envolve um fantasma com um traje mirandense e uma tentativa de assassinato na ponte D. Luís I.

Volume 3
DylanDog – A Saga de Johnny Freak

26 de Abril
Argumento: Mauro Marcheselli e Tiziano Sclavi
Desenhos: Andrea Venturi e Giampiero Casertano

Este volume que assinala o regresso de Dylan Dog à edição nacional, recolhe duas histórias escritas por Tiziano Sclavi, o criador de Dylan Dog, a partir de uma ideia do editor Mauro Marcheselli, protagonizadas por Johnny Freak, um jovem mudo e gravemente mutilado. Publicada originalmente em 1993 no nº 81 da revista Dylan Dog, Johnny Freak é considerada como uma das melhores histórias de sempre de Dylan Dog. Este volume recolhe também O Coração de Johnny, uma continuação da história anterior, em que Andrea Venturi cede o lugar a Giampiero Casertano nos desenhos.

Volume 4
Júlia – O Eterno Repouso

3 de Maio
Argumento: Giancarlo Berardi
Desenhos: Sergio Toppi

Em O Eterno Repouso, Júlia Kendall, a criminóloga criada por Giancarlo Berardi investiga um macabro assassinato num lar de idosos, onde um dos utentes aparece literalmente cortado em pedaços. No seu único trabalho para a série, o mestre Sergio Toppi dá mais uma demonstração de todo o seu virtuosismo ao serviço de uma história com sequências, como a do pesadelo, pensadas para tirar o maior partido do seu estilo único.

Volume 5
Le Storie –Sangue e Gelo

10 de Maio
Argumento: Tito Faraci
Desenhos: Pasquale Frisenda

Ambientada em finais de 1812, na Rússia do Czar Alexandre I, Sangue e Gelo tem como ponto de partida a retirada do exército napoleónico, desgastado pela estratégia russa da “terra queimada”, deixando atrás de si centenas de milhar de homens à fome, que lutam pela sua mera sobrevivência num ambiente de gelo e horror. Contrários à ideia de se renderem a um destino aparentemente inelutável, os homens do capitão Lozère partem em busca de um pouco de pão e de um abrigo quente, na esperança de uma improvável salvação, acabando por ir ao encontro de um destino imprevisto.

Volume 6
Tex – Apista dos Fora-da-Lei

17 de Maio
Argumento: Mauro Boselli e Claudio Nizzi
Desenhos: Carlos Gomez e Andrea Venturi

Este segundo volume protagonizado por Tex recolhe duas histórias longas a preto e branco. Na primeira, A Pista dos Fora-da-lei, escrita por Mauro Boselli, com desenhos espectaculares do argentino Carlos Gomez, Tex, Carson e Jack Tigre seguem a pista de um bando de assaltantes de bancos capitaneado por Ozzie Johnson. Na segunda história, O Assassino de Índios, um misterioso assassino aterroriza uma tribo de apaches Jicarilla, ao assassinar e escalpar mais de vinte indígenas. Uma ameaça que só Tex e Kit Carson serão capazes de deter. Publicada originalmente no Almanaque Tex de 1996, esta história escrita por Claudio Nizzi, assinala a estreia de Andrea Venturi (o desenhador de Johnny Freak) na série Tex.

Volume 7
MartinMystère – O Destino da Atlântida

24 de Maio
Argumento: Alfredo Castelli
Desenhos: Cardinale, Orlandi e Toppi

Na primeira das histórias deste volume, O Destino da Atlântida cuja acção se inicia nos Açores, Martin Mystère tem de se aliar ao seu inimigo Orloff para trazer de volta à nossa era o satélite militar que provocou a destruição da Atlântida e de Mu, 10 mil anos antes. O volume termina com Questões de Família, uma história ilustrada por Sergio Toppi, em que a descoberta de uma gravação vídeo traz revelações sobre a presença de extraterrestres no nosso planeta.

Volume 8
Dragonero – A Primeira Missão

31 de Maio
Argumento: Luca Enoch e Stefano Vietti
Desenhos: Manuel Morrone e Cristiano Cucina

Publicada originalmente em 2014, no Speciale Dragonero nº 1, A primeira Missão recorda um episódio do passado de Ian Arànil, o Dragonero, quando este decidiu abandonar o exército do Império e incorporar o corpo dos exploradores. Ian procura o seu amigo, o ogre Gmor, entretanto retirado num mosteiro, para o acompanhar, mas em breve, os dois terão de abandonar o corpo de exploradores e partir em auxílio de um grupo de monges que se encontra preso no interior de uma biblioteca antiga.

Volume 9
Mister No – OVNIs na Amazónia

7 de Junho
Argumento: Tiziano Sclavi e Guido Nolitta
Desenhos: Fabio Civitelli e Roberto Diso

Nesta edição, com uma capa inédita de Fabio Civitelli realizada em exclusivo para esta edição, a queda de um satélite russo em plena selva amazónica vai provocar a destruição do avião de Mister No e a hostilidade dos indígenas, que vêm no estranho fenómeno um sinal dos Deuses. Para além dessa história de Tiziano Sclavi (o criador de Dylan Dog), ilustrada por Civitelli, este volume traz também Garimpeiros, uma história curta escrita pelo próprio Sergio Bonelli (com o pseudónimo Guido Nolitta) e desenhada por Roberto Diso.

Volume 10
Dylan Dog – Os Inquilinos Arcanos

14 de Junho
Argumento: Sclavi
Desenhos: Roi, Breccia e Manara

Dylan Dog regressa para encerrar esta colecção, num volume a cores, que recolhe três histórias curtas. Em Os Inquilinos Arcanos, história em três partes de Sclavi e Corrado Roi, publi- cada originalmente na revista Comic Art, Dylan Dog investiga os estranhos fenómenos que afectam um edifício em Londres.
Em A Grande Nevada, o argentino Enrique Breccia ilustra uma bela homenagem ao Eternauta, de Oesterheld, escrita por Luigi Mignaco. Finalmente, em Bailando com um Desconhecido, Nives Manara, a irmã do mestre do erotismo, Milo Manara, ilustra uma história de fantasmas escrita por Barbara Baraldi.

SERGIO BONELLI: UM HOMEM, MIL AVENTURAS

Nascido em Milão em 1932 e falecido em Monza em 2011, Sergio Bonelli foi não só um dos maiores editores europeus de Banda Desenhada, responsável pela criação de um império editorial cuja actividade prossegue pela mão do seu filho Davide, mas também um prolífico argumentista e um incansável viajante.

Filho de Giovanni Luigi Bonelli, o criador de Tex, Sergio esteve ligado à edição desde muito novo, trabalhando na editora Audace, que o seu pai fundou e que, em 1946 passou para a sua mãe, Tea, quando os dois se separaram. Em 1957 sucede à mãe no comando da editora, ao mesmo tempo que concilia a  par te administrativa com a actividade de argumentista, com o pseudónimo de Guido Nolitta, nome que encontrou numa lista telefónica e que usou para não ser confundido com o pai. A sua estreia  como  escritor de BD deu-se em 1958 com a série Un Ragazzo nel Far West, mas o seu primeiro grande sucesso chegou em 1961, com a criação de Zagor, personagem que, confessa, resultou da tentativa de “fazer algo especial para um público especial, misturando as mais variadas referências. A minha aposta foi fazer uma espécie de Frankenstein, pegando num bocado do Tarzan, outro bocado do Super- Homem, etc… E a coisa funcionou!”

Outra criação sua foi Mister No, um aventureiro na Amazónia, que sempre foi a sua personagem favorita, mas além disso escreveu também diversas histórias de Tex, embora a sua prioridade fosse o trabalho de editor, marcado pelo respeito pelos autores, a quem dava grande liberdade para desenvolver os seus próprios projectos, como aconteceu com Tiziano Sclavi em Dylan Dog e com Alfredo Castelli em Martin Mystère.

Mas o contributo de Sergio Bonelli para a BD italiana, não se fica só pelas revistas mensais que editou, que mostram que a BD de qualidade não tem que ser necessariamente luxuosa e cara. Também apostou em outros formatos, a começar pelos famosos “Texones”, as edições anuais do Tex em formato grande, assinadas por grandes nomes da BD Mundial, como Buzelli, Alfonso Font, Magnus, Jordi Bernet, Joe Kubert, ou Enrique Breccia. E promoveu também projectos de grande importância como a mítica série Un Huomo, una Aventtura, por onde passaram os maiores nomes da BD italiana, como Hugo Pratt, Milo Manara, Guido Crepax, Dino Battaglia, Sergio Toppi e Guido Buzzelli. Isto para além de ter dado  a grandes desenhadores espanhóis como Victor De La Fuente, Esteban Maroto, José Ortiz, Alfonso Font, ou Manfred Sommer, a possibilidade de prosseguirem uma carreira na BD de acção e aventura, quando terminou o boom das revistas de BD em Espanha.

Copyright: © 2018 Público; João Miguel Lameiras
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6 Comentários

  1. Uma pergunta: estes livros que vão ser publicados pelo “Público” são a preto e branco ou a cores?

  2. Vai ser sucesso total, e acredito que veremos novos volumes este ano. Quem sabe o Dorival se inspire e lance edições de luxo para livrarias destes heróis no Brasil?

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