A Opinião do Rui: Revista nº 6 do Clube Tex Portugal

Por Rui Cunha

Rui Cunha e as duas versões da Revista nº 6 do Clube Tex Portugal

Em 1927, o poeta português, Fernando Pessoa (do qual o autor deste texto não é apreciador), foi abordado pela Coca-Cola para criar um slogan publicitário. Depois de a provar, escreveu “Primeiro estranha-se e depois entranha-se”.

A frase, claro está, não foi aceite e foi até censurada na altura por incentivar ao consumo de substâncias consideradas ilegais, mas acabou por ser uma das frases-chave do autor em questão e, desde então, muito utilizada nas mais variadas circunstâncias para as ilustrar.

Saltamos no tempo e chegamos ao Portugal de 2013, quando um grupo de fãs duma figura de banda desenhada, durante uma mostra dessa mesma figura, resolve,no decorrer de um jantar, criar um Clube Português exclusivo dessa personagem. Estranhou-se a ideia, a principio, mas esta acabou por ser aceite por unanimidade e entranhou-se completamente em  todos os presentes e também naqueles que não estavam lá.

Um ano mais tarde, em 2014, com o Clube entranhado um pouco por todo o mundo, nasce outra ideia ainda mais arriscada que a primeira: a criação de uma revista dedicada a essa personagem. Da ideia ao acto foi um saltinho. O primeiro número dessa revista dedicada a Tex Willer, o Ranger mais famoso do Oeste, viu a luz em finais de 2014 e foi um enorme sucesso, tão grande que hoje em dia esse mítico nº1 está esgotado. Quatro anos depois da criação do Clube Tex Portugal e seis números depois da Revista Clube Tex Portugal, apesar de inúmeras contrariedades que surgiram, da estranheza da ideia inicial e do entranhamento posterior, esta é, seguramente, uma aposta ganha.

Quando folheia  uma qualquer revista normal,  o leitor, inevitavelmente, procura razões que o levem a adquiri-la, quer seja pela capa, pelo artigo (ou artigos) que lhe interessem, ou, até, simplesmente pelo custo. No caso da revista do Clube Tex, todos os motivos atrás referidos estão presentes e, se calhar, alguns outros também.

Ao longo das 54 páginas que a Revista contém (se não me engano é a que contém  maior número de páginas desde o seu lançamento), aquilo que nos desfila perante os olhos é puro deleite para qualquer fã do velho Oeste.  Quer sejam os artigos referentes a Massimo Rotundo, um dos desenhadores oficiais do Staff da Editora Bonelli (que  presenteia os leitores com não uma, mas sim duas capas neste número),  o especial dedicado a Giovanni Ticci e aos seu 50 anos como desenhador (dossier preparado e escrito por quem sabe destas coisas!), outro dos nomes grandes do Staff de desenhadores da Editora, o artigo sobre Mefisto (o arqui-inimigo de Tex, preferido de muitos fãs) está muito interessante, bem escrito e principalmente, bem ilustrado (o que faz com que o artigo que este leitor escreveu sobre Mefisto e já publicado na Revista, seja apenas um pequeno ensaio sobre a personagem!). A cereja no topo do bolo é, claro está, “Morte no Deserto”, uma história curta, colorida e, segundo o editorial, nunca antes publicada a cores em português,  escrita por Claudio Nizzi, ilustrada por Giovanni Ticci e, pasme-se, balonada num português quase perfeito!!!

Tirando estas pequenas excepções,  toda a Revista é apresentada e feita com muito cuidado e dedicação por parte duma equipa preocupada e vocacionada para o produto. Como sempre, estão lá os “Suspeitos do Costume” para rever o material antes deste chegar às mãos do leitor. Parabéns à equipa liderada pelo Mário Marques (suspeito nº2) e pelo José Carlos Francisco (o suspeito nº1!!) pelo cuidado e dedicação que têm por este “Jovem” Ranger prestes a cumprir 70anos de idade!! E também a todos os outros “suspeitos” (Staff da Revista ou não!) que fazem com que este produto nos chegue à mão e sempre recheado de motivos interessantes e de qualidade.

Desde há algum tempo atrás, que a revista do Clube oferece aos seus leitores a possibilidade de escolher entre duas capas desenhadas especialmente para o efeito por desenhadores pertencentes aos quadros da Bonelli. A qualidade de cada capa é tal que torna difícil a escolha de uma só, portanto o que há a fazer é escolher ambas! O que eu, como leitor  e colaborador da Revista (colaboração essa que faço com o maior prazer e gosto que se possa imaginar!), faço e como o fazem também inúmeros leitores e sócios do Clube Tex Portugal. Também para este número 6, como já referi atrás, foram desenhadas duas capas distintas por Massimo Rotundo que, segundo informação, quando convidado para ilustrar este número da Revista, se disponibilizou de imediato para o efeito. Dois desenhos, dois belíssimos desenhos ilustram a Revista: num, Tex  e o seu cavalo, saúdam todos os seus fãs numa bela capa desenhada sobre um fundo branco, mais simples que isto será difícil!; No outro desenho, Tex e Kit Carson,  cavalgam sobre uma paisagem quase outonal  e mais velho Oeste que isto não poderia ser! Duas capas distintas, um mesmo objectivo: tornar a escolha do leitor mais difícil.


Em suma: uma revista feita por fãs, para fãs de uma certa literatura e um certo tipo de aventura que parece só agora estar a chegar a Portugal, apesar de Tex Willer já cá andar desde 1948 quando nasceu da mente criativa de Gian Luigi Bonelli e Aurelio Galleppini.

Obrigado ao Clube Tex Portugal por existir e à revista do Clube Tex Portugal por nos permitir sonhar e viajar a um tempo onde tudo era muito mais interessante.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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