Vida difícil, EM PORTUGAL, para Tex e demais personagens Bonelli


Por Nuno Pereira de Sousa [1]

* Distribuidora encerra. E agora?

– A Distrinews II inicia o processo de insolvência. Quem vai agora distribuir as publicações de banda desenhada que dependiam dela?

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Nos últimos anos, a distribuição de banda desenhada nos pontos de venda de periódicos tem sido constantemente criticada pelos leitores, apontando a dificuldade de encontrar as publicações que desejam nos pontos de venda a que se dirigem (agravado na época estival, altura em que uma percentagem significativa da distribuição se centra no litoral), da dificuldade da banca solicitar às distribuidoras material que não lhes é remetido em tempo ou da incapacidade do leitor comunicar com as distribuidoras (ou, quando o consegue, não receber informação acertada e relevante). Seja qual for a distribuidora, as críticas mantêm-se.

Em Setembro – e quiçá nos próximos meses – a distribuição de BD nos pontos de venda será agravada. A Distrinews II – Distribuição de Publicações, responsável pela distribuição de muitas publicações de BD, suspendeu o seu serviço.

Se, há alguns meses, a Urbanos Press tinha alterado o seu nome para Distrinews II e reduzido a sua actividade – com diversas publicações a terem de alterar o seu dia de lançamento nas bancas devido à Distrinews II deixar de realizar distribuição nesses dias da semana -, a partir desta terça-feira, dia 5, teve efeito a total suspensão do serviço, indo-se iniciar um processo de insolvência.


Relembra-se que a Urbanos Press tinha comprado a distribuidora Logista em 2013, com a Urbanos como accionista maioritário (70%), a par do Público (10%), A Bola (10%) e o Diário Económico (10%). Com a diminuição da sua actividade, os jornais diários já tinham passado a ser distribuídos pela VASP.

Várias editoras, incluindo a Goody, tinham denunciado o seu contrato com a Distrinews II, por ausência de pagamentos desde Março, passando a sua distribuição a ser realizada pela VASP este Verão. Para essas editoras cuja questão da distribuição está resolvida, os problemas são agora a recuperação dos montantes em atraso, bem como reaver as publicações que estavam nos armazéns da Distrinews II, algo que poderão não conseguir.

Para as demais editoras que não contratualizaram ainda outra distribuidora, o problema é maior, pois não têm como distribuir as suas publicações nos pontos de venda de periódicos. Uma das editoras que viu os seus problemas já existentes – em processo de liquidação – agravados com esta situação foi a Motorpress, que edita também de modo aperiódico os álbuns de banda desenhada As Odisseias de um Motard do português Luís Pinto-Coelho. As suas publicações passaram a ser distribuídas pela VASP desde o dia 7 de Setembro, enquanto a editora tenta procurar soluções que não a insolvência.


E as demais editoras de publicações de banda desenhada que eram distribuídas pela Distrinews II? As opções que têm não são muitas, uma vez que a VASP, detida em partes iguais pela Cofina Media (Correio da Manhã, Negócios, Sábado), Global Media Group (DN, JN) e Impresa (Expresso, SIC), garante, desta forma, praticamente o monopólio do mercado.

Fomos informados por diversas fontes que a VASP se encontra a recusar propostas de algumas editoras para realizar a distribuição dos seus produtos, bem como ter como política não trabalhar directamente com editoras estrangeiras. Existindo várias editoras de banda desenhada nesta situação – quer as que utilizam unicamente os pontos de venda de periódicos como canal único de distribuição, quer as que o utilizam como complemento ao canal livreiro – os leitores  terão de aguardar para verificar o que realmente chegará este mês às bancas daquilo que estava planeado, sejam publicações nacionais ou importadas.

Mais importante será que estes problemas financeiros (ausência de pagamentos) e logísticos (não recuperação do material nos armazéns da Distrinews II e perda do seu serviço de distribuição) não venham a colocar em causa a existência das editoras cuja distribuição era realizada pela Distrinews II.

[1] (Texto publicado originalmente no Bandas Desenhadas, em 8 de Setembro de 2017)

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

3 Comentários

  1. Torcemos para que tudo se resolva…a situação das distribuições é em todos os países!

  2. Que “angu de caroço” existe algo desconhecido envolvendo o poder da mente, e a “Lei da Atração” de fato somos todos um no Brasil também vivemos algo “Quase parecido” deficiências na distribuição de revistas, nenhum título da Panini apareceu na revistaria que eu frequento, e por trás dos panos se fala em “Golpes” “monopólios”, “traições”, “falências”, “compra de distribuidoras”, “boicote a certas publicações” e o diabo a quatro… vou assinar o Tex Gold, pra garantir, pois a coisa tá complicada… sorte do povo português é que pela mecânica quântica, por ser um País menor, tem menos problemas… inclusive na matéria do último Tex mensal o Hélcio (Mythos) de Carvalho, comenta de leve os boicotes da Abril a eles quando resolveram rodar gibis e andar com as próprias pernas.

  3. Nossa, que situação.
    Aqui no Brasil a Panini acaba de tomar para si a própria distribuição saindo da Total, ex Dinap, inclusive o presidente do grupo no País deu uma entrevista ao uHQ:

    http://www.universohq.com/noticias/exclusivo-presidente-da-panini-fala-sobre-novo-sistema-de-distribuicao/

    Contudo a Editora afirma que não criou uma nova Distribuidora, ela apenas trouxe para dentro de casa aquilo que não estava funcionando e, que em outros Países ela já tinha feito. Fala ainda que no primeiro mês do modelo (setembro) certamente haveria problemas de atrasos de títulos em bancas, calhando com o que falou o Pard Jim Halley.

    Bom, são os sinais dos tempos, daqui a pouco só teremos HQs virtuais 🙁

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