Um dia (com Tex) no Amadora BD 2016

Por Fernando Videira

Aproveitei o feriado do dia de todos os santos para dar um salto até à 27ª edição do Festival BD da Amadora. Fiquei especialmente contente com o “cantinho do Tex”, dedicado à obra publicada pela Polvo – Patagónia de Pasquale Frisenda. Na verdade, foi respeitado ao pormenor o espírito da obra deste autor, quer no mapa que cobre o chão, quer na figuração que envolve as paredes circundantes e que nos coloca inapelavelmente no centro da acção.

Esta sala é, na verdade, a mais concorrida pela presença contínua de visitantes, pela imperiosa necessidade das selfies tão ao gosto do português que se preze. Parabéns, pois, pela iniciativa. No entanto, quando nos detemos no espaço comercial, miseravelmente apenas constatamos a comercialização de “Patagónia” e “Tempestade sobre Galveston“. Mais nenhum título da obra texiana se vê à venda! Urge pois reformular o panorama editorial português, já que se nota cada vez mais interesse nesta personagem do Faroeste americano.

Foi contudo com espanto que reparei num título exposto numa das bancadas, o qual não faz qualquer referência ao Tex. Descobri com agrado esta publicação da Mosquito (versão em francês) de Tisselli & Ruju que me despertou a atenção. Uma história curta sobre uma questão de honra. A mulher de um coronel é raptada por um apache e levada para a sua tenda. Tex e Carson conseguem resgatá-la e levá-la de volta para o forte, mas o orgulho e o preconceito do coronel levam-no a enviá-la para longe, quebrando-se a empatia pelo laço matrimonial. Esta, sentindo-se rejeitada, resolve voltar para o raptor e seguir o seu destino.

O jogo de aguarelas utilizado por Tisselli é fabuloso, com especial destaque para os pormenores do rosto humano e para o jogo de sombras dos espaços envolventes.

Ressalta um tanto caricato o vestuário apresentado pela esposa do coronel, um tanto “arlequinesco” tão ao gosto dos impressionistas franceses do início do século vinte.

A não perder pois esta obra a cores que vai fazer as delícias dos texianos e ao mesmo tempo fazer a ponte com outras obras sobre o faroeste, na linha de um Hermann ou de um Marini.


2 Comentários

  1. Caro José,

    Obrigado pela sua revisão do artigo. Acontece que no dia 1 de novembro, não havia mesmo à venda o “Tempestade sobre Galveston“.
    Ainda em relação ao “Prisonnière des Apaches“, não compreendo a inexistência de qualquer referência a Tex Willer (tanto na capa como na sobrecapa), na medida em que se trata de uma publicação autorizada pela Sergio Bonelli Editora.

    Fernando Videira

  2. O Prisonniere des Apaches está à venda no stand do Dr Kartoon, no AmadoraBD e ainda há uns 3 ou 4 exemplares. Foi uma bela surpresa, pois não conhecia a história. Só é pena a ausência de referências ao Tex na capa, mas a Mosquito é assim. Nos dois livros do Dylan Dog que editaram, o título da série aparece na capa, mas num formato minúsculo…

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