Entrevista com o fã e coleccionador: Airton Bruno Viana

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Airton Bruno Viana: Nasci em 5 de Fevereiro de 1989, na cidade de Fortaleza, Estado de Ceará, Nordeste do Brasil. Profissionalmente actuo como advogado com foco no ramo cível e trabalhista. Nas horas vagas sou músico e ávido leitor de banda desenhada.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Airton Bruno Viana: Foi algo tão natural para mim que nem me lembro direito. Antes mesmo de conseguir ler a minha mãe já comprava para mim quadrinhos do Maurício de Sousa justamente para me incentivar a aprender mais rapidamente. Depois que aprendi e fui crescendo, o interesse só aumentou e até hoje, aos 27 anos, ainda sou um ávido leitor.

Quando descobriu Tex?
Airton Bruno Viana: Foi no início dos anos 2000. Eu estava procurando novos títulos para conhecer, visto que já não lia mais os títulos do Maurício de Sousa e estava um pouco enjoado das personagens da Marvel e da DC. Sendo assim, quando vi a revista Tex 376, A Pedra de Akbar, na banca da padaria, os meus olhos brilharam e Tex caiu como uma luva para aquela sede de coisa nova que eu buscava. Até hoje lembro-me como se fosse ontem o dia desse primeiro encontro e, mais uma vez, minha mãe bancando a minha leitura. Nunca tinha visto ou ouvido falar de Tex e muito menos da Bonelli Comics.

Porquê esta paixão por Tex?
Airton Bruno Viana: É algo que não consigo explicar. Acredito que seja por que a personagem tem, na sua grande maioria, boas histórias e valores dos quais comungo além de ter um senso de humor na dose certa. Enfim, o facto é que eu não consigo parar de ler.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Airton Bruno Viana: Para o cenário cultural em que eu me encontro, tanto no aspecto temporal como geográfico, o género “faroeste” já o torna bastante diferente. Além disso, Tex é uma personagem que transitou por vários cenários e teve vários tipos de inimigos. Enfrentou desde bandidos de estradas e traficantes de armas até zumbis e feiticeiros. Isso, com certeza, fez a diferença para manter o Ranger sempre interessante.


Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Airton Bruno Viana: Minha colecção tem menos revistas do que realmente deveria. Algumas revistas doei para primos e amigos que ficaram curiosos sobre a personagem, outras eu vendi para outros coleccionadores. Cheguei a ter tantas revistas que perdi a conta. Como tinha dificuldade de cuidar da colecção, resolvi ficar somente com o essencial, aquelas histórias que eu não poderia me desapegar. Dá um total de 111 exemplares. As mais importantes são as que o emocional está envolvido. Por exemplo, a Tex 376, a primeira da minha colecção e a que iniciou essa mania por Tex e pela Bonelli. Tem uma Tex Coleção de 1994, nº 84, Editora Globo, que o pai de um amigo me deu quando soube que eu era coleccionador e tem também uma Tex original italiana, L’Artiglio Della Tigre, que outro grande amigo trouxe para mim da Itália. Isso, inclusive, é uma coisa que eu acho muito boa: as pessoas lembram de você por causa de Tex e, às vezes, ajudam você na sua colecção.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Airton Bruno Viana: Não. Infelizmente somente colecciono os impressos de Tex. O restante do todo ainda não foi lançado no Brasil e importar pelo Ebay, para mim, não é um negócio viável.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Airton Bruno Viana: Como aqui no Brasil nunca lançou-se nada além dos impressos de Tex, nunca adquiri nada. É uma pena, tem muita coisa que eu gostaria de ter, como as miniaturas do universo Tex e a estátua de resina que foi lançada dia desses.


Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Airton Bruno Viana: A minha história favorita é a do El Muerto, Pueblo Perdido e A Última Fronteira. Meus desenhadores favoritos são Giovanni Ticci, Fusco e Claudio Villa. Argumentista seria o Nizzi e o próprio Gian Luigi Bonelli.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Airton Bruno Viana: O que mais me agrada é o modo como Tex e seus parceiros se aventuram pelo Oeste enfrentando os mais variados tipos de inimigos e situações. O que menos me agrada é o estado imutável em que as personagens se encontram. Elas não envelhecem, o jovem Kit não casa… apesar de serem bem humanos, são bem raras as histórias em que em que eles se apaixonam, em que eles falham, enfim, raros os momentos em que eles são expostos aos limites e tentações provenientes do facto de serem de carne e osso. Isso, inclusive, é algo que acredito dificultar a renovação do público de Tex. Para se ter uma ideia, não conheço outro leitor de Tex da minha idade, por isso doei tantas revistas para primos e amigos.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Airton Bruno Viana: A constante qualidade das suas histórias, de seus artistas gráficos e, principalmente, o carisma de Tex e seus parceiros. Mas, acima de tudo, o que torna Tex e qualquer outra personagem grande e longeva é o seu público grande e fiel, coisa que Tex teve a capacidade de adquirir e manter. Não é qualquer personagem que consegue isso, sabe?

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Airton Bruno Viana: Infelizmente não. Na minha cidade os coleccionadores de Tex são de uma faixa etária bem mais avançada e não se empolgam com esses tipos de encontros, ao contrário do público da Marvel, DC e dos Mangás japoneses que é bastante jovem e possui aquele ânimo de compartilhar a preferência editorial deles com os iguais, sabe? Os raros encontros que tenho com um ou outro deles é para compra ou troca de revistas. Teve uma história meio curiosa que aconteceu bem no início da minha colecção. Um senhor coleccionador de Tex, ao me ver comprando exemplares do Ranger numa banca, ficou abismado com o facto de que um pequeno garoto os estava comprando e perguntou, achando que eu estava comprando para alguém: É seu pai ou seu avô que colecciona? Quando lhe disse que eu era o coleccionador, ele ficou surpreso e soltou um sorriso. Foi aí que percebi que poucos jovens adquirem as publicações do Ranger, pelo menos na minha cidade.


Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Airton Bruno Viana: Vejo o futuro dele mais ou menos como está hoje. Nesses últimos dez anos Tex não mudou quase nada e ainda possui a mesma linha de argumento. O que melhorou foi a diversificação de sua publicação aqui no Brasil e, em alguns casos, a edição vem com materiais de primeira qualidade e coloridos, como é o caso da Tex Edição Gigante em Cores. Pena que o preço fica inviável para a grande maioria dos leitores de Tex. Espero estar completamente errado com relação ao futuro de Tex, a personagem precisa continuar evoluindo e acompanhando o público.

Prezado pard Airton Bruno Viana agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

4 Comentários

  1. Parabéns pela ótima entrevista pard Airton Bruno!! Sempre bom ver uma galera mais jovem frequentando as pradarias do mundo do inoxidável ranger, que muitos anos de boas leituras e maravilhosas aventuras continue para deleite dessa modesta nação texiana, melhor falando Bonelliana.

  2. Tive contato com Tex a partir desse rapaz, Airton Bruno! Haha.
    Ele me deu 4 histórias grandes e uma pequena, anual, de aniversário. Gostei bastante. É um estilo bem desenvolvido, expressivo e de fato com o humor na dose certa. A partir dai comprei Tex o Herói e a Lenda!
    Recomendo a todos.

    Abraços.

  3. Parabéns pela entrevista. Convido para assistir ao Tex Show onde estamos a falar sempre de Tex e seu mundo de aventuras. Tex Show está no YouTube.
    Saque hombre!

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