Vídeo: Cabeleireiro brasileiro colecciona revistas de Tex Willer

Cabeleireiro colecciona revistas de cobói justiceiro

Por Elton Rodrigues [1]

Ademilson com parte de sua colecção de Tex

Cabelos, faroeste e histórias aos quadradinhos. Aparentemente esses três itens parecem não ter nenhuma relação. Mas basta conhecer o rio-pretense Ademilson da Silva, 50 anos, para qualquer pessoa mudar de opinião. Cabeleireiro de profissão, ele é fã assumido e coleccionador de revistas. Mas não é qualquer revistinha. Tem de ser da personagem Tex, um dos mais famosos cobóis dos quadradinhos. Todos os meses, além de pagar as contas, trabalhar e honrar todos os compromissos normais, ele não deixa de passar em uma banca de revistas. Rotina que faz há 40 anos. Em quatro décadas de paixão pelas revistas, ele conseguiu ler e reunir todas as 540 edições disponíveis.

Quando estou muito estressado, vou logo ler. É relaxante e desestressa. Isso para mim é uma terapia, esqueço todo o resto quando mergulho nas histórias“, disse. O mergulho no mundo Tex começou aos 10 anos de idade, quando ganhou a sua primeira revista do cobói do pai, que havia viajado a São Paulo. Gostou tanto da história que passou a comprar mais exemplares. Na época, trabalhava como office-boy e usava parte do dinheiro para comprar as revistas. “Minha mãe não queria que eu comprasse mais, então fazia hora extra no trabalho para pagar a banca. Eles têm um jeito diferente de contar as histórias“, explica.

Ademilson não parou mais. Casou-se, teve três filhos e continuou mantendo o hábito de todos os meses comprar e ler a história mais recente. Só deixa de ler quando o enredo do mês actual só termina na edição seguinte. “Às vezes, ficava até chateado porque começava a ler em um mês, aí a história ficava pela metade. Por isso, agora espero chegar o do próximo mês para ler completo“, disse.

Cuidados

As revistas são cuidadosamente guardadas em caixas, organizadas por número da edição. O mais apreciado, claro, é o primeiro exemplar, de 30 de Setembro de 1948. Outros predilectos são os de edições comemorativas, como o de número 500. Além da edição especial, a editora lançou um exemplar que traz as imagens de todas as capas já publicadas. “Vejo as capas e lembro das histórias. Meus filhos perguntam-me como consigo lembrar de histórias que li há 10, 15 anos atrás. Não sei explicar, deve ser porque sempre gostei muito“, disse.

Exemplares da colecção de Ademilson

Sem espaço

Por causa da paixão pelas revistas, as brigas por espaço em casa são constantes. Afinal são caixas e caixas. Não só de Tex. O cabeleireiro ainda tem 250 exemplares de revistas do Conan e outras centenas do Tarzan e Epopeia Tri. “Sempre gostei muito de faroeste e super-herói. Já li exemplares de diferentes personagens, mas o que mais me chamou a atenção foi o Tex. Tem uma que é muito boa. Ladrões de gado raptam o filho dele e demoraram quatro edições para conseguirem salvá-lo. Por causa dessa e outras histórias que comprei todas. O difícil é achar espaço para guardar“, disse. As revistas são guardadas em caixas de papelão o que incomoda a mãe, com quem mora. “Quando ela soube que eu ia dar entrevista sobre a colecção, falou que seria bom para atrair algum comprador, mas eu falei para ela: – e quem disse que eu quero vender?“.

Justiceiro do Velho Oeste

Tex foi criado pelos italianos Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Galleppini. O cobói é uma das personagens de western mais antigas e populares da história dos quadradinhos. Há versões traduzidas em diversas línguas. A personagem que dá nome à revista é um policial justiceiro do Velho Oeste americano. Forte e rápido no gatilho, Tex sempre é chamado para missões especiais. É um justiceiro que vai ao encalço dos assassinos e criminosos.

No começo, as histórias eram publicadas no formato de tiras, com no máximo três quadradinhos. Cada semana saía uma edição com 32 páginas e uma aventura levava várias semanas para chegar ao fim. Hoje, as revistas têm textos mais longos e mais elaborados. As ilustrações se mantêm nos tons preto e cinza, excepto na capa e algumas edições especiais . No enredo, um cenário típico do Velho Oeste americano, principalmente no Estado do Texas, que mostra a cultura dos índios, a vida dos pioneiros das cidadezinhas e muita ação, com tiros, cavalgadas e perseguições.

Veja de seguida o vídeo da reportagem:

[1] Texto de Elton Rodrigues apresentado no Diário Web em 2 de Janeiro de 2015.
Adaptação a cargo de José Carlos Francisco.
Copyright: © 2015, Elton Rodrigues

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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