ESCRITO NA AREIA: Um Western de Jorge Magalhães, ilustrado por José Pires

O blogue do Tex inaugura hoje uma nova rubrica, intitulada “Histórias do Oeste“, destinada como o próprio nome já indicia, a contos ligados ao Western, contos escritos e ilustrados por grandes nomes ligados à BD como este primeiro conto já o prova, mas também é uma rubrica aberta a todos os visitantes do blogue do Tex que gostem de escrever (e ilustrar) histórias do género, pelo que aqui fica o convite a todos que o desejarem para a execução de tais trabalhos.

Começamos esta nova rubrica com um conto da autoria da prestigiada dupla Jorge Magalhães (texto) e José Pires (ilustrações), que se intitula “Escrito na Areia” e tem como protagonista, um fiel amigo de Tex Willer:  GERONIMO!
(Para aproveitar a extensão completa e com melhor qualidade das imagens abaixo, clique nas respectivas imagens)

Antes do conto propriamente dito, vamos a uma apresentação dos autores:

Mundo de AventurasJorge Magalhães, desde tenra idade que está ligado ao western. De facto, o primeiro conto que publicou chamava-se “Terra Selvagem” e era uma  romântica  recriação  de muitos filmes  e  histórias  aos quadradinhos dedicados ao Oeste americano, que fizeram as delícias da sua meninice e juventude nas décadas douradas de 40 e 50. Saiu no Mundo de Aventuras nºs 491 a 493, em Fevereiro de 1959 (quase há 50 anos!), e teve a honra de ser ilustrado por José Batista (Jobat), que actualmente, coordena a secção “9ª Arte”, no semanário O Louletano.

Mais tarde, publicou outros contos, mas de temática diferente, no Mosquito (2ª série), editado e coordenado por José Ruy, e no Pisca-Pisca, uma boa revista de características didácticas.
Terra SelvagemEm Angola, para onde partiu com a família, em 1961, na qualidade de funcionário público, continuou a escrever, colaborando nalguns jornais e revistas de Luanda e da metrópole (nome com que, então, se designava este torrão natalício), mas foi no seu regresso, em 1973, ao ingressar por um  feliz  acaso  na  Agência Portuguesa  de Revistas, que retomou o contacto com o Mundo de Aventuras, e precisamente com outro western, “Natal na Montanha“, publicado no nº 11 da 2ª série, em 13-12-1973.
Depois, já nas funções de coordenador, escreveu mais alguns contos do género, quase sempre com o pseudónimo de Roy West… escolhido a dedo, num momento de inspiração.

A Sombra do Gavião por A. TrigoQuando, em 1979, conheceu o desenhador Augusto Trigo, a sua carreira de argumentista, que começara pouco antes, conheceu novo impulso e logo a primeira história de BD que fez com o Augusto  Trigo foi, como não podia deixar de ser, um western, baseado num conto que saíra anteriormente no Mundo de Aventuras, um dos primeiros que assinou com o pseudónimo de Roy West.

A Sombra do GaviãoComo ambos partilhavam a mesma paixão pelo western, essa história, publicada  no  nº 369  (2ª série), de 6-11-1980, com o título “A Sombra do Gavião“, revelou de imediato as enormes potencialidades do Augusto  Trigo  no  campo da  BD e do  western  em particular, abrindo caminho à criação de dois  episódios  da  série “Wakantanka“  –  que, para muitos, constituem o cume da sua arte – inspirados também na temática do Oeste, embora num sentido menos tradicional, mais na linha de “Mágico Vento”…  que  nesse  tempo ainda não tinhamos a ventura de conhecer,  pois  nem  sequer tinha sido criado.

O Último CombateAlém do Mundo de Aventuras, participou também, com o saudoso Orlando Marques, um dos maiores cultores do “western” em Portugal, na colecção Shane, onde, nos anos 80,  publicou  dois  livrinhos, com bizarros pseudónimos escolhidos pelo editor… o que, aliás, aconteceu também ao Orlando Marques.

Era assim naquele tempo… em que os editores punham e dispunham do trabalho dos artistas, mesmo sem grande conhecimento de causa.  De  facto,  alguns desses pseudónimos eram verdadeiramente estranhos, até em inglês… para já não falar dos títulos, que quanto mais gritantes melhor, na óptica desses tais editores!

O Último CombatePara terminar a apresentação de Jorge Magalhães, e a título de curiosidade, referimos ainda que o seu último conto publicado até agora foi este  ”Escrito na Areia“, dado à estampa nas Selecções BD nº 20 (2ª série), em Junho de 2000, já lá vão oito anos. Outro western, para encerrar o ciclo…

Devemos entretanto dizer que há outra versão,  menos  completa,  deste conto, publicada no M.Av. 474, de 11-11-1982, com o título “O Último Combate” e ilustrações do Augusto Trigo. Por sinal, o seu último conto para o Mundo de Aventuras. Mais coincidências… e para terminar, informamos que esta versão do conto destinada ao blogue também teve modificações, não sendo, portanto, a mesma que saiu nas “Selecções BD“, há oito anos, ou seja as alterações foram feitas já a pensar no blogue o que valoriza ainda mais esta nova rubrica e o conto em si.

José Pires,  é  um  desenhador particularmente dotado para os temas do Oeste, cujo imaginário acalentava, desde os tempos de  “A  Flecha de Ouro” e de outras aventuras publicadas em “O Mosquito“. Nostálgico do cinema americano dos anos 40  e  50,  dos grandes “westerns” assinados por John Ford, Anthony Mann, Raoul Walsh, Henry Hathaway, Howard Hawks ou George Stevens, Pires desenhou para  o  “Cavaleiro  Andante“,  em 1961 e 1962, “O Último Prato de Tenton Gant” e “Fumo de Pólvora em Gallows Crossing“, a partir de contos que lera em “O Mosquito“, imprimindo a essas adaptações um cunho especificamente cinematográfico, com personagens inspirados, por puro gozo, em actores reais  (Burt  Lencaster,  James Dean, Tony Curtis, Jack Palance e outros), método  que  ainda  hoje lhe é peculiar e do qual consegue tirar excelentes efeitos.

José Pires e Jean DufauxNum dos  “heróis”  de  ”Homens do Oeste“,  o  seu  terceiro “western”, publicado quase vinte anos depois no “Mundo de Aventuras“, reconhece-se a máscara de Gary Cooper e os outros comparsas também nos são familiares: Rick Nelson, Walter Brennan (com o nariz de “Jimmy McClure”, a voz da consciência de “Blueberry”) e a inquietante quadrilha de “Rio Bravo“.  Encontramos  aqui  a  tensão dramática  e a atmosfera humana e psicológica,  de certos “westerns” inesquecíveis. É toda a mitologia desse Oeste bravio, inconquistável,  nascida  no  seio do cinema, do romance e dos “heróis” de papel, que José Pires recria, rendendo homenagem, num estilo já quase totalmente amadurecido, a Hawks, Giraud, Eastwood e Leone, expoentes de uma certa concepção do “western” clássico.

Em 1985, Pires iniciou no “TinTin” belga uma nova etapa da sua carreira, animando com o seu peculiar estilo gráfico, tributário da linha clara e do pontílhismo à Caprioli — mas sem imitar servilmente o estilo de ninguém, apesar da sua grande admiração por artistas como Salinas e Péon -, as aventuras de “Irigo“, personagem criado pelo argumentista Jean Dufaux e de que foram publicados sete episódios na citada revista.
Will ShannonTerminada essa série, incompreensivelmente  nunca  publicada  em álbum – e algumas curtas histórias sobre os “Apaches“, escritas por Bernard Despas (o seu novo parceiro) para o “Hello BD“, outro  hebdomadário  belga,  que veio substituir o “TinTin” -, Pires dedicou-se aos assuntos históricos, em que revelou também grande mestria, só voltando ao “western”  para  dar  forma ao sonho de um “herói” com os traços de Gary Cooper:  “Shannon”, um nome de entoação clara e breve, como a voz fleumática do actor.

Depois de uma fugaz aparição no “TinTin”, integrado numa das últimas aventuras de “Irigo”, “Will Shannon” reapareceu, pela última vez,  em  “O Poço da Morte”, um “western” crepuscular publicado em álbum pela Futura (1989), em que a natureza, os “Apaches” e um grupo de indivíduos fugidos ao seu próprio destino, desempenham papel preponderante. Esse episódio seria, também, “o canto do cisne” do “western” na BD portuguesa.

* Texto extraído da revista O “Western” na BD Portuguesa, publicado pela Câmara Municipal de Moura.

 

Escrito na AreiaESCRITO NA AREIA

Um “western” de Jorge Magalhães ilustrado por José Pires

RAPTADA

Ao romper da manhã,  toda  a natureza se tornou cor de ouro.  Cânticos frescos encheram o ar. Era a manhã do terceiro dia. Mary Palmer e os seus captores cavalgavam, em silêncio, pelos trilhos escarpados da montanha.  Os  edifícios  do rancho reduzidos  a  cinzas,  o  despertar  calmo do vale de Santa Cruz, a alegria ruidosa dos irmãos quando a sineta anunciava o pequeno almoço, o brilho prateado do regato que atravessava o vale, servindo de bebedouro aos animais, o clamor do combate e os ferozes brados dos Apaches que tinham caído sobre o rancho como uma nuvem de gafanhotos às primeiras luzes da alvorada – tudo isso, como as imagens de um puzzle, parecia, agora, à rapariga tão distante como o rosto velado e impassível da Lua, cujo clarão leitoso se desvanecia no céu.

Mary perguntava  a  si própria se voltaria a ver algum branco.  Quando desceram para um vale circular, cavado como um poço enorme no centro da cordilheira, já todo o espaço era abrasado pelo clarão sangrento do astro-rei. As ferraduras do cavalo de Mary arrancavam chispas à rocha viva, na perigosa descida, mas os Apaches, sobre as suas selas, não oscilavam sequer.
A meio caminho, Mary descortinou no fundo do vale um grupo de cabanas. Era uma rancheria, nome que os mexicanos davam a uma aldeia apache. Mais perto,  viu  os  outros Apaches, quase todos jovens; mas também havia mulheres e crianças.

A actividade do pequeno acampamento escondido entre as montanhas parecia reduzida. Mary lançou olhares à sua volta, angustiada e curiosa ao mesmo tempo, e viu um Apache de mediana mas robusta estatura levantar a pele solta que tapava a entrada de uma das cabanas e encaminhar-se para eles.

O chefe  do  bando  que a tinha aprisionado desmontou e ficou à espera. Mary, ladeada por dois guerreiros a cavalo, sentia o coração bater com força.
–  Quem é essa mulher?  –  perguntou o índio que saíra da cabana, cuja face cor de cobre parecia ressequida  como  um  velho pergaminho. Já caminhava um pouco curvado, mas os seus olhos chispantes, bravios, ainda não tinham perdido a dureza e o vigor da mocidade.
–  A  filha de um branco chamado Palmer, com quem os Chiricahuas já negociaram cavalos.  Atacámos  o  seu rancho há três dias, no vale de Santa Cruz. Só esta mulher foi poupada. Chivito gosta dela e quer levá-la para o seu gowah. *
*
gowah: habitação tradicional dos Apaches Chiricahuas.

Mary não compreendia a língua dos Apaches, mas sentiu uma funda angústia avassalá-la ao descortinar um brilho de cobiça e de luxúria nos olhos de Chivito.
A voz do outro Apache ressoou no ar calmo da manhã, com uma vibração de cólera.
–  Não  dei ordens aos meus bravos para matarem e pilharem! Palmer era nosso amigo. Como  se  atreve Chivito  a pôr as mãos nesta mulher branca? Desamarrem-na!
Dois guerreiros desceram Mary da sela e libertaram os seus braços dormentes do incómodo varapau e das correias que os prendiam atrás das costas. Um cão magro veio farejar-lhe longamente as pernas.

“ESTÁS PREPARADO PARA MORRER?”

Escrito na Areia– Lembro-me de minha mulher, a doce Alope, e dos meus filhos, mortos pelos mexicanos… – disse o chefe, com uma contracção dolorosa no rosto duro, curtido pelo sol.  –  Por isso,  o meu coração não tem paz. Mas esta guerra é sem esperança para nós e mais mulheres e crianças  Apaches  morrerão,  se não fizermos a paz com os rostos-pálidos.
Chivito levantou orgulhosamente a cabeça.
– Geronimo fala como um velho. Só os velhos perdem a vontade de lutar!

A aldeia, em redor deles, continuava adormecida. No silêncio do desfiladeiro, tudo parecia escutá-los, até as  próprias  montanhas.  E foi estas que Geronimo apontou, com um gesto cheio de cansaço.
– Vê! Esta é a terra árida, desolada, onde os Apaches, agora, têm de viver.  Os  nossos  antepassados chamavam-lhe  o Cañon del Muerto… Somos apenas 19 guerreiros, 19 homens válidos. O povo Apache tornou-se  uma  sombra  de  si  mesmo.   Continuamos  a  lutar e a morrer… mas o tempo das nossas vitórias acabou! Agora chegou o tempo de parlamentar!
Um clarão feroz faiscou nos olhos escuros de Chivito.
–  Geronimo  quer  fazer um tratado com os nossos inimigos…  sabendo  que  as promessas dos brancos são como palavras escritas na areia, que o vento depressa varre e apaga. Quem se lembrará delas? Eu não me renderei nem morrerei pela fome. O sangue dos meus antepassados corre-me nas veias, clamando vingança. E esta mulher branca será minha!

Num  movimento  rápido,  inesperado num homem cuja idade rondava já os 60 anos, Geronimo encostou ao pescoço de Chivito a larga lâmina da sua faca de caça.
–  Não!  –  disse o chefe dos Chiricahuas secamente,  num  tom  que não admitia réplica. – Chivito fará o que eu lhe mandar. Se essa mulher ficar aqui, os soldados não tardarão a descobrir o nosso refúgio. Chivito voltará a conduzi-la até aos limites  da  Sierra.  A mulher branca pertence ao seu povo. E a vida de Chivito responde pela vida dela!

Uma  mulher  de  rosto enrugado gritou qualquer coisa, em voz gutural. Era a mãe de Chivito.  Mas  Geronimo  fez  ainda  mais pressão com o gume cortante da faca, até o sangue correr. Os músculos do jovem guerreiro desenharam-se sob a pele acobreada,  como  cordas  tensas,  e  um  esgar  de  selvagem ferocidade contorceu-lhe as feições. Então, Geronimo repetiu duramente:

– Vai! Ainda sou o teu chefe. Se me desobedeceres, morrerás às minhas mãos! Estás preparado para morrer, Chivito?

O ÚLTIMO COMBATE

Escrito na Areia

Com  um  salto,  ágil como um puma, Chivito montou a cavalo. A manhã ia quase  em  meio  e o sol fulgurava nos picos da Sierra Madre, fazendo cair sobre o vale uma chuva de raios, num clarão ardente. Uma  águia  planava  nessa luz dourada, soltando gritos agudos que os ecos repetiam, como um apelo, de quebrada em quebrada. Geronimo aproximou-se da jovem, que o olhava surpresa, sem compreender, e disse-lhe em espanhol:
– Lamento o que aconteceu à tua família. Nem sempre os actos dos Apaches são  justos,  mas  estamos em guerra e o ódio separa as nossas raças. Se conheceres  o General Miles, diz-lhe que esta terra tornou-se estéril e inimiga dos Apaches. Geronimo já correu como o vento,  como  a sombra que os seus inimigos perseguiam  em  vão,  mas agora está cansado e não quer que as mulheres e as crianças morram de doença e de fome.  Chegou  o  momento de depor as armas. Que Usen, o deus dos Apaches, seja testemunha das minhas palavras!  Diz  também  a Miles que Geronimo o tem como um homem de honra e confia no seu julgamento. Vai, mulher branca, e que a paz guie os teus passos!

No dia seguinte, já longe da aldeia, o pequeno bando de Apaches foi avistado por uma patrulha de cavalaria. O cabelo louro de Mary,  cintilando ao sol,  chamou a atenção dos soldados, que se lançaram ao ataque, disparando ainda de longe. Um dos Apaches caiu morto do cavalo, antes de esboçar qualquer gesto de defesa. Mas Chivito e os outros tiveram tempo de se esgueirar, curvados sobre o pescoço das montadas.
Um toque de clarim vibrou no espaço. Mary viu um grupo de soldados dirigir-se para ela, enquanto os outros continuavam em perseguição dos Apaches. O oficial que comandava a patrulha, um jovem tenente, não dissimulou o seu espanto por encontrá-la sã e salva.
Mary escondeu o rosto nas mãos e desafogou o pranto livremente. Agora que se encontrava em segurança, revia, como num sonho, as imagens sangrentas dos pais, dos irmãos e dos criados mexicanos, massacrados por Chivito durante o assalto ao rancho. E aquele Apache idoso, o chefe, ainda mais temível do que os outros, dera-lhe uma mensagem de concórdia e de paz que a sua dor não conseguia assimilar… enquanto a resignação e a fé não viessem mitigá-la.

Chivito não estava preparado para morrer, mas não voltaria ao acampamento,  entre  as  vertentes da Sierra.  Cercado pelos soldados, resistiu enquanto teve balas. Os seus companheiros foram abatidos um a um. Sozinho, sem o cavalo, que jazia a seu lado numa poça de sangue,  Chivito  preferiu  a morte à rendição e atirou-se contra os soldados, soltando o feroz grito de guerra dos Apaches: Hesh-Ké!
Uma rajada de balas ceifou-o e caiu sem  um  gemido,  os olhos voltados para o céu,  para  os  cumes azuis da Sierra. Antes de fechá-los para sempre,  lembrou-se  das palavras de Geronimo: “O tempo de combater acabou para todos os Apaches”.
Palavras vãs…  palavras  escritas na areia!..  Mas ele, Chivito, morrera a lutar, como um verdadeiro Apache,  e  o  seu nome não seria esquecido. Depois, pensou na mulher branca, na qual nunca tocara, e nos seus longos  cabelos  de  reflexos dourados como as penas da águia voando ao sol.

E  foi  com  essa visão que o espírito de Chivito, guiado por Usen, partiu para o território das caçadas eternas, onde nenhum Apache teria de se subjugar ao domínio do homem branco.
FIM

NOTA:
Em Setembro de 1886, Geronimo,  o  último  Apache rebelde, rendeu-se ao general Nelson A. Miles e foi enviado para uma reserva na Florida e, mais tarde, para  Fort  Sill,  no Oklahoma, onde permaneceu em regime de  semi-liberdade  até  ao  fim dos seus dias,  adaptando-se  rapidamente ao  modo de vida dos brancos, mas sem nunca esquecer o seu passado de guerreiro e as inóspitas mas belas paisagens da sua terra natal. Embora envolto em lenda, o seu nome é lembrado, hoje, como o de um guerreiro altivo e indomável, cioso da sua liberdade, e não como o de um selvagem sanguinário, capaz das piores atrocidades.

5 Comentários

  1. Pards, sou natural da Ilha da Madeira e apesar de visitar diariamente o blog do Ranger mais famoso do Oeste, é a primeira vez que vos escrevo, porque depois de mais esta iniciativa, não posso deixar de dar os parabéns a esta nova rubrica, assim como parabéns aos autores do conto, até pela evolução contínua que se percebe pela leitura das imagens.
    Quanto ao conto em si, está fantástico e prova uma vez a enorme qualidade do Jorge Magalhães – grande autor que “conheço” de há muitos anos – e do José Pires – divino no género western!
    Parabéns a ambos e parabéns aos responsáveis do blog porque é sem dúvida uma fonte única de informações relacionadas a Tex e ao Western – as minhas duas grandes paixões – na Internet mundial.

  2. Caro Marco Paulo, muito obrigado pela assiduidade ao blogue do nosso Ranger e sobretudo por este comentário, que espero seja o primeiro de vários outros no futuro, pois prometemos continuar com este prazeroso “trabalho” sobre o Ranger e sobre tudo que diga respeito ao western!
    E é um grande prazer, saber que o blogue do Tex também é seguido e com agrado, no Jardim do Atlântico!

  3. Caro Marco Paulo,
    Quero agradecer também, em meu nome e no do José Pires, os seus elogios, sobretudo por terem vindo de alguém que me “conhece” através do meu trabalho, o que é sempre lisonjeiro e gratificante para um autor. Por outro lado, o seu comentário evocou-me essa bela ilha da Madeira, onde já estive por duas vezes, embora há muitos anos, e a memória de um saudoso Amigo, cujo nome está também ligado à banda desenhada, o grande novelista Orlando Marques, que era também natural da Madeira, onde residiu durante grande parte da sua vida. Famoso colaborador d’O Mosquito, do Mundo de Aventuras, do Jornal do Cuto e de outras revistas que se destacaram no panorama da nossa imprensa infanto-juvenil, Orlando Marques tinha uma especial predilecção pelo “western”, tendo escrito dezenas de histórias do género, incluindo argumentos para bedês desenhadas por António Barata e Vítor Péon, entre outros.
    Tive a felicidade de conviver intensamente com ele, a partir de 1976, quando começou também a colaborar no Mundo de Aventuras (2ª série), que eu na altura coordenava, e recordo-me bem do seu entusiasmo sempre que vinha à baila o “western”. Aliás, quando eu tinha a honra de o receber em minha casa, era obrigatório, depois do almoço, vermos um filme de “cow-boys”. E num passeio que demos, certa vez, a um sítio chamado Rio da Mula, nos arredores de Cascais, onde resido, vi-o contemplar extasiado s paisagem, que lhe lembrava a do Oeste americano. “Até parece que estou a ver uma aldeia de índios!”, dizia-me ele, entusiasmado como um miúdo de dez anos. De beleza um pouco agreste, o sítio do Rio da Mula, onde há uma pequena barragem, é rodeado de montes rochosos, densamente cobertos de pinheiros, cujo relevo forma uma curva irregular no horizonte, características que, de facto, o irmanam a muitas imagens que recheiam os filmes do Oeste americano. Sempre que lá volto parece-me que estou a ver o Orlando Marques a acenar-me, na encosta de uma verde colina, entre os seus amados índios – que, aliás, foi um dos primeiros autores de BD a tratar com dignidade nas suas novelas.
    Pois o Orlando Marques, que, graças à Madeira, aqui evoquei brevemente, será um dos próximos nomes a ressurgir nesta nova rubrica em boa hora apresentada pelo blogue do Tex, onde, de facto, como escreve o Marco Paulo, o “western”, nas suas múltiplas facetas, continua a alimentar a paixão de muitos texianos espalhados por dois continentes.
    Jorge Magalhães

  4. Gostei muito. Parabéns. Recorda minha infância, minhas primeiras leituras. Jorge Magalhães é ótimo.

  5. Belas recordações, de quando e como ajudei a colorir (e não só), as primeiras pranchas do Zé Pires para a proposta à Dargaud – Editora do Tintin. :)))

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