Entrevista exclusiva: PASQUALE DEL VECCHIO (autor convidado para a 1ª Mostra do Clube Tex Portugal em Anadia de 15 a 17 de Agosto)

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco, com a colaboração de Júlio Schneider (tradutor de Tex para o Brasil) e de Gianni Petino na tradução e revisão e de Bira Dantas na caricatura.

Pasquale Del Vecchio caricaturado por Bira Dantas

O Clube Tex Portugal realiza, em Anadia, de 15 a 17 de Agosto próximo a 1ª Mostra do Clube Tex Portugal e traz pela primeira vez PASQUALE DEL VECCHIO ao nosso país, motivo mais que suficiente para esta nova entrevista do blogue português do Tex com o autor italiano que estará então presente na capital da Bairrada nos dias 15, 16 e 17 de Agosto.

Para além da presença de PASQUALE DEL VECCHIO, o mui nobre MUSEU DO VINHO BAIRRADA, local do evento, terá também uma mostra pessoal de PASQUALE DEL VECCHIO com a exposição de várias pranchas inéditas da história, escrita por Roberto Recchioni, para o Color Tex de 2015 e dela constarão cerca de duas dezenas de pranchas deste que é  na actualidade um dos mais conceituados desenhadores do Ranger.

Tex em Anadia, arte de Pasquale Del Vecchio

Caro Pasquale, mais uma vez bem-vindo ao blogue português de Tex! Você estará presente em Portugal, numa exposição do Clube Tex Portugal, na cidade de Anadia. O que representa para si esse acontecimento que contará com a sua presença em um País estrangeiro?
Pasquale Del Vecchio: Eu estou muito feliz e honrado por tomar parte na exposição de Tex em Anadia. É muito bom saber que Tex também faz sucesso em Portugal.

O que convenceu Pasquale Del Vecchio, autor de fama mundial, a aceitar um convite tão incomum?
Pasquale Del Vecchio: A possibilidade de representar Tex em Portugal e a curiosidade de conhecer um novo público.

Quais são as suas expectativas em relação à 1ª Mostra do Clube Tex Portugal?
Pasquale Del Vecchio: Eu estou convencido de que encontrarei um público muito interessado e caloroso, e um ambiente certamente espectacular.

Você tem algum contacto com a BD feita em Portugal? Conhece algum autor como, por exemplo, E. T. Coelho, que inclusive morou e trabalhou por muito tempo na Itália, considerado por muitos como o melhor desenhador de quadradinhos português de todos os tempos?
Pasquale Del Vecchio: Confesso que, infelizmente, conheço pouco, e espero que a visita a Portugal possa preencher essa grave lacuna. Eu vi alguns trabalhos de Coelho, um desenhador bastante interessante, clássico e sugestivo.

Página – a lápis – inédita de Pasquale Del Vecchio para o Color Tex 2015

Vamos alargar um pouco o horizonte da entrevista: o que o fez entrar para a indústria dos quadradinhos?
Pasquale Del Vecchio: A paixão pela BD e pelo desenho foi o motor principal. Eu sempre desenhei, e contar por imagens foi uma necessidade que se transformou, quase automaticamente, em profissão.

Como você analisa a evolução da sua carreira?
Pasquale Del Vecchio: Eu não saberia responder a essa pergunta de modo objectivo. No início da minha carreira eu era atraído por desenhadores/autores muito distantes do meu modo actual de desenhar. Eu apreciava Muñoz, Pazienza, Corben. Depois, com o passar do tempo, a minha atenção se dirigiu a um desenho mais clássico. A evolução frequentemente também é ligada às personagens ou às BDs que se está a desenhar. Um ponto importante certamente foi o meu trabalho com a série Napoleone.

Você tem consciência de que é um dos melhores desenhadores de Tex e que os leitores sempre têm grandes expectativas em relação aos seus trabalhos?
Pasquale Del Vecchio: Não tenho consciência disso, absolutamente, e também não acredito (risada irónica).

Página inédita de Pasquale Del Vecchio para o Color Tex 2015

No que você está a trabalhar actualmente?
Pasquale Del Vecchio: Actualmente estou a trabalhar em um Color Tex, com roteiro de Roberto Recchioni. Uma história envolvente e cheia de golpes de cena, e nela Tex é acompanhado por seus três pards.

O que você sentiu quando recebeu o convite para desenhar o Color Tex?
Pasquale Del Vecchio: No início um pouco de preocupação, porque em Tex eu sou muito ligado ao preto e branco e às atmosferas que essa técnica consegue evocar. Em seguida, ao conversar com Mauro Boselli, decidi não economizar no uso do preto, como geralmente acontece quando se trabalha para o mercado francês, e efectuar uma colorização bastante suave e complementar ao desenho. Veremos.

Como se forma um desenhador do seu calibre?
Pasquale Del Vecchio: Com muito desenho e muita paixão por este trabalho. É necessária uma certa inclinação para o desenho, mas essa deve ser sustentada por um duro trabalho quotidiano. E ser curioso, não se limitar somente à BD, mas buscar outras formas expressivas, que de algum modo possam sugestionar o trabalho.

Página inédita de Pasquale Del Vecchio para o Color Tex 2015

De que modo você imagina que pode conseguir trazer novos leitores para Tex?
Pasquale Del Vecchio: O modo mais simples é o dos laços familiares: pais, irmão, irmãs, noiva, tias… agora elas também lêem histórias de Tex.

Como você avalia o seu trabalho em relação ao passado?
Pasquale Del Vecchio: Eu sempre tive um relacionamento conflituoso com o trabalho recém-concluído. Eu só vejo os defeitos, as coisas que não saem bem. Para avaliar o meu trabalho é preciso deixar o tempo passar, ele deve se sedimentar. Eu penso que, com o tempo, o meu trabalho tornou-se mais maduro, mas tenho algumas dúvidas.

Na sua visão, qual foi o seu melhor trabalho com Tex? E o mais difícil?
Pasquale Del Vecchio: O mais difícil, sem dúvida, foi o primeiro (Dinheiro Sujo e Salvamento Heróico, história em dois volumes), por ser o primeiro impacto com a personagem e com a nova ambientação de faroeste. O meu preferido creio que foi o seguinte (A Revolta dos Cheyennes e Três Dias de Cão, também em dois volumes).

Página inédita de Pasquale Del Vecchio para o Color Tex 2015

Há alguma história de Tex feita por outro autor e que você gostaria de ter feito?
Pasquale Del Vecchio: A de Ticci no Grande Norte (Flechas Pretas Assassinas, Tambores de Guerra), mas é melhor que ela tenha sido desenhada por ele. Eu jamais conseguiria fazer tal obra-prima.

Se lhe fosse proposto desenhar novamente uma aventura clássica de Tex feita, por exemplo, por autores como Galep ou Lettèri, como você acha que enfrentaria a tarefa? E qual história desses autores escolheria?
Pasquale Del Vecchio: Além da já citada história de Ticci e Gianluigi Bonelli, eu recordo-me de uma desenhada por Nicolò e focada na caçada a um cavalo negro com uma estrela na testa, cujo título era Silver Star, o Corcel Sagrado.

O que Tex representa para si e qual a importância dele na sua vida?
Pasquale Del Vecchio: Tex é a BD com a qual eu cresci e com a qual agora trabalho. Uma constante na minha vida.

Página inédita de Pasquale Del Vecchio para o Color Tex 2015

Sim, Tex é uma personagem importante na sua carreira, sem dúvida. Você consegue se imaginar ainda a desenhá-lo em 10 ou 20 anos, ou pretende um dia tentar algo novo? Você tem em mente algum projecto com o qual trabalhar no futuro?

Pasquale Del Vecchio: Por esconjuro, é melhor não falar de projectos ou sonhos. De todo modo, ainda estar a desenhar Tex daqui a dez ou mais anos, parece-me um óptimo augúrio.

Para encerrar, gostaria de deixar alguma mensagem aos seus admiradores que irão a Anadia?
Pasquale Del Vecchio: Espero encontrar muitos admiradores do mítico Ranger em Anadia. Até breve.

Pasquale, agradecemos muitíssimo pelo tempo que nos dedicou.

Pasquale Del Vecchio

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

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