Entrevista com o fã e coleccionador: Manuel Ferreira Amaral

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Manuel Ferreira Amaral: O meu nome é Manuel Ferreira Amaral, nasci a 15 de Abril de 1939 na freguesia de Paranhos, concelho do Porto.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Manuel Ferreira Amaral: Comecei a interessar-me pela Banda Desenhada quando ainda frequentava a escola primária.

Quando descobriu Tex?
Manuel Ferreira Amaral: Descobri o Tex há mais ou menos dois anos. É um cálculo.

Porquê esta paixão por Tex?
Manuel Ferreira Amaral: Gosto de ler as histórias sobre Tex porque sempre gostei da aventura. E o desconhecido atrai-me. Vivi em Angola após cumprir o serviço militar que comecei cá, no Porto em 1961. Passei à disponibilidade na cidade do Lobito, Angola. Como a minha unidade militar era um Batalhão mobilizado no RI6, Porto e fomos em Maio de 1961 para o norte de Angola, e aqui começou a aventura, decidindo ficar a viver em Angola, requeri e fiquei a viver os primeiros quatro meses no Lobito. Como não tinha ninguém em Angola, foi um princípio de vida muito mau. Por isso estive pouco tempo no Lobito e parti para o interior à procura de trabalho. Como a guerra ainda era recente, tive muita dificuldade em conseguir emprego. Então começou a minha primeira aventura indo trabalhar numa mina de ferro a 100 km de Nova Lisboa, Huambo. A aventura é que tendo sido eu empregado num escritório de advogados no Porto, fui trabalhar como tractorista de bulldozer na mina nunca tendo estado antes perto de um monstro daqueles. Bom, a vida foi uma aventura constante de 1963 a 1968, ano em que casei em Nova Lisboa. Havia muito que contar mas isto é uma entrevista. Agora, depois de 33 anos de trabalho fui instrutor de condução em Angola, no Brasil e aqui no Porto, onde vivo.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Manuel Ferreira Amaral: Há muita diferença entre as aventuras de Tex e outros desenhos animados parecidos. Não vou nomear nenhum. Mas gosto muito das expressões usadas pelo Tex e seus amigos, como também pelos adversários que vão encontrando pelo caminho. Quanto a outras bandas desenhadas já passeei por muitas: Fantasma, Cisco Kid, Luis Euripo (nome original: Big Ben Bolt), Mandrake, Capitão Marvel, Rip Kirby, Zagor e outros, cada um teve a sua época e nela o seu lugar. Mas actualmente não há uma noite que não me deite com pelo menos dois livros do Tex na minha mesinha de cabeceira para ler com avidez.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção?
Manuel Ferreira Amaral: Contei-os agora para esta situação. Não sou coleccionador mas tenho 105 livros do Tex entre Tex Ouro, Grandes Clássicos, Edição Histórica, Almanaque, Editora Vecchi, Globo, etc., tenho 105 mas já tive mais.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Manuel Ferreira Amaral: Como disse antes, não colecciono Mas de facto do Tex só me interessa a leitura. Podem mesmo chamar-me fanático.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Manuel Ferreira Amaral: Gostava de ter o Tex de camisa amarela montado no seu cavalo, mas a vida de reformado não me permite fazer grandes gastos e satisfaço-me com a leitura das suas aventuras.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Manuel Ferreira Amaral: Há várias aventuras que são minhas favoritas. Algumas já foram por mim lidas mais do que uma vez. Tenho preferência por algumas aventuras. Até se dá o caso de ter um livro com uma aventura repetida de outro livro. Não me lembro agora qual é, mas tenho. Também reconheço essa possibilidade uma vez que há mais do que uma editora, creio. Gosto muito dos textos escritos por G. L. Bonelli. Entre os desenhadores G. Letteri, A. Galleppini, Joe Kubert, F. Fusco e outros prefiro os de Letteri.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Manuel Ferreira Amaral: O que me agrada mais no Tex, personagem, é a sua capacidade de autoridade e o que me agrada menos é o exagero em certos procedimentos para com alguns adversários e para com os amigos, às vezes. Mas não deixo de gostar de o ler por isso.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Manuel Ferreira Amaral: Como digo antes é a sua capacidade de comando, ou autoridade, e a sua forte personalidade. Para as pessoas da minha idade é difícil ver o Kit Carson em segundo plano. Mas as personagens são essas mesmo…

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Manuel Ferreira Amaral: Não. Apenas compro livros através da Internet e depois é como no rádio-amadorismo, conheço pessoas sem as conhecer. Por falar nisto, já tive que mudar o nome da minha conta porque a Microsoft entrou em contacto comigo avisando-me que alguém se tinha apoderado da mesma conta e para me ajudar a essa operação. Ainda não recuperei tudo o que perdi.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Manuel Ferreira Amaral: Gostava que tivesse um futuro melhor do que o presente. Com as novas opções de passar o tempo a leitura está um pouco empurrada para um canto.

Prezado pard Manuel Ferreira Amaral, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
Manuel Ferreira Amaral: Cumprimentos.

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5 Comentários

  1. Bom dia,
    Gostei muito dessa entrevista, muito bonita, muito simples e sincera. Não há idade para ler, divertir e até colecionar.
    Quem lê essa entrevista que perceba bem a força e a grandeza das palavras do Sr. Manuel, que está de parabéns. Uma entrevista muito diferente das outras e ainda bem, assim percebemos que existem muitas “formas de ler” a banda desenhada.
    Os mais sinceros parabéns, muita saúde e muita felicidades.
    Um abraço amigo dos Açores,
    Marco Avelar

  2. Os meus cumprimentos a todos os amigos deste Blog e do futuro Clube Tex Portugal. Gostava de falar num assunto que há muito me deixa pensativo. No Brasil usa-se muito chamar a qualquer livro de BD de GIBI. Aliás,quando acontece alguma coisa surpreendente a que nós em Portugal dizemos “isso não está na Biblia“, os brasileiros dizem “isso não está no GIBI“. Então queria dizer o seguinte. Já houve, no Brasil, uma revista de aventuras chamada O GIBI. Os heróis mais apreciados nessa revista eram o Capitão Marvel, o Capitão Marvel Jr. e Mary Marvel. Era uma delicia, na época ler essas aventuras. Quando alguém ou alguma coisa estava em perigo, um jovem jornalista escondia-se, estendia o braço direito para cima e dizia “SHAZAM” e transformava-se no Capitão Marvel. E os com os outros dois heróis acontecia o mesmo. Havia também aventuras com a Família Marvel. Tudo isto no GIBI. Também havia outra revista do género que se chamava GURI. Guri é criança, no Brasil.
    Obrigado pela paciência.

  3. Não sabia desse teu “hobby” pela banda desenhada, nem que isso fosse suficiente para te entrevistarem. Ainda bem. Gostei de saber e por isso li e agradeço teres-te lembrado de mim.

  4. Oi, gente. Tenho estado ausente mas sempre “texiano”. Já vou no Tex número 582. Cumprimento todos os amigos”pards”. Tenho acompanhado alguns acontecimentos através do vosso Blog.
    Quero aproveitar para cumprimentar o meu amigo Cristovam Aguiar. Passamos uns tempos juntos, com mais uns cento e ” tal” amigos pelas matas de Angola. Ainda não lia o Tex Willer. Cumprimento todos os amigos do Blog do Tex, na pessoa do amigo Francisco.

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