Entrevista com o fã e coleccionador: José Marcos Nascimento

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
José Marcos Nascimento: Olá pards! Chamo-me José Marcos Nascimento, tenho 40 anos. Nasci no Município de Capão Bonito, cidade brasileira no Estado de São Paulo.
Moro na área rural com a minha família, sou agricultor e também trabalho no ramo de serralharia artística.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
José Marcos Nascimento: Quando criança, assim que aprendi a ler a magia boa dos quadradinhos já entrou em minha vida. Primeiramente aventurava-me nas histórias das revistas da Marvel: Capitão América, Homem-Aranha, Thor, Heróis da TV. Naquela época eu não tinha como conseguir os exemplares pois morava na área rural, os meus primos que moravam na cidade traziam para mim as revistas. Vocês podem imaginar a alegria de uma criança ao ganhar uma coisa de que gosta muito. Ganhei muitas edições do Tio Patinhas, Zé Carioca, diversas revistas da Disney, Zorro, Tarzan, Zagor, Ken Parker, Fantasma e aqueles fantásticos álbuns de figurinhas, a maioria deles tenho até hoje.

Quando descobriu Tex?
José Marcos Nascimento: Passados alguns anos depois chegou em minhas mãos o Tex nº 89 (A lei do mais forte), quando vi aquela capa fiquei maravilhado com o exemplar, que trazia um Tex relaxando na cadeira, certamente depois de ter tomado uns tragos! E pronto para sacar o seu Colt a qualquer movimento.
A história impressionava-me, já começava com pura acção com aquela dupla de personagens que eram tão novos para mim. Ver um Tex entrar sozinho num saloon decidido a livrar o velho Kit da forca, mostrando toda a sua moral, toda a força deste querido ranger fez tremer até o lendário Roy Bean.
Foi o que bastou para começar a coleccionar, fui conseguindo com os meus colegas da escola, trocando os meus outros exemplares por Tex, a sorte ajudou-me muito pois o meu pai também gostou muito de Tex, e sempre que podia comprava para mim. A cada Tex que conseguia a emoção era grande, como é para mim até hoje.

Porquê esta paixão por Tex?
José Marcos Nascimento: Para mim Tex transporta-me directamente para dentro de suas aventuras, parece que vejo os 4 pards entrando nos inóspitos vilarejos do velho Oeste, o suor frio de preocupação do xerife e a alegria contida no riso malicioso do coveiro.
Suas histórias são tão bem retratadas que nos fazem imaginar os seus feitos de uma forma emocionante que não se encontra em nenhuma outra personagem.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
José Marcos Nascimento: Para mim é humano acima de tudo, enfrenta os perigos de peito aberto, seus actos como ranger e o respeito de seus amigos fala por si. Não mede esforços para ajudar os seus amigos, não faz distinção de raça ou cor e prefere viver na simplicidade em uma aldeia Navajo. Capaz de rir na cara do perigo. E na cara até do diabólico Mefisto!
Para mim G.L. Bonelli, pegou as melhores características de um homem, além do respeito da dignidade, coragem e todas as coisas que dignificam um homem e criou Tex. Uma vez li em uma entrevista em que ele dizia (Tex sou eu!), de certa forma ele doou para todos nós texianos um pouquinho desses rangers tão queridos.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
José Marcos Nascimento: Eu tenho uma colecção de Tex da edição normal completa, mais 50 revistas da 1ª edição também normal. Possuo a colecção de Tex edição gigante, os 12 exemplares da edição em cores que infelizmente a editora parou de publicar, uma pena porque eu estava muito animado com as histórias clássicas ainda mais em cores. Entre alguns especiais e mini- séries devo ter uns 600 exemplares, todos guardados com muito carinho pois levei muito tempo para conseguir cada um deles apesar da dificuldade e da falta de tempo.
O Tex mais importante para mim é o Tex Júnior nº 28, além de ser o primeiro passo do nosso querido ranger no Brasil é um exemplar que eu achava que nunca ia encontrar ainda em bom estado.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
José Marcos Nascimento: Apenas os livros. Mas gostaria de ter um bom espaço para poder coleccionar também as estatuetas do mundo de Tex e suas personagens, que acho fantásticas. Como têm um preço mais elevado concentro-me por enquanto nos livros.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
José Marcos Nascimento: O Tex #89, o primeiro que eu tive. Lembro-me que ainda na época após chegar da escola ou do trabalho, a primeira coisa era ler Tex, perdi a conta de quantas vezes.
Traz muitas saudades, pois é muito bom sentar na varanda em uma tarde chuvosa e ler uma aventura de Tex com as suas páginas amareladas pelo tempo.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
José Marcos Nascimento: Adoro todas, além das que já citei tem duas histórias que me emocionam quando leio: (El Muerto) todo mundo já sabe do grande clássico que é. Mas a história que para mim mostra toda a selvageria toda a dureza do velho Oeste é (Território Apache), o genial romance de G. L. Bonelli, maravilhosamente desenhado por G.Ticci, mostra todo o senso de justiça de Tex. Um final cruel para Fraser e ao mesmo tempo emocionante. O Colt com uma bala só é de arrepiar, para mim é uma obra-prima!
Aprecio o trabalho de todos os desenhadores, infelizmente muitos já se foram, gosto muito dos desenhos de Ticci, mestre Aurelio Galleppini (saudades), Claudio Villa então com suas capas maravilhosas, estilo inconfundível, sou seu fã desde o primeiro quadradinho que li na história “O rancho dos homens perdidos”.
Quanto ao Civitelli, fico sem palavras, que desenho maravilhoso! Todo o mundo diz que ele não desenha e sim fotografa. Incrível a riqueza de detalhes, parece que a gente está no Oeste. Gostaria de ter todos os seus trabalhos, infelizmente não posso pela dificuldades que a vida muitas vezes nos apresenta. Vejo outros colegas que têm a sorte e a honra de conhecê-lo pessoalmente, como por exemplo em sua última visita a São Paulo. Ter um desenho autografado seria uma grande emoção para este coração texiano.
Quanto ao argumentista, gosto do trabalho de todos porque não é fácil realizar um trabalho brilhante como fazem, com um conhecimento para escrever uma história com personagens diferentes, lugares, cidades, só mentes privilegiadas podem fazer isso.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
José Marcos Nascimento: O que mais me agrada em Tex é o facto de que sabe reconhecer os seus erros, age com firmeza, para ele a justiça sempre tem que ser um julgamento justo. É muito confiante no que vai realizar, fica amargurado, entristece quando relembra a bela Lírio Branco.
O que me agrada menos é que em muitas vezes pega pesado com o velho Kit, coitado! Esfomeado do jeito que é, não pode comer direito, tem sempre que sair às pressas sem poder saborear direito os bifes e as batatas fritas, muitas vezes interrompidos por tiroteios. Não consegue dormir direito, se roncar leva com uma bota na cabeça e ainda tem que aguentar a gozação de Tex, Kit e Tigre (…risos…). O velho camelo também tem o direito a apreciar uma bela dançarina no saloon (…risos…).

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
José Marcos Nascimento: Uma personagem com uma vida editorial tão longa torna-se um ícone respeitado e amado pelos leitores, aqui no Brasil por exemplo já passou por vários planos económicos e sempre foi tratado com respeito e seriedade pelas editoras em que passou. A editora Mythos que faz um trabalho maravilhoso com as edições que publica, trata com respeito os leitores e isso reflecte-se no nosso querido Tex e as pessoas cada vez mais compram e coleccionam. Ter o seu devido espaço na Internet onde se tem a oportunidade de comprar exemplares raros, trocar informações, completar colecções e fazer amizades com outros coleccionadores somente um ícone como Tex pode fazer isso.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
José Marcos Nascimento: Isso é uma coisa que eu gostaria muito de fazer, aqui onde eu moro conheço várias pessoas que coleccionam, outros gostam de ler a começar por meus irmãos, primos, tios e amigos. Futuramente quero ter a oportunidade de ir a algum evento, como um grande lançamento de Tex, um Festcomix onde se encontram os maiores coleccionadores de Tex como por exemplo, Adriano Rainho e G. G. Carsan, que eu apesar de não conhecer pessoalmente sempre acompanho nas suas entrevistas, pois realizam exposições e eventos com tanta dedicação ao nosso querido ranger e seus pards.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
José Marcos Nascimento: É com emoção que chego ao fim desta entrevista porque tenho a oportunidade de falar do meu amor por essa personagem querida e de compartilhar com outros coleccionadores ideias e opiniões.
Na minha visão o futuro de Tex será brilhante como sempre foi desde o início porque vão se renovando as ideias, novos desenhadores e argumentistas surgem e isso se vê nas bancas com as diversas edições de Tex publicadas.
Falando nisso tenho que correr até às bancas, o meu companheiro de aventura há mais de 30 anos está à minha espera!

Prezado pard José Marcos Nascimento, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
José Marcos Nascimento: Um grande abraço a todos, fiquem com DEUS!

Uma grande e verdadeira família texiana liderada por José Marcos Nascimento

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

13 Comentários

  1. Sem querer desmerecer as outras entrevistas, mas pra mim essa foi a melhor que já vi por essas bandas. Meus parabéns, pard!

  2. …”é muito bom sentar na varanda em uma tarde chuvosa e ler uma aventura de Tex com as suas páginas amareladas pelo tempo.

    Magnífico!!!

    Entrevista TOP 5 fácil. Bela foto da família reunida segurando os Tex em Cores ^^

    Saúde e paz pard

  3. Parabéns, José Marcos, pelo seu bom gosto, pela sua coleção, e pela linda família texiana. Você é um grande fã e colecionador de TEX.

  4. Dizia ontem a minha esposa em Avaré/SP sobre sentar na varanda da casa, olhar o horizonte verdejante, com chuva ou com o sol queimando e curtir uma boa leitura, só no silêncio dos pássaros ou grilos, é claro, que ler uns TEX, e no meu caso, sempre foi Zagor, não tem preço!!

    Uma bela entrevista sem dúvidas, e que siga adiante encontrando bons TEX, e você disse conhecer outras pessoas leitoras/fãs (e sendo elas da redondeza), já as reúna e faça seu EnconTEX pard!!

    O mais importante são vocês, as edições que vocês tem e todos os sonhos que compartilham em comum pela personagem, o resto é a prosa, e esta é farta quando o povo se aprochegar!!

    E, quando fizer este EnconTEX, posta as fotos, é guerreiro e tem a família dando suporte, com certeza fará bonito, e muito bem, siga adiante!!

  5. Cada importante entrevista trazida pelo blog representa um momento de regozijo porque temos conhecido novos pards e iniciado novas amizades.
    Que legal que depois de tantas entrevistas ainda nos surpreendemos com belas respostas, belas coleções, diversas curiosidades.
    Eu finalizei a leitura observando a bela foto e imaginando o belo churrasco com muita batatinha frita e alguns barris de cerveja gelada que dá pra fazer com esta família e já torcendo para que eu não seja convidado a me retirar, como Tex faz com o velho Carson.
    Também agradeço pela lembrança e reafirmo a magia e importância de participar dos encontros com colecionadores, leitores, editores, desenhistas e roteiristas. Se for desígnio de Manitu estarei no próximo FIC em Belo Horizonte, em novembro, e quem sabe encontrar frente a frente com o pard José Marcos por lá.

  6. Realmente, GLBonelli disse isso sobre Tex. Tem numa entrevista de um Tex Ouro, se não me falha a memória. Tens o Tex Jr 28!!!! Mas bah, parabéns! E uma grande família de pards. Acho que é a primeira vez que vejo uma foto de uma grande família texiana, bem legal isso!

  7. Parabéns Zé!!!!

    Tua história é muito parecida com a minha em relação aos quadrinhos. Lendo tua entrevista, relembrei varias passagens de minha infância. Belíssima coleção! Parabéns!!!

  8. A entrevista com o amigo Zé Marcos saiu bem mais supimpa que a montanha de bifes e batatas fritas que Carson costuma devorar. É muito legal nos depararmos com entrevistas apaixonantes pelo personagem como esta. Valeu, cauboy amigo!!

  9. Meus parabéns grande amigo, você realmente merece ser reconhecido pelo esforço e dedicação. Fico muito feliz por você e parabéns pela bela coleção.
    Um abraço.

  10. Belíssima entrevista pard, realmente uma das melhores, caso queira trocar alguma idéia ou até mesmo algumas edições, pois coleciono não só Tex como praticamente todos os outros personagens da Bonelli, tenho centenas de edições repetidas, basta contatar-me.
    Meu e-mail é info.valderi@gmail.com

    Grande abraço!

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