Entrevista com o fã e coleccionador: Luiz Felipe Piorotti

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Luiz Felipe PiorottiPara começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Luiz Felipe Piorotti: Meu nome é Luiz Felipe Piorotti, nasci e 4 de Janeiro de 1986 e tenho 23 anos.
Sou brasileiro, moro no Estado do Rio de Janeiro, mais especificamente em Nova Iguaçu (1 hora do centro da cidade).
Sou descendente de italianos (por isso esse nome Piorotti) e o que sei é que meus bisavós eram de Treviso…
Acabei de me formar em Desenho Industrial (Designer Gráfico) e pretendo trabalhar como Ilustrador gráfico. Actualmente estou organizando workshops e faculdades e escolas técnicas e actualizando sempre o portfólio para amostras em estúdios e agências.

Arte de Luiz Felipe Piorotti - Imagem 1Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Luiz Felipe Piorotti: Desde o berço!! E tenho provas… hahaha… tenho uma foto bem pequeno no berço com uma revista de quadradinhos. Os meus pais sempre compravam  revistas para mim nas bancas de jornais… revistas da Disney, Pernalonga, Turma da Mônica e Homem aranha… eu lembro que tinha uma pequena mesa no meu quarto e ficava copiando os desenhos das revistas… isso com uns 3, 4 anos… lia bastante tiras de jornais do Peanuts, Recruta Zero, Calvin e Hagar também…
Quando eu terminava os  trabalhos da escola na biblioteca que tinha perto de casa, no SESC, tinha uma parte infantil onde havia várias revistas… toda semana eu alugava as revistas de banda desenhada.
Arte de Luiz Felipe Piorotti - Imagem 2Depois de um tempo descobri que o meu primo tinha um monte de revistas da Marvel e DC em 3 caixas… toda semana pegava emprestado com ele… isso eu já com 12 anos… como ele já não acompanhava mais ele acabou passando a sua colecção. A partir desse grande presente  eu passei a comprar nas bancas… sempre lendo Homem-Aranha, X-Men, Batman, Demolidor e começando a colecção do Spawn…
No início da Panini  começaram a sair muitas revistas e não tinha condições de acompanhar…  foi então que um  amigo  meu de escola ganhava do tio dele, várias revistas do mês. Como ele já não tinha onde guardar tantas  revistas acabava passando para esse meu amigo… e ele acabava me passando essas revistas… Demolidor, Hulk, Batman, Homem-Aranha… até hoje sempre pego algumas revistas com ele…
Arte de Luiz Felipe Piorotti - Imagem 3O Tex passei a ler quando o professor Wagner apresentou-me as revistas da Bonelli… comprei algumas edições em alfarrabistas (sebos no Brasil) e  edições especiais italianas com ele… tanto do Tex quanto do Dylan Dog e Zagor… acompanhei  algumas edições da Júlia e Mágico Vento  onde gostei bastante dos roteiros e ainda quero ver os trabalhos do Dampyr… curti bastante os Texoni (Tex Gigantes), mas não acompanhei a cronologia da personagem e isso atrapalha na hora de fazer algumas páginas… com as dúvidas que tenho sempre pergunto ao Wagner que é fã da personagem.
Hoje em dia já não tenho condições de comprar quadradinhos, pois estou comprando muito material de desenho, aguarela, folhas importadas, pincéis e preciso de uma prancheta melhor e um banco, scanner, mesa de luz, só compro de vez em quando alguma mini-série ou edição especial  e quando dá… revista mensal acabei parando…

Arte de Luiz Felipe Piorotti - Imagem 4Quando descobriu Tex?
Luiz Felipe Piorotti: Como mencionei antes eu sempre li quadradinhos mas Tex comecei a ter contacto há uns 3 anos atrás, quem me apresentou o Tex e as outras personagens da editora Bonelli foi o Wagner no curso de desenho. Depois passei a procurar algumas edições em alfarrabistas para tentar saber mais sobre a personagem italiana…

Porquê esta paixão por Tex?
Luiz Felipe Piorotti: Bom… não sou um fã da personagem de Bonelli & Galep… eu considero que li muito pouco e não sei muito sobre a cronologia do ranger… apesar de ter gostado das histórias que li, aliás, é bem superior aos comics que saem hoje em dia. Eu não tenho como comprar todo mês pois acabo tendo outras prioridades como materiais de artes importados… uma vez ou outra acabo pegando algumas edições italianas lá no curso…

Colecção de Luiz Felipe Piorotti - Imagem 1O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Luiz Felipe Piorotti: Tem um padrão de história e cronologia… um grupo de autores onde só se dedica ao Tex e sabe o que se fazer com a personagem. Acho que assim como o Tex as outras personagens da editora conseguem ter um padrão de qualidade que agrada o seu público.
Já os comics cada um passa o seu ponto de vista… esquecem detalhes… personagem que morreu, volta… mega sagas onde se precisa ler 5 revistas diferentes todo mês… os quadradinhos americanos já foram bons… já não se fazem aquelas histórias que te deixam uma lição… te façam reflectir um pouco… só mostram guerras, terrorismo e destruição… e isso mudou devido aos valores que a sociedade tem hoje em dia.

Luiz Piorotti e os TexoniQual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Luiz Felipe Piorotti: Como podem ver nas fotos, possuo poucas revistas do Tex… o que daria destaque são os Texoni e a edição de 60 anos da personagem que foi desenhada por Fabio Civitelli… achei aquela história sensacional!!

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Luiz Felipe Piorotti: Só colecciono algumas revistas e edições especiais que saem da personagem.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Luiz Felipe Piorotti: Todos os Texoni e a edição italiana comemorativa dos 60 anos da personagem… e todas as edições especiais que falam sobre os filmes de faroeste, algumas das quais que já possuo e a biografia de Sergio Bonelli.

Colecção de Luiz Felipe Piorotti - Imagem 2Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Luiz Felipe Piorotti: Da minha humilde colecção eu destacaria o Retorno a Culver City (Tex italiano 511 e 512) de Claudio Nizzi e Fabio Civitelli e o Profeta Hualpai (Texone) também do Claudio Nizzi e desenhada por Corrado Mastantuono. Meus desenhadores favoritos do Tex são o Claudio Villa, Aurelio Galleppini, Giovanni Ticci, Fabio Civitelli e Corrado Mastantuono (daria ainda destaque para o Corrado Roi no Dylan Dog, pois acho sua arte sombria fantástica!!). Dos argumentistas que conheço destacaria Claudio Nizzi.

Kit Carson e Tex - Arte de Luiz Felipe Piorotti - Imagem 5O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Luiz Felipe Piorotti: Eu destacaria a sua humildade, carácter e ética… são coisas difíceis de encontrar em quadradinhos hoje em dia… os quadradinhos precisam voltar a mostrar uma lição moral e não guerras e terrorismo… o que menos me agrada no Tex eu não teria condição de dizer pois não acompanhei a cronologia do ranger e por isso fica difícil dizer…

Colecção de Luiz Felipe Piorotti - Imagem 3Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Luiz Felipe Piorotti: Acho que pelo género western, existem muitos fãs… meu pai assistia filmes do John Wayne e outros actores que de vez em quando ele comenta… já não é da minha época… então acho que o pessoal que assistia esses filmes passaram a ler Tex, ou até ao contrário começaram a ler Tex e passaram depois a acompanhar os filmes… e isso é bom… o senso de justiça e lealdade da personagem… as pessoas acabam se identificando com Tex…

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Luiz Felipe Piorotti: Muito pouco, embora no curso de desenho sempre aconteçam algumas conversas… é difícil encontrar quem leia quadradinhos hoje em dia…eventos no Rio de Janeiro são pouquíssimos…

Arte de Luiz Felipe Piorotti - Imagem 5Para concluir o tema, como vê o futuro do Ranger?
Luiz Felipe Piorotti: Vejo um óptimo  futuro, os fãs que acompanham a personagem são bastante fiéis às suas histórias, é uma das revistas em quadradinhos que mais vende no Brasil, só acho que deveriam manter o formato original da revista… e divulgar sempre para o público mais jovem nas escolas, ajudaria bastante. Fazer com que as crianças tenham um hábito de leitura com as histórias em quadradinhos, já que hoje em dia há outras formas de entretenimento como os vídeo-jogos e a Internet.

Arte de Luiz Felipe Piorotti - Imagem 6Para aqueles que ainda não estão bem identificados com a sua carreira profissional, gostaríamos que fizesse uma pequena apresentação própria e do caminho entretanto percorrido na sua carreira?
Luiz Felipe Piorotti: Bom, eu sempre desenhei desde pequeno… lembro que com 3, 4 anos eu tinha uma mesinha de madeira onde desenhava, ficava copiando de livros infantis e revistas da época, era bastante influenciado pelos desenhos animados da época também como He-Man e Thundercats e seriados japoneses da época como Jaspion, Jiraya… assistia na televisão e ficava decorando os detalhes das roupas e características das personagens para desenhá-los… lembro que o meu pai chegava a casa com várias folhas de fax e desenhava tudo… ficava doido ao ver várias folhas em branco para rabiscar… caixa de lápis de cor com 36 cores, cryon, canetinha… tudo isto me deixava doido!! Na escola ficava fazendo caricaturas dos professores a alunos…
Arte de Luiz Felipe Piorotti - Imagem 7Com uns 16 anos cheguei a pagar um curso de desenho na época em que fazia estágio no INSS, lá conheci o professor João (mais conhecido como o Lata) e o professor Sérgio Dias. Depois de um tempo acabou fechando, não por culpa dos bons professores mas por problemas internos de administração… aí ficava desenhando directo em casa sempre que podia…
Terminei a escola e logo depois entrei para a faculdade de Desenho Industrial, cheguei participei de um grupo de animação com o pessoal da faculdade, e aprendi técnicas que poderiam ser aplicadas nas histórias em quadradinhos como composição, teoria da cor e outras coisas e poder actuar em outra área como designer de personagem, ilustração de livros, storyboard… nessa época conheci também um colega meu, Marcos Marz, que também queria desenhar quadradinhos, mandava testes sempre, e sempre me ensinava um pouco de anatomia, perspectiva… ele chegou a desenhar Batman e Miss Marvel… aí ficava sempre trocando informações…
Arte de Luiz Felipe Piorotti - Imagem 8Quando estava no 5° período da faculdade acabei conhecendo o Wagner Macedo , o professor do curso Graphite e um grande ilustrador, foi ele que me apresentou as revistas do Tex e outras revistas da Bonelli. Também pude conhecer vários materiais importados como tintas para pinturas, tipos de pincéis e folhas, materiais que não conheci na faculdade….
Actualmente estou organizando alguns workshops  e dando aulas, produzindo amostras para agências e fazendo algumas pinturas de aguarela… e espero chegar a usar acrílica, óleo, pastel…

Arte de Luiz Felipe Piorotti - Imagem 9Tex teve alguma influência no facto de você se ter tornado um desenhador?
Luiz Felipe Piorotti: Posso dizer que as revistas do Tex e os artistas que trabalham para a editora Bonelli fizeram com que meu trabalho tivesse uma evolução, principalmente no uso de luz e sombra, texturas aplicadas com o nanquim, florestas… acompanhar esses trabalhos melhorou a minha observação… é um trabalho bem diferente do aplicado nos comics. Sempre vejo trabalhos do Claudio Villa, Giovanni Ticci, Fabio Civitelli, Corrado Mastantuono… e não só as revistas do Tex mas também do Dylan Dog onde acho o Corrado Roi  um artista fantástico e alguns artistas que cheguei a ver rápido em Zagor e Dampyr… lembro da primeira vez que vi uma revista do Tex desenhada pelo Civitelli… fiquei com cara de bobo quando vi o que ele fazia com o bico de pena… hahaha… dou destaque também à narrativa do Mastantuono e às capas do Villa.

Prezado pard Luiz Felipe Piorotti, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

6 Comentários

  1. Aeeeee Piorotti hein!!
    Ficou metidão depois dessa hein!!kkkk!!
    Parabens aí cara. Apesar né, isso aí tá mais pra sinopse do q pra entrevista.

  2. FILHÃO; o tio sempre acreditou e sempre acreditará em vc. ou seja no seu potencial, pois presenciei inúmeras vezes vc tentando dar seus primeiros traços antes dos seus primeiros passos, portando sempre tive a certeza que ali, n´aquelas frágeis mãozinhas, surgiria um PPPPPPPP… profissional das páginas da vida. “É ISSO AÍ, MANDA V.’ faça aquilo que vc gosta, só assim, potencialmente “EVOLUIMOS”.
    Um abraço do tio Bosco KBÇÃO>>>.

  3. Aeeeehhhhh priminho…rs… tá ficando famoso!!! rs… nem eu sabia que tu já tava tão bom assim nos desenhos… desde novinho, é dom cara! Bjão

  4. Oii primo, estão lindos os seus desenhos, sempre foram né?! Continue assim que você vai longe! Um beijo 🙂

  5. Felipe, para melhor me identificar, sou casado com a AS Giane, sua prima. Fiquei tão impressionado com sua entrevista que resolvi dizer a você: parabéns e muito sucesso, pois o caminho da vocação demora mas dá ótimos frutos.

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