Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.
Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Gilberto Queiroz: Nasci no já distante ano de 1964, no Estado da Bahia, Brasil, tendo sido criado aqui em São Paulo. Já fiz várias coisas meio que ligadas à arte. Trabalhei como letrista, pintando placas e faixas, já trabalhei com serigrafia, fazendo arte-final para serigrafia (numa época em que era tudo feito à mão, sem computador), estampei camisetas e brindes. Actualmente trabalho com área gráfica, produzindo e vendendo cartões de visita, folhetos, etc. Já há alguns anos ofereço curso básico de desenho na região em que trabalho. Nada muito sofisticado, mas feito com muita atenção e entusiasmo. Já fiz algumas capas de livros para editoras e busco aperfeiçoar-me e montar um bom portefólio. Publiquei uma história de banda desenhada (sob demanda) em parceria com o roteirista Rynaldo Papoy: “O Sétimo Beijo na Boca”. Basicamente é isso: faço área gráfica, dou aulas e desenvolvo o meu trabalho artístico, concentrando-me agora em quadradinhos.
Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Gilberto Queiroz: Bem cedo, por volta dos 7 anos, quando comecei a ler. Lembro-me de ir aos domingos a uma feira perto de casa, para comprar revistas usadas de um senhor que as expunha no chão. Comprava Disney e Super-heróis da DC, publicados pela Ebal.
Quando descobriu Tex?
Gilberto Queiroz: Descobri Tex através de um vizinho, que o coleccionava, quando tinha por volta de 11 ou 12 anos mais ou menos.
Porquê esta paixão por Tex?
Gilberto Queiroz: Agora adulto, sempre me surpreendo como a personagem (Tex) consegue ser tão rica de aventuras, sendo, num primeiro momento, considerado um tipo estereotipado de herói do Oeste. Acho que quando começamos a ler, a personalidade forte e heróica de Tex aliado aos óptimos roteiros e desenhos faz toda a magia acontecer.
O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Gilberto Queiroz: Tex tem um senso de justiça e força que o torna um herói incomparável. Os primeiros heróis de aventura dos quadradinhos tinham muitos essa aura de dignidade, mas hoje em dia é difícil encontrar essas características de forma mais pura nas personagens.
Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Gilberto Queiroz: Não me considero um coleccionador ideal de Tex, pois perdi muita coisa que foi publicada mais recentemente. O que faço é garimpar de vez em quando em alfarrabistas (no Brasil: sebos) e distribuidoras. Há muitos anos atrás comprei a colecção (não completa) do amigo que me apresentou Tex (revistas publicadas pela extinta Editora Vecchi) e acho que eram mais ou menos 100 revistas na época. Essa é a base da minha colecção.
Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Gilberto Queiroz: No momento apenas livros e revistas.
Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Gilberto Queiroz: Gosto muito de uma edição gigante, capa dura, publicada pela Vecchi, desenhada pelo Galep. Está meio surrada, mas é interessante porque acho que na época, aqui no Brasil, não se conhecia Tex em tamanho grande e foi publicado sem a premissa de continuar ou começar essa série.
Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Gilberto Queiroz: Gostei muito da história do Tex gigante desenhada pelo Magnus. E também a história do Tex gigante desenhado pelo Joe Kubert.
Dos desenhadores regulares, gosto muito do Ticci, Civitelli e Marcello (pena que este último já faleceu). O Civitelli não gostava muito, mas depois que comprei o seu livro e vi os seus originais, tornei-me fã. Dos argumentistas, gostava das histórias do G. L. Bonelli. Mas os argumentistas actuais são todos óptimos.
O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Gilberto Queiroz: Agrada-me a diversidade de ambientes e riqueza de detalhes e cenários.
O que me desagrada são histórias muito longas, que obrigam o leitor a procurar várias edições. Não é exactamente ruim, mas quando acho algo no “sebo” ou na banca, folheio sempre o final para ver se não há continuação…
Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Gilberto Queiroz: A coragem e indignação com injustiças e também óptimos coadjuvantes como parceiros. Ainda roteiros bem amarrados e cinematográficos.
Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Gilberto Queiroz: Não, raramente.
Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Gilberto Queiroz: Apesar da concorrência da Internet e de outras mídias, vejo um futuro ainda longo. Talvez não venda tanto como vendia outrora, mas sempre haverá quem goste de uma boa aventura. E isso com certeza, o nosso Ranger pode proporcionar.
Prezado pard Gilberto Queiroz, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
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Obrigado, Celso! Também gosto do Bernet. Não tenho o Tex desenhado por ele, mas já li. Grande abraço.
Parabéns pela entrevista Gilberto. Sintetizada e bastante objetiva, além de esclarecedora. Admiro quem coleciona. Gosto do TEX desenhado pelo Jordi Bernet.
Forte abraço e parabéns também ao blog, por essa entrevista.
“Os primeiros heróis de aventura dos quadradinhos tinham muitos essa aura de dignidade, mas hoje em dia é difícil encontrar essas características de forma mais pura nas personagens.” Concordo com isso. Também gostei dos Tex do Magnus e do Kubert, principalmente do primeiro, uma obra prima. Já eu aprecio muito as histórias longas. Ah, se um dia fizessem uma história do Tex de mil páginas… Um abraço.