Entrevista com o fã e coleccionador: Gerval Willer Sousa

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Gerval Willer Sousa: Nasci em João Pessoa, capital da Paraíba no Brasil. No ano de 1965 dei o meu primeiro grito de guerra, no dia 14 de Maio. No momento faço parte da estatística negativa do Ministério do Trabalho, estou desempregado. Ultimamente trabalhei em livrarias e bibliotecas de faculdades.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Gerval Willer Sousa: Acho que nasceu comigo. Praticamente aprendi a ler e escrever lendo quadradinhos com os quais aprendi também a arte do desenho, com mestres como Ray Moore, Burne Hoggarth, Hal Foster, Joe Kubert, Jack Cole, Galep, Giovanni Ticci, Julio Shimamoto, Flavio Colin e Benicio.

Quando descobriu Tex?
Gerval Willer Sousa: Aos 7 anos. O meu pai comprara uma vez uma edição do Tex “Os Cinco Fugitivos do Inferno”, daí não parei mais. Tenho toda a colecção completa do Tex, Tex Coleção, Tex Edição Histórica, Almanaque, Edições Gigantes e Especiais, os Coloridos, os Anuais, os Especiais de Férias, as Edições em Cores, sem esquecer Tex e os Aventureiros e algumas edições italianas. Um pequeno grande tesouro.

Porquê esta paixão por Tex?
Gerval Willer Sousa: Entre tantas personagens de quadradinhos, seja de que género for, ficção científica, western, aventura, policial, terror, fantasia, super-heróis ou até mesmo os mangás e mauás (BD coreana) o Tex destaca-se pelos valores, qualidades, lições e exemplos que dá.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Gerval Willer Sousa: Tex é entre tantas outras personagens o mesmo há mais de 60 anos. Enquanto algumas personagens morrem e voltam à vida, perdem a identidade, entram em crise existencial, ou simplesmente desaparecem, em Tex dá para confiar. É mais palpável, concreto, vivo.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Gerval Willer Sousa: Bom. Calculando: Tex 507, Tex Coleção 500, Tex Edição Histórica 81, Almanaque Tex 42, Tex Ouro 58, Tex Gigante 25, Tex Especial 5, Tex Anual 13, Tex Férias 10, Tex em Cores 12, Os Clássicos Tex apenas 12 aleatoriamente, Tex Especial em Cores 6, Tex e os Aventureiros 6, algumas edições importadas, como Tex, Tex Tre Stelle, Tex Almanacco, Tex 60 Anni, Tex 600 e os livros Tex no Brasil do nosso caro G. G. Carsan, O Mocinho do Oeste de Gonçalo Junior e O Oeste Segundo Civitelli e já li as edições Al servizio dell’eroe e “Lezione di fumetto” com Giovanni Ticci, ou seja, mais de 1250 edições no total!

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Gerval Willer Sousa: Gosto muito de ler, herança paterna, meu pai é uma traça. Tenho uma queda por ficção científica e por autores como Ray Bradbury, Arthur Clarke, Robert Heinlein, Isaac Asimov, Jorge Luiz Calife. Mas o que cair em minhas mãos eu leio. Infelizmente a minha condição financeira actual não me permite ter mais edições do Tex ou mesmo livros sobre o mesmo.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Gerval Willer Sousa: Afora a colecção completa (a sua colecção mesmo, José Carlos ou a do Rainho, são invejáveis dignas de um sequestro) um rifle, seu cinto com os colts, seriam os meus objectos de desejo.

Qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Gerval Willer Sousa: É difícil. São muitas as histórias que mexem com a gente de um modo inesquecível. Eu poderia citar Juramento de Vingança, El Muerto, O Ouro do Colorado e O Vale do Terror. O meu artista preferido é sem dúvida o Ticci, mas não posso deixar de tirar o chapéu para Galep, Civitelli e Villa. E indiscutivelmente o velho Bonelli pai é o melhor. Nizzi é mais cerebral, Nolitta mais emotivo e Boselli é mais épico.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Gerval Willer Sousa: Seu senso de justiça, seu código de ética que falta neste mundo cada vez mais sombrio. Sua ausência de preconceitos, inclinações políticas ou teológicas. Seu inabalável optimismo. São pontos entre tantos outros que me são positivos. Negativos, eu apontaria a sua mão às vezes muito leve quando pega um vilão. Acho que quando se lida com vilania, injustiça, violência e corrupção não se pode ter meios-termos.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Gerval Willer Sousa: Além dos valores que citei anteriormente e a sua longevidade o que mais poderia ser dito? O facto de ser uma personagem de um género épico, mitológico como nenhum outro país possui e que já foi copiado por países como Brasil, Japão, Canadá, México, Itália, Espanha, Inglaterra e até mesmo em filmes de ficção cientifica. Tex é mais realista que um Homem-Aranha, Super-Homem, Batman ou Homem-Borracha. É mais crível e atinge uma larga faixa do espectro etário como nenhuma outra personagem de BD. Crianças, adultos e terceira idade (que o Carson não interprete errado), tendo ainda as mulheres que crescem cada vez mais. Tex é um exemplo a ser seguido. É de confiança. Ele é o cara.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Gerval Willer Sousa: Sim. Apesar de sermos poucos. O meu pai por exemplo, com 86 anos, ainda o lê como há 40 anos.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Gerval Willer Sousa: Com optimismo e cautela. Tex é uma personagem de um género que já teve a sua época. Mas que graças às suas histórias e sua arte ainda prossegue firme e forte. E no mundo da BD tem espaço para todos os gostos e géneros. Afinal 60 anos são 60 anos e não 6 ou 16. Por exemplo Tarzan que teve a sua vez na literatura, depois BD e cinema e TV deu uma sumidinha. O Fantasma teve um destino parecido. O mesmo acontecendo com Flash Gordon. E olhe que os três para citarmos três géneros mais difundidos, a aventura, o mistério e ficção cientifica. A minha cautela é que a chama da Mythos jamais se apague. Como diria o Sr. Spock: “Vida longa e próspera!

Prezado pard Gerval Willer Sousa, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

7 Comentários

  1. Gerval, parabéns pela sua coleção! Fiquei feliz ao ler sua entrevista e também saber que mesmo desempregado você procura sempre ler, seja gibi ou um livro. Espero que encontre um emprego logo! Um abraço!

  2. Parabéns pela entrevista Gerval e bela belíssima coleção que você tem. Espero que consiga um emprego logo, e que esse vício prazeroso continue por toda a vida. VIDA LONGA A TEX, OU MELHOR VIDA LONGA A BONELLI.

  3. Pard Gerval, muito legal a sua entrevista e nada surpreendente para um velho cowboy do oeste como você, super acostumado com tudo de Tex.
    Fiquei contente com a sua saga e sua luta, o seu orgulho em mostrar as suas relíquias… muito legal isso.
    E também agradeço a citação do livro Tex no Brasil – o grande herói do faroeste, que logo logo vai receber um amiguinho para fazer companhia.
    Continue conosco, pois para um texiano, não será muito difícil resolver seus problemas.

Responder a Paulo Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *