Fabio CIVITELLI nas vestes de (conceituado) fotógrafo

Por José Carlos Francisco

Fabio Civitelli nas vestes de fotógrafo – Beja 2010

Fabio Civitelli, o consagrado desenhador de Tex Willer que por três vezes compareceu em Portugal devido a eventos relacionados a Tex ocorridos no nosso país e que em Setembro regressa novamente a este pequeno, mas belo país à beira-mar plantado, para ser o autor convidado do 17º Salão Internacional de Banda Desenhada de Viseu, evento onde comparecerá no fim de semana de 10 e 11 de Setembro próximo para inaugurar a sua exposição dedicada às Cidades do Tex, para além do desenho tem uma outra paixão que muitos ficaram estupefactos ao descobrir aqui no nosso blogue,  porque à primeira vista parecia ser incompatível com a sua profissão devido a alguns riscos inerentes a essa paixão.

Estamos a falar de um desporto chamado em Portugal de BTT, que significa Bicicleta Todo o Terreno, e que internacionalmente é denominado de Mountain Bike, inclusive no Brasil onde também eventualmente é chamado de Ciclismo de Montanha ou Mountain Biking e comummente abreviado como MTB, mas Civitex, o nome “artístico” de Fabio Civitelli nessa modalidade que exige muita adrenalina, como todos puderam ver no vídeo que divulgamos em Janeiro deste mesmo ano, tem uma outra grande paixão completamente antagónica a esta: a fotografia.

Cartaz da Mostra fotográfica de Fabio Civitelli – “Luoghi Comuni”

Hoje aqui no blogue do Tex, vamos dar a conhecer Fabio Civitelli nas suas vestes menos famosas, mas igualmente empenhadas e apreciadas de fotógrafo amador, mas já com renome, tendo inclusive Fabio Civitelli sido convidado para expor as suas fotografias em mostras colectivas, mas também já tendo tido a honra de ter uma mostra individual, onde expõe as fotografias inusitadas que vai tirando, algumas das quais em Portugal. Tanto é assim, que Civitelli já expôs em Itália várias fotografias “made in Portugal” e está já marcada uma visita à cidade do Porto, na sexta-feira, dia 9 de Setembro para Civitelli conhecer a bela e invicta cidade nortenha, assim como fotografá-la como só ele sabe.

Composizione in bianco (Composição em branco) – Beja – 2010

Fabio Civitelli faz parte desde 1980 do Grupo Fotográfico “La Pieve” de Arezzo, sua terra natal, com o qual  expõe os seus trabalhos fotográficos na exposição colectiva que se realiza anualmente e intitulada “Itinerari” (“Itinerários”). Os mestres em quem se inspira são essencialmente Elliott Erwitt, Ralph Gibson e, entre os italianos, Luigi Ghirri. Nos anos 80 e 90 Civitelli publicou portfólios seus nas consagradas revistas Reflex, Il Fotografo e Fotopratica. Mais tarde dedicou-se exclusivamente aos projectos de pesquisa Chiaroscuro, I Colori Della Notte e Luoghi Comuni.

Pesce Fuor d’Acqua (Peixe fora d’água) – Sintra – 2008

Desta última série, que o absorve há cerca de 25 anos, ou seja, desde que começou também a desenhar Tex, nasceu a sua mais recente exposição, a primeira pessoal em todos estes anos e que decorreu entre 20 de Novembro e 5 de Dezembro de 2010, durante a Feira de Antiguidades de Arezzo. “LUOGHI COMUNI” (“Lugares Comuns“) que nas fotografias de Fabio Civitelli manifestam as contradições da paisagem urbana, sem porém intenções jornalísticas de denúncia de problemáticas sociais, típicas de uma certa fotografia dos anos setenta.

A atitude do autor é mais pessoal e reflexiva, mas nem por isso menos magnificente. Ele mostra uma sua visão do mundo inédita e inquietante, analisando os temas escolhidos não pelo seu valor estético, mas como o processo fotográfico os cristaliza e os evidencia. Na redução a duas dimensões de uma realidade tridimensional, a escolha da óptica, do momento e da perspectiva podem determinar as contradições ou as semelhanças, capazes de surpreender e de tornar enigmáticas fotografias falsamente simples.

Parvenze di vita (Sinais de vida) – Sintra – 2008

A sua abordagem às imagens seguem portanto a direcção de uma contínua busca de “desorientação” perceptual, que conduz inevitavelmente a uma relação diferente com a realidade, uma relação excêntrica e quase onírica, próxima das características da arte surrealista. A associação entre os elementos presentes no rectângulo fotográfico tendem a criar uma falsa aparência, que é um misto entre a realidade racional e irracional. O resultado produz uma fotografia que revela pouco do ambiente representado mas muito dos  processos mentais do autor, como podemos ver nas diversas fotografias que ilustram este texto, todas elas tiradas em Portugal, mais precisamente em Sintra e em Beja.

Registe-se ainda que embora trabalhando com máquinas fotográficas analógicas e películas fotográficas, Civitelli cuida ele próprio da digitalização dos negativos, imprimindo-os em formato A3 com uma impressora Canon Pro 9000 Mk 2, isto porque segundo o próprio desenhador de Tex, as fases de controle da cor e da impressão são quase tão importantes como o “disparo”.

Stargate – Sintra – 2008

Quattro a Uno (Quatro a um) – Beja – 2010

Colonna del sapere (Coluna do saber) – Beja – 2010

Mas para conhecer melhor esta faceta semi-desconhecida de Fabio Civitelli, damos a conhecer uma vídeo-entrevista realizada com o próprio desenhador aretino, onde Civitelli fala da sua paixão por este tipo de fotografias inusitadas, mas não sem antes abordar a sua profissão de desenhador de Tex:

(Para aproveitar a extensão completa das fotografias, clique nas mesmas)

Um comentário

  1. Mais um “furo” do blogue. As fotos que gostei mais foram “Peixe fora d´água” e “Stargate”! Grande Civitelli!

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