Marcos Maldonado e a arte de legendar as histórias de Tex na presença de Fabio Civitelli

Por José Carlos Francisco

Durante a sua recente estadia no Brasil, Fabio CIVITELLI aproveitando a presença em Sorocaba, município brasileiro onde nasceu Marcos Maldonado e que está localizado no interior do Estado de São Paulo, de onde dista cerca de 90 quilómetros da capital paulista e onde esteve na companhia de Dorival Vitor Lopes, editor de Tex no Brasil, Júlio Schneider, tradutor de Tex, José Carlos Francisco, representante da Mythos Editora em Portugal e sobretudo do próprio Marcos Maldonado e da sua esposa Dolores Maldonado, o casal legendador de Tex, teve a oportunidade de visitar a casa onde as letras de Tex são feitas desde o dia 3 de Março de 1980 (tratava-se de Tex nº 110 – “A Sombra do Patíbulo“ -, 130 páginas), anteriormente de forma manual e hoje em dia de forma computadorizada.

Portanto já lá se vão mais de 30 anos em que Marcos e Dolores Maldonado participam das aventuras deste destemido herói do oeste, devido às milhares de páginas legendadas por ambos, no decurso de imensos dias e horas seguidas passadas na prancheta com a caneta de nanquim e actualmente em frente ao monitor do computador.

E foi precisamente o trabalho de legendar (letreirar, no Brasil) no computador que Marcos Maldonado explicou o processo a Fabio Civitelli e a todos os restantes membros da comitiva Texiana que ouviam atentamente Marcos dizer que para fazer um Tex “normal” no computador demora mais ou menos sete dias, dependendo muito da quantidade de balões de cada história.


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Marcos Maldonado recebe o texto da história por e-mail e a revista italiana pelo correio, abre uma pasta no computador com o número do Tex a ser feito, destaca todas as páginas da revista e digitaliza, depois usa o Photoshop para tirar todo o texto italiano e ainda no Photoshop demarca o tamanho da página e corta na proporção certa para passar para o outro programa, o Pagemaker, no qual coloca o texto ao lado das páginas que estão com os balões em branco e a partir daí demarca o texto de cada balão e transporta as letras para depois distribuí-las acompanhando o formato de cada balão, conforme se pode constatar nas diversas fotos que se publica a ilustrar este texto!

(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

26 Comentários

  1. Marcos Maldonado deve ser um dos poucos legendadores com larga experiência que acompanharam o progresso técnico, abandonando a legendação manual, morosa e exigente – pois era preciso, além de ter boa letra, recortar e colar nos balões o papel “couché” em que as legendas eram desenhadas, tarefa que demorava muito mais tempo do que agora, com os programas de computador à disposição dos profissionais.
    Em Portugal, temos o exemplo da Catherine Labey, que começou por fazer legendas no “Fungagá da Bicharada”, passando depois a colaborar no “Mundo de Aventuras” e com editoras de álbuns como a Meribérica, a Futura e a Asa. Também ela legendou centenas de páginas, algumas com as suas próprias criações.
    Com os anos e a experiência adquirida, o estilo de legendação ia-se aperfeiçoando, até atingir o máximo de rigor e de legibilidade, sem perder as suas características próprias. Vi isso acontecer com a Catherine e com outros legendadores com quem trabalhei e a quem presto homenagem, como o Jorge Mendonça, a Zulmira Perdigão, o Zenetto, cuja caligrafia era perfeitamente distinta -, mas actualmente, com variadíssimos tipos de letra à sua disposição, o legendador não tem mais do que escolher… e até pode criar uma escala alfabética com a sua própria letra.
    Sinais dos tempos, que certamente recordarão ao grande especialista Marcos Maldonado como era uma “barra pesada” legendar, há vinte e tal anos, cada revista de Tex, sem outros instrumentos que não fossem a caneta, uma mão firme, uma boa visão.. e, claro, muita paciência!

  2. O amor também nasce do conhecimento. Saber como as “coisas” são feitas permite-nos perceber a sua complexidade, mas também a quantidade de amor que tantas pessoas colocam no produto final que chega às nossas mãos. Por isso parabéns por esse “post“. Claro que hoje o trabalho está muito simplificado e a competência que provavelemente era exigida a um legendador em outros tempos já não é requerida, sabendo nós a quantidade de tipo de letras que estão ao nosso dispor, para além do tamanho e das diferentes formas de realce. No entanto não deixa de ser uma tarefa difícil para que o produto final seja de qualidade. E parece não haver dúvidas que a Mythos se tem esmerado. Mais uma vez adorei o “post” e o comentário do Sr. Jorge Magalhães.

  3. Que belo trabalho!!! Em tempo: alguém poderia me informar qual o nome da fonte usada nos gibis de Tex??

  4. Que bom saber que o meu caro bengala-friend, Marcos Maldonado e a Dolores, também embarcaram na arte tecnológica. Isto, sem dúvida, facilita a vida de todos nós.
    Principalmente, de grandes mestres da arte sequêncial que sempre faziam um letreiramento horrível.
    Beleza, pura!

  5. Olá Paulo,
    Obrigado por ter gostado da matéria, a fonte usada para letreirar o TEX é CCWildWordsInt.
    Um grande abraço,
    M.M.

  6. Olá, Jorge Magalhães,
    Você sempre gentil e reconhecendo o trabalho dos legendadores,”aqui no Brasil letristas”, tudo que se passou na evolução do trabalho da Catherine Labey se passou também comigo e com tantos letristas do mundo, espero um dia ter o prazer de te conhecer pessoalmente e também a minha colega de profissão Catherine.
    Um grande abraço,
    M.M.

  7. Olá Jose Eduardo,
    Você tem toda razão, além da competência é preciso ter amor no que se está fazendo, e também devemos reconhecer as ótimas condições de trabalho que a MYTHOS nos oferece para que tenhamos um ótimo resultado nas revistas de TEX.
    Um grande abaço,
    M.M.

  8. Olá meu grande amigo TONY,
    Obrigado por você estar sempre reconhecendo o nosso trabalho, principalmente vindo de você, uma pessoa tão importante dentro das Histórias em Quadrinhos, espero nos encontrarmos em breve praquele bom papo.
    Como diz você um Mano Amplexo,
    M.M.

  9. Olá Marcos Maldonado,
    Muito obrigado pela mensagem pessoal que me dirigiu e se um dia você vier a Portugal (quem sabe, não é?), teremos certamente a oportunidade de nos conhecer. A Catherine, minha esposa, converteu-se com facilidade, tal como você, à arte do computador, mas ainda hoje recordo com uma certa saudade os longos serões de trabalho, às vezes até de madrugada, quando os prazos de entrega assim o impunham, em que era eu a traduzir, por um lado, e ela a legendar (letreirar, pois), quase sempre no papel… porque era raro as legendas fazerem-se directamente nos fotolitos, o que facilitava bastante a tarefa. E depois de letreirar era preciso rever tudo com muito cuidado, portanto o trabalho passava por diversas fases, qual delas a mais morosa.
    Hoje tudo mudou, mas felizmente a BD, continua a ter história, argumento, palavras, em suma, e por isso a profissão de legendador/letrista é daquelas que, mesmo com os avanços tecnológicos que tantas mudanças trouxeram, nunca acabará certamente.
    Abraços para si meus e da Catherine.

  10. Legal saber como é produzida nossos amados gibis do nosso grande herói!! Queria ver como é a SBE na Itália… deve ser fantástico…
    Um abraço!

  11. Parabéns Marcos Maldonado por esse belíssimo trabalho com o nosso querido Tex. Eu que já coleciono o ranger a 30 anos, ficava olhando aquela página onde tinha o pessoal que trabalhava na redação da revista e ficava imaginando como seria a pessoa. Com a Internet os profissionais da área, se tornaram realidade para todos nós. Que vc e sua esposa continuem com essa dedicação ao ranger por mais uns trinta anos.

    Abraços

  12. Eu tive a oportunidade de conhecer esse legendário membro do “staff dos bastidores” de Tex no Fest Comix, acompanhado de sua não menos famosa esposa e de seu parceiro Paulo Guanaes, outro célebre profissional que dedicou sua vida à Bonelli brasileira! Fiz questão de pegar autógrafo dos dois, na mesma revista que já havia pego um do Civitelli!

  13. Em apenas uma oportunidade (Fest Comix) confrontar tantos ícones texianos, realmente é um momento mágico, Filipe. Se já admirava a equipe editorial de Tex através de Dorival, Júlio, e casa Mythos, com os quais anteriormente tive contato, conhecer pessoalmente Marcos Maldonado e Dolores Maldonado foi particularmente uma grata satisfação: que casal carismático. Isso só me vem confirmar a grandeza que é o mundo Tex! Abraços…

  14. Outra incrível figura que tive o prazer de conhecer ao lado dos Maldonados, demonstrando ter sido criada ‘do mesmo barro’, foi o não menos carismático, Paulo Guanaes. Com o exemplo de profissionais como Civitelli e destes abnegados pilares texianos é que Tex garante longevidade incalculável. Abraço…

  15. Olá, Marcílio,
    Agradeço os seus parabéns, e é esse tipo de comentários que faz com que nós profissionais trabalhemos cada vez com mais prazer no que fazemos, um grande abraço meu e da Dolores.
    M.M.

  16. Olá, Felipe,
    Saiba que também para mim e a Dolores foi um grande prazer te conhecer, foi com muito orgulho que autografei a revista por ser você uma pessoa tão próxima do nosso herói Tex.
    Um grande abraço meu e da Dolores.
    M.M.

  17. Olá, Nei,
    Foi com muita alegria que li o seu comentário, para mim e a Dolores também foi um prazer ter te conhecido, e espero nos encontrarmos novamente em um momento muito próximo.
    Um grande abraço meu e da Dolores.
    M.M.

  18. Olá, meu grande amigo Zeca,
    Não poderia deixar de comentar sobre o que você representa para o nosso herói TEX, nós profissionais nos dedicamos com todo amor ao trabalho para que o nosso TEX chegue nas bancas de revistas o mais perfeito possivel, é uma grande equipe partindo inicialmente pelo nosso editor Dorival, somos pagos para fazer o nosso trabalho, você, Zeca se dedica quase que dia e noite para divulgar o nosso herói TEX sem pedir nada em troca, todos os Texianos são importantes, mas você é o que melhor representa essa grande legião de Texianos, nós sim devemos te prestar muitas homenagens, sempre digo que para mim e a Dolores é um grande orgulho fazer parte da sua amizade assim como de sua família, receba esse meu comentário como minha gratidão por tudo que você representa no mundo do TEX,
    Um grande abraço meu e da Dolores.
    M.M.

    • Caro Mestre (das letras) e Amigo Marcos Maldonado,
      Fico muito honrado pelas suas palavras, pois são mais um grande estímulo para fazer mais e melhor em prol do nosso Tex, apesar de eu ter cada vez menos tempo disponível para a difícil, mas prazerosa, tarefa de divulgar esta fantástica personagem criada por G. L. Bonelli, mas de certo modo, é algo que eu tenho que continuar fazendo e sempre do mesmo modo, porque Tex deu-me tanto nesta vida e continua a dar, que tudo que eu faça em prol dele será sempre pouco por tudo que ele tem me dado nesta vida, sobretudo as inúmeras amizades com pards de todo o mundo, inclusive com os profissionais que fazem Tex, seja no Brasil, como por exemplo você, a Dolores, o Dorival, o Hélcio, o Paulo Guanaes, o Júlio Schneider, seja na Itália com tantos e tantos autores de Tex que me concedem a sua amizade, casos de por exemplo Sergio Bonelli, Mauro Boselli, Fabio Civitelli, Claudio Villa e tantos, mas tantos outros… o que muito me orgulha e mostra que continuo no caminho certo e que devo fazer os possíveis para continuar sendo o mesmo Zeca!
      A nível pessoal, tê-lo conhecido a si, à Dolores e ao seu irmão Antonio, assim como a muitas outras pessoas da sua família, tal como ter a vossa sincera amizade é algo que não tem preço e que estarei sempre grato a Tex e a vocês por me deixarem entrar na vossa vida!

  19. Show de bola, lembro quando eu tinha uns 11 a 12 anos e comecei a conhecer esse maravilhoso mundo do TEX, eu ficava imaginado como era para fazer a revista, hoje com a era da internet podemos acompanhar mais de perto o trabalho dos criadores e colaboradores tanto da versão italiana quanto a brasileira. Vida longa para o TEX.

  20. Caro Lucas,
    Quando conheci o Marcos Maldonado, em Dezembro de 2001, tive o prazer de ver como as revistas de Tex eram feitas antes da “era digital”, era um processo muito interessante de recortar e colar, inclusive de tão interessante que era resolvi escrever uma matéria, com imagens ilustrativas do processo para poder mostrar melhor.
    Para tomar conhecimento (você e todos que desejem conhecer esse processo histórico), acesse o Portal TEXBR indo a
    http://www.texbr.com/portrasdopano/mythos/bastidores_mythos.htm

  21. Ao Filipe e ao Nei, meus mais sinceros agradecimentos pelas palavras amigas. Já disse num e-mail para Dorival que aquele foi o melhor encontro de quadrinhos a que já compareci. Valeu deixar o Rio e passar um sábado ao lado de pessoas/leitores admiráveis. O sentimento é de fato estar numa famiglia. O Filipe massageou o meu ego e o de Maldonado, com certeza, ao nos pedir um autógrafo. Ele demonstrava tanta vontade e tanta atenção conosco que superei meu constrangimento e dei, vejam só, um autógrafo. Mas o dono da festa era mesmo Civitelli, um autêntico gentleman.

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