Entrevista com o fã e coleccionador: Bruno Rios

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Para começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Bruno Rios: Sou natural de São Paulo, Brasil, e jornalista do site Almanaque Virtual.

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Bruno Rios: Desde que aprendi a ler!

Quando descobriu Tex?
Bruno Rios: Comecei a ler quadradinhos de super-heróis. O meu pai coleccionava Tex, mas o meu interesse pela personagem só surgiu mesmo aos 11 anos. Antes disso eu só gostava dos super-heróis, e não gostava de revistas a preto e branco. Coisa de criança.

Porquê esta paixão por Tex?
Bruno Rios: Bom, acho que simplesmente é uma boa personagem de quadradinhos, que resiste ao tempo e aos modismos do mercado das BDs.

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Bruno Rios: Primeiro, ele é o único cobói que ainda resta na banda desenhada (tem o Jonah Hex, da qual gosto muito também, mas a história de publicação dele é complicada e cheia de cancelamentos). Aliás, é o único cobói da ficção em geral a ainda fazer sucesso, pois os filmes de faroeste há muito saíram de moda. Outra coisa interessante no Tex é inerente aos quadradinhos europeus: as histórias têm COMEÇO, MEIO e FIM, ou seja, não existem “mega sagas” intermináveis, e você não é obrigado a coleccionar todas as histórias do Tex. Pode-se ler algumas, e se gostar passar a coleccionar. O leitor não fica preso a uma cronologia sem fim.

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Bruno Rios: No momento, tenho poucas, pois desfiz-me da colecção. Um que guardo com carinho é a edição nº 400, desenhada e colorida por Giovanni Ticci. Aprecio muito as primeiras e as últimas páginas, pois elas foram pintadas.

Colecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Bruno Rios: Apenas revistas. Embora eu tenha vontade de possuir o livro “Tex, O Mocinho do Brasil”, escrito pelo Gonçalo Júnior.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Bruno Rios: Gostaria muito do exemplar “O Cavaleiro Solitário”, desenhado pelo mestre americano Joe Kubert.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Bruno Rios: Esta resposta será grande! Uma das melhores histórias de todos os tempos é “Oklahoma!“, publicada pela Globo no número 300 brasileiro. Infelizmente, é o único roteiro de Giancarlo Berardi para o Ranger. Gosto muito do roteirista Mauro Boselli, pois ele dá uma perspectiva diferente às histórias do Tex. Aprecio muito as histórias do gangue dos irlandeses e “O Massacre de Red Hill“, um épico maravilhoso que, na minha opinião, bem que poderia tornar-se o próximo filme do Tex!
Também gostei do Antonio Segura escrevendo roteiros do Tex. Eu gosto do Nizzi, mas ele está tanto tempo à frente do título que já está a repetir-se há algum tempo. Prefiro que o Nizzi escreva Nick Raider, no qual é perceptível que ele tem mais liberdade.
Quanto aos desenhadores: Claudio Villa, Fabio Civitelli, Guglielmo Letteri (mestre nas histórias que envolviam fantasia e ficção científica!), Aldo Capitanio, José Ortiz, Irmãos Cestaro… na verdade, todos os desenhadores da Bonelli são muito bons.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Bruno Rios: O que mais me agrada é o facto de ele sempre conseguir pôr algum delinquente na cadeia. Também acho excelente quando os outros pards são mais bem aproveitados na história. O que mais me desagrada é o conservadorismo dos editores, pois às vezes parece-me que as outras séries da Bonelli são mais ousadas em relação à temática e à narrativa das histórias do que a do Tex. Também não gosto muito quando eles publicam um roteiro muito parecido com outros. Pois é, já tivemos vários animais sagrados, vários índios que se apaixonam por brancas e são acusados de assassinato, etc.

Em sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Bruno Rios: Acho que o facto de ele sempre derrotar o bandido. Não só isso, nós lemos as suas histórias e temos a certeza de que todos os bandidos serão punidos (sem contar a surra!), do ladrãozinho até ao empresário safado, passando pelo político corrupto e o latifundiário assassino, todos encontram a justiça nas BDs do Ranger! Algo que, infelizmente, não acontece com frequência no mundo real. Talvez isto também explique a popularidade da personagem no Brasil!
Ah sim, existe também o facto de que a revista do Tex tem um bom custo/benefício em relação a outros títulos de quadradinhos: 100 páginas por menos de 6 Reais! Isto é algo a se levar em conta num país em desenvolvimento.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Bruno Rios: Tenho alguns amigos que gostam também de banda desenhada.

Para concluir, como vê o futuro do Ranger?
Bruno Rios: Espero que ele continue sendo publicado por muitos anos, enquanto as histórias tiverem qualidade. Também gostaria de ver algumas coisas, como Jean Giraud desenhando e escrevendo um Tex Gigante, um novo filme do Tex, um videojogo do Tex. Também espero algum dia ver um desenhador brasileiro, como Júlio Shimamoto, Bené Nascimento ou Mike Deodato Jr. produzindo uma história do Ranger, pois Mister Bonelli deve isto aos fãs brasileiros! Aliás, Deodato é fã do Ranger e bem que poderia ser entrevistado pelo blogue do Tex! Fora isto, espero que, no futuro, haja um crossover entre Tex e Blueberry! Ou mesmo entre Tex e Jonah Hex.

Prezado pard Bruno Rios, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
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(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

Um comentário

  1. Bacana Bruno essa tua observação: cronologias intermináveis, hipersagas não são do mundo do TEX, apesar do cara ter uma mitologia, uma história, uma adição de vilões e personagens ao longo dos tempos.
    E o Mike Deodato gostar de TEX não sabia.
    O que amigos ‘roqueiros’ teu acham de TEX e de quadrinhos?

    leiomutarelli@hotmail.com
    Campina Grande-PB

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