Entrevista exclusiva: TIZZIANA GIORGINI CRUDELI (ex-tradutora de Tex)

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco, com a colaboração de Fernanda Martins e Paulo Guanaes (tradutor de Tex para o Brasil) na formulação das perguntas.

Tizziana GiorginiQuem é a Tizziana? Onde ela nasceu, cresceu, viveu? Qual é a sua formação?

Tizziana Giorgini: Nasci há 50 anos, no dia 12 de Agosto de 1958, às 7 da manhã, na maternidade Fernando de Magalhães, no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Sou carioca da gema!
Fui o primeiro “fruto brasileiro” da dupla Teresa e Piero, recém-imigrados da Itália (meu irmão mais velho, Valter, é italiano); 4 anos depois nasceu o Paolo, e 15 anos mais tarde, a temporã, Gabriella.
Sempre morei no centro do Rio, primeiro entre o Bairro de Fátima e Santa Teresa, e depois entre a Lapa e a Cruz Vermelha.
Quando eu tinha uns 13-14 anos, meus pais compraram um sítio em Guapimirim, no pé da serra de Teresópolis. Íamos para lá praticamente todos os fins-de-semana e nas férias, claro. Foi lá que comecei a andar de bicicleta! E a comer goiaba, tangerina, abacate, manga, abiu, jabuticaba, jaca, mamão, coco, cana directamente do pé da fruta! Tudo regado a muito banho de rio (o Soberbo passava bem nos fundos do terreno!) e leituras na rede. Foi a minha fase realmente criança.
Depois que entrei para a faculdade (UFRJ – Letras: Português-Francês, de 1977 a 1980) passei a ir só alguns fins-de-semana e nos feriadões. Mas como era free lancer, quase sempre levava trabalho para fazer… muitos Tex foram traduzidos ali!
Em 1981 casei-me com o que é meu pard até hoje, Sebastián, filho de imigrantes galegos, que já tinha 8 anos quando chegou ao Brasil.
Em Abril de 1984 nasceu o nosso primeiro rebento, Diego, e em Junho de 1985, a Anna Belicia.
Desde Maio de 1989 moro na Galícia, Espanha.

Tex (Ricardo Leite) e Tizziana Giorgini à conversaInteressa-se pela Banda Desenhada? Se sim, quando e como é que isso aconteceu?
Tizziana Giorgini: Sou da geração que tinha na leitura uma fonte de prazer, lazer e instrução. Sempre li de tudo, até bula de remédio! Obviamente fui leitora de banda desenhada desde que me entendo por gente. Quando se é criança, os quadradinhos são mais atraentes porque facilitam a leitura e mesmo quando não há texto, as imagens falam por si e dão asas à imaginação.
Lembro dos da Disney (Tio Patinhas, Zé Carioca, Mickey…), da Turma da Luluzinha, do Gasparzinho, do Pimentinha, dos da Marvel, do Recruta Zero, Mandrake, Fantasma, Batman…
Mais tarde já dava para apreciar as tirinhas dos jornais: Mafalda, Garfield, o Mago de Id, Pafúncio, Bidu, Peanuts…
E quando já podia ler em francês, e até para aprender, gostava de Astérix e Tintin.
Quando os meus filhos eram pequenos passei a ser fã também da Turma da Mônica, sobretudo do Chico Bento, que era o preferido deles.
A partir dos 17-18 anos entrei em contacto com o universo bonelliano graças ao trabalho na Vecchi, e virei fã da MAD também.
Já aqui na Espanha caí nas garras do Ibánez (Mortadelo e Filemón, Pepe Gotera y Otilio, Sacarino) e dos endiabrados Zipi y Zape.

José Carlos Francisco, Tex (Ricardo Leite) e Tizziana GiorginiQuais as suas personagens favoritas e o que contém a sua colecção de Banda Desenhada? E já agora, colecciona também revistas de outros países em virtude de ser uma poliglota?
Tizziana Giorgini: Sinto decepcionar os fãs de quadradinhos, e os texianos em particular, mas nunca tive vocação de coleccionadora. Nunca coleccionei nada a sério. Sempre frequentei muito as bibliotecas e pode ser que isso tenha influenciado o meu desapego físico em relação às obras. E também empresto muitos livros e revistas aos amigos que nem peço de volta.
Realmente, sou muito dispersa com as minhas possessões; não sou de criar raízes, pelo menos não conscientemente.
Actualmente tenho alguns Texoni, em italiano, uns quantos Martin Mystère, em italiano e em espanhol, uns Ken Parker em espanhol e fora do universo bonelliano, só guardo mesmo um Corto Maltese, em italiano. Às vezes, nas idas aos alfarrabistas (aqui na Corunha só há 2 ou 3!) procuro algum Arzach, do Moebius.

Tizziana Giorgini sendo intéprete para a TV AmadoraDe que forma se tornou tradutora? Foi aptidão ou consequência?
Tizziana Giorgini: Acho que foi uma conjunção de circunstâncias.
Eu sempre gostei de idiomas. Falava e lia italiano desde pequena. Ainda adolescente comecei a estudar inglês (5 anos, no curso Oxford) e italiano (3 anos, no Istituto Italiano di Cultura); francês eu estudava na escola (1.º e 2.º graus no Colégio Estadual Sousa Aguiar) e depois na faculdade. Junto com a faculdade fiz também 3 anos de espanhol no Instituto de Cultura Hispânica.
Naquela época ainda não havia no Brasil faculdades de tradução plenamente estabelecidas. A gente virava tradutor porque começava a traduzir e ia fazendo nome no mercado. Tanto que a profissão de tradutor só foi reconhecida em 1988! Os tradutores que éramos associados da ABRATES contribuíamos para o sindicato dos jornalistas, porque o SINTRA só pôde ser criado a partir dessa data.
Mas quando eu tinha 16 anos – e ainda não sabia dessas, nem de muitas outras coisas! – a minha tia, Carla Bernardini, trabalhava no departamento pessoal da Editora Vecchi, nos escritórios da Rua do Resende, e o meu pai, de profissão litógrafo, era gerente gráfico da mesma editora, no parque de S. Cristóvão. A Vecchi sempre funcionou como uma grande família: tuttti buona gente!
Bem, o caso é que o filho do chefe dela, Júlio Corrêa, trabalhava na editoria de foto-novelas, que era o prato forte da editora, sobretudo o carro-chefe da época: a revista Grande Hotel. E ela ficou sabendo que estavam procurando tradutores para a secção. Ela, então, sugeriu que eu poderia me candidatar para um teste, porque eu tinha bom nível de italiano e português. E deu certo. Foi assim que comecei a traduzir. Primeiro, um pouco de tudo: receitas culinárias, horóscopo, dicas domésticas, de moda, contos e foto-novelas. Depois, fiquei mais centrada nas foto-novelas e passei a ser a tradutora das revistas Jacques Douglas e Lucky Martin, as duas foto-novelas policiais da casa. Foi o meu primeiro momento de glória: uma adolescente traduzindo foto-novelas, de agentes secretos, e ainda por cima sendo paga para isso! Era demais, né?
Aliás, eu era apaixonada pelo Luciano Francioli, o actor que encarnava o Jacques Douglas (um James Bond à italiana); tinha até o póster dele na parede, ao lado do poster do Paul Newman! Nessa época bem que coleccionei TODOS os números dessas duas revistas, embora o Lucky Martin, que era o típico playboy, não me arrancasse suspiros! Depois, quando o J. Douglas casou, senti-me “traída” e acabei dando toda a minha colecção para uma vizinha, a Solange, que era devoradora de foto-novelas.

Tizziana Giorgini traduzindo por escrito para a TV AmadoraArgumentistas e desenhadores sempre colocam algo de si nas personagens. É possível a um tradutor fazer o mesmo?
Tizziana Giorgini: Possível é, mas não é aconselhável, se ele quiser manter o emprego!
A tradução é muito ingrata no que respeita à visibilidade do tradutor. Boa tradução é aquela que nem parece tradução. Que o leitor lê como se fosse um original. Não dá para acrescentar nem tirar nada; quando se perde inevitavelmente algum aspecto (fonético, semântico…) sempre se encontra uma forma de “compensar” com outra estrutura. Por isso é importante guardar as devidas distâncias com as personagens. Elas devem merecer o mesmo tratamento, sejam simpáticas ou antipáticas para o tradutor. Obviamente, com aquelas com que a gente se identifica mais existe uma certa “cumplicidade”, o que torna a tarefa mais agradável. Por um lado, o tradutor tem que se colocar na pele da personagem, mas, por outro, não pode tomar partido, nem contra nem a favor. Criação só mesmo no jeito de redigir, na escolha de um adjectivo, de uma locução, de um sinónimo em detrimento de outro, por exemplo.

Tizziana Giorgini traduzindo por escrito as respostas de Civitelli e Bianchini para a TV AmadoraQuando aconteceu a sua primeira tradução de Tex?
Tizziana Giorgini: Esta vou ficar devendo! Vocês vão ter que pesquisar nos anais texianos!

E recorda-se qual foi a primeira aventura de Tex que traduziu?
Tizziana Giorgini: Idem.

E em que circunstâncias foi chamada para traduzi-lo?
Tizziana Giorgini: Bem, eu já trabalhava na editoria de foto-novelas da Vecchi. E acho que foi no 3.º ano do curso de italiano que coincidi com o Paulo Guanaes, que na época, era o tradutor do Tex (assim como do Zagor e do Ken Parker) e também revisor da editoria de quadradinhos.
Foi nessa época que também conheci o Otacílio d’Assunção, o Ota, que era o director da secção. Como o trabalho de quadradinhos aumentou, o Paulinho teve que assumir outras funções e chamou-me para traduzir o Tex e o Zagor, ficando ele com o Ken Parker. Obviamente o Ota só aceitou porque sabia que quem ia supervisionar COM LUPA o meu trabalho era o Guanaes. Ele não ia entregar o mais importante dos quadradinhos para uma empistolada qualquer, né?

José Carlos Francisco, Ana Beatriz, Tex (Ricardo Leite) e Tizziana GiorginiPor quanto tempo traduziu o ranger?
Tizziana Giorgini: Durante uns 10 anos, praticamente até mudar-me para Espanha. Mas então já com o selo da Globo.

Pode nos contar um pouco como funcionava esse trabalho de tradução à distância?
Tizziana Giorgini: É, sempre trabalhei como free lancer, porque era a forma de conciliar os estudos com este e outros trabalhos de tradução. Mais gratificante, sem dúvida, teria sido poder trabalhar lá dentro da redacção, num ambiente super dinâmico, criativo, divertido e instrutivo. Mas, não, eu só me apresentava para retirar os encargos, pegar as laudas (nossa, sou do tempo das laudas!!!! e da máquina de escrever manual, e mais tarde, eléctrica!) e, depois, entregar os trabalhos. E também quando o Paulinho me chamava para um “puxão de orelhas”, sempre com muita paciência e educação, porque tinha pisado na bola!

Fabio Civitelli e Tizziana GiorginiTraduziu Tex para que editoras?
Tizziana Giorgini: Para a Vecchi e para a Globo.

Lembra-se qual foi a melhor história do Tex que você traduziu?
Tizziana Giorgini: Puxa, que difícil! Todas as histórias do Tex são óptimas! Infelizmente não me lembro direito dos títulos, até porque a maioria saía em dois ou três números. Lembro de ter gostado especialmente das aventuras com El Muerto (Tex nº 112) e Ao sul de Nogales (Tex nº 111)!

Fabio Civitelli e Tizziana Giorgini à conversaLembra-se de algo engraçado ou curioso em relação às traduções de Tex que possa nos contar?
Tizziana Giorgini: Lembro que eu adorava fazer os pards pedirem uma “cerveja bem gelada”, quando chegavam a um saloon depois de terem comido poeira durante quilómetros a fio. Mas o Guanaes virava bicho e riscava em vermelho, e puxava setas indicando que devia ser “fresca”, porque naquela época ainda não havia refrigeração para tanto, etcetera e tal… mas até hoje eu acho uma sacanagem os coitados não poderem limpar a garganta com uma loura bem suadinha!
Bem, por falar em suar, uma vez também passei um aperto danado. Era na época em que não levávamos a revista original para traduzir, e sim a fotocópia da mesma, em páginas duplas, em papel ofício normal. Para variar, não me lembro do título da história, só que era de noite e a entrega era para o dia seguinte. Tudo ia bem, até que, de repente, encontro duas páginas com um texto totalmente ininteligível! E, coincidentemente, tratava-se de dois índios, numa canoa, à noite, confabulando para armar uma cilada para os pards. Cheguei a pensar que era a língua ou dialecto deles, que falavam assim para evitarem ser entendidos por ouvidos indiscretos… mas em geral, quando o texto original vem em outro idioma que não o italiano, sempre aparece uma notinha com a explicação. Mas nessas duas páginas, nada. E o resto da história não dava para “esclarecer” o mistério. Comecei a ficar aflita porque não sabia como ia resolver a parada. Quanto mais eu olhava para o texto dos balões menos eu entendia! Eu virava e revirava a folha, tentava ler em várias alturas e posições… até que graças a essa “ginástica” acabei colocando a folha contra a luz da luminária e eureka! Descobri que as páginas tinham sido fotocopiadas ao contrário: o texto estava de trás para a frente!

Teresa Moreira, Tizziana Giorgini e Hugo MoreiraTraduziu outras personagens da família Bonelli?
Tizziana Giorgini: Só o Zagor.

Há alguma personagem do universo bonelliano com o qual simpatize mais?
Tizziana Giorgini: Eu adoro o Ken Parker, que na época era da Bonelli, e gosto também do Martin Mystère.

Tex marcou, de alguma forma, sua trajectória como profissional de tradução?
Tizziana Giorgini: Certamente. Toda experiência de tradução ajuda a forjar a bagagem do tradutor. O texto dos quadradinhos é sintético, directo, enxuto, enfático porque as imagens já falam por si e há limitações de espaço. É um bom exercício de comedimento. Além disso, cada nova temática vai abrindo novos horizontes, a gente passa a se interessar pelo assunto/universo que está a ser tratado e acaba pesquisando a respeito.

Tizziana Giorgini e Marco BianchiniPor que parou de traduzi-lo?
Tizziana Giorgini: Porque quando decidi mudar de vida tive que deixar todas as minhas actividades profissionais: a carreira de tradutora (autónoma) geral e literária, e as 2 matrículas no Estado como professora de francês (2.º grau).

E depois de Tex, como foi a caminhada de Tizziana na vida profissional?
Tizziana Giorgini: Bem, enquanto estive no Brasil, conciliava a tradução do Tex com outras publicações – press books para a Columbia/Fox , diversos fascículos e obras literárias (Paz e Terra, Nova fronteira, Guanabara, Rocco) – e com a carreira de magistério (professora de francês no CE Clóvis Monteiro e no CE Sousa Aguiar).
Depois, já aqui na Espanha, tive que me adaptar às novas circunstâncias – ser estrangeira, começar profissionalmente da estaca zero, etc. – e trabalhava dando aulas particulares, fazendo bicos como recepcionista de congressos, sendo secretária/auxiliar de escritório, qualquer actividade que me permitisse atender a casa, os filhos e ganhar um salário. Voltei a traduzir nos últimos dez anos, como free lancer, para agências de tradução – já na era da informática – mas só no campo da tradução geral, técnica, jurídica, nada ligado a quadradinhos nem a literatura. E até 2006 sempre o fazia tendo outro emprego “fixo”.  De 2006 para cá decidi ser só tradutora autónoma, aproveitando que aprovei o concurso para tradutor e intérprete juramentado de espanhol.

Fernanda Martins, Teresa Moreira, Fátima Francisco e Tizziana GiorginiFale-nos de sua decisão de deixar o Brasil e ir para a Espanha. Foi fácil adaptar-se?
Tizziana Giorgini: Mudar de vida aos 30 anos já é complicado. Se ainda por cima você já tem uma vida “montada”, está profissionalmente bem cotada no mercado e trabalhando no que gosta, chutar o pau da barraca e partir para uma terra estranha, de mala aviada, com marido e filhos, para começar de novo, o choque é ainda maior. E, como se não bastasse, troquei uma metrópole (Rio de Janeiro) por uma aldeia da Galícia (S. Cristóbal, de Ribadavia, Orense).
Minha vida, como é óbvio, mudou radicalmente, mas como era mudança o que eu buscava, deu para superar as inevitáveis frustrações sem trauma. Ganhamos em qualidade de vida e como as crianças se adaptaram em seguida, o balanço acabou sendo positivo. Aceitar novos desafios costuma ser salutar.

Fabio Civitelli e Tizziana Giorgini com o Águia da Noite de Civitelli estampado na t-shirtMudando um pouco o ruma da entrevista, falando da actualidade, por que decidiu vir ao FIBDA 2008, ou de outra forma, o que a trouxe a Portugal?
Tizziana Giorgini: Ir ao FIBDA 2008 foi a forma de juntar o útil ao agradável. Eu precisava tirar uns dias de “desconexão” para aliviar a pressão do trabalho, porque vida de tradutor autónomo é pura roda-viva: em geral não dá para “programar” nada com muita antecedência pois tudo depende dos compromissos assumidos e da produção/prazos a cumprir. E contava fazer uma pausa justamente em Novembro, quando terminei um projecto grande e estava prestes a retomar outro que já levava engavetado há alguns meses. E como na primavera eu tinha “conhecido” virtualmente o José Carlos Francisco, também conhecido por Zeca, após retomar contacto, virtual também, com o Paulo Guanaes, através da Mythos, e passei a estar mais ligada no universo texiano graças ao maravilhoso blog/portal do TEX, achei que seria a oportunidade ideal para conhecer pessoalmente esta criatura encantadora, tão dedicada ao nosso herói, e justo na semana em que também iam estar presentes o Fabio Civitelli e o Marco Bianchini!
A temática do FIBDA deste ano – ficção científica – não é a minha praia (tenho pavor de seres horripilantes, monstros medonhos…), embora seja fã da Jornada nas Estrelas, do Arzach, da Guerra das Galáxias…, por isso a motivação foi mesmo a homenagem aos 60 anos do Tex! Além disso, Lisboa é uma cidade irresistível, fascinante que merece ser revisitada sempre. Aí estavam, pois, todos os ingredientes para uma boa aventura: cenário de sonho, personagens intensas, trama intrigante. E sobretudo, como felizmente pude comprovar depois, histórias bem amarradas! Todos os co-protagonistas do “Tex 60 anos” são pessoas fantásticas, gente de bem com a vida, criativa, cheia de boa energia e de peito aberto.

Marco Bianchini, José Carlos Francisco, Orlando Santos Silva, Fabio Civitelli, Mário Marques, Carlos Moreira e Tizziana GiorginiQual a sua impressão do Festival e especialmente do espaço dedicado a Tex?

Tizziana Giorgini: Deu para sentir que a organização foi impecável. Os convidados eram de primeiríssima linha e as salas estavam bem distribuídas, decoradas com criatividade, a informação, bem cuidada e havia muitas actividades paralelas que o público soube apreciar. As bancas estavam bem guarnecidas – mas assim mesmo a edição comemorativa do Tex 60 anos esgotou! Meu único “porém” tem a ver com a sensação “claustrofóbica” que davam as paredes forradas de feltro preto das salas inferiores, instaladas onde antes eram andares de estacionamento do prédio reformado. Mas como o ambiente era de ficção científica…
O espaço texiano estava bem “cavernoso”, lá nas entranhas do salão, no aconchego ideal para uma gesta-acção. A exposição das pranchas estava harmoniosa, sóbria, bem condizente com a elegância dos desenhos, que tinham a força de bons punhos!

Pedro Bouça, Fernanda Martins, Marco Bianchini, Fabio Civitelli, Tex (Ricardo Leite), José Carlos Francisco, Mário Marques, Camilo Prieto, Carlos Moreira e Tizziana GiorginiE qual a impressão dos autores presentes: Fabio Civitelli e Marco Bianchini?
E já agora, com que impressão ficou dos texianos?

Tizziana Giorgini: Isso já foi, sem dúvida, a cereja do bolo! O Civitelli é um ser humano ingente! Um criador apaixonado pela sua arte, entregue à sua personagem fetiche e aos fãs incondicionais da sua mestria. Sempre afável, solícito, ternurento, como gosta de dizer o super Zeca! Interessa-se por todos os espaços, pessoas e situações e nota-se que não é só por educação. Já o Bianchini é mais comedido na atitude, mais reflexivo, compenetrado… tem um ar misterioso para lá de charmoso, mas que não tem nada a ver com afectação! Acho que ele ainda está meio deslocado em relação ao Tex, como se ainda custasse a acreditar que foi premiado com a gloriosa missão de dar vida a este mito tão pujante. Vê-los trabalhar é realmente apaixonante. São metódicos, perfeccionistas… é incrível como conseguem plasmar uma gama infinita de ambientes e emoções com uma paleta tão limitada…
Tizziana Giorgini, Fernanda Martins, Teresa Moreira, Andreia Sofia, Ana Beatriz, Fátiima Francisco com Tex (Ricardo Leite)Bem, quanto aos demais texianos, acho que já me declarei admiradora incondicional de todos os que tive a grande honra de conhecer! Foi uma grata surpresa descobrir que gente com uma trajectória pessoal e profissional tão diferente, e de todas as idades foi naturalmente se achegando à comunidade de admiradores do Tex, e dos quadradinhos em geral, e nela conseguiu se amalgamar de tal forma que parecem amigos de toda a vida! Eu como só fui admiradora mesmo – quando criança!!! – da Rita Pavone, pude, pela primeira vez na vida, sentir de perto o fervor, a admiração de fãs incondicionais de seus ídolos em pessoas absolutamente “normais”, tranquilas mas com inquietações intelectuais, jovens de espírito ainda que geneticamente maduras, e vice-versa também (o Camilo tem 21 anos!). Foi uma experiência reveladora e rejuvenescedora! Aproveito este espaço para mandar aquele abraço a todos e agradecer, uma vez mais, a afectuosa acolhida recebida.

Bianchini, José Carlos, Orlando, Civitelli, Mário, Carlos e TizzianaA seu ver, o que tem a personagem de Tex de tão especial que atrai fãs de vários lugares, inclusive para uma exposição como esta?
Tizziana Giorgini: Tex é um CLÁSSICO, com maiúsculas. Virou mito, e por isso é intemporal. Quantos quadradinhos em preto e branco perduraram tanto com tamanha força de atracção e adesão? Os valores que ele defende – justiça, igualdade, aversão pela opressão – evidenciam o melhor da nossa índole e por isso sempre acabam encontrando eco nas diferentes gerações de todas as latitudes. Quem tem a oportunidade de ler TEX, acaba gostando e, a maioria, vira fã, de fã-clube, faixa e fita!
A produção é esmerada; todo o universo texiano é bem trabalhado, pesquisado, imaginado, adaptado e plasmado. É uma “máquina” bem oleada, todas as peças encaixam naturalmente e o ritmo da engrenagem é sólido: admite lirismo, suspense, tensão e muita reacção! Não é à toa que os argumentistas e desenhadores são todos feras!

Teresa Moreira, Fátima Francisco, Tizziana Giorgini, Mário Marques, Andreia Sofia, Fernanda Martins, Camilo Prieto e Carlos Moreira na noite amadorenseTex Willer, em sua opinião, é apenas uma personagem de história em quadradinhos, ou é mais que isso?
Tizziana Giorgini: O dito. É a encarnação de referentes universais com os quais as pessoas de bem se identificam. É o paladino que todos nós gostaríamos de ser.

Na sua vida pessoal ou profissional já chegou a pensar como Tex resolveria ou enfrentaria determinada situação? Pode uma personagem de ficção servir como modelo de rectidão, justiça e coragem?
Tizziana Giorgini: Bem, na intenção dos actos, até poderia em algum momento invocar a “presença de espírito” do Tex para bolar uma estratégia de acção-ataque, mas infelizmente, ou felizmente, até agora nunca precisei lançar mão de outras que não fossem as minhas “armas de mulher”: bom senso, sentido prático e determinação. Espero não vir a ter inimigos poderosos à vista!
Já na forma, obviamente, nunca poderia sair dando bordoada (e menos, tiros!), nem lançando impropérios contra todo mundo que me fizesse ferver o sangue. Os tempos, felizmente, mudaram! Temos outros mecanismos de defesa, pelo menos no mundo ocidental, embora as injustiças sejam cada vez mais infames.

Fernanda Martins, Teresa Moreira, Ana Beatriz, Fátima Francisco e Tizziana GiorginiEm sua opinião, qual é o segredo da vitalidade editorial de Tex?
Tizziana Giorgini: Como já disse, é um produto de primeira, que mesmo na era das superproduções, dos super-heróis cromáticos, metalizados, robotizados, alienígenas, transformers, biónicos e por aí afora… conta com um público fiel que gosta de ler uma boa aventura ilustrada sem lero-lero, instrutiva, dinâmica.

O facto de Tex ser desenhado por vários autores (de estilos bem diferentes) é, na sua opinião, mais ou menos vantajoso para a série? E porquê?
Tizziana Giorgini: Acho fundamental! A nossa “visão” do mundo vai mudando com ele, tudo é cíclico, mas cada ciclo tem os seus desafios, conflitos, externos e internos, aos quais tentamos dar resposta com novos recursos criativos. Algo assim como re-visões. Em Tex, a estética pode mudar, mas a essência da personagem perdura. É o que reforça a vigência da personagem.

Fátima Francisco com Ana Beatriz ao colo, Tizziana Giorgini e Camilo Prieto passeando por LisboaEm sua opinião, qual o desenhador que melhor dá vida ao Ranger? E argumentista?
Tizziana Giorgini: A dupla Bonelli-Galep é hors-concours, claro.
Como só dá para escolher um de cada categoria, fico com o Ticci e o Nizzi. Se em dupla, como em Kiowas (Tex nº 427), melhor ainda!
Agora, caracterizando o “Águia da Noite”, é Civitelli na liderança!

O Ranger Tex Willer é um viúvo convicto e celibatário, que sozinho criou e formou o carácter do seu único filho. Isso realmente é possível a um homem?
Tizziana Giorgini: Acho que é mais bem um viúvo solteiro, que tem aversão a um novo compromisso sentimental. Bem, compromisso, aliás, ele nunca quis de moto próprio, nem com a Lilith. Só casou com ela para salvar a pele… e todo o resto!
Tex Willer desenhado por Fabio CivitelliCom isso ele ficou ainda mais humano e o feito de ter enviuvado logo livrou-o de muitas dores-de-cabeça. Mulher sempre acaba criando encrenca e coarctando as iniciativas temerárias dos paladinos. Já pensou o Tex “discutindo relação” e tendo que dar irmãozinhos para o Kit? Como ele é defensor das igualdades, não ia poder dar uma de machista intolerante, por mais que estivesse no faroeste! E quando ela ficasse desdentada e de peito caído tampouco poderia sequer cogitar sentir-se atraído por outras parceiras, brancas ou squaws que fossem. Não, ia ser complicado… E graças a isso conservou aquele glamour de “cavaleiro solitário” mesmo quando comparte as suas façanhas com os pards.
Agora, que ele tenha criado o filho sozinho, não concordo. Kit teve a sorte de ser educado também, e sobretudo, pela tribo navajo. Isto é, sem superproteção e com espírito colectivo, compartilhando responsabilidades. Tex vivia ausente, aplicando a lei! E como foi escolarizado numa missão, talvez de franciscanos ou jesuítas, não sei, a “carga” educacional ficou bem aligeirada. Não quero dizer que ele não tivesse capacidade de criar o filho sozinho, mas seguramente as aventuras teriam se ressentido, tanto em número, quanto em temeridade. Qualquer pessoa responsável, de bom senso e altruísta é capaz de educar um filho. Tenha a orientação sexual que tiver!
Quanto ao carácter do menino, claro que a marca do pai/Tex tinha que estar presente; não iam deixar ele virar um Bat Masterson, não é? Tanto que ele acabou sendo um papel químico do pai. Destemido, petulante, exímio cavaleiro, arqueiro, pistoleiro, lutador, justiceiro… ranger!

Tex Willer no FIBDAQuais são para si, as características imutáveis de Tex, ou seja, a sua essência, algo que não pode ser mudado?
Tizziana Giorgini: A sua sede de justiça. O sentimento do dever cumprido. A missão apaziguadora e de confraternização para a qual parece estar predestinado.

E se pudesse, o que mudaria no Tex?
Tizziana Giorgini: Bem, como todo mito que se preza, Tex é intocável e incontestável!
Mas supondo que se pudesse…
Como a vertente romântica está descartada – até o Civitelli comentou que muitos leitores escreveram reclamando, porque acharam um “absurdo” aquele beijo de rosca, dele com a Lilith, que aparece na edição dos 60 anos (Sul sentiero dei ricordi) – eu mudaria um pouco a alimentação dele! Um cardápio mais variado seria mais saudável. Até em restaurante chinês ele como bife com batatas fritas!

Tex Willer desenhado por Marco BianchiniDiferente do tempo em que Tex foi lançado no Brasil pela primeira vez, a garotada de hoje tem mil e uma possibilidades de diversão, que não apenas as histórias de banda desenhada. Nos dias actuais, existe ainda mercado para esta indústria?
Tizziana Giorgini: Acho que sim, até como objecto de culto, sobretudo quando os heróis aparecem também na televisão, no cinema ou nos videogames. A garotada acaba “descobrindo” os quadradinhos da personagem achando que foi uma consequência daquelas produções, quando costuma ser exactamente o contrário!
Só que as edições atraentes são aquelas coloridas, em papel couché, capa dura… muito mais caras e diferentes das revistas de banda desenhada de sempre, em pequeno formato, papel de jornal e, como os da linha bonelliana, em branco e preto e texto apertadinho!
Pelo menos aqui na Espanha este tipo de quadradinhos (pulp) não tem tradição. A rapaziada não está acostumada a “sujar os dedos” com gibis. Os quadrinhos que têm saída são todos “caprichados” no visual.

Aguia da Noite de Fabio CivitelliPara finalizar, para além de banda desenhada, que tipo de livros lê? E a nível de cinema e de música, quais são as suas preferências?
Tizziana Giorgini: Sempre fui muito eclética neste aspecto, são poucos os géneros que não me atraem (livros de auto-ajuda, filmes gore, música heavy…).
Costumo ler mais prosa (narrativa e ensaio) do que poesia ou teatro, embora adore a poesia de Cristina Peri Rossi e Mario Benedetti e o teatro de Lorca, Shakespeare, Camus, Wilde…Robert Graves, Michel Onfray, José Antonio Marina estão sempre ao alcance da mão. Autores favoritos? Carlos Fuentes, Antonio Muñoz Molina, Paul Auster, Godimer, Veríssimo, Rubem Fonseca, José Luis Sampedro, Simenon…Também leio muito romance policial, adoro histórias de agentes secretos! Meu agente favorito é o príncipe Malko Linge (da série SAS), de Gérard de Villiers. Na linha policial, minha paixão de longa data é Maigret, mas recentemente também virei fã dos inspectores Brunetti (Donna Leon), Rebus (Ian Rankin), Wallander (Mankell), e nunca dispenso um Forsyth. E sou tarada pelas aventuras do Valerio Massimo Manfredi!
60 anos de Tex no Festival da AmadoraCinema? Chaplin (os mudos), Billy Wilder, Coppola, Woody Allen, Coixet, Amenábar… todos os filmes protagonizados por Gene Hackman, Anthony Hopkins, Ed Harris, Juliette Binoche… filmes que não canso de ver: Tempos Modernos, O apartamento, O Poderoso Chefão, Golpe de Mestre, Os coristas…
Quanto à música, MPB a qualquer hora do dia ou da noite! Chico, Gal, Elis, Adiana Calcanhotto, Zeca Baleiro, Marina Lima, Vanessa da Mata, Alcione, Seu Jorge, Pepeu Gomes, Ney Matogrosso, Tom Jobim, Vinicius, Caetano, Djavan… Outros que não me canso de ouvir: Moustaki, Tina Turner, SuperTrump, Santana, Carole King, Ray Charles, Burt Bacharach, Luz Casal, Fausto, Dulce Pontes, Mariza, Aznavour, Sinatra… e música clássica, boleros e chorinho.

Cara Tizziana, muito obrigado pela entrevista que gentilmente concedeu ao blogue do Tex.

(Para aproveitar a extensão completa das fotos acima, clique nas mesmas)

13 Comentários

  1. Gostei muito de ler esta entrevista. Estive também presente no Festival da Amadora, onde tive ocasião de ver a generosidade da entrevistada oferecendo-se para traduzir em directo uma entrevista realizada pela TV Amadora aos desenhadores Civitelli e Bianchini, e depois ficar a ajudar em nova tradução para as legendas, sempre com grande vontade de ajudar. E a t-shirt estava fantástica. Um abraço. Orlando Santos Silva. Lisboa, Portugal

  2. Fico muito contente pelo fato de a entrevista poder mostrar a todos os fãs de Tex a verve literária de Tizziana, a forma criativa, inteligente e espirituosa de sua escrita. E também a doce guerreira que, sem dúvida, ela é. Além disso, ao ler as suas respostas, Tizziana, tal como M.Mystère, me teletransportei para vinte anos atrás, elas reavivaram lembranças, fizeram brotar emoções… Como é bom constatar que a decisão de mudança radical em sua vida deu certo; como é legal saber que Sebastian continua a seu lado.
    Quanto ao desapego a coleções, Jacques Douglas tem uma parcela de culpa. Um beijo do Cabelos de Prata.
    Paulo Guanaes, Rio, Brasil.

  3. Quero agradecer publicamente as palavras que a mítica tradutora (no passado) do Ranger para o Brasil disse a meu respeito e dizer que foi um grande prazer tê-la conhecido pessoalmente aquando da sua visita ao FIBDA 2008, pois mostrou ser uma pessoa verdadeiramente fantástica a todos os níveis e também digo que foi uma grande honra para o blogue do Tex ter podido dar a conhecer um pouco mais da História de Tex no Brasil e deste modo ter mostrado a todos os texianos, o quão importante foi a Tizziana na trajectória de Águia da Noite no Brasil!
    Um muito obrigado por tudo Tizziana, mas sobretudo pela sua AMIZADE!

  4. Orlando Santos Silva,
    Obrigada pelas palavras tão carinhosas. Fazendo parte da equipe texiana não há como não gostar de trabalhar em grupo: somos todos uns pards, certo?
    Da próxima vez que a gente se encontrar preciso lembrar de levar a T-shirt amarela (com a imagem dos pards) pra você assinar!
    Aquele abraço e ¡hasta la vista!
    Tizziana

  5. Paulo Guanaes,
    Puxa, Paulinho, com essa “verve literária” você deixou meu ego extasiado! A doce batalha com as palavras é a única “guerra” que eu ainda tenho vontade de comprar. Essa relembrança que o universo texiano me brindou também me fez rebobinar emoções e prazeres juvenis. Seria ótimo ter uma arma paralisante como a do M.Mystère pra congelar os bons momentos, não acha?
    Pois é, comigo as decisões sempre foram radicais: ou tudo ou nada. Quando eu era cafeinômana também deixei de tomar café na bucha! E como também sempre fui impulsiva… Ainda bem que a idade vai temperando o ânimo. Também ajuda muito o equilíbrio que os velhos companheiros, como o meu cúmplice, Tião, aportam. O coitado tem mais paciência, comigo e com os filhos, que um “velho camelo”.
    Pensando bem, acho que o J.Douglas, ao casar com a boba da superboneca, me fez o maior dos favores!
    Obrigada pelo carinho e um imenso abraço.
    Tizziana

  6. José Carlos Francisco,
    Querido Zeca, assim você acaba me deixando sem palavras! E aí como é que fica a minha fama de mítica? Acho que tanto confete assim nem quando eu pulava carnaval!
    O prazer foi todo meu em ter feito tão bons e ternurentos amigos graças ao Tex. Woah!
    Tizziana

  7. Ei Tizzi!!! Somente agora tive um “break” da vida normal para ler tua entrevista e enviar-te um comentário. Chique, hein?
    Nem preciso dizer que adorei todas as tuas palavras. Principalmente as que se referiram ao estado civil/vida sentimental de Tex… babei de rir imaginando Tex “discutindo relação” e também sou da opinião incontestável que esse casamento com Lilyth foi somente um “me salva” do poste dos martírios (mesmo que Civitelli tenha desenhado um beijo tão apaixonante na edição dos 60 anos).
    Só uma coisa tenho a argumentar (e não é contigo, mas já que puxaste o assunto…): diz-se que Bonelli recebeu milhares de cartas de fãs que reclamaram do beijo… quantas cartas isso representou em proporção AOS QUE GOSTARAM e não mandaram cartas????
    Take care,
    Nanda

  8. De facto, pelo que sei, houve algumas cartas que chegaram á redacção da SBE, “reclamando” do beijo, de Tex e Lilyth, mas obviamente que não foram milhares Nanda, nem perto disso (…risos…)
    Já agora, também no Brasil hove reclamações, pois sei que chegaram reclamações à Mythos pelo facto por exemplo da Lilyth usar mini-saia nesta história, argumentando por exemplo com “Eu nunca vi índia norte-americana de mini-saia”…
    Esquecendo-se que em Tex isso nem é inédito, basta lembrar de Tesah…

  9. Fernanda Martins,
    Querida Nanda, ainda está em tempo de fazer um abaixo-assinado, pra Bonelli, DEFENDENDO a virilidade do Tex também entre “bons lençóis”, para variar… não é justo que os próprios admiradores de Tex achem um absurdo ele dar mostras de carinho com a LEGÍTIMA mulher dele, sua companheira, mãe do seu filho! Será que até mesmo os texianos da nossa geração acham que um pouco de namoro vai amolecer um tipão duro de roer como o Tex? Aliás, o efeito deveria ser justamente o contrário!
    Ou será que é algo contra a pobre Lilith? Não deveria ser, porque fica logo esclarecido que seu nome navajo significa “Lírio Branco” (símbolo de pureza, da Virgem, do casamento…) descartando o de uma possível “squaw fatal”: Lilith, a anti-Eva por excelência (dominadora, insubmissa, rebelde). Tudo dentro da mais “correta” moralidade!
    Enfim, acho que esta e outras polêmicas servem para reafirmar a vitalidade do nosso herói sessentão!
    Beijo grande,
    Tizziana

  10. José Carlos Francisco,
    Querido pard, Zeca: será que quem critica a minissaia da Lilyth já parou pra pensar como era penoso o processo de curtição das peles para fazer roupas, calçados, utensílios…? Cabia às squaws amaciá-las COM OS DENTES!
    Abração,
    Tizziana

  11. Super Tizziana, relendo a sua entrevista, fiquei novamente encantado, pois sua língua é super afiada. Tanta inteligência e sabedoria deveriam ter continuado junto ao Tex. Não tenho dúvidas que perdemos muito com a sua ida para a Europa.
    Vou culpar o entrevistador (rsrsrs) por não ter falado de algo que vou perguntar agora: Qual foi a sua participação e o que você lembra da colaboração com o Album de Figurinhas do Tex? Pois vejo o seu nome na ficha técnica.
    Consegui um álbum original e as figurinhas xerocadas e coloquei no Portal TexBr, abrindo um leque de perguntas: por que não saiu em todo o Brasil, foi sucesso, por que se falou tão pouco na epoca (só tem comercial numa revista Tex)?
    Perguntei para o Ota, editor de Tex na época, mas ele disse que não passou por ele. Só para lembrar, o álbum Tex era edição especial de Os Livros de Ouro da Juventude, redação diretorial da Profª. Yolanda M. Vecchi, coodenadoria e redatoria de Maria Teresa Martins Pinto, diagramação e arte de Leonardo Drummond Watt Silva, colaboração de Tizziana Giorgini e Waldemar Valim e distribuição de Saldanha Marinho (o homem que eu gostaria de perguntar, mas não tenho contatos). Esses nomes te dizem algo?
    Bem, agradeço se puder responder e parabéns pela ótima e elucidativa entrevista.
    Bons dias!
    G.G.Carsan

  12. Querido Carsan:
    Acho que você se excedeu com os elogios, mas agradeço igualmente sua gentileza.
    Quanto ao álbum, lamento não ter respostas para as suas indagações. Foi há tanto tempo!!! Seguramente a minha participação teve que ver com a tradução total ou parcial do texto. Infelizmente, não guardo um exemplar sequer de nenhuma revista daqueles tempos (Tex/Zagor) e como eu era frila, mal tinha contato com o pessoal da produção. Pode ser que o Paulo Guanaes (p.guanaes@uol.com.br), ex-tradutor do Tex e revisor de quadrinhos possa ajudar você a localizar alguma dessas pessoas envolvidas no projeto.
    Boa sorte com a caça ao “texouro”!
    Aquele abraço!
    Tizziana

  13. Oh Tizziana, muchas gracias! Você é uma miss simpatia!
    De minha parte, sigo toda pista que surgir e lá vou eu…
    In bocca al lupo!
    G.G.Carsan

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