Entrevista com o fã e coleccionador: Leo Radd

Entrevista conduzida por José Carlos Francisco.

Leo Radd e TexPara começar, fale um pouco de si. Onde e quando nasceu? O que faz profissionalmente?
Leo Radd: Olá, amigos texianos… sou o Leo, natural de Uruguaiana (Rio Grande do Sul – Brasil). Nasci em 1972 (um ano depois de Tex estrear sua revista mensal pela Editora Vecchi). Sou Publicitário e Professor na área de Comunicação. Também sou fanático por banda desenhada… e colecciono desde revistas da Disney (Donald, Disney BIG) até Vertigo (Preacher), passando por BD’s de humor (MAD, Chiclete com Banana) e clássicos da Marvel (Bibliotecas Marvel com histórias dos anos 60 a 80). Além de Tex, é claro!!!

Quando nasceu o seu interesse pela Banda Desenhada?
Leo Radd: Foi quando eu tinha 7 anos (em 1979) e tornei-me fã do Homem-Aranha graças ao desenho animado que fazia muito sucesso na época. Da TV, passei a interessar-me também pelas revistas do Aranha (publicados pela Rio Gráfica Editora – a mesma que publicaria Tex depois da Vecchi). A partir daí voltei a atenção para outras personagens (Pato Donald, Capitão América, X-Men, etc.) e o meu interesse pela Banda Desenhada virou uma bola de neve 🙂

Quando descobriu Tex?
Leo Radd: Apenas no início dos anos 80, quando herdei uma colecção completa da Vecchi (do nº 1 até ao 150) de um tio meu que era fã entusiasta de Tex (mas que sofria de cancro e já estava hospitalizado quando resolveu doar-me a sua colecção). Infelizmente, por problemas financeiros, vi-me forçado a vender todas as edições lá pelos anos 90. Mas agora resolvi correr atrás das histórias mais importantes de Tex – recomeçando uma nova colecção da estaca zero!!!

Colecção de Leo RaddPorquê esta paixão por Tex?
Leo Radd: Sendo fruto dos anos 70, vivenciei um período da minha infância onde as crianças ainda brincavam de “Forte-Apache” (eu mesmo tinha um feito de madeira), usavam revólveres de espoleta (algo impensável nos dias de hoje onde impera o “politicamente correcto”), e a TV passava filmes de Bang-Bang todos os dias. Assim, era natural que eu desenvolvesse uma paixão pelo espírito de faroeste que permeava o imaginário popular daquela época. Se na TV eu adorava os filmes de Sergio Leone (Era uma Vez no Oeste – Brasil ou Aconteceu no Oeste – Portugal) e de personagens tipo Django e Sartana… nas banda desenhada era Tex quem dominava!!!

O que tem Tex de diferente de tantos outros heróis dos quadradinhos?
Leo Radd: Talvez um senso de justiça mais próximo da realidade e que se aproxima mais de uma identificação com o leitor. Por exemplo, enquanto outros heróis (Superman, Batman) preferem deixar criminosos impunes (que continuam matando inocentes) por serem incapazes de tirar a vida de um criminoso…. Tex mata quando é preciso e quando sabe que essa é a única forma de se deter o mal que está enfrentando. Ou seja: Tex é uma personagem de carácter, íntegro, de bons princípios… mas que faz o que é necessário em prol da justiça sem ser necessariamente um anti-herói (que nem o “Justiceiro”, por exemplo).

Qual o total de revistas de Tex que você tem na sua colecção? E qual a mais importante para si?
Leo Radd: Bem, agora tenho apenas umas 25, já que reiniciei a minha colecção apenas no início deste ano. A edição mais importante que eu tenho actualmente é Tex Coleção nº 252 – “O Ídolo de Cristal”. Mesmo que eu agora tenha essa história em formatinho, ela traz-me boas lembranças de quando eu a tinha em formato gigante e acabamento de luxo nos anos 80. É valor sentimental mesmo (saudosismo) pois era uma das edições de banda desenhada mais visualmente bonitas que eu tinha. Porém, a minha meta agora é adquirir as melhores e mais importantes edições de Tex Ouro, Grandes Clássicos, e Tex Edição Histórica (estou procurando edições passadas dessas séries em alfarrabistas e lojas especializadas).

O Ídolo de CristalColecciona apenas livros ou tudo o que diga respeita à personagem italiana?
Leo Radd: Apenas o material impresso mesmo. Mas confesso que eu até compraria outros produtos de Tex (bonecos, camisas, canecas), se fossem fáceis de se encontrar por aqui.

Qual o objecto Tex que mais gostava de possuir?
Leo Radd : O encadernado em capa dura e tamanho gigante: “O Ídolo de Cristal”. Mas eu também tinha um isqueiro do Tex, que também herdei quando era criança desse mesmo tio que me doou a sua colecção da Vecchi. Era um isqueiro raríssimo feito à mão por um fã. Eu não fumava naquela época (pois tinha apenas 10 anos), porém, o isqueiro era muito bonito e eu guardava junto com o resto da colecção.

Qual a sua história favorita? E qual o desenhador de Tex que mais aprecia? E o argumentista?
Leo Radd: A minha história favorita sempre foi: “Navajos em Pé de Guerra” (que foi republicada em Grandes Clássicos de Tex nº 16 com o título “Sangue Navajo”). Foi essa história que me fez comprar na época (quando saiu pela Vecchi) um Forte Apache de brinquedo (com dezenas de bonequinhos de índios e cowboys armados até os dentes), pois fiquei fissurado no ritmo e cenas de acção dessa história em especial!!!
Já a equipa técnica que mais aprecio é a boa e velha dupla Bonelli/Galep… que me ensinaram a adorar as histórias e o universo de Tex. Galep, inclusive, não é só o melhor desenhador de Tex como também é o melhor capista: as capas que ele desenhou para o Tex são memoráveis e inesquecíveis.

O que lhe agrada mais em Tex? E o que lhe agrada menos?
Leo Radd: O que mais me agrada nas histórias de Tex é o espírito de aventura e amizade que une as principais personagens: sair cavalgando em busca de acção e aventura, arriscar a vida pelos amigos e por justiça, desafiar o desconhecido. São os elementos que mais me agradam em Tex, pois esses são os principais ingredientes do género.
Já o que me agrada menos são tramas fantasiosas demais, que fogem muito ao grau de realismo que as histórias de Tex deveriam ter. Tipo, naquelas histórias bizarras envolvendo alienígenas com armas lasers, lobisomens, e monstros em pleno velho oeste. Para mim esse tipo de coisa parece mais falta de ideias para escrever boas histórias, do que ousadia e inovação. Eu gosto muito do sobrenatural e de magia (especialmente nas histórias com Mefisto), mas existe um certo limite que se ultrapassado torna-se irreal demais e elimina a possibilidade do leitor em embarcar na história.
Eu também sou muito fã  do “Justiceiro” (da Marvel), e também não gosto de ver histórias onde ele interage com outros heróis e enfrenta ameaças cósmicas ou super-vilões… prefiro ver ele enfrentando e matando traficantes e bandidos mais “reais”, pois ele próprio é uma personagem bastante realista (ou seja: humano, sem poderes, plausível). Da mesma forma que o Tex também é. E eu gosto de ver essas personagens realistas em histórias igualmente realistas.

Leo Radd e a colecção de TexEm sua opinião o que faz de Tex o ícone que é?
Leo Radd: Acho que são os valores que ele passa aos leitores e que estabelece um elo de identificação e ligação entre personagem e leitor. Os heróis e mitos que vivem para sempre no imaginário popular possuem esse elo com os leitores (que se identificam com os seus heróis e com as atitudes que eles tomam diante das situações que enfrentam). A gente admira o herói que faz aquilo que a gente espera que ele faça: e Tex é assim.

Costuma encontrar-se com outros coleccionadores?
Leo Radd: Sim, eu frequento regularmente a loja de quadradinhos aqui onde eu moro (Tutatis – em Porto Alegre/Rio Grande do Sul) e sempre que eu apareço por lá encontro com amigos coleccionadores das mais variadas revistas. Tenho amigos para praticamente cada tipo de revista que eu acompanho (Disney, Marvel, Vertigo, Mad, Tex), sendo que de Tex eu consegui com eles boas indicações de histórias óptimas que me ajudaram a recomeçar a colecção. Quem vier a Porto Alegre e quiser marcar um encontro ou uma cervejinha para falar de Tex, é só avisar-me!!! 🙂

Logo TexPara concluir, como vê o futuro do Ranger?
Leo Radd: Vejo com bons olhos e bastante optimismo. Se Tex tem durado e sobrevivido ao tempo desde que foi criado, acho que ainda tem muito potencial para sobreviver por mais 60 anos. Pois Tex já passou por aquele período em que o género western estava em baixa no cinema e na TV (lá por idos dos anos 80 e 90) e essa para mim foi a fase mais perigosa, pois teve momentos em que eu achei que a mídia iria enterrar o género e fazê-lo ser esquecido aos poucos. Mas Tex sobreviveu a isso, e ainda hoje é uma das raríssimas personagens que ostentam cerca de 4 a 5 títulos sendo lançados a cada mês (entre mensais e edições regulares que se revezam entre si: Ouro, Clássicos, Ed. Histórica, Almanaque, Férias, Anual, etc.)… Nem o Homem-Aranha ou Batman conseguem essa façanha de possuírem tanta diversidade de títulos nas bancas!!!
Assim sendo, acho que se a Mythos continuar mantendo uma certa variedade de títulos que abrangem períodos diversos da cronologia de Tex (facilitando que novos leitores adquiram as principais sagas e histórias de tempos em tempos)… não só a longevidade de Tex será mantida, como também novos leitores continuarão se formando a cada nova geração!!!
Abração, pards!!!

Prezado pard Leo Radd, agradecemos muitíssimo pela entrevista que gentilmente nos concedeu.
(Para aproveitar a extensão completa das imagens acima, clique nas mesmas)

9 Comentários

  1. Valeu Leo Radd tu tens boas palavras para falar de TEX.

    Te indico uma publicação da MARVEL, escrita pelo Peter David-famoso por seus textos em Hulk. Ele adaptou uma das obras do genial Stephen King ‘A TORRE NEGRA-NASCE O PISTOLEIRO‘,editada aqui no Brasil pela Panini Comics. É um misto de velho oeste e idade média – pelo enredo e roteiro já valeria a pena, somados aos desenhos de Jae Lee e cores de Richard Isanove completam essa maravilhosa obra, que já pode ser adaptada ao cinema.

    Paulo Luciano-Águia da Noite
    Campina Grande-Paraíba

  2. Eu é q agradeço o convite pra entrevista, valew!!!

    E Paulo, obrigado pela dica: eu tô torcendo pra Panini encadernar essa série (pois prefiro ter encadernados na coleção, até pq essa série é mto longa)!!!

    A torre Negra… são vários livros tbm, e concordo q ficaria ótima no cinema!!!

    Valew!!

  3. Ótima entrevista com o colecionador Leo Radd e meus parabéns por cultivar esta paixão pelas aventuras do grande Águia da Noite, nosso herói Tex Willer o ranger mais rápido do velho oeste.

  4. Leo, também prefiro os encadernados, mas nada garante isso, por isso acompanho mês a mês. Como estou de férias reli tudo.

    Aceita outra dica: ESCALPO do selo Vertigo da DC Comics – Aldeia indígena americana em tempos modernos, com drogas, violencia, cavaleiro andante de madrugada… vale muito a pena, é publicada na revista Vertigo da Panini Comics.

    Valeu.
    Paulo Luciano
    Campina Grande-PB

  5. Ola conterrâneo!! Tambem sou natual de Uruguaiana, mas moro em Alegrete. Espero que continues a colecionar TEX. Abraços. (zinnete@bol.com.br)

  6. ESCALPO do selo Vertigo da DC Comics

    Valeu a dica, Paulo… mas eu já compro todo mês a Vertigo justamente por causa dessa série e tbm a dos “Vikings” (ambas são realmente mto boas)!!!

    Tbm gostei de “Loveless”…. to louco pra ler os próximos encadernados q faltam (de Loveless serão 3 ao todo)!!!

  7. Ae, Zinrs….

    É a galera de Uruguaiana marcando presença entre os maiores leitores de Tex, hehe!!!

    Abração!!!

  8. Parabéns Leo, boa volta a coleção de TEX, quando vier p/ Uruguaiana terei prazer em conhecê-lo. Aqui temos um grupo de amigos colecionadores (com ênfase nos Bonelli Comics), estás convidado a participar !!!
    Meu contato:(malvadoazul@hotmail.com)

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