Tex Série Normal (Itália): Buffalo Soldiers

Buffalo SoldiersTex 569 – “Buffalo Soldiers“, de Março de 2008, Tex 570 – “Decimo cavalleria“, de Abril de 2008 e Tex 571 – “L’assedio degli Utes“, de Maio de 2008.
Argumento de Mauro Boselli, desenhos de Giovanni Ticci e capas de Claudio Villa. História inédita no Brasil e Portugal.

No Utah, Tex e Carson estão na pista de Pablo Carrizo, um foragido desde há alguns anos, quando encontram o sargento negro Bill Johnson, um velho amigo e que incorpora o famoso regimento Buffalo Soldiers. Aproveitando o facto, Tex  pede ajuda a estes para ir ao encontro de Ouray, o chefe dos Utes, que tem vindo a ser provocado pelo bando de Carrizo.

Durante a Guerra Civil o governo norte-americano formou regimentos compostos por soldados negros  chefiados  por  oficiais brancos. Após  o  conflito, consagrados e reconhecidos  pelo  Congresso como a primeira força do exército  formada  exclusivamente  por negros, os Buffalo Soldiers, assim conhecidos, formaram a 9ª e 10ª unidades  de  cavalaria,  tendo participado em numerosas campanhas e constituíram uma força de manutenção da paz. Existe alguma controvérsia quando tudo começou, uma vez que enquanto uns ligam-no aos guerreiros Cheyenne em 1867, outros atribuem-no aos Comanches.

Os Buffalo SoldiersTambém são duvidosas as origens do seu nome, pois poderá estar no engenho e na bravura do 10º Cavalaria, mas também no facto da cor de pele dos seus membros assemelhar-se à cor do revestimento dos búfalos. Seja como for e, apesar de tantas dúvidas e até de alguma lenda, o nome Buffalo Soldiers tornou-se genérico para designar os soldados afro-americanos, sendo actualmente utilizado para identificar o exército norte-americano cujas origens remontam directamente do 9º e 10º cavalaria. Ao longo da sua história existe assim um misto de bravura e competência, atributos que lembram a epopeia de homens honrados que se bateram por causas.

Decimo cavalleriaO facto é que a leitura desta aventura escrita por Boselli segundo uma ideia de Nolitta, parece levar-nos à mesma conclusão, porque o autor, em lugar de nos apresentar uma aventura pura, prefere antes realçar as características deste notável grupo de homens, exaltando o seu heroísmo. Mérito de Boselli que enveredando pelos caminhos  de uma verdadeira epopeia, logra uma  aventura  que  respira História, que respira pólvora, num oeste pleno, violento, onde o racismo convive lado a lado com o humanismo. Mas se aqui reside muito da riqueza desta aventura boselliana, curiosamente guarda também alguma (pouca) da sua fragilidade, porque leva o autor a enveredar por uma narração politicamente correcta em algumas passagens, resvalando até para um maniqueísmo que não lhe é frequente.

L’assedio degli UtesEventualmente fruto de uma sensibilidade muito especial que Boselli sempre denotou na série e que lhe permite uma aproximação diferente, facto que sempre cativou os aficionados. Uma sensibilidade que consegue construir aventuras onde coexistem perfeitamente o lado pedagógico da História com os valores da série, sem desvirtuar estes. E uma sensibilidade que se manifesta também na estrutura narrativa, tipicamente boselliana, feita de avanços e recuos mercê do recurso ao flash-back e que denota um apurado sentido cinematográfico da narração.

Aliás,  o que seria de esperar na reunião de dois grandes valores dos fumetti?
Porque se a narração boselliana é eficaz, diminuída em certas partes por um evidente facilitismo que já aludimos,  o  desenho de Ticci é grandioso,  um  autor  que já é uma lenda viva da saga texiana, também ele uma epopeia gráfica na história do ranger.

O Tex de TicciConcorde-se ou não com o facto do seu traço já não estar tão apurado como antes, digamos que ele hoje é sobretudo mais sintético e essencial, a verdade é que mesmo assim Ticci consegue compor páginas inolvidáveis de dinamismo e de um desenvolvimento ímpar. O argumento de Boselli permite a Ticci exprimir-se notavelmente, parece ter sido feito há medido do grande Giovanni. Aqui respira-se uma atmosfera única, não nos cansamos de o dizer, mesmo que o desenhador genovês já não seja senhor de um traço mais  preciso,  mas  sempre e apesar de tudo inconfundível.

Texto de Mário João Marques

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